terça-feira, 31 de março de 2009

Mutante

Manipular é palavra-chave nas ações humanas.

Moldamos a natureza para melhor se adaptar às nossas necessidades. Desenvolvemos um sentimento de realizar, de modelar o mundo.

Realização plena acontece com a construção de programas. Em um mundo virtual, interno ao computador, as ideias mais impensáveis tomam vida.

Enorme abstração da realidade! Por não serem físicos, os programas assumem essa cara mutante. Coringas das mais diversas tarefas, assumem os papéis demandados pelo nosso cotidiano.

Como desejaríamos poder transformar da mesma maneira objetos materiais, num passe de mágica, transmutando água em vinho. Gostinho de poder divino...

Se depender da Intel, poderemos passar da etapa do gostaríamos! Baseada em nanotecnologia, ela propõe uma solução para criação de objetos 3D, como as "impressoras" de ferramental para a indústria, que de um desenho constroem um peça tridimensional.

Batizada de matéria mutante ou matéria programável, a concepção da gigante dos chips vai em mais além. Permitiria a elaboração de qualquer modelo físico, partindo do arranjo de moléculas. Verdadeira gestação de coisas a partir do pó!

Ideia apresentada através de um vídeo, disponível no Youtube, dá pra ficar pasmo com as imagens. Mesmo sendo apenas uma ilustração das possibilidades, mexe com algum sentimento nosso de realização, de tendência ao gosto pelos superpoderes, dignos de alguma divindade.

A geração do objeto acontece em frente dos seus olhos. Vemos as estruturas surgirem e se comporem. Além da criação, podemos alterar seu formato ou cor com as mãos. Experiência tátil e intuitiva para modelagem de praticamente qualquer item imaginado.

Uma senhora interface, bem melhor do que abstrair linhas e traços em um CAD, sem falar na praticidade e adequação às habilidades humanas. Seguimos assim, em busca de propiciar ferramentas para mudarmos o mundo. Esse mundo em mutação intensificada pela ação do homem.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Água

Água, fonte da vida.

Pelo andar da carruagem, em breve, poderá ser fonte de muitas outras coisas. Escassa e maltratada, o insumo básico da vida tem se valorizado consideravelmente.

Tanto valor associado que existem fundos de água (water funds) pelo mundo! São fundos de investimento que esperam obter vantagens na preservação de fontes de água saudáveis.

Um artigo da The Natural Conservancy, trata sobre fundos criados na América do Sul, região de abundante natureza preservada. Compara a água ao petróleo (ouro negro) e o açúcar (ouro branco). Será ela o novo ouro?

Na Suíça, o banco Pictet oferece os "Water Funds". Gerenciam um montante de 1.6 bilhão de euros! Apresentam como vantagem a alta liquidez do mercado, alto grau de atividade, baixa volatilidade, dentre outras.

Áreas relacionadas à água, nas mais diversos frontes (e fontes), serão beneficiadas. O dinheiro é destinado a investimento em projetos de manutenção de fontes e mananciais, preservação ambiental, tecnologia e produção de recursos hídricos.

Fico um pouco em dúvida de quais os retornos esperados... Haverá algum controle deste bem comum por poucas pessoas? Estamos vendo o agravamento da falta de acesso a comida e água, já existente em nosso planeta? Mais uma vez o poder econômico mostra sua cara...

Vivemos uma situação com lógicas um tanto distorcidas... Como exemplo, os investimentos de crédito de carbono. Se sou incapaz de deixar de poluir, posso comprar "créditos" de quem o faz para "neutralizar" minhas emissões. Agora invisto em água saudável, para garantir o fornecimento futuro desta, pagando por ela indiretamente...

Seguindo esse rumo, dentro de alguns anos veremos o surgimento da OPEA (Organização dos Países Exportadores de Água), similar a OPEP. Bastará um embargo para deflagrarmos a crise da água, como a crise do petróleo por volta dos anos 70.

Rico em recursos hídricos, o Brasil provavelmente seria um dos principais líderes da nova organização. Menos mal, afinal temos um comportamento bem mais equilibrado no jogo mundial, o que afastaria a possibilidade de tal crise.

Seja como for, onde há dinheiro, há fogo. A discussão deve ser feita e a atenção prestada. Antes de disputar os espólios da batalha, deveríamos nos ater em cuidar deste imenso tesouro. De mais a mais, a água ainda é a única fonte da vida, insubstituível.

domingo, 29 de março de 2009

Hidrogênio

"O verdadeiro é simples" (Goethe).

Quem diria, uma das apostas nas visões do futuro é a utilização de células de hidrogênio como combustível. Justamente o mais simples dos elementos, primeirão da fila na tabela periódica.

Lembro das decorebas das aulas de química. "Hoje Li Na Cama Robson Crusoé" em Francês era o acróstico para memorizarmos os elementos alcalinos. Tanta memória desperdiçada...

Voltando a nosso amigo Hidrogênio, ninguém poderia ser mais singelo. Apenas uma letra para representar, apenas um elétron para disponibilizar, tanta contribuição na composição da existência.

Pensou em hidrocarbonetos, palavra muito em voga, lá está ele. Precisou de água, elemento essencial à vida, sua presença é mais do que conhecida. A estimativa é que represente 75% da massa elementar do Universo.

Potencial extremo de energia em tão pequeno pedaço de matéria, a Bomba H, baseada no elemento, tem o poder 750 maior que qualquer bomba nuclear. Ainda bem que nunca ninguém arriscou usá-la para seu fim, apenas em testes. Pois é, infelizmente alguém a construiu...

Porém, para fins mais construtivos, o potencial deste elemento foi aproveitado para prover energia. Stan Ovshinsky persegue há anos a construção de células de energia baseadas em hidrogênio. Através de diversas empresas que criou, pesquisou e desenvolveu tecnologia nas mais diversas áreas de energia.

Cinco décadas atrás, ele e sua esposa, propuseram uma ideia radical do ciclo do Hidrogênio. A criação da economia do hidrogênio que aproveita este bem natural com fonte última de energia, para todos os fins. A disponibilização plena desta fonte renovável e limpa está próxima de ocorrer.

Sabedoria de dois grandes senhores, o simples pode se tornar a verdadeira resposta para muitos dos nossos problemas da sociedade contemporânea, principalmente energéticos. Espero que a convicção na solução impulsionará o desenvolvimento de técnicas e dispositivos economicamente viáveis, num futuro que possamos presenciar.

sábado, 28 de março de 2009

Light

Até onde irá a onda da abertura?

A crise econômica pode trazer protecionismo, intrigas de mercado, mas várias frentes continuam seguindo o caminho da colaboração e transparência.

Software, principal exemplar, nem se precisa mencionar. Projetos e mais projetos abertos estão disponíveis a quem quiser participar ou simplesmente utilizar.

Em outras áreas, como robótica e cervejaria, também observamos a influência do conceito. Há pouco menos de um mês, tive notícia de uma iniciativa no setor automobilístico!

Antigo, competitivo e polêmico, em novos tempos ambientais e mercantis, a empresa de engenharia EDAG apresentou o protótipo do Light Car - Open Source, no salão de Genebra.

Discutir soluções para o carro do futuro era seu principal objetivo, mas bem pode iniciar um trabalho comum e colaborativo para desenvolvimento de novos veículos automotores. Compartilhar experiências e ideias em favor da evolução comum.

Na proposta, o veículo contará com leve chassi de alumínio (reciclável?) e sistema de propulsão totalmente elétrico, além de toda iluminação baseada em OLED, inclusive para a área externa e sinalização. Sintonia com tendências modernas e ambientais.

Com ares de firula, a traseira do carro se assemelha a um painel da Enterprise (na Nova Geração). Futurista e otimizado, condiz com os restos dos sistemas do carro que buscam a eficiência no consumo e utilização.

Parte dos detalhes do carro podem ser vistos em vídeo disponível no YouTube. Mensagens com o a palavra "Charge", na lateral, indicam a situação de carga do carrinho. Ligaremos o carro na tomada como a um celular, transformando-o em um portentoso "gadget", nem um pouco portável.

Indústria focada em gerar desejo de consumo, montadoras pelo mundo têm retorno considerável em investir numa iniciativa de tal porte. De repente, num futuro não muito distante, todos poderemos trafegar com um bólido fruto do esforço de todos, em benefício de muitos. E dá-lhe colaboração!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Bolhas

Caímos facilmente em armadilhas da atenção.

Quem nunca se pegou hipnotizado a estourar as bolhas de um pedaço de plástico-bolha? Pléc, pléc, pléc! Chega a dar briga a disputa pelo retalho.

É contagiante. Basta ver alguém fazê-lo que ficamos com a cara de pidão, querendo participar. Felizmente as pessoas são solidárias e oferecem, guardam, um pouquinho das bolhas para o próximo.

Quando mudei de apartamento, durante a reforma e pintura do novo local, forrei o chão com plástico-bolha e papelão, para proteger o piso revestido de tacos.

Depois de forrado, mesmo antes da pintura começar, foi divertido andar sobre a nova forração. Estourar bolhas aos montes apenas com o caminhar!

Dava para improvisar uma aula de dança. Sapateado, coco, xote, xaxado, baião, tudo para curtir a farra do barulho das pequenas explosões. Extravasar um pouco da loucura contida em cada um de nós.

Certamente o som das bolinhas deve ativar algum mecanismo primal, bem no âmago da estrutura cerebral humana. Algo relacionado a ritmo, sons da natureza, sei lá... Uma coisa meio rítmica, meio macaco.

Bolinhas deste tipo fazem tanto sucesso que uma empresa japonesa, a Bandai, criou um chaveirinho que reproduz o estourar do plástico-bolha: o Mugen Pop Pop. Simples e portátil, basta apertar os botões do gadget para ouvir o som e ter a sensação de apertar as bolinhas, por apenas US$ 8,99, na Amazon.

A empresa é reponsável por outros tipos de chaveiros de sucesso, como os com bichinhos virtuais (tamagochi) ou um para reproduzir o ato de espremer ervilhas. Porém, a versão das bolhinhas é imbatível. Seu apelido em inglês descreve bem sua característica: Infinite Pop Pop.

Diversão garantida e quase infinita (em algum momento deve quebrar?). Útil para desestressar sem precisar correr para encontrar o fatídico plástico. Além disso, é até ecológico, pois poupa a utilização do derivado de petróleo. Difícil vai ser conseguir parar de usar.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Torcicolo

Um torcicolo incomoda muita gente...

Hoje fui contemplado com um, inesperado e chato. Situação detestável, ficar com o pescoço travado, movimentos curtos e limitados, sem muitas alternativas ou soluções.

Às vezes acontece quando dormimos de mau jeito, como no sofá, por exemplo. Acordamos com a musculatura toda bagunçada e, dependendo do momento do despertar, com uma tromba de sono enorme.

Tem dias que ocorre naquela bobeada num exercício. Começamos o movimento inadequadamente, ou tentamos superar os limites, e sentimos o pescoço retesar.

Duro também aqueles que são frutos de viagens em posição incômoda. Veículo lotado, malas ou objetos por todo lado e nos ajustamos numa postura desconfortável. Final do percurso e nossa estrutura não aguentou o castigo.

Surpresa quando ele vêm de uma virada repentina do olhar. Para alguns é punição, por ter dado aquela secada no alheio. Para outros é azar, por ter precisado desviar repentinamente, ou prestar atenção em algum problema eminente.

Lembro também dos torcicolos maternos e paternos. Bebê no colo, sendo acalmado, acalentado ou nanado, e mantemos a cabeça para baixo, em constante vigília e preocupação. Com a tensão do momento misturada, travamento na certa. Esse é o dos que menos importam. Tudo pela prole.

Chato é que, mesmo alongando, em qualquer caso, dificilmente ficamos cem por cento na hora. Alivia, relaxa, mas tem que esperar passar. Não tem muito remédio. Estarás limitado por algum tempo! Deve residir aí a chateação: limitação.

Consolo é saber que melhora. Uma boa noite de sono. Poupar um pouco o corpo. Cuidar um pouco mais dos movimentos. Vou ficar quietinho e aguardar. Ajeitarei cadeira ou poltrona para ficar menos sofrível. Quando melhorar, não posso esquecer de lembrar o quanto é bom estar sem ele a me travar.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Airbags

"Ao menino e ao borracho põe-lhe Deus a mão por baixo".

Antigo provérbio português, dito tantas vezes por minha avó, denota o esquecimento da natureza com os idosos. Uma verdadeira injustiça!

Crianças e bêbados realmente têm aquele jeito cai não cai. Seu sinuoso caminhar parece amparado por mãos etéreas, invisíveis a nossos incrédulos olhos.

Já os frágeis idosos, aqueles sem a firmeza de antigamente, quando despencam sofre sério risco. Grande parte dos acidentes domésticos com a população idosa ocorre em casa, nas quedas.

No Japão, país com significativa população longeva, não deixou para menos e providenciou uma "mãozinha" para eles. Uma companhia japonesa criou um airbag para tais situações.

Amarrado ao corpo através de uma espécie de colete, o dispositivo entra em ação ao sinal de uma queda inesperada. Algo como a reação dos airbags automotivos no momento de colisão. O equipamento pode ser visto em ação em um vídeo disponível na Web.

Protege principalmente a região lombar e cervical da coluna do acidentado, procurando preservar costas e cabeça no acidente, locais mais atingidos nestas situações e dos mais vitais. Pequeno detalhe é que só se pode cair para trás. Para frente não há proteção.

Também conheço idosos com os quais teríamos dificuldades de convencer para o uso. É difícil assumir a fraqueza, passar a receber o tratamento de uma criança, obedecer e se submeter. Preferirão dispensar a segurança e correr o risco.

De qualquer forma, já é alguma coisa. Melhor do que nada. À primeira vista, se mostra um colete discreto. Fico apenas imaginando se deve ser difícil se desvencilhar da traquitana, depois de acionamento. Além disso, a pessoa certamente não pode ter problemas cardíacos, pois o susto é grande.

Um aproveitamento inusitado do conhecimento adquirido em função da indústria automobilística. Aliás, muito de nossa tecnologia surge desse cruzamento de áreas do conhecimento. Mostra de quanto pesquisar algo, seja em que área for, pode render frutos promissores inesperados.

terça-feira, 24 de março de 2009

Mindflex

Brinquedos estão se complicando.

Pega-varetas, pula-pirata, bafo, bola de gude, já se foi o tempo das singelas brincadeiras, industrializadas ou não. Promotoras da reunião entre amigos para tardes divertidas de "jogatina".

Os videogames deram ares tecnológicos para a brincadeira. Complicaram a vida para muitos, a não ser aquelas pessoas já nascidos sob o signo do novo milênio.

Ainda assim eles são fichinha para o que vem por aí. A indústria do brinquedo voa longe e pretende o impensável. Produtora da Barbie (um exemplar bem tradicional), a Mattel apresentou o Mindflex.

O objetivo do jogo é bem básico. Controlar uma bolinha através de um circuito de obstáculos, por meio de ventiladores, passando por aros e canaletas.

Espantoso é o controle utilizado para executar os comandos: o cérebro. Não do jeito óbvio que poderíamos imaginar, afinal sempre o estamos usando, mas apenas com o pensamento. Com um headset e concentração suficiente acionamos os dispositivos do jogo.

Haja Wiimote para concorrer com o danado. Tudo bem que não deve ser fácil conseguir manipular a engenhoca, mas nada que o treino não termine por proporcionar. Se pensarmos nos futuros jogadores, recém ou nem nascidos ainda, será coisa de criança.

Soa como um futuro distante e inacessível... Ledo engano, pois não é. Apresentado na CES 2009, poderá pintar por aí em meados deste ano, por algo em torno de US$ 80,00! Está certo que não é um jogo super emocionante, mas atiça a coceira consumista, só de imaginar sua utilização.

Possivelmente o Wimote está se mordendo de inveja. Quem sabe não pensam em misceginá-los e produzir um BrainWiimote? Teríamos o controle mental wireless! Certamente jogar videogames acabaria mais imersivo ainda... Duro seria arrancar a molecada da frente de um deles.

Horizontes descortinados por tamanha inovação. Resta-nos aguardar outras implementações impossíveis de prever. No futuro, espero que aprender a jogar demande muito menos manual e mais diversão. Deverá ser possível, afinal bastará pensar.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Witricity

Cabos, fios, tomadas... Armadilhas emaranhadas.

Um verdadeiro carma associado à tecnologia. Inevitável cordão umbilical para muitos equipamentos contemporâneos. Amarras para a mobilidade

Em certos casos, estamos conseguindo eliminá-los com relativo sucesso. Em grande parte apoiadas no conhecimento sobre o rádio, o mundo wireless só faz crescer.

Telefones são dos beneficiados mais óbvios. Associá-los a um rádio comunicador foi questão de tempo. Pode ser que um dia a telefonia celular provavelmente venha a extinguir a fixa.

Com o Bluetooth conseguimos melhorar as condições das mesas de computadores. Pelo menos a situação atrás delas... Através desta tecnologia podemos conectar dispositivos dos mais variados sem a necessidade de ligação física.

As redes wifi libertaram os computadores das redes locais. Em versões de longo alcance, como o WiMax, os horizontes são ampliados em alguns quilômetros. O crescente provimento de sinais em nossos ambientes permitirá esquecermos que um dia o RJ45 foi necessário.

Quando achamos que atingimos o limite, a genialidade nos surpreende e apresenta mais alternativas. Alguém poderia imaginar ser possível dispensar cabos para transmitir energia elétrica? Justo ela, intrinsecamente associada aos elétrons presentes nos fios.

O cabo é seu ambiente, seu ecossistema. Aprendi isso nos remotos tempos do curso de técnico em Eletrônica. Imaginar elétrons circulando, de uma fonte geradora até um aparelho consumidor, sem o meio físico, beira a imaginação da ficção científica.

Marin Soljačić discordou dessa ideia. Ele e seu time de pesquisadores desenvolveram a Witricity. Isso mesmo, eles deram um jeito para transmitir energia elétrica sem a presença de fios. No fundo, no fundo, resgataram a antiga indução eletromagnética em nova aplicação.

Com tantas ondas circulando por aí, fico só imaginando como estarão nossas células neste mar de emissões. O jeito é confiar nos testes de segurança... De resto, fica a admiração da capacidade inventiva humana, a transformar desejos em realidade, transformando a própria natureza.

domingo, 22 de março de 2009

Hinos

"Salve lindo pendão da esperança..." [1]

Sabe aquele hino? Pois é... poucos ainda sabem. Os hinos vão caindo no esquecimento, pelo menos os cívicos. Patrióticos, desportivos ou religiosos, os hinos são uma antiga tradição, muito bacana de evocar.

Quem nunca viu os olhos marejados de um torcedor, em final de campeonato, cantando o hino do seu clube, em comemoração de mais uma conquista.

Nós e nossos símbolos... Eles estão por aí para nos unir, irmanar, em causa ou interesse comum. Resumem anseios, desejos ou sentimentos exaltados em suas letras.

No meu tempo (lá vem o tiozinho falando de novo) cantávamos o Hino Nacional Brasileiro todos os dias, antes do início das aulas, logo pela manhã.

Mais do que cantá-lo, estudávamos sua letra e música em aulas de educação artística. Dele e de outros: Hino da Independência, Hino à Bandeira e o Hino da Proclamação da República. Na época nem sempre curtia, achava até maçante, mas nunca mais esqueci. Hoje valorizo bastante tê-los conhecido.

Comentando sobre o assunto no trabalho, um colega "nativo" de outra cidade lembrou também cantar o hino de seu município todos os dias. É hoje um dos poucos em seu convívio a conhecê-lo, com direito a nome de compositor e letrista!

Cheguei a lembrar que conhecia o hino da cidade de meu pai. Um compacto de vinil mora em nossa casa há décadas, com letra e música bastante ouvida. Aproveitei até para contribuir com a Wikipedia, disponibilizando a informação guardada há 40 anos na família.

Fiquei surpreso ao procurar o hino da cidade de São Paulo e descobrir que ele não existe. E olha que a prefeitura decretou lei que torna obrigatória sua execução antes de cerimônias oficiais (?!). Um concurso criado em 2007 pretende elegê-lo. Tá demorando, não?

Pessoas conhecem de cor hinos religiosos e desportivos. Cantam-os sem vergonha e com orgulho. Se cidadãos desconhecem hinos de seu país, estado ou município, ou não se sentem à vontade de proclamá-los, ou nem sequer fizeram um, deve estar faltando motivos para se orgulhar e celebrar. Triste situação.

sábado, 21 de março de 2009

Astronomia

Eram os deuses astronautas?

Povos antigos atribuíam poderes divinos aos deuses visíveis nos céus. Donos do destino do Universo, aqueles seres no olhavam de lá e interferiam em nossas vidas.

Mesmo os gregos, com todo seu amor à sabedoria e sua razão, formularam explicação um tanto mítica para os astros celestes.

Associaram as alturas com a morada do perfeito. Fixaram as estrelas num plano intocável por qualquer mudança. Mesmo sistematizando sistemas celestes, mantiveram a aura de mistério do inalcançável.

Navegadores pela história se guiaram por estas entidades. Protegidos por sua benção e força, confiavam seus rumos e destinos aos desígnios das luzes sobre suas cabeças.

Até formulações menos acadêmicas, como a Astrologia, procuraram se fundar na ordem observável no vasto e imenso horizonte celeste. Tentam condicionar nossa sorte aos ritmos e interações destes imensos errantes siderais.

Mesmo para nossa sisuda ciência, os céus foram mola propulsora para seu avanço. Intrigados com tal divindade, e até temerosos em desafiá-la, cientistas procuraram conhecê-la, desvendá-la, Prometeus modernos atrás do fogo da sabedoria.

E assim desenvolvemos tecnologia, formulamos teorias e seguimos desvendando significativa parcela da natureza. Apesar de tão distantes, os objetos astronômicos provêm infinita fonte de conhecimento. Mundos longíquos que possivelmente jamais veremos de perto.

Kepler, Galileu, Copérnico, Brahe, Sagan, Hawking, e tantos outros grandes pensadores, passaram e passam a vida sonhando com as órbitas e leis do grande enigma celestial. Admiração, reverência e fascínio transformados em fabuloso e belo arcabouço de teorias.

Somos continuamente agraciados com presentes do saber vindos dos céus, através dos estudos da Astronomia e Astrofísica. Devemos muitos de nossos confortos modernos a essas benesses gratuitas. Visto assim, talvez os deuses estejam mesmo por lá, cuidando de nós.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Barbear

Nunca imaginei me barbear com plateia.

Rotinas da vida pós-natal. Tanto muda, tantas pequenas singularidades. Algumas chamam mais a atenção, talvez sejam mais inusitadas, talvez mais singelas.

O barbear é um ato rotineiro, um tanto solitário, meio obrigação. Você e o espelho, ninguém mais, alguns minutos para alteração da aparência.

Nos últimos tempos, estou lá, em frente ao espelho, espuma no rosto e, ao olhar para o lado, na verdade para o chão, está minha pequena a me contemplar.

Dia de barba e lá vem ela, rapidamente engatinhando e estaciona na porta do banheiro, sentadinha, intrigada com o processo de fazer espuma e esfregar no rosto.

Dirijo-lhe o olhar e recebe um sorrisinho amarelo, desconfiado, meio sem reconhecer o Papai Noel. Até poucos segundos atrás era seu papai, que começou a massagear o rosto e, de repente, surgiu aquela nuvem em volta da sua face.

Raspar a espuma, a barba, também é alvo de atenção. Um acompanhar curioso do exercício, das idas e vindas do aparelho pelas bochechas. Permanece estática, um tanto estátua, mantendo apenas a respiração abdominal profunda, típica das pequenas pessoinhas.

Deve pensar lá em suas pueris reflexões: mas o que ele está fazendo? Ou então, para que precisar de tanto trabalho? Talvez mesmo eu devesse me perguntar... Convenções, convenções, convenções. Tantas são no cotidiano que raramente nos questionamos.

Chego a me lembrar da minha infância. Todas as manhãs, preparação para escola e, entre uma arrumação ou outra, tinha tempo de admirar meu pai se barbeando. Recordação da imagem, da boa sensação da companhia, do prazer de participar do dia-a-dia.

Seja como for, parece que terei companhia por um bom tempo ainda. O ibope do meu barbear está alto e dificilmente a plateia falta. A vida ficou menos solitária. Contemplações me fazem pensar em outras pequenas realidades. Acho que um dia ainda sentirei saudades destes momentos.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Capa

Fascinante mecanismo do processamento visual....

Temos habilidades impressionantes, concedidas pela natureza através da história. Esforçamo-nos consideravelmente para tentar ensiná-las aos computadores.

Nossa visão é uma delas. Por exemplo, há alguns anos, eu estava em um shopping a olhar dentro de uma loja de presentes, sem intenção definida.

Muitas pessoas passavam por ali e, bem à minha frente, estavam algumas em meio às compras. Instantânea surpresa descobrir que no meu campo visual estavam meus tios!

Somente quando vieram em minha direção, acenando, pude reconhecê-los. Eu os via, mas não os enxergava. Sem a sua iniciativa de chamar minha atenção fatalmente eu passaria por um sem-educação.

Hoje, na volta do trabalho, ao sair da estação do Metrô, reparei em alguém vindo na direção contrária, a ponto de cruzar o meu caminho. Demorei alguns segundos para reparar que se tratava da minha mãe! Pô... Mãe é inconfundível! Sempre tive a impressão de poder identificá-la em qualquer hora ou lugar, seja qual fosse a situação, instantaneamente.

Comprovei que é um pouco mais complicado este tipo de processamento. Nossa visão, nosso enxergar, é muito mais do que sensibilizar a retina com emissões luminosas num conjunto conhecido. Tem relação com o contexto. Sem ele a imagem dificilmente se monta...

Há poucos dias escrevi sobre o site TinEye. Identificando imagens similares ou com origem comum, ele demonstra uma capacidade apurada, muito além da nossa, ao menos em velocidade. Divertido experimentar e imagina alguma aplicação.

O pessoal do site se encarregou de arranjar um bom exemplo. Eles disponibilizaram um novo serviço para localização de álbuns musicais através da imagem da capa. Basta um iPhone, o registro de uma foto e a mágica é iniciada. Simples, prático e fácil.

Como em todas os serviços oferecidos pelo site, impressiona a rapidez da realização da tarefa. Periga nem com um conjunto de capas à nossa frente sermos tão rápidos. De qualquer forma, precisamos levar em conta as nuances a envolver nosso trabalho. Nós normalmente enxergamos muito além da capa, coisa que nossos amigos digitais ainda não aprenderam.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Lixo

Longe dos olhos, muito perto do nariz.

É inevitável. Dia de chuva, enxurrada nas ruas e sacos de lixo boiando na água. E lá se vão, a entupir bueiros, espalhar detritos, se fazer notar aos desatentos.

Em tempos antigos, quando vivíamos em tribos, sabíamos muito bem da influência de nossas sobras e restos. Lidar com o lixo era tarefa conhecida desde o berço.

Nas grandes cidades nos descolamos do real. Embalamos nosso refugo, em sacos assépticos e lindos e colocamos na calçada para o lixeiro levar. Pronto. Tudo resolvido!

Alto lá, cara pálida. Essa é a versão do conto de fadas. Infelizmente, a mais presente nas cabecinhas habitantes dos imensos espaços urbanos.

As coisas simplesmente não somem. Levam algum tempo para se degradar, se decompor e, quando possível, retornar ao meio ambiente. Porém, não há natureza que de conta dos enormes volumes produzidos por populações de dezenas de milhões de humanos.

Então tiramos da vista. Mandamos para aterros sanitários, normalmente na periferia da cidade, para, esquecido, um dia se consumir. Relevo artificial criado daquilo que desprezamos, sobramos ou desperdiçamos. Sina incontrolável de processar.

Por vezes, a realidade bate à nossa porta. Vem nos tirar do sono idílico para chamar à luz da responsabilidade. De acordo com reportagem da revista Época, de duas semanas atrás, os lixões (aterros sanitários) de São Paulo estarão totalmente esgotados daqui a dois anos!

É isso mesmo... Vão abrir o bico. Estão no seu limite de armazenamento e precisarão ser fechados. O que fazer então? Alice no país das porcarias prontamente responderá: criamos novos! Tsc, tsc, tsc... E eu pergunto: até quando?

Nem precisamos lembrar da importância da reciclagem. Ou talvez precisemos, sim. Grande parte de nosso lixo em vala comum, indigente, é material nobre, pleno de reaproveitamento. Só que seu potencial fica perdido, sufocado pelo metano dos colegas orgânicos.

Por outro lado, a questão mais premente é o uso consciente. O descarte é apenas o curso final, a consequência do cotidiano. Vemos muito desperdício, consumo excessivo, escolhas erradas, que só culminam nos edifícios (nada edificantes) empilhados de massa pútrida e fétida. Se antes, usarmos adequadamente, comedidamente, quem sabe produzimos menos e descartamos melhor.

terça-feira, 17 de março de 2009

Repetição

"A história se repete mas a força deixa a história mal contada...".

No advento do computador pessoal, o Mac reinou absoluto, senhor de toda sua inovação. Possivelmente, naquela época, qualquer um suporia que sua hegemonia seria absoluta.

Não foi. Plataforma fechada, único fabricante, restrições e mais restrições... A liberdade foi apresentada pelo IBM PC, vulgo PC até hoje, sinônimo do computador pessoal e corriqueiro.

Sem amarras, reproduzível e clonável nas mais diferentes vertentes. Nem só de hardware sua variabilidade foi feita, mas de bastante software. Um verdadeiro ecossistema de fornecedores. Oferta interminável de soluções para um coringa valiosíssimo.

Ainda assim, não seria desta vez que se chegaria a algo definitivo. Tecnologias proprietárias, patentes e muita discussão abriram as portas para o Linux, a Internet e a computação em nuvem. Os sistemas operacionais opensource aliados aos aplicativos gratuitos da grande rede se transformaram na meca das novas alternativas.

Conhecedores do passado, os jogadores da grande disputa da tecnologia poderiam olhar para trás e aprender um pouquinho, tirar algumas lições. A concessão de liberdade, o incentivo a colaboração, a cooperação têm muito mais a oferecer do que a direta e mesquinha busca unicamente do lucro.

Novamente a Apple despontou com um dispositivo inovador: o iPhone. Maravilha dos gadgets, desejo de consumo de 9 em cada 10 usuários (sei lá de que planeta é o 1 restante...). Porém, os hábitos continuam os mesmos. Plataforma proprietária, mercado fechado. Até a publicação na maior vitrine de todas, a iTunes Store, é motivo de sabatina rigorosa e, por vezes, exagerada.

Demorou pouco para uma alternativa mais aberta. Hardware chinês, software "googlês", e o G1 + Android parece oferecer horizonte mais palatável na computação contemporânea. Só que adoramos uma repetição... Vínculos a operadoras, contratos de distribuição e outras tantas discussões ressoam por aí.

Só que esse mundo dinâmico não deixa barato. O mundo opensource já tem sua versão na telefonia: o Open Mobile Phone. Plataforma aberta, colaborativa e comunitária, baseada em Linux, permite a proliferação de diversos sabores livres da comunicação celular.

Curta memória, essa humana. Ou a força deixa a história mal contada, até para os protagonistas da história. Buscam sobreviver, garantir sua continuidade, mas desapercebem seus próprios caminhos. Bom mesmo é que, independentemente de protagonistas e rumos, as soluções tecnológicas melhoram continuamente.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Kumo

Kumo? Kumo é que é?

Ainda em fase de testes, a Microsoft mudará seu Windows Live Search, reformulando-o e rebatizando-o para Kumo. Segundo prévias, a palavra é uma composição de "nuvem" e "aranha" em japonês.

Observo recentemente o gigante a tentar retomar o passo e assegurar seu espaço. Passo na frenética evolução das soluções computacionais, espaço exíguo no concorrido mercado de TI para sua enorme corpulência.

Podem dar a explicação que quiserem, mas a escolha desse nome parece a escolha do nome da mascote dos jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro, em 2007.

Quiseram escolher um nome simpático, para agradar o grande público, mas ficou foi bem estranho. Acaba vítima de piadas e trocadilhos, sem atingir seu principal objetivo, de representar a imagem do produto oferecido.

Além disso, essa história de inúmeras iniciativas de buscadores querendo tomar o lugar do Google começa a ficar enfadonha. Promete-se muito, mas no final pouco é entregue. Enquanto isso, o buscador de interface minimalista continua a devorar bytes e mais bytes da Internet.

Até o momento, o site está em testes internos. Aliás, o tal nome é considerado um codinome. Espero que a turma de Redmond esteja mais inspirada no momento da definição do nome final e oficial. De resto, pouco se sabe sobre as novas características da ferramenta.

Conhecendo o histórico da companhia, certamente abarcará boa parte das ideias recentemente apresentadas por novos participantes do mercado. Depois de uma repaginada, com uma boa organização melhorada, será alardeado como a "maior inovação" dos últimos tempos.

Quem sabe, em breve teremos novidades. O mercado não tolera a demora. A onda pode passar e a empresa ficar à deriva. De qualquer forma, a iniciativa me deixa com a pulga atrás da orelha... Será que o mercado de propaganda na rede, impulsionado por produtos como os sites de busca, ainda é um bom negócio?

domingo, 15 de março de 2009

Nubrella

Engenhosidade deveria ter alguns limites.

Há poucos dias conheci um produto inovador (segundo a opinião suspeita do próprio fabricante): o Nubrella. Uma "prática" proteção da chuva.

Consiste de um descendente do guarda-chuva, apoiado nos ombros do usuário, retrátil e que permite continuar com as mãos livres durante seu uso.

Achei até que era piada viral, daquelas aptas a contaminar toda a Internet. Desconfio que não seja... Diversas são as referências para lá.

No site do fabricante você pode comprar a tranqueira, por cerca de US$ 50,00! Será que tem quem paga? Deve existir algum gênio, que ainda por cima ficará em dúvida entre os dois modelos, o transparente e o preto.

As próprias fotos do site são hilárias. O vídeo de justificativa de "porque nubrella" (why nubrella) parece saído de algum episódio de Monthy Python. Com ares de seriedade e vantagem, deixa a impressão que, a qualquer momento, ouviremos o som de gargalhadas da plateia.

Já foi notícia na ABC News. Sua companhia se apresenta com inovadora e promissora. Os usuários podem ficar despreocupados, pois são fornecidos tutorias de como abrir e fechar o futurista protetor. "The ultimate weather protector"!

Parece que estamos vendo uma versão portátil da cabine do silêncio, do Agente 86. Isso, aquela mesma, produzida para garantir a confidencialidade das conversas no Controle, mas que só produzia ausência de som em seu interior. Dã! Coitado do chefe...

Injustiça fazer uma comparação assim. Afinal, o (ou será a?) nubrella, produzido com poliuretano de alta qualidade e resistente estrutura de alumínio, aguenta até ventos velozes de quase 80 km/h! Aguardemos para ver se alguém usa. Somente deste jeito saberemos se a engenhosidade foi longe demais.

sábado, 14 de março de 2009

Eureka

Eureka! Eureka!

Arquimedes inaugurou o ato de marcar uma nova descoberta científica. Fazer notar que algo novo estava entendido ou descrito. Mas, afinal, descobrimos ou criamos?

O Princípio de Arquimedes sempre esteve lá, mesmo que não tivesse este nome. Se Galileu o "descobrisse", talvez fosse batizado como "Princípio de Galileu.

Compreender os mecanismos da natureza descortina a realidade à nossa frente. Descobre o mundo do véu da ignorância. Traz à luz o antes encoberto.

Dito assim, nada mais fazemos a não ser descobrir. Percorrer insistentemente a jornada em busca ao desconhecido, fuçando aqui e ali, levantando atrevidamente as cobertas existentes em todo e qualquer canto. O mundo é muito grande.

Elaborar uma boa e arguta explicação ao observado é parte significativa da tarefa. Engenhosidade exigida para a combinação de ideias. Um quebra-cabeça abstrato, gerado na imaginação de curiosos e atentos cientistas.

Sendo assim, a empreitada exige criatividade e criação. Esforço, disponibilidade e atenção para maquinar, criar tal sistema lógico que se adeque ao fenômeno. Nem é fruto de geração espontânea, mas produto de processamento complexo, mesmo que intuitivo.

Possivelmente é uma mistura de dois momentos: criação e descoberta. A ordem pouco importa. Vemos na ciência diversos exemplos das duas versões. Descobrimos algo e depois criamos uma teoria condizente. Criamos certo jogo de conceitos, depois saímos a busca de localizá-lo e descobri-lo.

A bem da verdade, tanto faz. Instigante é a sensação de matar a curiosidade, das descobertas do novo ou do final do processo de construção de um novo mundo. Deliciosa aventura humana na exploração do universo e na compreensão de si mesmo.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Correria

Tempo, escasso tempo...

Quantas e quantas pessoas reclamam à nossa volta sobre a falta de tempo. Mal começamos o ano e já se passaram quase três meses!

Engraçado hábito de arredondar os tempos para mais. Aumentar o desperdício, intensificando a impressão de maior quantidade desapercebida.

Um caro professor costumava fazer joça com a situação. Quanto encontrava alguém, perguntava "Tudo bem?". Ao receber a costumeira resposta "Tudo. Na correria.", imediatamente tascava "É? Pra onde?".

Pois é, andam na correria, mas sem saber para onde. A reação mais comum é congelar diante da indagação. Falta de rumo revelada drasticamente.

Observo que boa parte de nossa falta de tempo está associada às rotinas da vida contemporânea. Na sua maioria, estas devoradoras de tempo vêm agregadas a itens tecnológicos.

Justamente a boa e velha tecnologia criada para nos ajudar a viver melhor., mais fácil Triste afastamento do real... Adquirimos tamanho grau de complexidade que a própria manutenção de nosso sistema se faz onerosa, voraz consumidora de preciosos minutos.

Há quem se perca mais no gerenciamento dos tais gadgtes, do aprendizado da utilização dos recursos, do que no usufruir de seus benefícios. Dilema velho na construção de uma simples apresentação corporativa. Utilizar ferramentas de software, como o PowerPoint, ou as "antigas" folhas de acetato e suas canetas mágicas?

Se contarmos então com outras consequências, a despesa tende ao prejuízo. O uso do e-mail, por si só, já nos custa aprendizado e esforço de gerenciamento. As pragas do spam, vírus e outros malfeitores, só pioram o panorama. Comunicação que é bom, muito pouca.

Lógica meia distorcida pode surgir... Se esses monstrinhos, construídos para facilitar, dissolvem nossos dias em ações periféricas, só há uma conclusão. Se quiséssemos ter mais tempo, aproveitar melhor a vida, deveríamos vivê-la da maneira mais difícil.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Arboform

"Da árvore caída, todos tiram lenha"[1].

Nem só lenha... Lignina. Subproduto da produção de papel, este polímero pode ser aproveitado na forma de uma resina muito útil e modelável. Algo como uma madeira líquida.

Substituto interessante ao plástico, artigo presente em toda a vida moderna, principalmente em produtos injetados. Possui a mesma resistência, sendo possível utiliza-la em diversas aplicações.

O plástico, proveniente do petróleo, é problema intricado para os tempos atuais. Produzido a partir de recurso finito, ele continua um problema até o seu fim.

Sua degradação é extremamente lenta, na escala de alguns séculos, podendo chegar a 500 anos! Para algo tão utilizado, devido a sua adequação a tantas necessidades, se transforma em um manjado problema ambiental.

Uma empresa alemã, a Tecnaro, transformou o polímero de madeira em produto: o Arboform. Viabilização do substituto em ritmo industrial e economicamente acessível.

Produtos injetados feitos desta madeira líquida são muito mais ecológicos, pois de matéria-prima 100% biodegradável, podem ser dispensados mais facilmente, ou mesmo reaproveitados. Talvez não tenham o mesmo aspecto de seus similares de plástico, mas ganham até um visual diferenciado.

As aplicações são bem diversas, não somente produtos domésticos. Instrumentos musicais, interiores de automóveis e construção civil são alguns exemplos da vasta gama de áreas onde a substituição se faz possível.

Comparado a outros materiais plásticos, mais do que substituir, ele apresenta características físicas mais interessantes, como resistência ou expansibilidade. Aproveitamento da melhor tecnologia. Tecnologia do engenheiro chamado Mãe Natureza.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Chomsky

Ideias geniais, influências sem fim.

Se há genialidade envolvida, é muito difícil determinar, ou mesmo imaginar, até onde podem chegar suas consequências. Sacadas chave que descortinam um novo universo à nossa frente.

No ano do bicentenário de Darwin, ele é um ótimo exemplo. Nem ele, nem mesmo nós, conhecemos todos os desmembramentos da Teoria de Evolução.

Ainda que continuem questionando sua validade em outras áreas além da Biologia, tem influenciado das Ciências Sociais a Astrofísica!

Só que ele é figurinha marcada e está lá longe, no século XIX. Há um senhor contemporâneo nosso, não tão popular por estas bandas, mas com ideias impressionantemente plurais: Noam Chomsky.

Em tempos de faculdade de Ciência da Computação, estudei seus trabalhos na área de Linguagens Formais. Tão pilares eram seus fundamentos que acreditei se tratar de formulações exclusivas da área, de alguém possivelmente póstumo.

Mal sabia eu se tratava de alguém vivo e bem ativo. Só então relacionei com estudos da área de Fonoaudiologia, na faculdade da minha esposa. Poderia ser a mesma pessoa? O sobrenome não deixava margem a muitas especulações... Era!

Fiquei surpreso com a possibilidade de uma mesma pessoa influenciar tão determinantemente duas áreas bem distintas. Também pudera, o homem é um linguista que revolucionou os domínios da linguística teórica. Simplesmente sistematizou a formação da linguagem humana, independentemente das variações.

Trocando em miúdos, ele conseguiu enxergar o mecanismo por trás de qualquer língua falada por humanos no mundo! Haja poder de síntese e análise. Na área de Fonoaudiologia nem é preciso dizer da importância de tais teorias. Para a Ciência da Computação, como computadores também "falam" linguagens, a consequência foi inevitável.

Basta usarmos qualquer editor de texto, com corretor gramatical, que provavelmente testemunharemos a utilização de suas teorias. Isso para ficarmos apenas nas aplicações mais óbvias... Se nos ativermos um pouco mais na Hierarquia de Chomsky, veremos o descortinar de uma infinidade de possibilidades.

O ilustre linguista não se limita aos estudos. É também um ativista de esquerda de expressão, principalmente em seu país de tradição direitista. Seus livros e artigos demonstram o quanto ele é plural. Legítimo representante da melhor cepa de cientistas: aqueles para os quais a vida e seus mistérios são um oceano de possibilidades a descobrir.

terça-feira, 10 de março de 2009

Meditação



Meditação
(Composição: Tom Jobim e Newton Mendonça)

Quem acreditou
No amor, no sorriso, na flor
Então sonhou, sonhou...
E perdeu a paz
O amor, o sorriso e a flor
Se transformam depressa demais

Quem, no coração
Abrigou a tristeza de ver tudo isto se perder
E, na solidão
Procurou um caminho e seguiu,
Já descrente de um dia feliz

Quem chorou, chorou
E tanto que seu pranto já secou
Quem depois voltou
Ao amor, ao sorriso e à flor
Então tudo encontrou
E a própria dor
Revelou o caminho do amor
E a tristeza acabou

segunda-feira, 9 de março de 2009

Ícaro

É um pássaro? É um avião? Não, é Yves Rossy!

Sonhos de Ícaro continuam influentes. O Ícaro moderno tem nome: Yves Rossy. Seu sonho não é muito diferente. Dotar o homem de asas, dar-lhe liberdade para voar, cortar os céus por si só (e mais algum equipamento, é claro).

Como um Santos Dumont suíço, o piloto de cinquenta anos ainda é inventor e entusiasta de aviação. Desde criança persegue a ideia de um dia conseguir singrar os ares como os pássaros.

Já pilotou caças na Força Aérea Suíça e hoje é piloto comercial, da Swiss Air, tendo comandado Boeings 747, estando atualmente à frente dos tecnológicos Airbus A320.

Conhecimento aeronáutico certamente não falta. Utilizando seu know-how, ele projetou asas com propulsores capazes de impulsionar uma pessoa por longas distâncias.

Sua façanha mais conhecida foi ter atravessado o Canal da Mancha, em menos de 10 minutos, atingindo uma velocidade de cerca de 200 km/h! Imaginem estar a altitudes de mais de 800 metros, em tamanha velocidade, sem nenhuma fuselagem. Haja coragem!

O procedimento do voo não é nada simples. Ele precisa saltar de um avião, com motores acionados e abrir as asas para começar. Depois de enfrentar a travessia que for, no local de chegada, é necessária uma aterrissagem de paraquedas.

Nem preciso dizer que é preciso autorização e muita perícia para realizar a peripécia. Assim, ele é a primeira, e possivelmente única, pessoa a sustentar voo usando propulsão a jato em suas costas, com manutenção de altitude e estabilidade.

Ainda há muito a evoluir no projeto, segundo o próprio autor. Muito mais ainda para um dia podermos passear por aí como os Jetsons. No mais, para não perder o caminho, e as asas, vale o conselho de Dédalo: não se distraia com o Sol.

domingo, 8 de março de 2009

Audição

Caminhos tortuosos da audição...

Inúmeras vezes, desconfio que a maioria das pessoas tem dificuldades em exercitar a audição, em ouvir o que lhe é dito, seja para aceitar um pedido, seja para compreender o outro.

Deve ter relação com alguma dificuldade humana em equilibrar fala e recepção. É atribuída a Sêneca a frase: "A fala é barata porque o fornecimento supera a demanda".

O velho filósofo grego, que no fundo era "o moço" ou "o jovem", deve ter observado tal desequilíbrio já naquele tempo. Quantas águas se passaram e continuamos os mesmos.

Problema maior é que dependemos imensamente da comunicação. Ela implica em diálogo. Diálogo no mínimo deve ser a dois, participantes, num encontro ou saudável embate de ideias.

Abrir os ouvidos pressupõe disponibilidade. Abertura para entender outros universos, outros ambientes, outros pontos de vista. Surdos pela vontade louca de apenas falar, perdemos a maior parte das outras mensagens. Guerra infrutífera do proferir.

Disciplinar a atenção diz respeito também a escutar os desígnios que a vida nos entrega. Focalizar nossa percepção nas dicas, muitas vezes sussurradas, dos caminhos a seguir, ou daqueles em que somos necessários, oportunos.

Grande diferença entre o ouvir e o escutar. Transformação das sensibilização sonora em processamento auditivo. Decodificar a mensagem presente nas ondas mecânicas a trafegar pelo ar. Poder da tradução de sentimentos, sentidos e significados.

Exercitar a escuta aumenta nossa capacidade, continuamente. Aproveitamos melhor os momentos e respeitamos muito mais nossos interlocutores. Jogamos um jogo divertido, da troca que ao invés de manter as mesmas quantidades, aumenta o bolo sempre que é feita. A troca de ideias.

sábado, 7 de março de 2009

Colisão

Passou perto de novo!

Temores de um cataclisma cósmico, causado pelo impacto de algum objeto espacial com nosso planeta, se mostram mais reais do que imaginamos ou do que gostaríamos.

Em posts anteriores, já mencionei as constatações dos riscos naturais ou artificiais. Com um pouco mais de sorte, ou azar (depende do caso), uma destas pedronas acaba acertando a Terra.

E olha que o alvo não é pequeno... Por isso, no começo desta semana, astrônomos pelo mundo puderam observar, sem muito mais a fazer, a passagem de um grande asteroide bem próximo de nós.

O distinto objeto, muito bem identificado, tinha em torno de 20 a 50 metros. Dimensões de uma casa! Algo como se a cena de Dorothy, chegando ao Reino de Oz, pudesse acontecer no quintal de qualquer pessoa. Qual seria a bruxa a atingir?

Enquanto estamos acostumados a observar astros muito distantes, com a necessidade de equipamentos sofisticados como o telescópio Hubble, o visitante desta semana passou entre nós e a Lua! Mais precisamente, cerca de um quinto desta distância. Praticamente um raspão.

Com toda a atenção que temos voltada para o céu, ficamos cientes da imensa massa há apenas dois dias de sua passagem. Nem nos sonhos da ficção, com Armageddon e afins, conseguimos conceber tão escassa quantidade de tempo para tomar uma atitude. Ainda bem ele que não iria colidir.

Refeitos do susto, os astrônomos ainda puderam afirmar que é possível recebermos nova visita, do mesmo errante dos céus, nos próximos anos. Mais um alvo para observação do grande telescópio de vigia, instalado no Havaí. Espero que a experiência sirva para aprimorar o conhecimento sobre detecção...

De qualquer forma, o grande aviso vindo dos céus é para nos lembrar de nossa pequenez. De quanto não conseguimos controlar a natureza. De quanto a vida é finita e desconhecemos o amanhã do próximo segundo. Uma pequena lembrança sem chance de passar desapercebida.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Quebra-cabeça

Adoráveis e enigmáticos quebra-cabeças.

Faz tanto tempo que nem lembro, desde quando me interesso por quebra-cabeças, dos mais diversos tipos. Só sei que cativam, quase viciam.
Semanas atrás, eu lembrei e escrevi sobre o Cubo Mágico. Já se foi seu tempo, mas perdi bastante tempo tentando resolvê-lo. Assim como outros similares, com cilindros e contas.

Também lembro daqueles pequenos quadrinhos, com quatro fileiras e quatro colunas para letras. Um único espaço vago permitia o deslizar das peças. Era necessário formar palavras em todas as linhas.

Havia aqueles de argolas ou aros entrelaçados, vendidos em lojas de artigos de mágica, ou banquinhas pela rua. Uma simples volta e tudo estava resolvido.

Não podiam faltar os tradicionais. Grafismos ou fotos recortadas em milhares de pedacinhos com certa simetria, mas cada qual com seu formato. Dias, meses, a tentar completar a construção da obra-prima.

Sudoku foi uma febre. Primeiro com revistas consumidas com aumento contínuo da dificuldade. Cheguei mesmo a criar um programa, para gerar combinações e jogar. O Motirô fez certo sucesso e está até hoje disponível no Superdownloads.

Por falar em revistas, as clássicas palavras cruzadas enterteram meu pai por horas e dias a fio. Sempre houve a tentação de dar uma olhada na solução, nas páginas finais. Resistir à saída fácil aumentava o barato em conseguir desvendar todas as palavras indicadas.

Às vezes me pergunto se o gosto pelos enigmas para a cachola é comum. Fará parte do espírito humano ser assolado pelo desejo de resolver problemas, buscar encontrar a lógica que desfaz o mistério proposto? Quais seriam suas raízes?

Li estes dias que os quebra-cabeças exigem o uso dos dois hemisférios do cérebro, o direito e o esquerdo. Conciliação de nossas duas vertentes: o racional e o emocional. Esforço para o equilíbrio de duas habilidades, comumente estimuladas assimetricamente. De repente, vem daí o gostinho de desafio...

Seja qual for a razão, só sei que é muito divertido! Reconfortante sensação de vitória em tão pequenas realizações. Serve de exercício para nós treinarmos para resolução de quebra-cabeças sensivelmente mais complicados apresentados pela vida cotidiana.

quinta-feira, 5 de março de 2009

TinEye

Reconhecimento de imagens é coisa para humanos.

Pois bem... Era! Diversos mecanismos tecnológicos surgidos nos últimos tempos provam que essa capacidade pode ser aprendida por nossas criações, nossos pequenos monstros de Frankenstein.

O último que conheci foi o buscador TinEye. Serviço web gratuito, ele consegue localizar uma imagem, enviado um arquivo ou uma url, através de sua crescente base de pesquisa, coletada pela grande rede.

Mesmo com sensíveis alterações, não apenas de contraste e brilho, mas inserção de textos ou recortes, consegue identificar imagens provenientes da mesma fonte.

Por exemplo, pesquisei a imagem utilizada no meu post "Surreal", do artista Li Wei. Foram encontradas 22 cópias pela Web, algumas com legenda ou com um crop diferente da postada, incluindo algumas montagens e outras de tamanhos diferentes do original.

Realizei outra pesquisa interessante a partir do meu avatar, presente no perfil do meu blog. Como eu utilizei uma ferramenta de criação disponível na Internet, o buscador encontrou diversos avatares similares ao meu. Outras versões (são 26) da minha imagem real? Vale a pena conferir...

Curti observar até mesmo a distribuição ao redor do planeta. As várias versões do meu ser estão espalhadas praticamente pelos 5 continentes. Pena que com fotos o resultado não ocorra por similaridade. Poderíamos ver muitos sósias espalhados por aí.

Voltando as fotos, o serviço é uma ótima pedida para verificar o uso indevido de algo com direitos autorais restritos. A base de pesquisa ainda não é ampla, mas já conta com mais de 1 bilhão de registros. É questão de tempo para a cobertura se tornar muito mais abrangente.

No blog do site há uma dica legal de utilização: como caçador de mitos! Usaram o exemplo de uma foto presente no site BoingBoing, mostrando uma cobra gigante nadando em um rio em Borneú. A pesquisa revela a imagem original e denuncia a montagem. Acabaram com a graça dos sites de mistérios. Ou não...

Fico a pensar a imensidão de redundâncias existentes pelas páginas. Procurei uma imagem do Rio de Janeiro e usei como base de pesquisa. Localizei 128 imagens! Pensando em Lavoisier, imaginem como isso é comum. Aplicado à infinidade de imagens disponíveis, a progressão geométrica deve ser singular!

Maravilhas da tecnologia moderna, a explorar as inovações da inteligência artificial. Certamente consegue fazer o mesmo reconhecimento que nós faríamos, só que com uma atenção triplicada aos detalhes, num tempo infinitamente menor. Os filhos sempre acabam superando os pais.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Subprime

Vem aí o subprime brasileiro?

No final do ano passado, analistas alertavam para o problema da oferta de crédito farto para financiamento de veículos, com critérios "flexibilizados" para análise de saúde financeira do comprador.

Brasileiro adora carro. Sabemos da influência da indústria automobilística no cenário econômico nacional. Basta observarmos as confusões atuais com as novas condições de mercado.

Financiamentos, consórcios, leasings, há diversas formas de conquistar o sonho de locomoção motorizada própria. Se bobear, no Brasil é um sonho mais comum e valorizado do que o desejo da casa própria.

Com tamanha penetração em nossa economia, move muitas engrenagens. Se algo der errado na cadeia de eventos, poderemos vivenciar um "fileira de dominós", derrubados uns após os outros, como consequência da queda do participante mais próximo.

Claro que no país da marolinhas isso soa como alarmismo. Imagina que teremos problemas significativos... Automóveis têm valor significativamente menor do que os imóveis americanos. Nem muito menos há fundos lastreados por tais créditos...

Só que veículos tem o valor mais depreciado, em menos tempo, do que imóveis. Com valor menor, o número de bens é significativamente maior. A garantia oferecida, o próprio carro, quando recuperado facilmente estará em situação que não cobrirá a dívida.

Ao ler a coluna de Ruth de Aquino, na edição da revista Época desta semana, em meio a um assunto de embaixadas e gastos governamentais, notei a menção aos problemas recentes com financiamentos de veículos!

Procurei notícias mais completas e encontrei. Os bancos já têm um estoque de 100 mil carros recuperados devido a inadimplência de tomadores de empréstimos. No mês de janeiro, o calote foi o maior da história, desde 1991! Além disso, o índice de problemas com o crédito pessoal é o maior desde 2002.

Talvez continue sendo apenas alarmismo. Talvez devamos aprender, com antecedência, a atentar para os sinais de perigo. Os problemas financeiros para além-mar são indiscutíveis, num grande buraco negro de dinheiro, principalmente público. Mais prudente seria ligar os equipamentos sismográficos, na eventualidade da marolinha se tornar um tsnunami.

terça-feira, 3 de março de 2009

Graus

Vai dar branco?

Nem imaginamos o quanto pequenas ações podem colaborar imensamente para o meio ambiente. Deixamos de fazer boa parte por acreditar que não terão efeito significativo.

Fim de semana, intervalo comercial e sou surpreendido por um anúncio no mínimo intrigante. Depois de algum texto alusivo à tinta branca, vejo o promotor de tal vinheta: One Degree Less.

Segundo resultados de trabalho de pesquisadores do Lawrence Berkeley National Laboratory, a simples pintura dos telhados de edifícios com a cor branca pode melhorar muito o clima nas grandes cidades.

Focado no estudo das ilhas de calor, regiões espaço-temporais urbanas com temperaturas elevadas, foi possível observar a participação dos telhados nas variações térmicas.

Os topos dos edifícios representam cerca de 25% da geografia urbana, segundo o estudo. A incidência e a absorção de raios solares por estas estruturas é determinante em fatores ambientais importantes. Com temperaturas mais altas, maiores são os níveis de poluição, mais elevado o consumo com ar-condicionado e a frequência de doenças relacionados ao calor.

Com a presença da cor branca, a reflexão dos raios solares é mais eficiente. Teríamos como consequência a redução do calor, combateríamos o excesso de emissão de CO2 e retardaríamos o aquecimento global! Simples, não?

Encontraram uma forma de compensar os efeitos danosos da destruição da camada de ozônio. Para quem ainda não sabe, esta é a tal camada que protege nosso planeta do bombardeio da radiação eletromagnética do Sol. Um guarda-chuva natural sendo aos poucos desmanchado.

Desafiados a colaborar, com a disponibilidade de doar tinta e mão-de-obra para o próprio telhado, quem sabe conseguiremos reduzir em 1 grau a temperatura de nossa região. O projeto tem o apoio de grandes empresas brasileiras, além do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Parece uma pequena contribuição para um grande resultado. Mobilizemos empresas, escolas, condomínios, no melhor estilo "faça a sua parte". Oportunidade acessível, plausível e realizável. Não podemos deixar passar em branco.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Cronômetro

Cronômetro, feitor dos tempos modernos.

Houve uma época em que a medida do tempo era determinada apenas pelos elementos da natureza. Dias e noites marcavam o compasso da vida.

No máximo, conseguíamos acompanhar o movimento do rei dos céus, com seus passos muito bem determinados e conhecidos. Assim comandava os eventos e a vida.

Inventado o relógio, dividimos e controlamos o tempo, de certa forma de um jeito artificial. Escolhemos uma abordagem que nos parecia natural.

Ainda assim, os relógios eram possuídos e controlados por poucos. Grandes igrejas, mosteiros e outros senhores da sociedade daquele momento.

Os relógios menores, como os de bolso, democratizaram o acesso ao tempo. Portáteis, permitiram que acompanhássemos o transcorrer das horas onde quer que estejamos. Passamos a carregar o tempo no bolso.

Mais práticos, os relógios de pulso modernizaram e tornaram prática a visualização das horas. Possibilitaram desenvolver outras atividades, da corrida ao trabalho cotidiano, praticamente grudando os ponteiros em nosso corpo. Viramos mostradores ambulantes.

Controvérsias à parte, a popularização de tal modelo de relógio é atribuída a um grande brasileiro: Santos Dumont. Compreensível a adoção por alguém tão atento às tendências da modernidade e às necessidades das condições de um aviador no exercício da função.

Apesar de todos os benefícios, o desenvolvimento do instrumento permitiu também a dosagem e cobrança do tempo. Na sua versão "recortadora de momentos", o cronômetro fatiou milimetricamente o transcorrer do rio das horas.

Cobrança pelo dispêndio de tempo ou pelas previsões de término de algum trabalho, terminamos escravizados pelo correr das pequenas hastes de metal. Como o antigo feitor dos navios, tambor em punho a ritmar os remadores, o novo senhor ressoa em nosso inconsciente exigindo que acompanhemos seu ritmo.

domingo, 1 de março de 2009

Aliança

Ninguém negará que somos privilegiados.

Consideremos as condições para surgimento da vida, seu desenvolvimento até nossos padrões atuais e chegaremos a conclusão que fomos agraciados com condições extremamente especiais.

A existência fez uma aliança conosco. Combinou de nos proteger e guiar para a perpetuação da humanidade. Apesar das adversidades, sem sombra de dúvida ganhamos benção divina e perpétua.

Procuramos vida pelos confins do Universo, esperamos sua viabilidade, mas admitimos ser uma busca difícil e quase inglória. Reunir novamente as mesmas condições ocorridas por aqui é um grande desafio. E olha que o lugar da procura é bem grande, para não dizer infinito...

Como toda aliança tem seu sinal, qual melhor para ser eleito do que o arco-íris? Por mais explicações que encontremos para ele, sua universalidade onde quer que seja visto no globo terrestre serve bem ao propósito.

Vejamos que a aliança é com toda a vida, não somente para o homo sapiens e sua soberba. Nosso destino está intrinsecamente ligado ao destino de todo a maravilhosa e gigantesca rede de seres a coabitar o terceiro planeta (a partir do Sol).

Conscientes dessa aliança, levemos conosco a certeza de que, mesmo com os sabidos dissabores possíveis, as coisas conspiram a nosso favor. A força maior move as engrenagens para nosso benefício, ainda que num espectro mais global.

Curiosamente, fazemos bastante força contra. Seja por ignorarmos tal condição, seja por sermos um tanto rebeldes sem causa. Renegamos frequentemente a aliança, lutando com o mundo, minando as estruturas herdadas e tão demorada e cuidadosamente criadas.

Perspectivas melhores precisam ser avistadas. Devíamos confiar mais neste amor divino. Pautar nossas escolhas em colaboração com tal complô "pró-felicidade". Destacar e valorizar as boas colheitas é questão de aceitação e acordo pleno da situação naturalmente venturosa.