terça-feira, 30 de setembro de 2008

Vinho

"In vino veritas".

Bebida ancestral, os gregos relacionaram o vinho, aos menos seus efeitos, à desinibição e revelação da verdade. Coitada da bebida.

O consumo em excesso, e o alto "grau etílico" do bebedor, sempre foram os responsáveis. Nem sempre com tanta veracidade...

Descobri os sabores de seu mundo um tanto tarde. Apesar da ascendência lusitana, foi a nova família italiana que me aproximou do suco idílico.

Ícone em tantas culturas, mereceu do povo dos grandes filósofos um deus exclusivo: Dionísio (vulgo Baco), o deus do vinho. Tudo bem que era um deus de muito mais, mas a associação ao néctar supremo da uva é inevitável...

Tintos ou brancos, espumantes ou frisantes, varietais ou seleções, de mesa ou sobremesa, sua diversidade denota a variação de usos e influências, culturas e tecnologias envolvidas em sua produção, durante a história da humanidade.

A arte de sua elaboração nos faz admirar as capacidades de um enólogo. Conseguir conciliar as variações de safra, clima, economia, dentre outros fatores, e produzir algo equilibrado, com qualidade e identidade, é tarefa para poucos.

Com tantos milênios de história, de maior ou menor popularidade e acessibilidade, vivenciamos em nosso país um movimento por sua disseminação. E assim se gerou uma leva de novos atores, os enófilos, presentes nas mais diferentes camadas sociais.

Tão presentes que às vezes se torna maçante tomar apenas uma taça. Tantas análises, tanto discurso acerca de uma garrafa, gestos e trejeitos cerimoniais, beira do exagero da moda vinífera. Acabamos negligenciando o ato mais importante: bebê-lo.

Prefiro a inspiração nos mais velhos. Almoços familiares, o prazer à mesa, a gostosa taça brindada e o calor da reunião. Melhor da melhores combinações: boa comida, boa companhia e bom vinho! Para desencanar, abrirei uma garrafa e tomarei uma taça no jantar. Só para celebrar a vida!

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Cartas

De um jeito, ou de outro, nos escrevemos.

O advento do e-mail transformou nossa comunicação escrita, a agilizou e, de certa maneira, até a banalizou. Descuido maior, menor extensão, vemos a mutação da troca de textos.

Machados de Assis trocava correspondência com sua amada. Em estudos sobre suas bem traçadas linhas, revelações da alma do mestre da literatura.

Lembro, com carinho, do "evento" da chegada de cartas, vindas de Portugal, na casa da minha avó. Momento especial, notícias de além-mar, saudades lembradas.

Ela buscava os óculos, sentava confortavelmente na sala, abria o envelope e lia. Às vezes em voz alta. Noutras em alta emoção. A vida, dos familiares que lá ficaram, a passar em frente a seus olhos, por letras enfileiradas.

Com as novas tecnologias, ficamos com a impressão de sua extinção. O mundo digital já é tão popular, não? Ledo engano...

Ignorando as malas diretas postais, um verdadeiro spam de celulose e tinta, ainda muitas pessoas se utilizam do serviço dos correios para se comunicar. Vale até matar saudades e exercitar a coordenação em escrever a mão!

De qualquer forma, uma coisa não mudou. Para fazê-lo, é preciso saber ler e escrever. Além de ter condições para tanto. Capacidade e acuidade visual, tão cotidianas que nos passam despercebidas em nossa rotina. Só damos falta quando nos falta.

Em São Paulo, no Poupa-Tempo, há um serviço para ajudar as pessoas com dificuldades. O "Escreve Cartas" conta com diversos voluntários, dedicados a atender as pessoas, escutá-las e transcrever suas palavras para o papel.

Bem ao estilo da Dora, do filme "Central do Brasil", se dispõe a serem olhos e mãos de quem não pode, ou não sabe, ler e escrever. No seu caso, não ganham nada além da gratidão e da satisfação de ajudar.

Doação de serviço, de tempo e de vida. Disposição de simplicidade e essencialidade. Corações do tamanho da metrópole que habitam! Mais do que cartas, correspondências inestimáveis a quem necessita, escrevem um chamado a colaboração comunitária.

domingo, 28 de setembro de 2008

Batismo

Batismo, momento de iniciação!

Com suas raízes bem distantes no tempo, marca a transmissão de um legado, uma missão, um compromisso, um presente. Presente da participação em uma vida consciente do amor.

Sendo presente, é proposição, jamais imposição. Pais e padrinhos emitem o convite e cuidam, enquanto possível, para que ele seja lembrado.

Convite feito de vivência, exemplo de vida, modelo. Convite cunhado com a própria alma, com a doação de seu ser e o testemunho concreto no cotidiano.

Pais se comprometem em presentear com mais do que a vida biológica. Encontram mais um pedaço do coração para doar na construção da vida espiritual. Contribuem cada qual com sua parte na formação do novo coraçãozinho.

Padrinhos são mais importantes do que meros substitutos em tempos piores, como na falta dos pais. São modelos de conduta na fé. Inspiração e inspiradores do sopro, do ânimo, na fraternidade e na solidariedade humana.

Esqueçamos o ensino do egoísmo, do individualismo. Isso o mundo se encarregará de ensinar. Mais forte devemos ensinar a partilha e a caridade. A preocupação com o bem comum, em prol de todos. Sem exclusão, sem preconceito, sem distinção!

Primeiro sinal da graça em sua vida cristão, o sacramento nos motiva à celebração! Celebrar a vida e seu exercício pleno. Comemorar a irmandade universal de toda a pessoa humana. Jubilar pelo dom da existência em toda plenitude de sua beleza.

Somos irmãos de todos, batizados ou não. Católicos, espíritas, budistas e muçulmanos, ou seja qual for a denominação, estamos inegavelmente conectados através de nossa humanidade. Batizados, nos diferenciamos apenas pela indiscutível ciência transmitida desta universalidade do amor!

sábado, 27 de setembro de 2008

Empada

Em pequenos detalhes, satisfação do cliente.

A eterna contenda, que mais deveria ser acordo, entre fornecedor e consumidor, poderia ser resolvida de maneira simples, com a devida atenção ao relacionamento.

Já cansei das inúmeras vezes, e não foram poucas, em que ao terminar algumas compras no shopping, decidi tomar um café de "saideira" e não foi uma boa experiência.

Final de dia, para todos... Na praça de alimentação os quiosques de café ainda estão abertos. Um tanto natural, principalmente levando em conta o ritmo da tal saideira, comum a muitas pessoas.

Mesmo com a prorrogação do horário deles, após o fechamento das lojas, invariavelmente me sinto expulso por algum atendente.

Ou a máquina de café está sendo limpa, ou estão organizando o balcão, recolhendo o lixo, ou a realizar qualquer atividade impeditiva para atenção ao cliente...

Falta treinamento ou gerência. Por um lado, se preocupam com sua rotina sem lembrar quem é seu motivador, o freguês. Por outro, quem gerencia deveria instruir, definir horários adequados e dar condições para o trabalho ocorrer sem transtornos.

Certa vez, cheguei a uma loja de roupas 15 minutos antes do fechamento. Entrei "com um pé atrás", receoso de uma má recepção. Não só fui bem atendido e com presteza, como fui comprar um terno e levei sapato, meia, cinta e camisa. Coisa difícil de acontecer. Sempre sou objetivo na hora da compra. Sai completamente satisfeito com a compra e 45 minutos após o fechamento da loja!

Essa semana, na volta para casa, passei rapidamente no shopping. Na saída, avistei um quiosque de empadas e comprei algumas para levar. De recheios variados, foram colocadas em uma excelente embalagem para viagem. Simples, econômica e térmica.

No caminho lembrei que não havia perguntado como distingui-las. As atendentes conhecem bem os grafismos criados com a massa para fazê-lo. Qual não foi minha grata surpresa ao abrir a embalagem e descobrir que havia sido enviada uma legenda!

O papelzinho é a imagem scaneada neste post. Idéia simples, eficiente e que me agradou, pela atenção dispensada no detalhe essencial. Prova de que com pouco, e cuidado com o relacionamento, podemos perpetuar uma relação de consumo. Bem melhor do que apenas encontrar o caroço da azeitona...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Googleversário

Tá com uma boa idéia? Manda pro Google!

O gigante da Internet completa 10 anos e quem ganha um belo prêmio é você. Isso mesmo, ele também envelhece... Em matéria de tecnologia, já é uma idadezinha avançada.

Festejos acontecerão aos montes. Há, por exemplo, uma página comemorativa com o retrospecto dos fatos neste último período de sua história. Uma linha do tempo bem interessante e recheada.

Mas, falemos de prêmio... Batizado de Project 10100 , a iniciativa pretende eleger 5 grandes idéias, colhidas pelo planeta, através da rede, que mudem o mundo ajudando um número máximo de pessoas, tanto quanto possível.

As inscrições devem ser feitas até 20 de outubro. Eles publicaram 100 idéias selecionadas, para que nós escolhamos 20 semifinalistas. Então, um comitê da empresa elegerá as 5 melhores idéias. Valor do prêmio: US$ 10 milhões para dividir entre os premiados.

É certo que uma bilionária corporação, com caixa acima de US$ 50 bilhões disponíveis, poderia oferecer algo mais generoso. Afinal, são 10 anos de vida! De qualquer forma, se sobrar só um milhãozinho já é um bom começo para dar vida à idéia.

Propõem definir o menor número de regras possível. Os candidatos devem se enquadrar dentro de determinadas categorias, que irão nortear as avaliações. São elas: comunidade, oportunidade, energia, ambiente, saúde, educação, moradia ou outros (para o caso de não se encaixar nas anteriores).

Independentemente da categoria, pelo menos 5 critérios de avaliação estarão em jogo: alcance, profundidade, viabilidade, eficiência e longevidade. Disfarce de brincadeira, mas assunto de seriedade extrema. Ares de empreendimento bem gerido e com padrões de excelência.

Basta por as mãos à obra! E a cabeça também... Pensar em algo inovador, em tempos de tanto desgaste da inovação, é realmente desgastante. Qual idéia merece tamanha distinção? O que distinguirá, em um espectro tão abrangente, os grandes vencedores? Uma parceria desta monta pelo menos é um bom motivo para o esforço... O mundo agradecerá.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Futebolístico

"Futebol é uma caixinha de surpresas".

Chavão memorável, desconheço brasileiro que nunca o tenha ouvido ou proferido. Também não é para menos, afinal vivemos na terra da pelota...

Depois da espetacular experiência do Museu da Língua Portuguesa, único no gênero em âmbito mundial, seremos agraciados com outra novidade do mundo das memórias e exposições: o Museu do Futebol.

Até aí, nenhuma surpresa... A intimidade tupiniquim com a redonda é mais do que consagrada. Paixão antiga, somos herdeiros primevos do real esporte inglês e fazemos questão de reivindicar nosso reconhecimento.

Surpreende o fato de ser extremamente tecnológico, com poucos objetos, fundado em apresentação de vídeos, fotos e atrações interativas.

O espanto não é pela tecnologia, pois somos um país apto e ávido para tanto. Porém, com tanto história em campo, não devem faltar objetos ligados à memória do esporte em nossos clubes, cidades e confederações.

Sobressaltos à parte, o espaço em pleno Estádio do Pacaembu, mais precisamente sob as arquibancadas, parece fazer jus ao investimento de mais de R$ 35 milhões, com iniciativa do Governo do Estado e da Prefeitura de São Paulo.

Em seus 6.900 m2, 6 horas de vídeo e quase 1.500 fotos, podemos apreciar, e de certa forma vivenciar, boa parte da desenvolvimento do esporte bretão em nossa terra. Há salas para todos os fins e gostos.

Na Sala dos Rádios, narrações que eternizaram gols em nossa memória. Na da Exaltação, num grande vão livre, projeção de fotos de torcidas, com a execução de seus hinos, dos mais variados escretes. Em uma área dedicada a ciência do futebol, se observa o movimento da bola de ângulos inusitados, o funcionamento do corpo de uma atleta ou testa sua precisão em pênaltis.

Outros tantos espaços estarão disponíveis, como uma sala a homenagear 25 craques brasileiros, expondo suas imagens em tamanho real, suspensos no ar, como anjos a zelar pelo espírito esportivo. Diversão para os olhos, ouvidos e alma!

A inauguração está programada para o final do mês de outubro. Aos amigos espectadores televisivos de final de domingo, fãs das disputas no grande gramado, uma excelente alternativa. Seguramente muito melhor do que agüentar as maçantes discussões de programas de "mesa redonda".

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Idear

Idéias não são, ocorrem.

Existência como unidade, como entidade, compartimentada no espaço e no tempo, nem resvala nas exigências e naturezas da formulação de pensamentos e sua utilização.

Vai saber de onde surgiu a história da geração espontânea... De repente, como conseqüência do destino, uma grande idéia deixa o seu mundo e pousa na cabeça de alguém.

Pior, alguns culparão o coitado do Arquimedes. A folclórica passagem a ele atribuída, com sua exclamação "Eureka", contribui com a visão um tanto mágica do processo de "idear".

Há também a história do Newton com a maçã. Queremos creditar ao acaso o derramar de gotas de genialidade na cachola de alguns poucos. É muito desprezo pelo esforço deles.

Resultado de considerável esforço, é mais coerente enxergarmos como final de um processo. Tudo começa com a alguma inquietação, uma motivação espúria. Geradora da ânsia por solução, ou da curiosidade por entender.

Despende dedicação e um bocado de trabalho para mastigar os vestígios e rastros de sua perseguição. Coletados pelo caminho, nem sempre de maneira controlada e consciente, se acumulam em algum lugar da alma, se encaixando sorrateiramente.

Não há descanso. Nos casos das muito boas idéias, lembranças e lampejos acometem o criador incessantemente. Difícil decisão tentar afastá-las da frente, colocá-las de lado para realizar algum outro tipo de intento. O cotidiano pede muito de nosso tempo para supostas manutenções obrigatórias.

Alguns anos podem se passar. Ou em poucos minutos, relativisticamente, percorrer toda a via crucis do processo criativo. O ápice da concepção traz a alegria de receber um filho, mesmo que ideário, motivo de júbilo e satisfação. Se percebermos que o alarme foi falso, nos resta apenas continuar e não desistir!

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Evolução

Incompreendida e polemizada, eis a Teoria da Evolução.

Escolher palavras uma tradução nem sempre é uma tarefa grata. No caso, talvez o melhor seria "desenvolvimento", removendo a carga de superioridade.

Etimologias à parte, Darwin se preocupou em seu trabalho na descrição de como a vida seguiu seu caminho para culminar na diversidade imensa que observamos.

A beleza de sua teoria está na percepção do poder do caos em gerar uma ordem observável! A perfeição mora na capacidade de causar imperfeições.

Atribuímos essa influência, essa intervenção, a causas naturais, espúrias e sem motivação específica. No jogo de dados da vida, ganha quem tiver a sorte de receber as melhores condições para sobreviver. Não há sina.

O desenvolvimento humano atingiu a condição de influenciar no processo. Certamente, muitos indivíduos fadados ao insucesso conseguem sobreviver graças a perversão da ordem natural provocada pelo homo sapiens.

Intervimos, acima de tudo! Tanto para o bem, quanto para o mal. Poluímos e curamos doenças. Extinguimos animais e criamos vida em tubos de ensaio. Brincamos com o destino do universo como deuses imberbes, inaptos a sua função final.

Diante deste fato, fico a duvidar de nosso futuro. Estaremos bloqueando o curso natural da evolução? Comprometemos assim nossa capacidade futura de desenvolvimento e adequação às condições da natureza? E então me vejo laçado no mesmo erro conceitual, autor da dita incompreensão...

Quem disse que nossa complexa estrutura social não é produto e motor da máquina da evolução? As adaptações podem nem ser mais de ordem física / fisiológica, mas a predisposição a certas condições continuarão determinando nossa transmissão de legado. Ou, de repente, são determinadas por alguma genética incompreendida.

No romance "A máquina do tempo", de H. G. Wells, o autor prevê um futuro onde desaguaríamos em diversas espécies derivadas do homem moderno, conectadas numa estranha cadeia alimentar. Triste e bizarro fim para uma espécie metida à divindade...

Ao observar as condições e valores dominantes de nossa época atual, facilmente nos preocupamos com o futuro de nossos descendentes. Ânsia plantada em todo ser vivo, o cuidado com a prole é mais uma das tais molas desse teatro genético. Fazer o quê, né?

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

IPv6

Previsões, incursões no tecido do espaço-tempo!

Por mais que tentemos, falta muito para dominarmos a técnica de excursionar pelas dobras do universo e poder realizar com precisão nossas antevisões.

Nem os domínios da tecnologia, obra da invenção humana, conseguimos determinar os limites de sua expansão. Um caso evidente é o protocolo IP.

Nos anos 80, quando estabeleceram seu padrão mais popular, o IPv4, estava preparado para suportar cerca de 4 bilhões de endereços, ou seja, equipamentos conectados na rede.

Naquele momento, com uma rede mundial incipiente, certamente parecia um número enorme, gigantesco, capaz de dar conta de um crescimento portentoso. Significava praticamente um equipamento por habitante do planeta!

Mal poderiam imaginar o crescimento da dependência da Internet e de sua ubiqüidade em nossas vidas. A população aumentou e a posse de equipamentos também. Quantos de nós não possuímos mais de um? Além do fato de nem só de computadores ser feito o acesso, afinal celulares, geladeiras e outros tantos gadgets o fazem.

A nova versão do protocolo, a IPv6, vem em socorro das novas demandas. De cara, com o aumento de alguns bits na formação do endereço, serão suportados 3.4 x 1038 endereços! Cifra digna de ser chamada de astronômica.

Outras características contemporâneas pretendem ser atendidas. Espaço de endereçamento, para comportar a extensão atual das redes corporativas. Qualidade do serviço, aprimorando a troca de informações em serviços mais exigentes, como VoIP ou streaming de vídeo. Suporte a mobilidade, atendendo as necessidades dos nômades virtuais.

Como o esgotamento do IPv4 previsto para 2010, devemos em breve ter notícias da efetivação do novo padrão. Ao usuário comum pouco deve perturbar. Administradores de redes já se preocupam há algum tempo, mas devem estar preparados.

Curiosidade eterna e final, até quando os novos parâmetros serão suficientes? Há alguma possibilidade de precisarmos revê-los? Assunto para bons futurólogos, ou bons e metódicos técnicos. Aproveitarei para dar uma olhada se Nostradamus previu alguma catástrofe relativa. :)

domingo, 21 de setembro de 2008

Alerta

Sempre alerta!

Com essa invocação, legado de Baden-Powell, garotos por todo mundo invocam o comportamento de prontidão ante as ações para a vida.

Há quem diga que se alguém está sossegado, de alguma forma está alienado. As demandas do viver nos inquietam necessariamente, nos mantêm atentos.

Inquietos com nossas constatações, nos perguntamos se realmente percebemos tais desafios. Platão teceu arguta solução para o dilema dos avisados.

Na alegoria da Caverna, eles nos apresenta sua parábola para exemplificar que os adormecidos jamais pensam se estão acordados. E preciso conhecer a consciência para se perguntar da possibilidade, ou não, do sonho.

"Precisamos estar atentos, pois não sabemos quando o dono da vinha vai voltar". Proprietária incansável e inconstante, a natureza cobra seu quinhão.

Nas últimas semanas, o mundo observa impotente a tempestade no mercado financeiro global. Se a ganância imperasse menos, talvez a atenção poderia ter sido desviada para evitar a confusão atual. Falta de atenção, soluções emergenciais e pragmáticas. Mais precisamente valores acima de US$ 700 bilhões!

Tempestades humanitárias muito maiores ocorrem nos rincões do continente africano. Apesar do grito de socorro de milhões de irmãos, quase nenhuma atenção é dispensada. Displicência própria daqueles muito sossegados...

Será inevitável nosso descaso com os meandros da semente de desestabilização? Somos incapazes de estar alerta, antecipadamente, já que prevenir é melhor do que remediar? Quanto remédio precisaremos ainda tomar para aprendermos a lição difundida entre jovens escotistas?

Apenas nos resta repetir e aprender: sempre alerta!

sábado, 20 de setembro de 2008

Arbítrio

Ganhamos livre arbítrio, acabamos arbitrários?

Se há algo a nos distinguir dos outros seres vivos é nosso poder de decisão. Nem tanto pelo exercício de tal liberdade, mas muito mais pela consciência de sua existência.

Arroubo de grandeza, suas implicações derivam conseqüências da filosofia até a medicina. O exercício ético se intensifica e complica a luz de sua orientação.

Porém, há bom tempo vemos leis criadas para coibir fumantes de exercer seu vício em locais públicos. Ao invés de buscarmos o respeito, os obrigamos a respeitar as outras pessoas.

Em nome da saúde de todos, sancionamos o decreto de qual é o comportamento adequado. Escolhas feitas, pouco importam escolhas pessoais.

Vejamos também o conhecido problema de álcool aliado ao volante. Solução encontrada? Proibir radicalmente qualquer tipo de dosagem alcoólica aos motoristas.

Recentemente, começa a ganhar força uma corrente para proibir qualquer alimento de utilizar gordura trans. Independentemente das alternativas que a indústria utilizará, às vezes tão prejudiciais quanto, seremos proibidos de comprar alimentos tidos como prejudiciais à saúde, ao menos por uma ótica.

Buscamos um rei-filósofo, como queria Platão? Admitimos incompetência coletiva, para depositarmos nas mãos de alguém com discernimento, e poder para aplicá-lo, a autoridade na condução dos rumos da sociedade.

Só esqueceram de mencionar que as medidas sancionadas, em sua maioria, visam à redução de custos com o atendimento médico público, principalmente. Pouco importa a felicidade do indivíduo. É necessário economizar o dinheiro público. Sabe-se lá para que...

Deveríamos tomar as rédeas de nossa vida. Mostrar maturidade para decidir o melhor para todos. União de decisões particulares em benefício do bem comum. E cada um conquiste condições de escolher bem, ao menos com a pretensão de fazê-lo. Até quando precisaremos de árbitros?

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Crescer

Crescer, inevitável odisséia humana.

Física ou psicologicamente, crescemos ou crescemos. Qualquer alternativa foi extinta. Os caminhos são diversos, mas todos trilham seu particular.

Em tempos pós-natais, aprecio admiradamente, contemplativamente, um destes "desenvolveres", bem à frente dos meus olhos.

Tamanha sujeição à vida me faz lembrar as palavras de Khalil Gibran: "Vós sois o arco dos quais vossos filhos, quais setas vivas, são arremessados".

Novo dia, nova descoberta. Mudanças constantes, transformações semanais. Só percebemos as grandes diferenças ao olhar coleções de fotografias. É impressionante a evolução de um mês para o outro!

Centímetros de altura, em estirões, centenas de gramas, em sensível aumento do esforço em manter no colo. E haja leite neste mundo para sustentar tão portentoso desenvolvimento.

Aliás, apenas leite! Leite transformado em ossos, músculos, gordurinhas, chorinhos e chorões, gritos de um balbuciar incessante e inúmeros, deliciosos, sorrisos!

Ah, infindável multiplicar de células. Embasbacado começo a descobrir o verdadeiro significado da palavra fascinação. Plausível até uma nova interpretação da letra da célebre música "Fascinação"...

Imagino o incessante e complexo construir de um cérebro neste processo. Tantas conexões, tantas revisões e muita, mas muita experimentação, mesmo. No momento, a experimentação é de mãos. E como devem ser saborosas aquelas mãozinhas, pois a tentação em colocá-las na boca é permanente.

Espectador e expectador, assisto. Procuro ajudar no possível. Apoio quando necessário, mesmo que num singelo carinho de conforto. E me desmancho... Experimento a ternura da vida acontecendo, dependente, carente e gratuitamente feliz!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Metrópole

Triste constatação, a metrópole embrutece as pessoas.

Utilizar cotidianamente o Metrô nos expõe e nos permite, penosamente, constatar terrível sina. Momentos e minutos impossíveis de negar à reflexão.

O empurrar sem cerimônia, sem a mínima preocupação, com violência, demonstra a dimensão que o comportamento toma. Embrutecidas e insensíveis, elas não vêem o outro.

Hoje, na estação Sé, presenciei uma moça ser derrubada, na descida da pessoas na plataforma. Sem dó, nem piedade, sem ao menos a atenção ou a desculpa.

Impressiona também a quantidade de pessoas falando sozinhas. Muitas vezes, mais do que falando, discutindo, reclamando. Nem há nem condição de supor um amigo imaginário.

Vociferam ao vento, impotentes frente à massa. Quem sabe protestam a Deus, procuram sua "re-humanização", parecem gritar por sua reintegração, física e espiritual.

Rostos vazios, caminhando a esmo. Perfazem o mesmo caminho todos os dias, mas não têm destino. Zumbis mecanizados de uma estrutura gigantesca, massificadora, impassível e cruel. Exercita seu poder para subjugá-las continuamente.

No caos da turbulência urbana, as pessoas esquecem a identidade das outras. Enxergam apenas personagens de um grande teatro fictício. Certa vez, em pleno viaduto Santa Ifigênia, uma pessoa se jogou a poucos metros de onde eu passava.

Uma multidão instantânea se formou e correu, não para socorrê-la ou salvá-la, ato claramente inútil frente à inevitabilidade das conseqüências, mas para assistir e saber mais detalhes da tragédia. Circo de horror em pleno local público.

Responsável pelo serviço e manutenção da ordem, o Metrô pouco colabora com os novos motes de campanha. O usuário esgotado se vê refém incapaz de reação. Tantos sinais em alguns poucos pontos da grande cidade. O que pensar de seu todo...

Pensamento maior, mais importante, é a lembrança de que a pólis, muito além de cimento e areia, é construída de pessoas!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

QRCode

Brincadeira divertida, decifrar enigmas ganhou nova versão.

A onda ainda está longe daqui, mas poderemos pegá-la, em breve. Ler etiquetas de QRCode, para obter informação de produtos ou promoções, começa a ser possível em alguns lugares do mundo.

Por meio de variados gadgets, softwares especializados decodificam suas informações e revelam os segredos destas estampas de pontinhos negros.

Conhecia o padrão de identificação no mundo da automação comercial. Jamais podia imaginar que ele pudesse ganhar utilização mais interessante.

Os difundidos códigos de barras são extremamente úteis. Com a profusão de produtos e especializações seu poder de representação ficou limitado. Suas duas dimensões, com apenas 12 a 25 dígitos embutidos, se tornaram insuficientes.

É verdade que não são bem duas dimensões. Existe apenas uma, como uma linha, necessitada do auxílio da altura das barras, para permitir sua correta localização e decodificação. Mais uma dimensão poderia ajudar bastante...

O verdadeiro código bidimensional é o QRCode. O mapeamento de seu espaço dispõe de potencial informativo suficiente para muito mais representações. A utilização do novo conceito se tornou possível com a evolução das diversas tecnologias de imagem, desde a captura até o reconhecimento.

Prático e rápido, o sistema com softwares em celulares promove a especificação de produtos a um novo patamar. Imaginem a quantidade de detalhes nutricionais, de algum produto alimentício, disponíveis em uma pequena imagem, acessível a um simples clique do telefone, sem a necessidade destrinchar letrinhas minúsculas.

Ou então, as inúmeras utilidades em promoção e marketing para lojas, nas ruas ou shoppings, aumentando a interação entre consumidor e fornecedor. Além disso, a figura sem informação direta pode até decorar, ou virar item de estilo e estética.

Talvez demore um pouco sua chegada por aqui. Nem conseguiremos determinar quanto tempo a moda durará. Pode ser apenas o vírus da tecnologia, mas tem muita gente esperando para poder experimentar. Eu não vejo a hora...

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Biocycle

Quem diria, plástico pode ser biodegradável!

Isso pesa nos argumentos da neutralização. É preciso esclarecer, não estamos falando dos tradicionais polímeros utilizados pela indústria, mas de uma invenção nacional, o plástico da Biocycle.

Dos meandros da agrotecnologia, surge essa versão produzida a partir da cana-de-açúcar. Resultado de processo que utiliza tecnologia limpa, promete alternativa promissora aos impasses do consumo e o ambiente.

Apresentado em variadas versões, com propriedades e utilizações diversificadas, possibilita sua aplicação em grande parte dos processos da utilização atual.

Fruto da pesquisa brasileira, o produto é também demonstração da vocação nacional pela inovação e criatividade. Trabalho com mais de 10 anos de existência, sua escassa divulgação restringe o acesso ao conhecimento de grande parte da população.

Quantos outros produtos e tecnologias estão circulando em nosso meio, acontecendo, com potencial transformador e nem ficamos sabendo. Mesmo sendo iniciativas privadas, certamente desejosas de retorno financeiro, merecem referência e reverência.

Já nem me lembro há quanto tempo soube das próteses de mamona... Outra revolução da pesquisa brasileira, pouco se houve sobre sua existência e aplicação. Por exemplo, com materiais orgânicos construímos substitutos para ossos, com resistência equivalente, sem provocar rejeição.

Exemplos de nossa capacidade, principalmente se levarmos em conta as dificuldades e a falta de incentivo em nossa sociedade. Aliados à natureza, talvez fruto da profunda intimidade e oferta dela com as quais fomos agraciados em nossa terra, provemos soluções inteligentes e eficientes.

Quais não seriam nossas respostas se melhores condições fossem propiciadas? Atenção ao processo educacional, incentivo concreto à pesquisa profissional, crédito disponível para a construção de novos empreendimentos... Apenas um projeto de longo prazo sustentará nossa evolução. Inevitável, somente em longo e custoso tempo podemos entrar um ciclo fértil de produção profícua e volumosa. Potencial há.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Discomgooglelation

Como viver sem Internet?

Pergunta relevante, merece estudo e atenção. Já há até nome para a síndrome de quem se perturba com a falta de conexão disponível: Discomgooglelation.

Quantas e quantas vezes não me peguei meio irritado, quase desnorteado, com a suspensão do serviço de acesso, seja pela troca de operadora ou por algum problema no provedor atual.

Interessante notar a participação da expressão 'google', em meio à construção do termo. Sinal ou conseqüência da importância dada aos serviços da empresa no entendimento da grande rede.

Expressar essa nova "doença", patologia, tornou necessário o uso de tantas letras... Remetem até a palavras como supercalifragilisticexpialidocious, esta com sentido muito mais divertido e suave. Quem sabe um dia a relação com a tecnologia também ganhe essa conotação.

Mas voltando aos males, talvez outros serão associados, num breve futuro, a existência das ferramentas virtuais. É notória a mudança de nosso padrão de memória com a freqüente utilização dos mecanismos de buscas. Quem nunca se pegou "esquecido" de algum fato, antes facilmente recordado e recorreu a algum são longuinho virtual?

Fruto da ubiqüidade crescente da conexão, caminhamos para sua presença em qualquer dispositivo imaginado. Telefones (celulares, nem é preciso mencionar), consoles de videogames, aparelhos de GPS. Chegaremos a um paralelo com a rede de distribuição de energia elétrica.

Diferença notável é a comunicação que a Web proporciona. Sem energia elétrica perdemos muitas facilidades, mas a redução intensa da perda de comunicação é experimentada apenas com as novas tecnologias. Para o bem ou para o mal, é crescente o número de pessoas apoiadas nelas para ampliação de sua dimensão social.

Toda e qualquer doença dissocia o homem de si mesmo. Natural ou artificial se faz necessária a busca do equilíbrio, para a solução ou a serenidade no enfrentamento. Diversas compensações a vida cobra. Os benefícios da conexão são indiscutíveis. Compensam a instabilidade em sua falta ou melhor aprender a não esquentar, para fugirmos às garras da teia?

domingo, 14 de setembro de 2008

Cruz

Cada um carrega sua cruz.

Carregar uma cruz ganhou significado muito diferente há 2.000 anos atrás. Novo significado, novas implicações, novos rumos. Mudou o destino de gerações!

Ícone máximo de todo cristão, atravessou os séculos como símbolo de inspiração e proteção. Presente em suas residências ou carregada nos mais diversas formas, acompanha sua trajetória.

No princípio, punição para os piores criminosos ou agressão violenta a inimigos derrotados. Estigma de dor e sofrimento, imposto sempre de forma brutal.

Crucificar Jesus transformou sua imagem. Causou efeito inverso ao sufocamento de uma causa. Proporcionou a prova de coerência e integridade à mensagem.

Duas traves de madeira cruzadas, unidas. União de pessoas em torno da nova ordem. Ordem da solidariedade e fraternidade, de coesão da humanidade em sua plenitude. Integrada e compassiva, volta ao outro, ao comum.

Exigência primordial da nova ordem é o compromisso, a fidelidade. Árduo caminho para se cumprir, requer a persistência, a firmeza na fé. Em toda sua extensão diversos são os percalços, as barreiras à sua continuidade.

Trabalho que culmina em doação, em entrega ao próximo, sem restrições. Desafio à dicotomia humana entre o próprio e o comunitário, entre o meu e o nosso. A mensagem embutida no episódio da cruz é a demonstração maior deste princípio de despojamento.

Carregarmos nossa cruz fica assim isenta de apenas dor e sofrimento. Provoca-nos a lembrança das escolhas feitas, do ideário a seguir. Presenteia-nos com um estandarte de alegria e esperança em um mundo melhor e muito mais humano.

sábado, 13 de setembro de 2008

500

Já falei 500 vezes...

Expressão popular, um tanto antiga, o mesmo tanto corriqueira, após este post cairá como uma luva neste blog de mal traçadas linhas.

O Brasil já comemorou 500 anos. Quase nada frente à idade do universo conhecido, ou 13,7 bilhões de anos. Uma eternidade para a vida média do brasileiro, por volta de 76 anos.

Houve um tempo que 500 réis eram comuns. Quantia marcada em muitas memórias e evocada para representar algum volume qualquer de dinheiro.

Quem tem quase 500 mil dólares é rico. Basta um pouquinho mais para se tornar praticamente um milionário. Se bem que, hoje em dia, up mesmo é ser bilionário.

Com hiperinflação, tivemos uma nota de 500 mil cruzeiros! Pobre Mário de Andrade, elegido para estampar um ícone da mazela financeira do Brasil de outros tempos. Merecia homenagem melhor.

E por falar em cédulas, lembro vivamente de uma outra, de apenas 500 cruzeiros. Colorida, mesmo que com tons de roxo e verde, celebrava a diversidade étnica do povo. Perdeu seu valor, como tantas outras, até o dia em que eu podia ter alguma para comprar balas.

Disputar as 500 milhas de Indianápolis é um grande desafio. Só não da pra ser com um cinquecento (500). Mesmo com a Fiat o revisitando, para muitos ainda é um quase carro. Ao menos é econômico e conseqüentemente ecológico.

Se os 300 de Esparta fossem 500, talvez tivessem conseguido derrotar Xerxes. Foram bravos não há dúvida, mas o ímpeto conquistador dos persas os superou. Se bem que, mesmo em maior número, ainda seriam recursos espartanos.

Com o dobro de 500 posts, mais 1, terei condições de fazer as vezes da Sherazade. Ainda me daria ao luxo de, ao invés de contar as histórias ao sultão, deixava ele conectado na Internet, a ler os 1.001 posts.

Superlativos 500, muitas vezes é nebulosa nossa relação com eles. Quando comecei este blog, os textos eram menores, certamente com menos de 500 letras. Atualmente dá trabalho controlá-las. Não sei até quando elas estarão dispostas a comparecer diariamente, mas aí são outros 500!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Miguxês

"ah Si KaMoexXx ViXXi iXXU!!!!!".

Se você não compreendeu, nem desconfia o que significa, a frase acima, desconhece completamente o Miguxês. Talvez nem nunca venha a ter contato, mas vai saber até onde história irá...

Idiomas são expressões máximas de uma cultura, de um povo, de seus costumes. Portam modos de pensamento, concepções, estruturas de raciocínio. Quase podemos afirmar: "Diga-me como falas e te direi quem és"!

Sou um curioso das línguas, muito distante de um acadêmico incorrigível, mas curto bastante conhecer suas formações e meandros. Quem sabe existe alguma relação com meu jeitão um tanto eloqüente...

Postei, há pouco tempo, algo sobre o Leet. O miguxês é outro socioleto oriundo do mundo digital. Bem adolescente, deriva da expressão miguxo, corruptela de amiguxo, sinônimo de amiguinho. Por algum motivo (:)) é mais usado por meninas.

Quem desejar facilitar o aprendizado, conta com o tradutor on-line português para miguxês, o Miguxeitor. No serviço, poderá descobrir que há 3 variantes da mesma língua: O Miguxês Arcaico, o Moderno e o Neo-Miguxês. As traduções produzidas em cada um são bem distintas e progressivamente ininteligíveis.

Curioso descobrir que o conjunto arcaico está relacionado ao antigo ICQ, um dos primeiros mensageiros instantâneos. Estamos falando nem de 10 anos, mas para o mundo virtual já se torna algo ancestral e primitivo.

Vários elementos influenciam esse socioleto. Algumas terminações lembram um jeito jocoso de imitar o sotaque mineiro, ou mineirim, se preferirem. Substituições como i por ee, q por k, influências da língua inglesa.

Outras particularidades, como a omissão de acentos, originariamente uma adaptação a teclados e programas em inglês, virou corroboração com o desconhecimento da língua lusa. Os s's trocados por x's, sugerem algum problema fonoaudiológico.

Viemos dos grunhidos para a construção de idiomas rebuscados, espalhados pelo mundo. Em princípio, paralelamente houve transformação radical em nossa capacidade de raciocínio. Depois de ouvir uma conversa monossilábica de dois garotos no Metrô, e conhecer esse viés tecnológico de um novo idioma, não me espantarei se um dia encontrar alguém grunhindo de novo por aí...

Em tempos de reforma ortográfica, a se iniciar implantação em 2009, arranjamos ainda mais alguns itens para "discutir". Como seria um país que adotasse o miguxês como língua oficial? Espero que o pessoalzinho saiba distinguir a brincadeira de uma prova da escola, pq seNAUm fiCAh DifiCIU...TiU..................

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

LHC

Apocalípticos do mundo, manifestai-vos!

A máquina do juízo final foi acionada ontem. Ao menos é a opinião contraditória de algumas pessoas... Para a grande maioria se trata do experimento de suas vidas, o LHC.

Enredo assim lembra até uma antiga graphic novel, editada em quatro volumes, chamada Odisséia Cósmica. Lá as tais máquinas existiam, mas não eram tão experimentais.

Na história, Batman, Super-homem, Lanterna Verde, dentre outros conhecidos super-heróis, se unem aos deuses de Nova Gênese, além de Darkseid e Etrigan!

Juntos tentarão impedir uma poderosa entidade de antimatéria de ativar as tais máquinas do juízo final, que porão fim a estrutura do universo, permitindo seu domínio em nossa dimensão.

Já o acelerador de partículas recém ativado em nada se assemelha a ficção. Seus idealizadores objetivam apenas investigar as fronteiras da física, procurar respostas para antigos problemas, com condições muito particulares para sua ocorrência.

Com 27 quilômetros de extensão, em uma grande circunferência a atravessar o território da França e Suíça, sua grandiosidade é espantosa. Doze anos de elaboração, mais de 10 bilhões de dólares, energias capazes de acelerar partículas praticamente a velocidade da luz e temperatura quase no zero absoluto (-273 oC)!
Iniciou o funcionamento agora para começar a produzir os primeiros resultas em 21 de outubro. O problema é que alguns cientistas supõem ser possível a geração, em seu interior, de uma catástrofe de dimensões cósmicas. Algo como um buraco negro, por exemplo.

Apesar da notável opinião contrária de físicos eminentes, como Stephen Hawking, nada os demove dessas afirmações. Fato é que a maioria destas teorias é absurda e as questões envolvidas foram minuciosamente testadas e revistas, por legiões de renomados físicos, deixando nenhuma margem para imprevistos.

Mesmo que um buraco negro fosse produzido no interior do LHC, ele seria infinitamente menor que um grão de areia, com um tempo de vida de 0,0000000000000000000000000001 segundos!

Com a velocidade que seria criado, atravessaria as paredes do acelerador e estaria muito longe, no espaço, em brevíssimo tempo. Se fosse possível sua desaceleração monstruosa, mantendo-o no planeta, acabaria no seu centro, incapaz de adquirir massa suficiente e se tornar perigoso. [1]

Além do mais, até agora tudo parece bem, afinal ainda escrevo após 24 horas do início de operação :). Em breve, poderemos saber dos resultados dessa maravilhosa odisséia humana, desvendando fenômenos inéditos e nos fazendo compreender um pouco mais a existência.

Fiquemos atentos! Passaremos a nos preocupar se avistarmos os tais quatro cavaleiros, prenúncio de tempos piores... Espera aí! Um momento... Parece que já andam cavalgando por aqui, bem antes de qualquer acelerador. Ai!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Antivírus

Estivemos protegidos, um dia. Estivemos...

No começo, os vírus de computador estavam mais para brincadeira. Experiências desafiadoras de ávidos programadores, interessados em fama e notoriedade por sua habilidade técnica.

Ainda eram transmitidos principalmente através de mídia móveis, como disquetes. Bastava um pouco de cuidado, e pouca promiscuidade computacional, para evitar amolações com os bichinhos digitais.

Só que as máquinas foram conectadas, a velocidade de transmissão não parou de crescer. O ambiente se tornou extremamente propício para disseminação das pragas.

Softwares de combate aos males, os antivírus, surgiram como a grande solução de todos os nossos problemas. Com o conhecimento de inúmeros códigos maliciosos, mecanismos de ataques e métodos avançados, como as buscas heurísticas, garantiram por muito tempo nossa proteção.

Como na biologia, os microorganismos evoluíram, se adaptaram, em velocidade compatível com sua natureza, ou seja, extremamente alta. Constituem atualmente uma fauna com diversas denominações: trojans, exploits, spywares, rootkits e outros tantos. Malwares imbuídos em provocar muito mais do que amolação. Na maioria dos casos, prejuízos financeiros significativos.

Para piorar, nem mais é necessário ser um expert em programação se desejar produzir alguns bits do mal. Há diversos kits de software para montagem de programas maléficos, facilmente localizáveis na Internet, a quem estiver disposto ao risco. Um verdadeiro "Office" das linhas de código mal intencionadas.

Em tal situação, as empresas produtoras de defesa contabilizam o aumento de número de espécies virais, surgidas nos últimos seis meses, em mais de meio milhão. Se levarmos em conta a extensa base de conhecimento existente, avaliem o tempo para um rastreamento completo de um computador, daqui a algum tempo. Ou até mesmo do download da atualização da base de dados...

Certamente, antes do término de qualquer operação necessária, inúmeras novas variações surgirão. É impossível dar conta do seu ritmo crescente, nas condições e tecnologia atuais. Vivemos uma situação limite, claramente em desvantagem e risco.

Algumas soluções aventadas são a utilização do poder da rede, para potencializar a identificação e ação contra as pragas. Há quem pense em realizar o processo na própria rede, bloqueando ataques antes de chegarem aos computadores. Alguns mais futuristas sugerem guardiões com inteligência artificial, a vagar pelos roteadores do mundo caçando nossos inimigos.

Qualquer solução demandará algum tempo, ou investimento considerável para agilizar sua ativação. Ao que parece, tudo que nos resta é o comportamento neurótico e desconfiado com todo e qualquer conteúdo a trafegar em nossos equipamentos. Só não dá mesmo é para estar desconectado...

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Buraco

Algo se perde em meio à Internet.

Refiro a algo além do tempo em sites inúteis, navegação à deriva ou divagações infundadas em teorias conspiratórias. Pacotes de dados desaparecem diariamente...

Buracos negros, entidades astronômicas muito difundidas, apesar de pouco conhecidas, mesmo pelos cientistas, batizaram tal fenômeno da grande rede.

Objetos celestes assim conhecidos, provavelmente fruto da história final de estrelas, possuem massa suficiente para produzir atração gravitacional em dimensões tais que nem a luz é capaz de escapar de suas garras.

Daí vem seu nome. Também de certo mistério em torno de suas reais origens e mecanismos, pois ainda são estudados com afinco e fonte de muita divergência e discussão.

No mundo virtual, suas causas também sobrevivem sob uma aura carente de investigação. Por diversos motivos, informações trafegando pela rede mundial somem inesperadamente, sem serem recebidas no destino ou informarem as origens.

Como no mundo das estrelas, cientistas construíram um mecanismo para rastrear e permitir o entendimento do fenômeno: o Hubble Virtual. Como o Hubble dos céus, ele está de olho, a espreita de qualquer manifestação.

Comandado pela Universidade de Washington, o estudo já identificou quase 1 milhão de pontos onde dados simplesmente evaporam. No site do estudo podemos observar em um mapa a localização e as durações médias dos buracos negros virtuais, com informações atualizadas em tempo real.

Ficamos com a impressão de que nossa criação, uma das invenções mais integradoras da humanidade, foge ao nosso controle. Acaso estaremos perdendo o cuidado com sua manutenção? A profusão de conexões quase infinitas gera bugs nos protocolos de roteamento? Ou os piores pesadelos da ficção científica viraram realidade e o monstro ganhou vida, numa versão cabeada?

Respostas levarão algum tempo e bastante estudo. Na prática, as perdas podem ser inevitáveis ou inerentes, quem sabe... Serve para sabermos que a transmissão não é 100% garantida, está longe da perfeição. Aliás, nem podemos culpar os bits, pois sabemos o quanto é fácil nos perdermos em meio a tanta informação.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Biela

Qualquer um está sujeito a indesejáveis problemas mecânicos em seus veículos.

É por essa, e outras, que mecânicos (os profissionais) figuram no panteão dos personagens imprescindíveis, junto a advogados, médicos e analistas de sistemas (os últimos, principalmente, hoje em dia).

Automóveis já são quase como aparelhos de televisão... Ligamos, usamos, não precisamos tocar em nada e, com as devidas revisões periódicas, funcionarão sem problemas, cumprindo sua função.

Agora, quando resolvem dar problemas, fatalmente é dor de cabeça na certa. Primeiro com a identificação do problema. Depois com a compreensão das inúmeras expressões típicas do meio das oficinas.

É um tal de "cebolinha", virabrequim, biela ou a rebimboca da parafuseta. Uma enorme profusão de termos, uns procedentes, outros fictícios, oriundos dos recantos mais inexplorados da cabeça dos mestres da graxa e ferramentas.

Às vezes, pleiteamos aprender uma pouco mais de mecânica automotiva, para na próxima vez não boiarmos tanto. Um pouquinho de calma e percebemos a inutilidade de um aprofundamento maior. Basta uma noção básica, e um pouco de bom senso, para tentar adivinhar ao que se refere às explicações do técnico entusiasmado.

De qualquer forma, podemos ficar sossegados, pois o problema não atinge apenas pobres mortais. Há duas rodadas do circuito de fórmula 1, a preocupação da equipe Ferrari é com a fatídica biela! Com motores estourados, muita fumaça e preciosos pontos perdidos, a culpa se atribuiu a ela.

Dinheiro certamente não é problema. Mecânicos bem preparados tão pouco. Aliás, mais do que mecânicos, eles contam com uma equipe de engenheiros! De nada adianta, afinal acabam como muitos motoristas em oficinas de esquina. Com o perdão da chula expressão, f. a biela!

Para eles, seria cômico se não fosse trágico. No império dos supermotores ficaram a mercê de uma pecinha, das mais comuns e manjadas na história dos motores. Enquanto isso, Louis Hamilton e McLaren aproveitam para ganhar espaço.

Os italianos precisam acelerar uma solução e garantir a tranqüilidade de seus pilotos, em poder pisar fundo durante as corridas. Quem sabe eles não podiam aspirar um pouco de humildade e pedir umas dicas para o "seô Zé", mecânico ali da esquina.

domingo, 7 de setembro de 2008

Reunião

"... onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei ali no meio deles." [1]

Humanos, gregários que somos, vivemos nos reunindo, em alguma causa comum ou conflito comum. O simples ato da reunião evoca compartilhamento...

O cerne das motivações se encontra sempre presente. Revela nossa alma, expõe nossas intenções e nos guia. A existência da reunião é força motriz de sua existência.

Encontremo-nos periódica ou esporadicamente, celebramos nossa humanidade, exercemos a distinção natural a nós concedida.

Escolher, acolher e defender as inspirações de nossas reuniões se mostra primordial. Jamais devemos esquecer nossa causa, deixar as dificuldades ou obstáculos do cotidiano ofuscarem o tesouro precioso de nossa dignidade.

Percalços e armadilhas do destino pretendem desagregar o bom arranjo. Desequilibram e assombram prolíferas associações. Instigam vontades de nosso egoísmo, do individualismo dicotômico latente em cada um de nós.

Os efeitos da luta entre as forças se transpiram no grupo. Seu resultado apontará o sucesso de algum dos lados da balança, para o bem ou para o mal. Como encarar nossas grandes reuniões, metrópoles modernas, tantas vezes insensíveis e omissas com o irmão mais necessitado?

Se, ao nos reunirmos, somos expressão máxima de nossa vocação, do personagem presente entre nós, quem este em nossas vidas cotidianas? A quem representamos no nosso dia-a-dia? Quem está no meio de nós?

Felizmente sempre é possível identificar agrupamentos iluminados, de homens e mulheres com o reflexo mais sublime e luminoso. Mentes e braços em prol do encontro mais elevado com nossa natureza, como preconizou o mais inspirador de todos. Que o desejemos e que ele esteja, e permaneça, sempre em nosso meio!

sábado, 6 de setembro de 2008

Digitalização

Scanners e OCR, copistas do século XXI.

Dos mosteiros da idade média para as empresas de tecnologia, a tomada de controle dos rumos da preservação do conhecimento escrito transforma nossa relação com os livros.

Guardiães do conhecimento em celulose, os bibliotecários vêem seu trabalho revirado. A biblioteconomia, ciência das mais antigas, ganhou novas incumbências para lidar com as mídias modernas.

Bibliotecas se preocupam em obter, catalogar e preservar os livros, em seus mais diversos títulos e edições, contando sua história e evolução. São muitos mais do que simples depósitos de livros. Sem contar sua função de encontro, reunião de pessoas, local de descobertas e confraternização.

Há poucos anos atrás, após uma revisão em minha biblioteca pessoal, separei um lote de livros, em sua maioria infanto-juvenis e resolvi doá-los a biblioteca do bairro. Pequena colaboração e certa retribuição a um espaço que muito utilizei na adolescência.

Inaugurada em 1956, a biblioteca Professor Arnaldo Magalhães de Giácomo foi lugar muitas pesquisas escolares, tardes de leituras divertidas, com muitos colegas. Simples e pequena, proporcionou a mim, e a muitos colegas, tempos sem fim de contato lúdico com o conhecimento.

Surpreendente perceber que pouco havia mudado. O ambiente, o clima, ainda pareciam o mesmo de mais de 20 anos atrás. Recebido com muita cordialidade e alegria, alegrei-me em encontrar o singelo espaço ainda vivo, em meio a uma metrópole em contínua transformação.

Algumas modernidades surgiram, como controle através de sistemas computacional. Livros modernos, atuais, mesmo escassos, chegam esporadicamente, fruto das pequenas verbas municipais destinadas a sua compra. Se tivesse mais tempo, a bibliotecária se dispôs a procurar minha antiga ficha de papel-cartão, possivelmente ainda presente nos arquivos existentes.

O advento dos livros digitais cria novos desafios. Tantos os digitalizados, como os já nascidos digitais, carregam propriedades inéditas. Como distinguir as diferentes "impressões"? De que maneira podemos garantir suas origens? É possível verificar sua história? Quais os cuidados para sua preservação?

Iniciativas como da Google, digitalizando o acervo mundial existente, provocam questionamentos. Eles parecem mais preocupados em criar um gigantesco banco de dados e não uma grande biblioteca. Menos do que um Biblioteca de Alexandria, criam uma vórtice para atração de pesquisas.

Talvez questionemos os antigos copistas, com suas intervenções e interesses. Discussão antiga, rendeu até o filme "O Nome da Rosa". Em meio à disputa de tantos interesses, ancestrais ou modernos, espero que se preserve pelo menos o interesse pela leitura...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Arqueologia

Indiana Jones influenciou gerações.

Misturar aventura com arqueologia instiga o espírito aventureiro de qualquer. Desbravar perigos em busca da reconstrução da história humana, através da localização de vestígios deixados por civilizações passadas!

Até discípulos mais modernos, como Lara Croft, têm feito história. Começou nos games, virou película, mas continua atropelando a ética moderna, como seu antecessor, e tomando posse de artefatos pelo mundo.

Sabemos bem que o trabalho do arqueólogo está longe de ser tão glamoroso. Ele é feito de muito mais areia e paciência do que muitas pessoas podem suportar.

Além disso, o respeito com as culturas e locais de escavação, elevam o trabalho a outros patamares de sua conduta ética. Já se foi o tempo de pilhar tesouros e simplesmente apinhá-los em seus museus.

Tamanha influência chegou a engenharia de software. Contamos também em nossa área com a arqueologia de software! Há pessoas especializadas neste trabalho e metodologias, técnicas e pesquisas desenvolvidas para esse fim.

Calma. Ninguém pretende escavar XTs a procura de vestígios de algum "16bits sapiens". Nem, muitos menos, investigar códigos antigos do DOS, a procura de mensagens gravadas por antigas religiões do deus Prompt.

Tratando de uma necessidade mais moderna, a arqueologia de software investiga a estrutura de sistemas legados. A constante incorporação ou associação de empresas tornou a necessidade premente. Sistemas existentes, com comprovada carga histórica de dados, dificilmente podem ser dispensados. Acabam integrados.

Para integrá-los, é necessário entendê-los. Qualquer programador experiente sabe o calvário de conhecer um sistema existente. Compreender a lógica de outra pessoa é quase como tentar mapear suas conexões neurais. Quem dera fosse possível...

Triste sina inevitável. Tem se tornado constantemente mais comum. Com o tempo, ganhamos traquejo para fazê-lo. Tarefa árdua e de cuidados igualmente delicados. Sem contar o fato que, no ambiente corporativo, as "pedras" também vêem "rolando" em nosso encalço. Pareço até ouvir o tema do Indiana...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Neutralização

Não apenas recicle, neutralize!

No mínimo devemos optar por reciclar, mas a reciclagem também consome energia. O reaproveitamento acaba por contribuir com sua cota de consumo. Equilíbrio de delicada manutenção...

Sendo assim, bem melhor neutralizar. Só talvez redefinamos o ato. Atualmente se fala muito em neutralização de CO2, ou seja, compensar sua contribuição ruim com boas contribuições.

Porém, em estado crítico, como na atualidade, o ideal é não produzirmos nada de ruim. É muito cômodo compensar depois de poluir. Eis uma das críticas ao mercado de créditos de carbono. Compramos o direito de desperdiçar?

A preservação do ambiente demanda o seguimento dos 3 Rs: reduzir, reutilizar, reciclar. Compreender e adotar a reciclagem exigiu muito esforço e ainda não estamos plenamente engajados, há bastante gente que reclama se precisar separar seu lixo e destiná-lo adequadamente.

Reduzir deveria incorrer em nem gerar. Tomemos o caso das empresas. Em geral, quanto papel impresso é desnecessário? Grande parte destina o material utilizado para empresas ou instituições de reciclagem, mas as árvores já estão no chão.

Procure saber quantas folhas são utilizadas mensalmente no seu local de trabalho e se espante! Tecnologias para evitar isso não faltam. GED, wikis, digitalização de imagens... Resta a dúvida se o consumo de energia da infra-estrutura de TI não derruba tantas árvores quanto.

Em nosso cotidiano, até a utilização de serviços bancários pode render discussão. Com tanto esforço das instituições bancárias para disponibilizar seus serviços na Internet, por que ainda utilizar a estrutura física de agências? De qualquer forma, o que pensar, se as pessoas ainda imprimem os comprovantes de transações eletrônicas realizadas lá...

Nosso descaso na utilização dos recursos naturais é histórico. Até sentirmos falta ou pormos em risco o equilíbrio do planeta. Nossa existência, com toda adaptação por nós criada, é intervenção série e irreversível no ambiente.

Precisamos neutralizar nossa ação, o que significa procurar neuroticamente reduzir o desperdício. Por nós, ou pelas gerações futuras, a neutralidade de ação pode ser entendida como deixar de consumir e não apenas recompensar o mundo pelos danos causados. Qual o preço de um ecossistema viável?

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Searchme

Reféns da imagem, adoramos a estética.

Humanos inegavelmente se apegam a padrões visuais. A capacidade visual compõe nossos sistemas de básico de comunicação, com a interpretação de gestos e expressões.

Mestres em identificar nossas tendências neste campo, o pessoal da Apple sabe bem como aproveitá-las. Ninguém duvida de sua capacidade em nos conquistar pela beleza dos produtos.

Quantos símbolos não estão codificados em nossa genética? Chaves secretas para acessar influências inconscientes! Lembro até do papo das mensagens subliminares...

A turma de desenvolvedores da maçã vem fazendo escola. Seus conceitos e estilos se disseminam e passam a ser apresentados por outros participantes da comunidade digital.

Um exemplo é o site de buscas Searchme. Lá os resultados de pesquisas são apresentados através de miniaturas, permitindo sua escolha pela sua cara. A navegação por elas se assemelha a do iTunes, e de outros recursos do MacOSX.

E não para por aí... As buscas específicas por vídeos e imagens, disponíveis no canto superior esquerdo, retorna com velocidade e quantidade de informação impressionantes. Sem contar o conforto em sua exploração.

Experimentem também clicar e arrastar uma imagem ou página. O efeito visual é divertido e eficiente. No canto superior direito, ainda em beta, podemos construir nosso acervo pessoal de resultados. O serviço continua evoluindo e se torna cada vez mais adequado aos novos tempos tecnológicos.

Com o mesmo apelo visual, o plugin para o Firefox chamado WebMynd começa prometendo bastante. Com ele mantemos o histórico de páginas visitadas em um armazém virtual visual. Armazenados pelo período de 30 dias, podemos consultá-los por linha de tempo ou painéis de exposição de miniaturas das páginas.

Há configuração para bloquear página para exclusão do processo. Páginas seguras (HTTPS) também não são mantidas em seus registros. Todos os recursos arrastáveis e clicáveis. A atualização das miniaturas ainda apresenta problemas, mas é apenas questão de tempo para o serviço se firmar.

Caminhamos para uma interface mais amigável para seres humanos. Saudosos tempos das interfaces de linha de comando... Sucesso atrelado a belas paisagens. A antiga fórmula parece se confirmar plenamente. Vale ainda também a máxima, para certa precaução, de quem vê as caras não vê os corações.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Chrome

Especulações, especulações, especulações...

Nada melhor para fomentá-las do que lançamentos, novidades, muita propaganda. Campeão dos campeões, em especulações e mistérios, a Google anuncia o Chrome.

Em longa apresentação (são 45 slides!), on-line como não poderia deixar de ser, o navegador é descrito em detalhes, claramente se posicionando com uma portentoso projeto bem acabado.

Das várias promessas, algumas merecem destaque. As abas de navegação funcionam em processos separados. Se uma apresentar problemas e travar, as outras continuarão funcionando normalmente.

Para o Javascript, arremedo de linguagem embutido em todo browser, há uma nova máquina virtual, batizada de V8. Mais estável, suportando padrões mais formais de programação, parece viabilizar um ambiente interessante para desenvolvedores.

Quanto à compatibilidade, fazem uso de seu enorme banco de dados referente a páginas armazenadas por seus mecanismos. Inegável o porte de sua coleção. Se isso significa mais compatibilidade, só mesmo vendo para crer.

Em sua área de domínio, buscas, tanto a pesquisa nos históricos de navegação, como o autopreenchimento de endereço na barra, forma pautados em seus algoritmos, primando pela eficiência e relevância de resultados.

Outros itens são esperados em qualquer participante do mercado. Abas, bloqueio de pop-us, segurança contra fishing scan e outros malwares. Um detalhe visual é a presença da barra de endereços na área interior da aba, ou seja, cada aba tem a sua.

Baseado em padrões abertos, utilizando o Webkit, comunitário, e o Gears, deles mesmos, no fundo no fundo não é uma grande revolução. Ainda não chegarem nem perto dos meus sonhos de outro post passado. Surge outro navegador, que ainda só funciona no Vista e nem tem uma versão portátil.

Certamente criaram uma plataforma robusta para suportar suas aplicações, extremamente vinculadas a Internet. Garantem assim melhores recursos, o que pode implicar em maior sustentabilidade para sua estratégia.

Estratégia nem sempre tão definida, pelo menos para nós pobres mortais. Até onde alcançarão seus tentáculos tecnológicos. Insinuam querer dominar todas as áreas relevantes da tecnologia atual. Aos poucos, facilmente chegarão a uma plataforma completa, inclusive com um sistema operacional para a computação em nuvem.

E pensar que tudo começou com um site de buscas. Sabe-se lá aonde chegará... Como bem pontuou um amigo da empresa onde trabalho, eles seguem o caminho inverso de muitos outros fabricantes de tecnologia. Do jeito que vão, ainda acabam lançando um computador Google, hardware dos mais novos!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Versos

E continuou a escavação, com poesia a aflorar...

O poeta, plural e atemporal, descortina a vida magistralmente, em frente a nossos olhos, com leveza e simplicidade peculiar.

Grandeza guarda de sobra, mas singelamente nomeia palavras douradas como "Textos mínimos". Se vão três décadas, mas sua sagacidade revela a efemeridade de nossas tendências.

Textos mínimos
8.IX.1973

De repente fica na moda
não estar na moda.
Torna-se impossível
estar, estando.


Iluminado pela ciência disponível a poucos, percebe as incongruências de nosso modo de vida. Brinca com nossos valores e desvaloriza, ou melhor, revaloriza as escalas existentes. Altera a visão, busco novo ângulo.

Solto na jaula
o tigre observa
o Jardim Zoológico
do mundo.

Afiado em sua posição e fiado por sua importância, clama pela solução de problema antigo. Antigo e presente até hoje, apesar do tempo e da voz ecoada no passado. Sua rima esquecida, por desgosto ou interesse, ainda ecoa em tantos ouvidos.

Quando acabarem de consertar
este atrapalhado Rio de Janeiro
haverá morador
para o prazer de morar nele?
E haverá morada
para o morador?

Reformas antigas e necessárias, sabia ele descrevê-las com maestria. Bom humor e sinceridade à parte, via o erro chegar com tristeza, mesmo para um reino de alegria imensa. Alegrias a menos e tempo a mais, o problema persisti, sem ninguém revidar.

Carnaval Chegando
9.II.1974


Qualquer dia
decide o fisco:
Passistas
bateristas
destaques
mestres-salas
porta-estandartes
trabalhadores autônomos
da folia
devem pagar imposto de alegria

Ao fim, como análise certeira, contrapõe o cotidiano, preocupação rotineira. Jogo com palavras o balanço da vida. Destaca tão firme a justa medida.

Esparsos de 1976
Repetição

Aumenta o salário mínimo?
O custo de vida, máximo,
torna o mínimo mais mínimo
criando o mínimo máximo.

Ah, poeta! Quem dera eu poder transcrever, assim com quem nada querer, anseios, angústias de um bem viver. Licença prefiro pedir para, de minhas, suas palavras eleger.