segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Canetinhas

Há algo de estranho no reino das tintas e papel...

A semana passada estive em um evento para apresentação de um produto de TI. Todos os elementos tradicionais estavam presentes: sala em hotel, coffee-break, material de divulgação e... canetas!

Pois é, tanta tecnologia, tanta inovação, mas a sugestão ainda é tomar nota com papel e caneta. E pensar que nunca tinha visto uma concentração tão grande de iPhones por metro quadrado.

Canetas esferográficas são objetos míticos no cotidiano das pessoas. Todo mundo acaba perdendo a sua ou ficando com a de alguém. Elas parecem resistir a permanecer nas mãos de uma única pessoa.

Quem já viu uma caneta esferográfica vazia, sem tinta? Sinal de desperdício ou de impossibilidade? Quem sabe... O mito permanece, afinal é complicado até distinguir um exemplar do outro.

Preocupado com desperdícios, acabo cuidando das minhas e as utilizando. Eu já vi algumas chegarem ao final, mas demora. E vou ajuntando-as em um estojo, atualmente bem recheado.

Também não é para menos... Escrevemos em papel muito pouco. A maioria dos profissionais dispõe de inúmeros recursos digitais para registrar seu trabalho. Em grande parte, utilizo para assinatura de algum documento ou formulário.

Então por que continuar a distribuir canetas infinitamente, a cada evento ou final de ano? Qual não será o volume produzido destes objetos, para pairarem em nossas vidas, vagando de mesa em mesa, até misteriosamente se desintegrar?

Podem ser dissimuladas ou até mesmo inocentes, mas começo a temê-las. Quem me garante que os verdadeiros indivíduos neste mundo não são elas, a nos usar para sobreviver e se propagar? Seríamos lacaios destes seres de plástico e tampa, recheados de negra substância aquosa e destinados a rabiscar celulose...

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