quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Virada

O que realmente acaba no último dia do ano?

Adeptos de convenções, criamos em nossa história diversas formas de dividir e contar o tempo, calendários em inúmeros formatos e inspirações.

Então acaba apenas uma convenção no dia 31 de dezembro? Do ponto de vista da natureza, excetuando-se o ciclo solar (ou seria da rotação do planeta), o evento da vida é contínuo, sem quebra ou parada.

Na maior parte do mundo a culpa é do Papa Gregório XIII. Após uma reforma de alguns anos, se conseguiu convencionar nova métrica, o calendário gregoriano, que ainda custaria alguns séculos para adoção por tantas noções.

Porém, as pessoas esperam avidamente pela virada anual. Desejam marcar um recomeço, novas promessas, novos horizontes, as fatídicas determinações de ano novo.

Conversando com um colega de trabalho, ele brincou (ou não) dizendo que o interesse das pessoas é em deixar as besteiras do último ano para trás...

Os motivos podem ser variados, perspectivas futuras ou desilusões passadas, mas dificilmente conseguimos nos livrar da compartimentalização. Dividimos o indivisível, ou melhor, achamos que dividimos. Tentação de pretensos deuses.

Ao invés de aproveitarmos a divisão, para melhorar abordar nosso planejamento, nos apegamos ao plano, à contagem, à divisão. Ficamos encravados nas separações entre dias, meses e anos, muitas vezes vendo apenas o tempo passar. E sem perceber...

Precioso demais é nosso tempo para negligenciá-lo. Digo isso sem nenhuma relação com o papo de "tempo é dinheiro". Preciosidade oriunda de sua raridade, de sua urgência e brevidade. Viver em plenitude transmuta minutos em eras, demonstra o quanto o tempo é particular.

Viramos hoje mais um ano. Judeus, chineses ou muçulmanos virarão em algum outro momento. Astecas nem estão mais aí para contar, mas há quem se lembra de sua contagem e de quando estariam virando. Entre voltas e reviravoltas, continuamos assim mesmo, continuamente humanos.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Freada

Ahhhhhh! São Paulo em férias!

Passado o período natalino, as loucuras das compras de fim de ano, esse hiato pré-fim-de-ano traz à nossa cidade ares muito diferentes.

Estamos longe de a cidade parar, ela realmente nunca para, mas dá uma bela desacelerada. Transporte público, ruas e avenidas, todas as veias um pouco mornas em movimento.

Chega a ser surreal aportar às sete e pouco da manhã, numa estação de Metrô da linha vermelha (a mais lotada, sem dúvida) e encontrar composições à disposição, sem fila, sem aperto, sem ser os tais "vazios".

Não vou comparar aos cenários de "Ensaio sobre a Cegueira", ou aos apocalípticos "Eu sou a Lenda" e "Resident Evil: Extinção".

Mesmo no fim dos tempos a cidade terá um burburinho considerável, ainda que seja de almas perambulando por céus e recantos de concreto. A intensidade da vida nestas terras tem inércia para alguns milênios, certamente.

Só que nestes dias de final de ano a coisa muda de figura. Levar 30 minutos para chegar ao trabalho, outros 35 para voltar para casa, dá um gostinho de como seria a vida com mais qualidade nestas paragens. Até o ar para mais limpo, menos carregado.

É só curtir a caminhada entre a estação e o prédio da empresa... Os passarinhos estavam especialmente afinados e animados nas árvores. Conseqüentemente até os passos estavam mais preguiçosos. Caminhar no almoço foi puro aperitivo. Trabalhar ganhou um ânimo especial pelo agrado da contemporaneidade.

Haveria algo, ao alcance do poder público, para proporcionar clima semelhante em outros períodos da semana? Quais lições podem ser obtidas das condições ambientais destes mirrados poucos dias? Vale a reflexão, só não vale dar como solução eliminar alguns milhões de habitantes. Melhor ter cuidado com as idéias... :)

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Depois

A cada ano, outro marco.

Todo ano tem seu momento, sua distinção especial, a fonte de sua unicidade. Marcados por bons ou maus acontecimentos, farão parte de nossa memória para sempre.

Se me perguntarem o meu marco deste ano, não demorarei um segundo para tê-lo na ponta da língua. Nem preciso justificar tanto, afinal a paternidade recente dificulta esconder as escolhas.

Na vida amadurecemos e vamos ganhando novos olhares, diferentes ângulos de visão. As prioridades mudam, as perspectivas mudam, as preocupações então...

Maravilhosa descoberta de mundos desconhecidos, repletos do mais autêntico júbilo de emoção. Tudo muda tão repentinamente que nem percebemos! Só depois de algum tempo, olhando para trás, nos damos conta.

Ontem, acompanhado da minha "mudancinha", do meu marco deste ano, ouvi uma música que também ganhou nova perspectiva. Provavelmente foi composta com outro fim, mas se encaixou perfeitamente em meus sentimentos recentes.

Deve ter relação com a arte, desconhecer o alcance e o significado que pode ganhar. Releitura constante a cada intérprete, tal qual a arte de viver. Na falta de melhores palavras, mais uma vez faço minhas as palavras da compositora.

Cantada [1]
(Adriana Calcanhoto)

Depois de ter você
Pra que querer saber
Que horas são?

Se é noite ou faz calor
Se estamos no verão
Se o sol virá ou não
Ou pra que é que serve
Uma canção como esta?

Depois de ter você
Poetas para quê?
Os deuses, as dúvidas
Pra que amendoeiras pelas ruas?
Pra que servem as ruas?
Depois de ter você...

domingo, 28 de dezembro de 2008

Família

"Honra teu pai e tua mãe..."

Sagrada toda família, formada no amor e na união, núcleo da sociedade e célula de sua sustentação. Pai e mãe são os símbolos sagrados desta unidade.

Tantos contornos ganhou a família moderna, mas sua essência, sejam quais forem suas composições, é sempre a do acolhimento e sustentação da vida humana.

Estamos acostumados ao modelo da nossa. Com suas convenções e regras, hábitos e costumes. Mais próximos ou mais reservados, mantemos ícones, símbolos de seus personagens.

Contatamos outros exemplos, outras concretizações da realidade familiar e nos questionamos. Serão possíveis e efetivas? Cumprirão seu papel de acolhida e proteção?

Acredito piamente que deveriam... Temo pela continuidade de nossa existência sem as mínimas condições de saúde social, no mínimo no seio familiar, no germe das formações do lar humano.

Quanto da situação de violência e desagravo da vida moderna não tem sua origem na situação familiar? Quanto não negligenciamos os cuidados com as famílias, para vermos as conseqüências brotarem por todos os cantos?

Por mais quanto tempo o sensível tecido da sociedade agüentará sem se esgarçar? Por mais perguntas que eu faça, as respostas soam sempre ligadas à maturidade na criação de laços, no comprometimento e aceitação da vida e do amor.

Quem experimentou as delícias da vida em família jamais as esqueceu. Propaga essa boa-nova de esperança e solidariedade, de cuidado e carinho. Ficará eternamente inquieto por não ver novas produções de tão profundo e singelo sentimento.

Simplesmente ser e amar. Mãe, pai, filho, tio, avó, avô, padrasto, madrasta. De sangue ou coração, dos dois! A exemplo da sagrada família, devemos construir saudável berço de aceitação e acolhimento, dizendo um grande 'sim' para existência!

sábado, 27 de dezembro de 2008

Smash

Nativos digitais e suas novidades...

Assim chamados aqueles nascidos num mundo de celulares, Internet, MP3 e computadores, parecem carregar no DNA os manuais para interagir com os gadgets cotidianos.

Fiquei espantado quando minha filha, com apenas 5 meses, deliberadamente pegou o controle remoto da TV e simulou trocar os canais. Sem produzir efeito, afinal ela não apertava exatamente botões, chacoalhou-o para ver se funcionava!

No fundo fiquei foi preocupado e meio horrorizado... Que efeito hipnótico há naquele aparelho, mesmo com toda a precaução em não mantê-lo ligado, para não criar um costume à pequena?

Para meu sossego, ou não, em uma festa de aniversário, doutra pequena amiguinha dela (veja se pode...), pode trocar informações com diversos pais, na mesma fase embrionária da paternidade. Todos realizaram a mesma constatação...

Pelo jeito, não tem jeito. Eles nos vêem ao celular, tirando fotos digitais, usando o computador. Que mais poderiam querer fazer, senão nos imitar? Só que fica impossível querer usar nossas máquinas com eles no colo. A primeira coisa a fazer e esticarem as mãozinhas e tentar colaborar.

Uma amiga médica, mamãe recente, já experimentou as agruras da ajuda da pequena. Em alguns pequenos toques, sua bebê acidentalmente conseguiu mudar a orientação de sua área de trabalho, coisa que ela nem imaginava como. Precisou de ajuda técnica.

Comigo não é muito diferente... Tentar escrever um único post é inútil. O ímpeto em digitar algumas linhas, faz da minha pequena uma destruidora de textos, ou e-mails. Acaba sendo inspiração para mais alguns pensamentos e reflexões.

Para pais que desejam dar vazão à iniciativa pueril há uma solução. Scott Hanselman, funcionário da Microsoft, craque nas áreas de user experience e Web, criou o programa Baby Smash. Com ele, as pancadas dos pequenos dedinhos ganham movimento e representação animada.

Gratuito, o programa pode ser baixado e facilmente instalado. Permite configurar o número, tipo e tamanho das imagens produzidas. Além disso, produz sons para acompanhar a farra. Como proteção, bloqueia os recursos de maior risco do sistema operacional, impedindo que se apaguem arquivos, mensagens ou se acione algum programa indesejado.

Pura diversão, até eles cansarem. Com tantos estímulos, quais serão os horizontes desta novíssima geração? O que será produzido por mentes tão incentivadas e cheias de recursos? Ainda bem que não mudam os sorrisinhos e gargalhadas, tão facilmente obtidos com palhaçadas e bobeiras, a enternecer e apertar nossos corações num infinito amor.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Piano

"Toque-me, sou teu".

Com o convite acima, o projeto Pianos de Rua convida os transeuntes a participar, se apropriar e manipular. Qualquer pode explorar um ícone de música ocidental.

Pianos, espalhados por diversas cidades, pretendem alterar o cotidiano visual e sonoro das pessoas. Cada um livre para expressar, da forma que desejar, sua relação com os instrumentos.

Cada exemplar tem sua página própria no blog do site, permitindo ao público registrar suas intervenções. Basta procurar o piano encontrado e acessar!

Andando pelas ruas podemos topar com uma solo magnificamente executado ou um simples "bife" compartilhando por dois amigos.

Há relatos também de intervenções onde é difícil definir estilo, ou até mesmo comprovar a aptidão do instrumentista. Paira um ar de experimentalismo...

Interessante a utilização de um elemento tão erudito, tão histórico, para a interação com o cotidiano, com o trajeto mais popular. Pura provocação da arte para estimular a apreciação em toda pessoa.

Sem dúvida, deve ser inusitado topar com o dito pelas ruas. Ainda mais tempo de tantas banalidades televisivas, como as tais "pegadinhas", prontas a fazer joco dos incautos desavisados.

Neste caso estamos longe disso. A única pegadinha é o contato oportuno com algo tão exógeno na vida de muitos brasileiros. Nem sempre temos a oportunidade de estar perto de um e experimentá-lo.

A população de rua das grandes cidades conta com os mais diversos personagens na atualidade. Do engenheiro desempregado ao migrante perdido, muitos são os arriscados em figurar um dia por lá. Com esse novo morador, pelo menos as ruas ganharão mais lirismo, diversão e alegria.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Realeza

Para que tanta sofisticação neste mundo?

À medida que criamos novos mecanismos para o cotidiano, desenvolvemos mais tecnologia e conhecimento, parecemos "empetecar" mais e mais nossa vida.

Quando nos damos conta, estamos imersos em um sem-número de necessidades não tão necessárias. Cercamo-nos de supérfluos, dos quais nos tornamos dependentes.

É o tal do apego... Sábios nossos irmãos orientais! Já há muito tempo, em muitas de suas correntes ideológicas, aprenderam os grandes benefícios provenientes do exercício do desapego.

Precisamos mesmo das últimas novidades das vitrines? Sejam elas equipamentos, roupas ou qualquer outra traquitana? Qual a essencialidade de serviços adquiridos, para uso esporádico?

Mas tentemos nos desvencilhar de qualquer um deles... Vozes múltiplas circundam nossas cabeças, recitam inúmeros motivos para justificar a manutenção de tantas futilidades.

Indo além do abrigo, alimentação e proteção, enchemos de valor pedaços de diversas coisas... Desvirtuamos e perdemos a referência de seus valores, seus custos. Mas qual é realmente seu verdadeiro e intrínseco valor? Qual a medida de sua importância?

Perdidos na avaliação, abandonamos elementos recheados de enorme valor. Pense na alegria imensa do ato de partir um bolo, comemorativo, e partilhá-lo com familiares e amigos. Simples e riquíssimo, dos mais gratificante sentimento de júbilo.

Esquecemos do simples gesto de ajudar alguém necessitado, com um prato de comida. Perdemos a chance de descobrir o imenso valor do olhar de retribuição, única moeda de troca para um faminto desesperançado, mas de alta cotação dentre todas as moedas.

Sem tantos desejos, tantas vaidades, seriam muito menos angústias, muitas menos frustrações. Objetivamente, seria mais simples. Real simplicidade elevada ao grau de realeza, digna da soberania de todo ser vivo, especialmente o ser humano.

Anunciar essa simplicidade é a grande mensagem do Natal. Sugerir a todos que há um caminho mais fraterno e humano, mais singelo. Mostrar que mesmo um menino indefeso, pobre e sem abrigo, pode ser rei e mudar o mundo!
Feliz Natal!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Limpidez

"O homem que insiste em enxergar com perfeita clareza antes de decidir, jamais decide."

Final de ano, a virada de mais um período se aproxima, tempo de resolução e novos alinhamentos, novas decisões de caminho e rumo.

Henri-Fréderic Amiel nos presenteou com a primeira frase presente neste post, para nos iluminar nos contornos da caminhada, em nossas avaliações pessoais.

Temerosos e cuidadosos, queremos sempre uma certeza dos riscos e benefícios das escolhas realizadas, antecipadamente, é claro.

Para alegria de todos, a vida é muito incerta, o destino dificilmente é previsível, portanto é loucura desejar ter total limpidez em análises de cenários futuros.

Devíamos aprender um pouco mais com a física, mais precisamente com Heisenberg e seu princípio da incerteza, instituído no mundo das partículas subatômicas.

Tal princípio postula que se conhecemos muito bem a velocidade de uma partícula, desconhecemos com exatidão sua posição e vice-versa. Jamais conseguimos controlar precisamente duas variáveis interligadas de um sistema.

Extrapolando para nosso dia-a-dia, em um ambiente repleto de condições (variáveis), intrínseca e indelevelmente conectadas, é impossível obtermos o panorama completo para apreciação. Algumas partes da escolha serão pura inspiração.

Sem melhor alternativa, devemos aprender a viver com o possível. Entender e aceitar a natureza da existência e de suas escolhas. Afinal, quem negaria o fato de quão divertido é contar com algum risco?

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Gambiarra

Quer algo mais brasileiro do que uma gambiarra?

Até pode existir em outros países, mas a sonoridade da palavra, sua entonação, compactua com nossos hábitos ligados ao famoso jeitinho brasileiro.

Meus primeiros contatos com as ditas grandes soluções foram no tempo do curso técnico de eletrônica. Em meio à soldagem de placas de circuito, erros com conseqüências trabalhosas eram superados com algumas emendas de fios superpostos.

Uma mistura de tecnologia com a flexibilidade costumeira nas bandas da Terra de Santa Cruz. Verdadeiro aprimoramento improvisado de idéias arduamente desenvolvidas.

Soava naquele tempo a associação com itens eletro-eletrônicos... Descobri recentemente que seu uso se estendeu. Ouvi alguém mencionar uma gambiarra feita na funilaria de um veículo! Outras áreas do conhecimento pelo jeito foram influenciadas...

Há um quê de inspiração no MacGyver. Com uns clipes, linha e barro se acha possível construir um iPod! E ainda por cima se faz ares de gênio da ciência, conhecedor dos meandros obscuros da natureza, inacessível para pobres mortais.

Dureza é que no cotidiano as mirabolantes soluções parecem fruto é de grande preguiça. Um atalho para resolução de problemas. Na grande maioria dos casos, curiosamente, o atalho termina por alongar a jornada, seja em custo, seja em tempo.

O mal atinge a todos, sem distinção. Quando menos esperamos, um elástico substitui uma correia do eletrodoméstico. Já vi acontecer até com computadores de grife... Na falta de um cooler adequado, o "técnico" colou no processador uma moeda de R$ 1,00 (ou de tamanho equivalente à época).

Esbarramos também na falta de aprofundamento, de entendimento maior dos desafios e problemas. Meio no cheiro, na tentativa e erro, encontramos uma forma de "dar certo", o quanto antes. Mudar essa cultura é uma tarefa árdua, afinal, ao menos em curto prazo, as gambiarras funcionam.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Generalização

"Toda generalização é perniciosa... Inclusive essa."

Talvez a segunda frase fosse dispensável, mas a idéia expressa por Mark Twain não. Generalizações são simplificações rasas em sua grande maioria.

Algo como se recusar a enxergar a diversidade, a infinita multiplicidade presente na existência. Talvez represente a grande maioria, mas devemos ser conscientes de sua abrangência.

Sempre sou avesso às regras gerais. É uma mania incessante de quererem generalizar tudo e todos. Mania até com ares científicos, cheia de fatos e conclusões.

Simplesmente se afirma que se algo é assim, então... A velha história de que todo político é corrupto ou toda loira é burra. Frases, preconceitos a pairar em diversas conversas.

Generalizar, abstrair uma idéia, situação ou fundamento, tem sua utilidade nas ciências. Da observação dos distintos eventos, ou exemplares, se chega a um conceito geral, mais amplo, mas por isso mesmo um tanto quanto distante da realidade.

Quando precisamos aplicar estas idéias a problemas reais, o novo problema a surgir é ajustar aos detalhes existentes em cada conjunto de condições ambientais. Basta isso para aprendermos a reconhecer a inexistência de linearidade na natureza.

Há uma piada antiga no meio acadêmico. Dizem que a formulação de um problema em física sempre tem um enunciado do tipo: "tomemos uma vaca de formato esférico...". Oras, sabemos que vaca alguma é esférica, mas para aplicar fenômenos físicos a aproximamos de uma esfera, para ficar mais simples a abordagem da questão.

O problema não está em abstrair parte da realidade, mas em encarar esta visão do fato como verdade única e indissolúvel. Aplicar a idéia generalizada a toda e qualquer situação, sem distinção alguma, sem senso algum.

Por exemplo, no caso de pessoas, assumir a veracidade de comportamentos tão padronizados é remover toda a complexidade do espírito humano. É preparar uma salada com todos os elementos, sem considerar, no mínimo, a possibilidade do livre arbítrio. Deixamos assim de apreciar a beleza de nuances dos quadros pintados pela natureza.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Capacitação

Todos somos capazes de transformar o mundo.

É comum as pessoas acharem que sua representatividade na sociedade tem pouca força para movê-la. Quase uma questão de auto-estima, deixamos de valorizar nossa capacitação.

Nosso mundo é reflexo da nossa ação. Aliás, tanto para o bem, como para o mal, infelizmente. A percepção deve valer em ambos sentidos, mas soa mais fácil no negativo.

No episódio da anunciação, a grande mensagem é o poder de transformação de cada um. Mesmo o mais simples, o mais humilde, pode contribuir com a grande mola propulsora da existência.

Se assim não fosse, como a aceitação de grande missão, por parte uma jovem e pobre mulher, poderia influenciar a história de toda a humanidade por mais de dois milênios?

Em tempos muito mais difíceis, sociedade muito mais fechada, ela poderia ter apenas aceito sua condição, de forma submissa, e recusado tão árdua tarefa. Aceitou, o que significa ter se entregue completamente ao seu destino, com a fé que só o coração pode prover.

Sem pertencer a uma classe dominante, sem ser do gênero dominante, sem ter idade reconhecida pelo povo de seu tempo, ela assumiu a responsabilidade de iniciar a grande transformação na vida de todos os homens.

Dois mil anos depois, os mecanismos para participação são mais numerosos. As aberturas conquistadas pela humanidade, nas esferas políticas, econômicas e sociais, deixam pouca margem à desculpa de não poder fazer nada.

As recentes tecnologias nos garantem acessibilidade e abrangência suficiente para atingir as pessoas em qualquer esfera social. Protestemos escrevendo, em próprio espaço ou espaço público virtual. Escrevamos diretamente a quem de direito, exigindo os nossos.

Se nos uníssemos então... Os grandes movimentos da Internet, sejam virais ou diretos, transformam governos e empresas. Vozes ressoantes em inéditos ouvidos da vida moderna. Facilitação do direito de ser presente no meio da comunidade.

Porém, nem ferramentas, nem terapias para a auto-estima resolvem tudo. Surjam outras tantas, facilite-se ainda mais, não seria suficiente enquanto não percebermos que essencial é o amor, a e o desejo de transformação.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Doença

Quem dera pudéssemos nunca adoecer.

Ninguém deseja ficar doente, faz parte de nosso instinto de sobrevivência. Claro que há aqueles desejosos por questões psicológicas, mas estes já estão doentes.

Os hipocondríacos poderiam ser confundidos com simpatizantes de doenças, afinal conhecem de tudo um pouco sobre tratamentos e remédios. No fundo é um medo exagerado de padecer de algum mal.

Instinto tão presente nos faz garantir o sucesso de matérias sobre novas tecnologias e terapias para as mais diversas patologias, mesmo que o assunto seja apenas uma pesquisa incipiente.

Entre dados estatísticos e farmacêuticos, nos perdemos em tamanha lista de nomenclatura. A aflição de não ter alternativas suplanta qualquer discernimento.

Basicamente nem discernimos as origens das doenças e misturamos quase tudo num único balaio: males oriundos de agentes externos e manifestações de mau funcionamento do próprio corpo.

No primeiro caso, a briga é antiga, travada há muitos milênios, ou praticamente por toda nossa história. Dos pajés aos grandes cientistas, procuramos entender o inimigo e combatê-lo. Nem sempre é tão fácil...

Às vezes pelo entendimento, ou sua falta. Outras vezes pela ampla compreensão e a conclusão de que o oponente é duro na queda. Vírus, bactérias e outros participantes, têm estratégias muito elaboradas e bem testadas para sobreviver. No fundo, no fundo, é uma questão de sobrevivência: nossa ou deles.

Por outro lado, há diversos males que são frutos do disfunções do próprio corpo, como diabetes, mal de parkinson e tantos outros. Procuramos então substitutos ou conserto biológicos para nossa frágil máquina natural. Difícil é conseguir ser um deus nessas horas...

De um jeito ou de outro, acabamos percebendo que a peça chave é nosso corpo, ou nós mesmos. Garantir que nada irá acontecer é impossível. Tentar escapar com boa manutenção e disposição de boas condições é única tarefa plausível. No mais, nos resta agradecer e vivenciar os bons momentos de saúde plena, quantos sejam eles.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Edição

Edição, edição, edição...

Quantas vezes já não ouvi alguém reclamar sobre a edição de algum trecho de entrevista, seja escrita ou gravada, produzindo outra interpretação das idéias expressadas.

Há bem pouco tempo escrevi sobre Robert Hauppé, mais precisamente sobre um vídeo disponível na Internet, como uma entrevista sobre sua filosofia.

Como já disse, pouco conheço sobre ele, nem de suas origens. O material que encontrei é uma auto-referência, pois em sua grande maioria está ligado a ele ou seus seguidores. Inevitavelmente tendenciosos, é natural.

Inesperadamente, ganhei de presente um livro deste autor, "A Consciência é a Resposta". Nem tinha pensado em procurar. Jamais imaginei existir uma tradução, disponível em nossas livrarias.

Ansioso por conhecer um pouco mais, um ou dois dias após ganhá-lo comecei sua leitura. Texto rápido e acessível, não demorei mais do que outros dois dias para terminá-lo... E ganhar uma série de questões para continuar matutando.

Logo de começo, somos recepcionados com a apresentação do autor e todo seu rol de qualidades. Mal começa a sua exposição é algo parece destoar... Toda a objetividade, serenidade, assertividade presente nos vídeos se esvai.

Surge uma miscelânea de todas as filosofias e religiões conhecidas, misturadas numa nova doutrina, pretensamente não dogmática! Fica a impressão de que o autor se amalgamou em todas as culturas contadas e tentou sintetizá-las em uma nova e única.

Onde está a lucidez apresentada na entrevista? Poderia ser apenas uma opinião de um leitor com grande expectativa, mas como encarar alguém falando sobre "seres habitantes do sol" (pág. 105)? Ou de alguém que ainda demoniza "dinheiro de plástico" (pág. 118)?

Acaso seria uma linguagem metafórica com objetivos mais elevados? A esperança de identificar tal elemento seguiu até a última página, mas não sobreviveu... A mistureba de ideologias e mitos se perpetuou até a última letra.

Como explicar então o excelente conteúdo em vídeo? Suspeito que a culpa é do editor... Conseguiu colher o melhor da mensagem do autor e compilar um bem acabado cabedal de mensagens. Extraiu o sumo, a essência do que aquilo representou para si e acertou em cheio. Nem sempre temos a reclamar dos editores...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Vigia

Somente agimos bem quando vigiados?

Precisamos mesmo da impressão de que alguém está nos olhando, onipresentemente, para seguirmos ideais de boa conduta e comportamento?

Há quem acredite nisso. Sem vigilância estaríamos tentados a atender apenas nossos instintos mais egoístas. Egocentrar!

Como em "1984", de George Orwell, a necessidade de uma supervisão deste gênero acarretaria nos modelos cruéis daquela distopia.

Só que ainda vale a perguntar do Capital Inicial, em sua música, "Quatro Vezes Você": o que você queria fazer / se ninguém pudesse te ver?

Nossa educação, nossa cultura, parece nos levar a ficar com essa sensação. Desde bem pequenos, há sempre alguém ou algo na espreita, pronto a ajudar ou atacar. Fundo moral de muitos contos e lendas.

Em cada esquina, pelas ruas e avenidas, somos chapeuzinhos vermelhos assombrados por algum lobo mau. O espectro da vigilância nos transforma em criancinhas assustadas, preocupadas com os entes a espreita de nossos passos.

Controlados ou não, acredito na força maior da união. Possivelmente, ela é a voz, o olhar. Um ente interior, muito distinto de uma agente exterior. Necessidade natural transmitida por gerações, interpretada como imagens vigilantes.

Transformados em instituições íntimas, próprias de cada um, fica desnecessário temê-las. Entendidas como motivações legítimas e inconscientes, passamos a confiar na sua obediência sem temor. Fruto de nosso perfil gregário, o grande irmão pode ser transmutado de tirano em conselheiro.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Efetivamente

Vícios de linguagem vêm desapercebidamente.

Usamos algumas expressões, nem sempre incorretas, mas insistentemente presentes. Sua persistência no discurso acaba incomodando ao ouvido.

Dia destes, sem mais nem menos, um amigo me chamou a atenção para o fato de eu usar constantemente o advérbio "efetivamente".

Até aquele momento eu pouco percebia o fato, mas bastou a menção para, cada vez que eu proferia a palavra, parecer estar gritando a bendita dentro da minha cabeça!

Comecei a prestar atenção e me espantei quantas vezes eu estava na eminência de usá-la. Passei a policiar meus instintos e tentar evitar seu uso. Ainda não consegui avaliar se estou conseguindo ser efetivo no policiamento.

Fiquei mais encasquetado ainda com a motivação desta quase muleta. Por que minha instantânea e sempre presente inserção do conjuntinho de letras. Senti como uma necessidade em reafirmar, dar validade, as idéias expressas, ao conjunto exposto.

Passei a notar a presença da simpática palavra no discurso de muitas pessoas. Aliás, no evento da semana passada, mencionado em post recente, foi campeã de audiência. Depois de que prestei atenção em mim, o uso por outras pessoas também está realçado.

De repente, é culpa do autor do Efetividade.net? Propagando tantas idéias boa para otimizar as mais diversas áreas do cotidiano, se há culpa, certamente passa longe de sua autoria. No máximo, está apenas relacionado ao clima de nosso tempo e o tema de seus textos.

Será talvez conseqüência de épocas em busca por maior eficiência? Ou da busca proposição de mais verdades, em momentos desnorteados da vida comum? Quem sabe apenas um floreio inadequado, daqueles grudentos que pegam e nem ajax consegue arrancar.

Tantos outros vícios podem existir e nem percebemos. Apesar de prestar atenção, ainda me pergunto se não acabamos apenas usando sinônimos para substituí-los. Com efeito, de fato e na realidade, efetivamente fica a dúvida... :)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Alimentação

Alimentação saudável e crianças nem sempre combinam.

Ceder às tentações do fast-food, ou qualquer outro subproduto de carboidratos e muito açúcar, sempre fica mais fácil. Legumes, verduras e outros componentes de uma dieta variada soam um tanto sem graça.

Raras as crianças sem muitos "não quero", para as tais insossas participantes das refeições. Seja pela textura, ou pela cor, ou pelo sabor, há normalmente uma carinha feia decorrente.

Sábios pais, zelosos pelo bom desenvolvimento de sua prole, procuram incessantemente alternativas para o convencimento. Imposição só criará traumas e revolta. Alguns de nós aprenderam mesmo assim...

Lembro de criança, às vésperas da Páscoa, a chegada na casa da minha avó. Portuguesa com certeza, ela já dispunha diversos baldes com o bacalhau a dessalgar. Eu não podia nem com o cheiro!

Eram dias de batata, arroz e azeite, porque o resto eu não comia: bolinho de bacalhau, salada de bacalhau, bacalhau cozido. Um festival lusitano de iguarias oriundas dos mares gelados do norte planetário. Devo confessar que nunca tinha experimentando até aquele momento, nem lembro o por quê daquela implicância.

Já adulto, em um belo dia de trabalho, depois de algumas horas exaustivas, morrendo de fome, acabei em um almoço em que o único prato era... bacalhau! Sem outra solução, mesmo a contragosto, comi a lauta refeição. Para minha surpresa, eu me refestelei!

Foi na marra e hoje adoro. Coitada da minha avó. Não lhe dei o prazer de experimentar sua doce especialidade preparada com carinho. Hoje só posso ficar no remorso, com ela espiando do céu. Se soubessem teria mudado de paladar antes.

Certos artifícios podem colaborar na apresentação de alimentos aos pequenos. Um blog com boas dicas é o "Comer é um barato", linkado logo aí do lado. Outro lugar muito legal é um blog que conheci hoje, de uma japonesa sediada nos Estados Unidos.

Ela produz Bentôs (uma espécie de marmita nipônica) artísticos, com imagens de animes famosos, como o Picachu ilustrando este post. Verdadeira artista, seu trabalho é impressionante, pelo cuidado e detalhismo. Há até uma galeria no Flickr com vários deles.

Impossível deixar de admirar. Colorido e saboroso conquista certamente olhares e paladares. Problema mesmo é que, do jeito que são as crianças, periga com tanto realismo se recusarem a comer seus personagens favoritos. Ah, crianças...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Canetinhas

Há algo de estranho no reino das tintas e papel...

A semana passada estive em um evento para apresentação de um produto de TI. Todos os elementos tradicionais estavam presentes: sala em hotel, coffee-break, material de divulgação e... canetas!

Pois é, tanta tecnologia, tanta inovação, mas a sugestão ainda é tomar nota com papel e caneta. E pensar que nunca tinha visto uma concentração tão grande de iPhones por metro quadrado.

Canetas esferográficas são objetos míticos no cotidiano das pessoas. Todo mundo acaba perdendo a sua ou ficando com a de alguém. Elas parecem resistir a permanecer nas mãos de uma única pessoa.

Quem já viu uma caneta esferográfica vazia, sem tinta? Sinal de desperdício ou de impossibilidade? Quem sabe... O mito permanece, afinal é complicado até distinguir um exemplar do outro.

Preocupado com desperdícios, acabo cuidando das minhas e as utilizando. Eu já vi algumas chegarem ao final, mas demora. E vou ajuntando-as em um estojo, atualmente bem recheado.

Também não é para menos... Escrevemos em papel muito pouco. A maioria dos profissionais dispõe de inúmeros recursos digitais para registrar seu trabalho. Em grande parte, utilizo para assinatura de algum documento ou formulário.

Então por que continuar a distribuir canetas infinitamente, a cada evento ou final de ano? Qual não será o volume produzido destes objetos, para pairarem em nossas vidas, vagando de mesa em mesa, até misteriosamente se desintegrar?

Podem ser dissimuladas ou até mesmo inocentes, mas começo a temê-las. Quem me garante que os verdadeiros indivíduos neste mundo não são elas, a nos usar para sobreviver e se propagar? Seríamos lacaios destes seres de plástico e tampa, recheados de negra substância aquosa e destinados a rabiscar celulose...

domingo, 14 de dezembro de 2008

Unificação

Odisséia humana infindável, carecemos de unificação.

A ciência busca há muito tempo uma "Teoria da Grande Unificação". Representação máxima do universo conhecido, seria de pouca utilidade para nossa necessidade imaterial.

Dicotômicos que somos, começamos por precisar a nos unificar. Conciliar os distintos ímpetos naturais e racionais, dissonantes em sua maioria, mas irritantemente presentes.

Outra carência é de nos unificarmos, como grande corpo da multidão de iguais, em natureza. Aceitação da inutilidade dos esforços contrários entre semelhantes.

Em menor escala, a mitologia grega já discorria da separação das pessoas. Mito voltado à união de duas pessoas, seres poderosos foram separados em dois, por enfrentar os deuses, ou pelo menos lhes oferecer risco. Passam a eternidade buscando sua metade, tentando se recompor.

Por fim, necessitamos da reconexão com o divino, com a espiritualidade e com o universo. Só assim reconheceremos a unidade, a familiaridade a nos levar para o respeito à vida, à existência. Integraremo-nos ao fluxo contínuo da criação.

Daí se explica religião, religar, um grande movimento pela reunificação. Só devemos estender nosso entendimento para além do divino, ou talvez entender o divino como algo extremamente cotidiano, próprio de cada um.

No filme "The Matrix", a remoção de determinados indivíduos da tal Matrix parece cisão, isolamento, desconexão. Desconectados estavam enquanto isolados em seus casulos de produção de energia, enquanto simples unidade de baterias alcalinas descartáveis.

Removidos da condição de isolamento, forma reintegrados a situação de consciência, unificados ao livre-arbítrio, "condenados" a desejar a unificação de todos. Cientes da força de união, não pouparemos esforços em criar um grande ser universal, feito de todos nós, aglutinados em um imenso encontro de amor e fraternidade.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Celebração

Faço questão de celebrar a vida.

Certamente poderia todos os anos mencionar pelo menos uma vez tal celebração. Discorrer sobre a gratificante alegria de comemorar outro ano de caminhada.

Celebrar é um ato diário, sem dúvida. Talvez a expressão mais adequada seja comemorar. Reservar para aquele dia um momento especial de parada e comemoração.

Nunca esquecerei os preparativos, sempre com o apoio e colaboração de familiares. A festa começa aí, na união para preparar e deixar tudo em ordem para os convidados.

Da escolha dos quitutes ao cozimento das iguarias, um dia de baita correria e bastante expectativa. Normalmente já é momento de agitação. Com novas incumbências paternas, aprendi que a correria fica muitas vezes maior.

Ainda bem os mais velhos estão por perto, para apoiar e aconselhar. Observam nossos passos com os olhos de quem já conhece o trajeto... Nós, os mais novos, vamos aprendendo a ganhar mais uns braços, dar conta de mais algumas tarefas. Envelhecer nos presenteia com mais sabedoria.

O impressionante é que, por mais que eu programe, planeje e antecipe, sempre aparece algo de última hora, um enfeite faltante, uns descartáveis a mais, alguma coisa para me atrasar e me impedir de estar pronto na hora.

Felizmente, com família e amigos isso não é problema. O importante é chegar! A partir daí tudo é passado (aliás, quando não é?), o aperto no tempo, o calor da cozinha, o sobe e desce de escadas, a arrumação de mesas, encanações com horários e lugar.

Chega o esperado momento de reunir e confraternizar. Conversar bastante, rir muito, comer e beber bem e se divertir alegremente. A aura da festa transforma a vida, irradia o doce sabor do amor fraterno, da comunhão de vidas.

Jamais cansarei destes momentos. Sempre serão únicos e lembrados eternamente. Só posso torcer para repetir tudo o ano que vem. Agradeço pela oportunidade de encontrar e confraternizar com tantas pessoas queridas, velhos e novos conhecidos. E viva a vida!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Verdades

Verdade seja dita, há muitas verdades pelo mundo.

De acordo com nosso meio, nossas experiências, nossa situação econômico-financeira, ou qualquer outra condição existencial, teremos uma visão, um ângulo de observação da realidade.

Encantados pelos padrões, fadados a procurá-los sem cessar, insistimos em encontrar aquela verdade, a absoluta, capaz de ser útil e servir a qualquer ser humano, indistintamente.

Já faz tempo, alguns milhares de anos, que começamos com essa história. Os tais universais, perseguidos pelos gregos, talvez fossem a chave para tal compreensão. Se existissem...

Até por isso é inútil e inocente o fundamentalismo. Tentar interpretar, compreender, ao pé-da-letra, os princípios que nos movem ou regem, como queiramos.

Em épocas de final de ano, é comum na imprensa listas dos "dez mais do ano", ou "a lista dos eventos mais marcantes". Puro resquício da tentativa de universalizar alguma coisa. Terminamos sempre contextualizados, inseridos na opinião de poucos editores ou compiladores.

Devo admitir, mesmo meu blog é um pequeno extrato da verdade. A minha verdade. Um paulistano, mediano, adulto, com seus gostos e desejos. Um olhar... Por mais adjetivos que escolhamos, ainda assim, sempre será particular, apesar das consonâncias existentes por aí.

Gostaríamos de poder encontrar a tal verdade embalada para presente. Sendo impossível, pelo menos ficamos antenados, atentos e conscientes das limitações de algo do gênero. Aprendemos a compreender e nos sensibilizar com o outro, dentre de seu contexto, de seu ecossistema.

Pensando assim, talvez não fosse tão descabida a pergunta de Pantaleão, personagem de Chico Anysio, a sua esposa: "É mentira, Terta?". Ao que ela prontamente respondia, sempre da mesma maneira: "Veeeerrrrrddddaaaaaaaaaaaaade"!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Casmurros

Terminou uma grande cruzada...

Uma verdadeira mídia cruzada, ou cross-media como gostam nossos amigos de comunicação. No caso, um evento motivado pelo lançamento da mini-série Capitu.

A iniciativa "Mil Casmurros", um projeto viral bem bolado da Globo, conclui as gravações dos trechos de Dom Casmurro ontem. Foram poucos dias e um grande resultado.

Machado de Assis provavelmente jamais imaginou que sua obra poderia ser dividida em 1.000 partes e disponibilizada para a leitura interativa, pela Internet.

Quem desejasse, poderia escolher um pedaço, gravar a leitura com uma webcam e submetê-la de volta no site. Se selecionado, faria parte do conjunto da obra.

Com um mecanismo de navegação superbacana, os trechos de vídeo estão disponíveis para visualização. Podemos acessá-los seqüencialmente, folheando as páginas ou através de rápidos previews, num estilo iTunes.

Durante o período de composição do conjunto, dúvidas e informações, além de comunicações sobre o andamento do processo, podiam ser vistos no blog do projeto. Houve até desafios de leitura, para descobrir quem conseguia fazer a correta interpretação de expressões.

Gravaram os trechos pessoas anônimas, atores globais e personalidades conhecidas. Uma mistura interessante, para provocar interesse e dinamizar a iniciativa. Se quisermos procurar alguém, famoso ou apenas um conhecido familiar, basta ir ao botão "Veja quem gravou" para consultar a lista em ordem alfabética.

Blogs, Twitter, vídeos on-line, colaboração, tudo de um pouco da mais autêntica Web 2.0. Literatura brasileira, exercício de leitura, mini-série televisiva, um bom pedaço da cultura nacional. A junção dos dois mundos, um excelente exemplo da profusão de informações e referência da Idade Mídia.

A ainda número 1 da televisão brasileira demonstra fôlego e capacidade de adaptação. Sinal de transformação rumo a novos tempos. Mais bacana ainda a transformação ser proporcionada por um clássico de nossa literatura. Pelo jeito, Capitu e Bentinho ainda têm muito lugar em nosso cotidiano e nossa imaginação. Ainda bem!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Reclamação

"Desculpe, mas estarei passando o senhor para o setor financeiro..."

Quem nunca passou pelas agruras do atendimento telefônico de algum prestador de serviço que atire a primeira pedra! Não no atendente, é claro...

Você com um problema, ou reclamação, e era comum a infinita andança pela central telefônica da empresa. Era. Pelo menos deveria ser passado.

Desde segunda-feira, um decreto presidencial entrou em vigor para coibir os abusos comuns no atendimento ao consumidor.

Pago para ver. No final de semana, precisei tratar de um questão de cobrança com um prestador de serviço. O atendimento, e o treinamento do atendente, não tinham sinal algum de alteração. Mudança deste porte deveria estar preparada, pois jamais aconteceria da noite para o dia.

Pior que as pessoas acreditam que seria possível... Mais ainda, acreditam no funcionamento das coisas por decreto. O âmago da questão reside na postura com os clientes, com a própria sociedade.

Criativos empresários, ou seus representantes, sempre conseguem soluções "espertas" dentro dos mecanismos legais. Problemas com telefonia deveriam ser resolvidos em 48 horas, obrigatoriamente. Toda vez que liguei por um problema não solucionado, o chamado estava "misteriosamente" fechado.

Nem adianta berrar... Funciona assim mesmo. No caso do atendimento, não será difícil que algum esperto se apóie em alguma brecha do texto do decreto. Sem fazer uma análise profunda, por exemplo, lá está referenciado "serviço de atendimento ao consumidor". E se for batizado de outra forma?

É a bendita visão intervencionista. Neste caso, vale lembrar que o decreto é presidencial! O Presidente da República precisou decretar como a relação vai acontecer. Imaginem se o chefe maior da nação precisasse legislar sobre todo nosso cotidiano...

A impunidade em abusos contratuais e outros absurdos continua. Digamos que o atendimento ocorra dentro das regras, mas o problema não seja resolvido. Tente reclamar pelas vias legais... Conhecemos o moroso caminho. No fundo, no fundo, eu queria apenas não ter que reclamar!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Vik

Do nada se faz arte!

Qual a matéria da arte? Nada? Do etéreo se concretiza o pensamento. Da sensibilidade se transforma a matéria em interpretação.

Surpreende a habilidade de certas pessoas em transmutar grafite, tinta, giz ou qualquer material impensado nas interpretações do mundo que nos cerca.

Mestre na arte, Vik Muniz é destes impressionantes. Com composições fantásticas, feitas de materiais dos mais diversos, ele compõe imagens de um realismo ímpar.

Usa de tudo um pouco: brinquedos de plástico, recortes de papéis, lixo industrial e doméstico, açúcar ou chocolate. Se propiciar as cores e os matizes desejados, entra na dança!

Depois de compor as imagens, eles as fotografa para registrar e expor. O trabalho original é desfeito, ficando apenas o registro. Desconstrução do concreto, liquefação do insumo, sublimação do sentido, do incorpóreo. Verdadeira solidificação da expressão humana.

Um rápida pesquisa de seus trabalhos na Internet demonstra a variedade de trabalhos. Em grande parte retratos, mas feitos até com macarrão ou nuvens! Fico tentando imaginar como funciona a cabeça e a percepção de um artista assim.

Fotógrafo, escultor ou pintor? Como classificar sua área de atuação? Para que classificar? Idiossincrasia da arte. Prescinde de qualquer definição. Precisa apenas atingir nossos sentimentos, despertar nossas emoções mesmo com o cotidiano ou, no mínimo, provocar a atenção.

O dom artístico é misterioso. Desconhece origem, raça ou nacionalidade. Vik é um brasileiro, de origem comum, reconhecido e renomado mundialmente. Em breve, será tema de exposição no MoMA. Para muitos ele pode não fazer nada, mas inegavelmente faz arte, da mais intrigante.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Numerati

Cuidado! Os numerati podem estar te vigiando...

Lembram até a história dos iluminati, presentes em nossa história, sejam fictícios ou não. Algo como os personagens do "O Nome da Rosa", com seu controle da informação e influência no mundo.

No passado, o acesso ao conhecimento escrito era uma das chaves para a condução da humanidade. Natural a expectativa e o medo em torno daqueles com tal controle.

Ao interferir na transmissão desse conhecimento, podiam interferir nos rumos da história. Poder de evolução, revolução ou retrocesso nas mãos de tão poucos.

Num mundo tecnológico, tal qual nossa atual realidade, a matemática ganhou importância significativa. Entender a linguagem por trás dos novos meios permite a tradução de seus mecanismos e seus controles.

Mencionados no livro de Stephen L. Baker, "The Numerati", seriam pessoas aptas a esmiuçar estatisticamente nossos dados e desvendar, até influenciar, os rumos da sociedade da informação. Tradutores de pessoas em números, levados em massa aos caminhos dos desejos de qualquer poderoso.

A estatística tem desses perigos. Será possível traduzir fielmente o comportamento humano? Em períodos eleitorais ouvimos muito sobre o assunto. Porém, neste momento específico, fica uma questão pendente do tipo "o ovo e a galinha"...

Por outro lado, os mecanismos existentes no Google, ou em lojas virtuais como a Amazon, parecem reconhecer bem nossos hábitos e desejos. Quem nunca se surpreendeu ao receber a informação ou promoção de vendas exatamente com as condições de seu desejo?

Só que a inteligência artificial não prescinde do ser humano. Apesar de se desenvolver autonomamente, sua estrutura, condições iniciais, seleção de parâmetros e apresentação de bases históricas são atribuições de uma pessoa.

Entram aí os novos iluminados, compreendedores dos meandros de tais tecnologias. Profissionais com a percepção de reconhecer os itens importantes em uma abordagem do gênero. Com a inevitável ubiqüidade da grande rede é melhor conhecê-los bem. Quem sabe até ser seu amigo...

domingo, 7 de dezembro de 2008

Profeta

Profetas sempre foram homens de visão.

Divinamente iluminados, ou não, anteviram os acontecimentos, perceberam sensivelmente as necessidades, anunciaram o futuro. Souberam apontar o caminho, conduzidos por seus corações.

Como seria recebido um deles atualmente? Qual a credibilidade lhe seria devida? Conseguiriam atingir as mentes e corações da população da Idade Mídia?

Se hoje alguém fizesse qualquer tipo de previsão, de anúncio aos quatro ventos, seriam provavelmente ventos digitais. Estariam disseminados em linhas de posts, ou até quem sabe algum Twitter da vida.

Suas profecias talvez estariam codificados em algum "internetês" ou, quem sabe, precisariam estar em miguxês para alcançar as novas gerações.

Os mais habilidosos saberiam utilizar de técnicas virais para disseminar rapidamente sua mensagem. Um boato, um vídeo bem sacado no Youtube e o fenômeno seria instantâneo, se bem trabalhado.

Nós, leitores e espectadores digitais, não ficaríamos para trás. No mínimo, iríamos googlar para entender um pouco mais sobre o dito. Verificar fontes, correlação de fatos, origem dos textos, toda e qualquer referência que pudesse enriquecer nosso entendimento.

Melhor ou pior? Vai saber... Poderia até acabar no ostracismo, perdido em um mundo de informações, das mais variadas origens. Como confiar? Como distinguir? Dilema moderno possível impacto em velhos modelos.

Mudou o mundo ou nada mudou? Talvez a profusão de mensagens dificultou a profecia... Possivelmente ouvidos e corações carecem de maior receptividade, sensibilização. Em tempos de advento, felizmente a boa-nova do amor é mais forte do que qualquer névoa informativa.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Feiticeira

Encontramos pequenos feitiços mesmo em bobagens.

A vida está repleta de encantos, de magias menores, para nos intrigar e surpreender. Até onde menos esperamos, podemos ser presenteados com um deles.

Assisti novamente hoje a versão do filme "A Feiticeira", com Nicole Kidman e Will Ferell. Verdade seja dita, um filminho bem básico, beirando a chatice.

Longe, bem longe, da simpatia e charme da feiticeira do seriado clássico, vivida por Elisabeth Montgomery. Com sua singela mexidinha de nariz, remexia completamente a vida do marido.

Pitadas de bom humor no cotidiano dicotômico de uma bruxinha, remetem a muitas das cisões do dia-a-dia de qualquer pessoa, além do comum e intrincado jogo das relações familiares.

Porém, um pequeno detalhe foi surpreendentemente interessante na versão moderna da história. Quando a feiticeira pretende ir embora, diz desconhecer onde fica sua casa, seu lar.

Interpelado por ela, com questão tão etérea, sua resposta foi provocante: "Seu lar é onde você é mais feliz!". Definição das mais buscadas, lembra até as preocupações da Zebra Marty em Madagascar.

Sabemos que um lar não é feito de tijolo e cimento. Também concordamos que lares podem nem ser eternos. Em novos lugares, dentro de novas paredes, produziremos um novo lar. Sensações ligadas a histórias vívidas e vividas, preenchem o espaço material.

Alguém me disse até que o radical da palavra lar está presente em lareira. Se não me engano, até Nietzsche remete a história do fogo acolhedor, em torno do qual nossos ancestrais se ajuntavam. Aconchego, proteção, fraternidade, felicidade!

Pois é, mesmo nas amenidades, nos filmes mais bobinhos, podemos encontramos ganchos de filosofia. Quando menos esperamos, está lá, estampado para quem desejar ver. Manifestação da magia da existência deixando pistas e enigmas em todo lugar.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Plástica

Possuímos um senso aguçado para o natural.

De alguma forma, talvez com nosso mecanismo evoluído de reconhecimento de padrões, somos capazes de perceber instintivamente o toque da natureza na construção das coisas.

No caso da cirurgia plástica, mesmo a mais bem realizada, ficamos com uma percepção de que algo mudou, alguma coisa está fora do lugar ou em excesso.

Li certa vez que nos primórdios a cirurgia plástica foi usada por pessoas com o nariz decepado. Punição para certos crimes, ou crueldade com pessoas perseguidas, a reconstrução era essencial para inserção social.

Uma prótese utilizando pedaços da orelha substituía o nariz original. Certamente não devia ser perfeito, mas a oftalmologia ainda estava por se desenvolver...

A intervenção cirúrgica para reconstrução facial, ou para correção de problemas anatômicos, é um avanço extremamente bem-vindo, garantindo qualidade de vida para pessoas afetadas por tais problemas.

Seguindo essa idéia, o Trem do Sorriso percorre o mundo ajudando crianças carentes com problemas de fissura no lábio e no palato. Prejudicadas pela má formação, encontram problemas para falar e deglutir, contando como alternativa apenas a cirurgia.

Encampado por médicos voluntários, por onde passa atende gratuitamente milhares de crianças. Desde do ano 2000, já atendeu até o momento mais de 350.000 delas! Um esforço portentoso para garantir uma vida melhor a crianças tão pobres.

Nobreza de um lado, dúvidas de outro. Em épocas de culto à imagem, o emprego de técnicas cirúrgicas para fins apenas estéticos continua em voga. Mesmo um pouco esquecida pela grande mídia, a tendência permanece. E haja dinheiro...

Tudo para tentar "disfarçar" ou "melhorar" algo. Vemos atrizes senhoras, ou até mesmo as jovens, se submetendo aos procedimentos. Intervenção marcante, inevitável realce. Por melhores que sejam as técnicas, a tal sensação de desacordo permanece.

Narizes afilados, rostos esticados, sorrisos alterados. Só deixa de perceber o próprio paciente, iludido em seus anseios de mudança. Mal sabe ele que, por mais avanços da medicina que surjam, ainda não há maneira fácil de realizar plástica da alma.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Idade

Idade, incansável colecionar de anos...

A atenção às passagens da vida marca a todos nós. Observamos o rio da existência correr, contabilizamos os segundos de nossa existência e criamos expectativas.

Antes dos 18 anos, o ritmo parece lento, demora a chegar, principalmente depois que passamos da adolescência. Queremos crescer, desafiar, independer.

Aos 20 e poucos nem percebemos, queremos mais é viver. Pouco importa quantos são, como são, mas quanto mais, melhor. Sorvemos cada gota de experiência a nosso alcance.

Mais à frente começamos a refletir, a planejar. Como será dali em diante? De que forma poderei conduzir? Poderei? Curioso... Pouca diferença faz sermos conscientes ou não, reflexivos ou não. A vida passa do mesmo jeito, mas a experiência adquirida nos altera, nos transforma, nos provoca.

Para alguns é uma época de fuga. Fogem dos anos adquiridos, como se fosse possível. Tentam até frear o ritmo, mas ele é implacável, igual para qualquer pessoa. A diferença fica por conta de saber aproveitar, não adiar, só que a fuga atrapalha a visão, esfumaça os horizontes.

Ainda não conheço as idades mais avançadas. Aliás, conheço apenas pelo convívio com os entes queridos mais velhos. De grisalhos a cabelos completamente brancos, contatamos as mais diferentes realidades.

Realizações infindáveis, vidas multiplicadas, alicerces da história humana. Cada indivíduo marca com suas marcas os acontecimentos. Marcas de histórias, paixões, felicidades, desafios, tristezas. Todos os ingredientes e riscos inegáveis da aventura de existir.

Gosto daqueles olhares que quase dizem: vim, vi e vivi, aliás, continuo vivendo! De alguém que aprendeu o segredo, que no desvelar de anos reconheceu a magia de ser. Um ar quase maroto nos olhos, um sorriso de canto de lábios, a dizer a importância e a alegria de estar pleno.

Pleno da alegria, de comprovar como é bom, de inspirar os posteriores, os seguidores, os mais jovens. Sinais do quanto vale a pena, do quanto é bom. Repletos da certeza de que a melhor maneira de aprender a viver é vivendo.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Batizar

Tarefa difícil batizar algo ou alguém.

A escolha de um nome sempre é cercada de dúvidas e idéias, busca de algum sentido para nortear. Pode também ser apenas um sentimento, certa memória ou simpatia.

No caso de sites e blogs, tentamos concentrar, resumir, de alguma forma, sua essência. Nem sempre conseguimos... Porém, sempre é a expressão de nossa identidade.

Arranjada uma boa explicação, até ficamos orgulhosos de expressá-la. Expomos toda a intricada lógica para chegarmos ao resultado. Defendemos as motivações cheios de sorrisos.

Há pessoa que receberam nomes inusitados. Às vezes tão inusitados que soam estranhos. Alguns gostam. Trabalhei com uma pessoa que considerava seu nome único, no mundo. Com a chegada da Internet, foi dura a constatação do contrário.

Nomes provocam discussões relativas a sua essência desde muito tempo em nossa história. Dos universais discutidos pelos gregos, chegamos ao nominalismo, fortemente preocupado com a expressão do real através dos nomes.

Interessante a ocorrência de homônimos. Que coincidências levam às mesmas escolhas? Ao nos depararmos com um, sentimos como se encontrássemos uma outra versão do universo. Outro conjunto de variáveis batizado com os mesmos fonemas.

Cultivo há muito tempo o hábito de pesquisar meu nome, ou de conhecidos, na grande rede, para ver referências a essas pessoas. Curiosos achados e relações podem ser obtidos. Desvendar a rede de relações em que sua identidade se envolve.

Recentemente resolvi procurar pelo nome deste blog. Nome escolhido despretensiosamente, pretensamente generalista, mas com algumas referências ao seu autor. Meio de sopetão, saiu e ficou, sem grandes questionamentos ou pesquisas de opinião.

Para minha surpresa, a pesquisa resultou em um curioso achado. O nome SP Soul é usado por um músico alemão, artista rapper de paragens bem diferentes de nosso mundo tropical. Em sua página no MySpace, estão disponíveis músicas e alguma informação.

Soul até desconfio guardar alguma semelhança, senão igualdade, com a palavra em inglês, mas qual será o significado de SP em terras germânicas? Certamente não haverá uma cidade chamada São Paulo, ou será que alguma cidade possui as mesmas iniciais?

Deve valer a tentativa de descobrir... De qualquer forma, duas versões completamente diferentes para o mesmo nome. De repente, nem tanto... Apesar da diferença de línguas, ambos produzem textos com reflexões. Será que em algum momento ele já fez igual pesquisa? O que terá pensado?

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Alienígena

Há alguém mais ai?

Emocionalmente carentes e curiosos que somos, fazemos ecoar a pergunta pelo universo, na esperança que alguém ouça... e responda.

Será que na imensidão, na infinitude conhecida e desconhecida, somos os únicos privilegiados com a existência consciente?

Reconhecemos o quão são raras e intrincadas as condições para o surgimento da vida como conhecemos. Tão complexo jogo de forças que somos incapazes até de respeitá-lo.

O desenvolvimento do conhecimento científico, mas especificamente a Física, nos traz mais alguns complicadores, como se nossa pequenez já não bastasse.

Caso existam, outras formas de vida podem conhecer uma dimensão de tempo completamente diferente da nossa.

Uma civilização inteira veria sua história passar no breve momento da leitura deste post. Ou a totalidade de nossa passagem pelo universo não seria um ínfimo instante em suas vidas.

Poderiam também viver em dimensões espaciais plenamente invisíveis para nós, assim como nossas para eles. Acaso coabitaríamos esse lugar sem nunca nos perceber mutuamente. De repente, alguns avistamentos são flashs de aberturas das janelas entre nossos mundos.

Assunto para deliciar ufólogos pelo planeta. E chatear astrônomos e astrofísicos, mais preocupados com fatos. Porém, nossos instintos, da curiosidade ou da mania de grandeza, continuam a gritar para nos deixar a pulga atrás da orelha.

Verdade seja dita, por mais que tenhamos estudado, conhecemos pouco as profundezas da natureza. Segundo consta, 96% é matéria e energia escura, assim batizadas pois não fazemos idéia do que se trata, nem conseguimos detectá-las. Só supomos sua existência por mera contabilidade astronômica...

A dúvida permanece. Continuo participando do programa SETI, mas ainda nenhuma informação reveladora foi publicada. Pode demorar bastante... Resta uma certa esperança, que sejamos ouvidos e eles resolvam dar o ar da graça, um pouco mais claramente.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Espaguete

Brincamos, aprendemos e, por fim, aprimoramos.

Desde a infância aprendemos a grande fórmula. De maneira lúdica aprendemos, para nunca mais esquecer. Sem consciência do fato, nosso aprendizado se infunde intensamente.

Filhotes de leão brincam de lutar. Exercitam as artes para os futuros combates. Gatinhos brincam de caçar, mesmo que uma pequena bolinha. Estudam as estratégias essenciais a sua sobrevivência.

Nós não fazemos diferente... Freqüentemente, exercitamo-nos dessa forma, mesmo depois, durante a vida adulta. Afinal, é no mínimo divertido aprender brincando.

Ontem, Domingão, dia de macarrão, lembrei de um assunto... Um colega de trabalho, há algum tempo, me apresentou os concursos de pontes de espaguete. Vai entender as conexões que nossas redes neurais fazem...

Tais concursos, direcionados a estudantes de Engenharia Civil, propõem a construção de pontes, em escala, apenas com macarrão, no caso o espaguete (cru, é claro).

A intenção é desafiar seus conhecimentos em cálculo estrutural. Usando um material frágil, em princípio, construir uma estrutura que suporte peso considerável.

Até lembrei dos tempos de faculdade, quando o pessoal da Física bagunçava os pesos-padrão do laboratório. O objetivo era infernizar o pessoal da Engenharia, em suas aulas laboratoriais de cálculo estrutural. Intrigas juvenis que rendiam situações engraçadas...

Parênteses à parte, as tais competições demonstram habilidade e precisão impressionante. O recorde brasileiro é a sustentação de 156 Kgf. O mundial é um pouco maior, 176 Kgf. Quanta resistência para uma pequena maquete de alguns centímetros!

O processo da competição é simples. As pontes são apresentadas pelas equipes. O corpo de julgamento vai colocando pesos, até chegar aos limites suportados pela estrutura. Ganha quem agüentar o peso maior. Parece até um campeonato de supino, comum em academias, das esculturas de macarrão.

Jeito bacana de desenvolver o estudo. Desafio, competição e brincadeira, levados a sério por seus participantes. Ainda bem que não resolvem levar essas idéias para projetos maiores. Já pensou, a novíssima ponte Octávio Frias de Oliveira, aqui em São Paulo, feita de espaguete? Fugiria dela em dias de chuva de quente verão...