quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Virada

O que realmente acaba no último dia do ano?

Adeptos de convenções, criamos em nossa história diversas formas de dividir e contar o tempo, calendários em inúmeros formatos e inspirações.

Então acaba apenas uma convenção no dia 31 de dezembro? Do ponto de vista da natureza, excetuando-se o ciclo solar (ou seria da rotação do planeta), o evento da vida é contínuo, sem quebra ou parada.

Na maior parte do mundo a culpa é do Papa Gregório XIII. Após uma reforma de alguns anos, se conseguiu convencionar nova métrica, o calendário gregoriano, que ainda custaria alguns séculos para adoção por tantas noções.

Porém, as pessoas esperam avidamente pela virada anual. Desejam marcar um recomeço, novas promessas, novos horizontes, as fatídicas determinações de ano novo.

Conversando com um colega de trabalho, ele brincou (ou não) dizendo que o interesse das pessoas é em deixar as besteiras do último ano para trás...

Os motivos podem ser variados, perspectivas futuras ou desilusões passadas, mas dificilmente conseguimos nos livrar da compartimentalização. Dividimos o indivisível, ou melhor, achamos que dividimos. Tentação de pretensos deuses.

Ao invés de aproveitarmos a divisão, para melhorar abordar nosso planejamento, nos apegamos ao plano, à contagem, à divisão. Ficamos encravados nas separações entre dias, meses e anos, muitas vezes vendo apenas o tempo passar. E sem perceber...

Precioso demais é nosso tempo para negligenciá-lo. Digo isso sem nenhuma relação com o papo de "tempo é dinheiro". Preciosidade oriunda de sua raridade, de sua urgência e brevidade. Viver em plenitude transmuta minutos em eras, demonstra o quanto o tempo é particular.

Viramos hoje mais um ano. Judeus, chineses ou muçulmanos virarão em algum outro momento. Astecas nem estão mais aí para contar, mas há quem se lembra de sua contagem e de quando estariam virando. Entre voltas e reviravoltas, continuamos assim mesmo, continuamente humanos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Cheia de significados e com custos altíssimos.

Neste momento estou acompanhado o noticiário da TV.

KMs de congestionamento rumo ao litoral.

Haja ondinhas pra pular.

Feliz 2009!!!