quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Vigia

Somente agimos bem quando vigiados?

Precisamos mesmo da impressão de que alguém está nos olhando, onipresentemente, para seguirmos ideais de boa conduta e comportamento?

Há quem acredite nisso. Sem vigilância estaríamos tentados a atender apenas nossos instintos mais egoístas. Egocentrar!

Como em "1984", de George Orwell, a necessidade de uma supervisão deste gênero acarretaria nos modelos cruéis daquela distopia.

Só que ainda vale a perguntar do Capital Inicial, em sua música, "Quatro Vezes Você": o que você queria fazer / se ninguém pudesse te ver?

Nossa educação, nossa cultura, parece nos levar a ficar com essa sensação. Desde bem pequenos, há sempre alguém ou algo na espreita, pronto a ajudar ou atacar. Fundo moral de muitos contos e lendas.

Em cada esquina, pelas ruas e avenidas, somos chapeuzinhos vermelhos assombrados por algum lobo mau. O espectro da vigilância nos transforma em criancinhas assustadas, preocupadas com os entes a espreita de nossos passos.

Controlados ou não, acredito na força maior da união. Possivelmente, ela é a voz, o olhar. Um ente interior, muito distinto de uma agente exterior. Necessidade natural transmitida por gerações, interpretada como imagens vigilantes.

Transformados em instituições íntimas, próprias de cada um, fica desnecessário temê-las. Entendidas como motivações legítimas e inconscientes, passamos a confiar na sua obediência sem temor. Fruto de nosso perfil gregário, o grande irmão pode ser transmutado de tirano em conselheiro.

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