sábado, 6 de dezembro de 2008

Feiticeira

Encontramos pequenos feitiços mesmo em bobagens.

A vida está repleta de encantos, de magias menores, para nos intrigar e surpreender. Até onde menos esperamos, podemos ser presenteados com um deles.

Assisti novamente hoje a versão do filme "A Feiticeira", com Nicole Kidman e Will Ferell. Verdade seja dita, um filminho bem básico, beirando a chatice.

Longe, bem longe, da simpatia e charme da feiticeira do seriado clássico, vivida por Elisabeth Montgomery. Com sua singela mexidinha de nariz, remexia completamente a vida do marido.

Pitadas de bom humor no cotidiano dicotômico de uma bruxinha, remetem a muitas das cisões do dia-a-dia de qualquer pessoa, além do comum e intrincado jogo das relações familiares.

Porém, um pequeno detalhe foi surpreendentemente interessante na versão moderna da história. Quando a feiticeira pretende ir embora, diz desconhecer onde fica sua casa, seu lar.

Interpelado por ela, com questão tão etérea, sua resposta foi provocante: "Seu lar é onde você é mais feliz!". Definição das mais buscadas, lembra até as preocupações da Zebra Marty em Madagascar.

Sabemos que um lar não é feito de tijolo e cimento. Também concordamos que lares podem nem ser eternos. Em novos lugares, dentro de novas paredes, produziremos um novo lar. Sensações ligadas a histórias vívidas e vividas, preenchem o espaço material.

Alguém me disse até que o radical da palavra lar está presente em lareira. Se não me engano, até Nietzsche remete a história do fogo acolhedor, em torno do qual nossos ancestrais se ajuntavam. Aconchego, proteção, fraternidade, felicidade!

Pois é, mesmo nas amenidades, nos filmes mais bobinhos, podemos encontramos ganchos de filosofia. Quando menos esperamos, está lá, estampado para quem desejar ver. Manifestação da magia da existência deixando pistas e enigmas em todo lugar.

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