segunda-feira, 30 de junho de 2008

Boneca

Meninos também deviam brincar de boneca.

Pelo menos aqueles com vocação para uma paternidade participativa. Apesar de toda adaptação adquirida, pós-natal, ainda me considero um tanto o quanto inapto à lida com bebês.

Preconceitos à parte, o aprendizado é árduo. Nenhum moleque teve experiência com o embalar, com fazer naninha, dar banho em boneca.

A maioria das meninas pôde fazê-lo. Criar no imaginário as situações de acolher a cria. Quais seriam as conversas com a nova chegada, quais os trejeitos e maneiras para "brincar" com uma criancinha, ou como uma.

Está certo que a tal geração dos games produz diversas meninas não muito afeitas à brincadeira de bonecas. Terminam até mais masculinizadas, ou andróginas, sem o enfeite do feminino. Um pouco de polarização é saudável! Uma pena... Perdem um grande aprendizado, mesmo distante de estereótipos.

Outra vantagem do exercício em época tão jovem é o lado lúdico. Exercitam-se estas técnicas sem a tecnicidade da vida adulta. Os cuidados e preocupações simulados fluem naturalmente, por influência social ou instintiva, tanto faz.

Na natureza, ursinhos digladiam entre si para exercitar seus futuros combates. Lobinhos vão a caça de pequenos animais e assim descobrem as melhores maneiras de fazê-lo. Já faz tempo a espécie humana dispensa a luta física e a caça para sobreviver...

Se vamos assumir novas funções, em algum momento teremos que alterar nosso desenvolvimento. Pode ser feito com adaptações, com definições de papéis (traduzam, para os desagradados, como "sem frescura"), mas tornará a vida muito mais fácil.

Para os "já crescidos" não há remédio. Temos apenas que encarar, na marra! Um esforço aqui, um pouco de inspiração ali, e vamos ganhando o jeitão. Da minha parte, encerro por aqui, pois minha bonequinha aguarda minha atenção.

domingo, 29 de junho de 2008

Assemelhar

O amor nos faz assemelharmo-nos.

Olhar ao outro, com amor, é como olhar no espelho. Vemo-nos humanamente refletidos. Reconhecemos a semelhança entre as pessoas, isentos de qualquer idiossincrasia.

Lembramos da máxima "não fazer ao outro, aquilo que não desejamos para nós". Prefiro até melhorá-la, com "fazer ao próximo, o que desejamos para nós".

A visão no espelho não se trata daquela visão de parque de diversões, distorcida, jocosa para ser engraçada. Ao invés de desfigurar, transfigura.

Também se afasta da visão do espelho retrovisor. Aquela olhadela no farol para ver se há perigo. Disfarçadamente olhar, e ignorar, as mazelas a nos cercar. Olhos esticados a procura de ajuda, seja com venda ou com um simples pedido.

Dia 29 de junho, de todos os anos, são celebrados dois grandes mestres deste olhar do coração: São Pedro e São Paulo. Um foi exemplo do amor maduro e sereno. O outro portador do amor jovem e apaixonado. Ambos souberam transformar seus olhares para enviar a mensagem universal da fraternidade.

Uma vez que se enxerga a imagem no espelho da alma, jamais conseguimos esquecê-la. Alguns tentam negligenciá-la, mas seus ecos o perseguem constantemente, fazendo-os sentir o peso da mais íntima confessora: a consciência.

A elevação do semelhante à condição de felicidade é gerador da mais plena realização. Ápice do assemelhar é o desejo de plenitude do outro. Desejo motivado apenas pela simples satisfação de quem amamos.

Muitos são as cortinas a cobrir os inúmeros espelhos presentes em nosso caminho. Porém, as cortinas não são suficientes para encobrir os reflexos das repentinas luzes lançadas sobre eles. O pequeno brilho através das frestas destes tecidos é nosso alerta para a atenção aos grandes sinais da vida humana.

sábado, 28 de junho de 2008

Aquário

São Paulo abriga de tudo um pouco.

Comum em cidades litorâneas, nossa cidade também possui seu aquário. Recebi, de uma amiga, a divulgação de sua existência esta semana.

Inaugurado em julho de 2006, será reinaugurado em 4 de julho deste ano, para se tornar o maior oceanário da América Latina. Reflexo da megalomania de uma mega cidade...

Visitar aquários é um passeio instigante. Aproxima-nos de um mundo bem distante, mas muito próximo. Debaixo d'água estamos num ambiente tão inóspito a nossa existência... Definitivamente não fomos feitos para lá.

Biomas com lógicas e estruturas completamente diferentes da nossa. A começar pelo sistema respiratório... Viver em um meio aquoso é um tanto quanto úmido! :) Tudo bem que talvez remeta um pouco a nossas lembranças uterinas.

Fui diversas vezes, por exemplo, ao aquário de Ubatuba. De pequeno porte, mas com diversidade marinha interessante, tem até um pequeno tubarão em seu maior tanque. Nele é possível conhecer animais, em determinada seção, que podem ser tocados, sob supervisão.

Mesmo sem aura de aquário, outro lugar bacana é o projeto Tamar. Em Ubatuba, ou outra cidade brasileira que conte com sua presença, podemos conhecer parte de seu trabalho e dar um "oi" para animais recolhidos e abrigados. Sempre é bom também contribuir para a manutenção do projeto, em suas lojinhas ou em ações ambientais.

Tradicionalíssimo, e impossível de não mencionar, é também o aquário de Santos. Com mais de 60 anos de idade, é o segundo mais visitado no estado de São Paulo, apenas superado pelo jardim zoológico de São Paulo, uma atração mais terrena. No aquário há tanques oceânicos, amazônicos, de tartarugas e de pingüins, além de um outra tanto de atrações.

Habitantes urbanos acabam assim... Expectadores da vida selvagem através de herméticas vitrines de vida. Paulistanos, devemos gostar, pois lembra um passeio ao shopping. Brincadeiras à parte, vale lembrar que estas instituições são sempre envolvidas na preservação e respeito aos animais. Zelam pelo seu bem-estar e pelo estudo das melhores condições para sua sobrevivência.

Como minha amiga fez questão de frisar, vale a pena divulgar. Então... Lá vai:

Aquário de São Paulo
R. Huete Bacelar, 407
Telefone (11) 2273-5500
De segunda-feira a domingo das 10h às 18h
Ingresso: R$ 20
Idosos têm 50% de desconto e deficientes não pagam.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Negócio

Qual o verdadeiro "negócio da China"?

A expressão carregada de malandragem, traz parte da má impressão causada por anos de reclusão da sociedade chinesa.

Misteriosas terras distantes, devemos também ser misteriosos para eles. Houve tempo em que se falou de boicotar produtos produzidos por lá, ato decorrente da suspeita das péssimas condições de trabalho.

Em seu regime fechado, como serão os direitos trabalhistas, com oferta tão farta de mão-de-obra? Ocorre o mesmo questionamento, atualmente, com o trabalho em nossas lavouras de cana-de-açúcar, com o pujante crescimento da importância do etanol.

Pelas informações publicadas na revista Época, em matéria de capa desta semana, o tal negócio da China é mesmo fabricar. Observemos alguns dados do que é produzido por lá, com relação à produção global:

- 75% dos brinquedos
- 75% dos relógios
- 55% dos calçados
- 50% das câmeras digitais
- 50% dos contêineres
- 42% dos monitores
- 35% dos celulares
- 33% dos ônibus

Tudo bem que os caras têm quase 1/3 da população mundial, mas precisava quer fazer tudo por lá? É bem verdade que, com essa população, qualquer número em torno de 33% seria apenas para consumo interno. Isso se a riqueza no mundo fosse proporcional...

Aliás, permitir a riqueza parece ter sido um dos estopins de seu crescimento, com a liberação da propriedade individual, algumas décadas atrás. Além disso, aliar investimentos em educação, infra-estrutura e saúde, apoiaram e apóiam a evolução de sua economia.

Porém, apesar de alguma liberação, é difícil esquecer a falta de liberdade individual existente. Dicotômica essa realidade, assim como o misto existente entre comunismo e capitalismo em seu regime. Mesmo com o mundo se afeiçoando a eles, certamente nem tudo são flores do lado de lá...

Ao se confirmarem certas projeções, quais os efeitos de tal sociedade se tornar a principal economia mundial? As conseqüências do domínio americano já conhecemos. Podemos extrapolar algo baseados no passado? Boicotar é impraticável. Melhor nos prepararmos para a China e seus negócios.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Separação

Assuntos espinhosos colocamos de lado, ou embaixo do tapete.

Ocultá-los do horizonte da visão só aumento a confusão. Passam para o campo do mistério ou do proibido. Acabam crescendo no imaginário coletivo.

Para muitas pessoas, a simples menção da palavra "diabo" já é tema de arrepio. Conheço algumas que se inquietam com esta ou qualquer sinônimo referente.

Bastaria uma pequena pesquisa etimológica para jogar luz em tal assunto de trevas. Em nossas origens latinas, as pessoas sabiam muito bem batizar os elementos da vida, ou talvez nem elaborassem tanto, apenas falassem sua língua. Nós, distantes no tempo e na ortografia, acabamos distanciados das razões.

Diabo significa "aquele que separa". Talvez fique a pergunta, mas separa "o quê"? Para ser separado, um dia esteve junto? Quais eram as forças envolvidas na união, incapazes de resistir aos fenômenos separativos?

Soa um pouco como uma versão latina do yin yang oriental. Reconhecimento da presença bilateral das forças em nossa vida. Seu equilíbrio prescinde da presença de ambas. Separadas, a força negativa podem prevalecer.

A separação pode ocorrer também de nossa felicidade. Tudo aquilo que nos afasta de nossa realização, de nossa dignidade humana. É fácil identificar estes elementos e perceber o quanto eles podem prejudicar nossa existência.

Podemos ser separados também dos outros. Desagregados pelos mais diversos motivos. Sem dúvida, nada justifica a desunião. A velha máxima de "quando um não quer, dois não brigam" não é máxima à toa.

Compreender e encarar certos mistérios, como bem verbalizam ingleses e americanos "to face", auxilia em no fortalecimento e preparação para enfrentá-los. Mais do que mistérios, os entraves combatíveis do cotidiano são mais palatáveis do que escusas artimanhas do tinhoso.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Gratuito

"De graça até injeção na testa".

Se as pessoas aceitam até algo doloroso, somente por ser gratuito, imagine se o item em questão for um iPhone... Seus concorrentes terão muito para se incomodar.

Caso os rumores se confirmem, Steve Jobs está a ponto de causar esse incômodo para muita gente. Tamanha bondade em troca de parte do faturamento das operadoras.

A recente redução de preços já complicou a situação. Mesmo com valores mais altos, e bloqueio de operadores, facilmente transposto, ele é sucesso no mercado brasileiro, antes até de seu lançamento oficial.

Pelo mundo, inúmeras unidades vendidas, num sucesso estrondoso, jamais visto. Até o Blackberry, imbatível para o uso de e-mail, tem cedido as pressões do forte concorrente. A potencialização de funções, do produto da Apple, desequilibra qualquer disputa.

Chegando a custo zero, qual motivo teríamos para adquirir qualquer outro modelo, de qualquer outro fabricante? Na hipótese de outros fornecedores adotarem a mesma estratégia, ainda assim qual seria a nossa escolha?

Os artistas da computação contemporânea não atuavam originalmente na área de telefonia celular. Seu êxito é devido a toda sua inovação e inventividade, com a ajuda de seu porte e suporte financeiro, conquistados em outras paragens. Como ficam as questões éticas e leais?

Companhias de telefonia celular só se sujeitarão a tal situação pela força de venda do aparelho. Ganham todos em princípio: a Apple com a participação, a operadora com o aumento do número de usuários e o consumidor com um primor tecnológico de graça.

Tanta gratuidade concede novos significados para "massificação". Ao invés de transformar os consumidores em uma grande massa, são as grandes massas que estão alterando a relação entre os fornecedores.

terça-feira, 24 de junho de 2008

São João

Viva! Festa Joanina!

É, Joanina mesmo. Minha querida avó, portuguesa original, se referia assim às festas juninas. Na verdade, lá na sua terra, as festas são lembradas com o nome de cada santo, dependendo da região.

Herdamos as festas e comemoramos os três santos, Santo Antônio, São João e São Pedro, da mesma forma. Deixamos de lado a preferência, a não ser nosso povo do sertão nordestino, que se refere explicitamente ao "São João", como nome do folguedo.

Dificilmente poderia imaginar Isabel que seu ilustre filho seria tão lembrado em nosso país. Talvez nem seu primo pudesse conceber que tamanha comemoração ocorreria. É bem capaz que maior até do que para ele...

São tantos os elementos presentes nas festas, referentes à história deste santo. Ouvi dizer que a fogueira remete ao fato de Isabel ter combinado com Maria que, quando seu filho nascesse (João), acenderia uma fogueira para avisá-la. Naquela época não havia telefone... :)

Mas não há como esquecer de Santo Antônio, tão lembrado pelas solteiras do país a fora. Mesmo São Pedro, tão presente na história cristã, tem guardado seu lugar e a devoção de muitas pessoas.

Religiosidade à parte, são também inesquecíveis, para qualquer adulto ou criança, os "comes e bebes" inerentes. Quer melhor época para saborear um quentão ou vinho quente? Fica melhor ainda se acompanhados de canjica, pipoca, doce de abóbora ou de batata-doce. Huummmmmm!

Para completar, dançar a quadrilha é essencial. Surpreendente é saber que suas origens não são lusas nem tupiniquins. Pouco importa... Mais bacana ainda se for acompanhada da encenação do casamento, com direito a padre e tudo mais.

Resta-nos encarar o frio do inverno, mas só assim a festa é junina mesma. Agasalhados, com muitos amigos, nos encontraremos em alguma quermesse, pois estas não têm como ser virtuais. Viva São João!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

EeePC

E haja portabilidade!

Buscar a possibilidade de carregar seu computador, para qualquer lugar, da maneira mais cômoda possível, vem criando opções desafiadoras às técnicas de construção de computadores.

Já foram batizados de laptops ou notebooks. Surgiram derivações, como subnotebook, ou outras linhagens como PDAs ou Pocket PCs, sempre procurando destacar alguma nova característica em sua implementação.

Seja como for, a história dos computadores portáteis sempre esteve ligada a sua facilidade de transporte. Facilidade esta que acaba sacrificando desempenho, autonomia e custo. O segredo do equilíbrio está longe de ser descoberto.

Em sua mais recente encarnação, receberam a alcunha de mininotebooks, com seu exemplar mais vistoso, o EeePC. Construído com diversas tecnologias afiadas, ele chega a certos limites das tecnologias atuais. Também acaba por chegar em limites de uso...

É inegável sua inadequação para o trabalho, por exemplo. Com seu teclado reduzido e monitor minúsculo, assemelha-se mais a um terminal de venda. Apesar disso, roda Windows XP ou Linux, como seus irmãos grandalhões.

A escolha por um destes está associada à necessidade, ou quem sabe o vício, de estar sempre conectado, lendo e-mails, mensageiros instantâneos e web. É a única justificativa para utilizá-lo, pelo mesmo custo, no lugar de alguém maior e mais potente.

Dá o que pensar... Principalmente se levarmos em conta soluções como o iPhone. Propagandeado como telefone, não deixa de ser outra encarnação computacional. Atende muito dos desejos de conectados mundo afora, se é que, em breve, não terá muitas outras funcionalidades.

Para cada problema, uma solução. Decidir por um ou outro acaba completamente no âmbito da preferência pessoal. Pessoal só não é nossa necessidade de estarmos acompanhados, permanentemente, de nossos apêndices digitais.

domingo, 22 de junho de 2008

Utopia

Fantasia, ilusão ou quimera, nossas utopias exigem fidelidade.

São Thomas More, lembrado no dia de hoje, conhece muito bem estas exigências. Em parte por sua autoria de "Utopia", livro inaugural do conceito, por outro lado pela sua história de martírio.

Em seu livro, ele criou uma ilha imaginária, onde seus habitantes conheciam a forma ideal de uma sociedade. Livro fácil de encontrar para download, nos provoca a reflexão sobre o modo de vida contemporâneo. Alguns críticos o consideram uma sátira a sociedade do século XVI.

Na Europa pré-anglicana, Sir Thomas foi crítico em sua terra natal até mesmo ao rei. Quando Henrique VIII decidiu mudar a igreja conforme seus desejos, poucos ousaram ser contra, como foi nosso ilustre pensador.

Convocado a fazer juramento a nova ordem, se recusou e, por isso, foi encarcerado na Torre de Londres. Após julgamento, e sem ceder em seus princípios, condenado, acabou decapitado.

Firme em sua fé, recebeu a traição de pessoas próximas, contrapontos a qualquer visão utópica possível. Ainda assim, mesmo preso, continuou inspirado e escreveu o "Diálogo do Conforto nas Tribulações". A energia de sua integridade o mantinha certamente vivo.

Por que temos tanta dificuldade em conquistar utopias, apesar da evidente atração que elas nos causam? Acaso teremos problemas com a definição de valores? Parece que consideramos o custo para obtenção de nossos sonhos muito maior do que seu retorno.

O exemplo de More, como Sócrates em sua morte, denota a necessidade de firmeza de princípios, fé nos mesmos e coragem de assumi-los. Nobres qualidades, dignas de santos ou grandes filósofos. Mas nem só de grandes ícones...

No cotidiano, precisamos de inspiradores como estes, para tentarmos ao menos obter uma fração de seu ímpeto. A transformação de nosso meio se dará por grandes exemplos, e pela pequena contribuição de cada indivíduo, de acordo com suas capacidades e disponibilidade. E isso não é nem uma grande utopia.

sábado, 21 de junho de 2008

Carvão

Diriam os churrasqueiros, abençoado seja o carvão!

Há controvérsias! Evidentemente, elas não estão presentes no mundo das carnes assadas em churrasqueiras. Aliás, ele até é uma espécie de avô do diamante, sendo o pai o grafite. :)

Dilemas existem em outra área, menos evidentes. A metalurgia, em especial a siderurgia, são técnicas há muito conhecidas do homem. Essenciais em nosso tempo!

Ferro e aço estão presentes onde quer que olhemos. De nossas habitações a nossos veículos, somos uma civilização da informação, mas não nos iludamos, temos muito metal em nossas veias.

Ocorre que o processamento destes metais exige um consumo imenso de carvão. Exigência antiga, milenar e nunca substituída. Toneladas e toneladas de um material, de origem mineral ou vegetal.

No Brasil, com toda a sua grande produção, a ponto de sofrer barreiras alfandegárias para entrada nos Estados Unidos, utiliza muito o vegetal. E de onde ele vem? De nossas florestas! Poderiam ser de áreas de replantio, como faz a indústria de celulose, mas a grande maioria vem de matas nativas!

Em tempos de aquecimento global, contribuímos com dois importantes fatores para o fenômeno: derrubada de árvores e queima de combustíveis. Tudo em uma única batelada, para produção de um item essencial na indústria mundial. E corremos ainda o risco de um apagão florestal.

Ficamos novamente a cata de culpados. Coitado do gusa... E pensar que um processo tão antigo, apesar de aprimorado ao longo de sua história, não possui alternativa viável sua execução. Condenação irrecusável, pelo menos a primeira vista.

Ao colecionar fatos sobre nossa influência no planeta, vemos um cruel enlace de causas e efeitos. Mesmo quando extinguimos qualquer má fé, há uma equação de complexo equilíbrio. Até quando continuaremos "queimando" nossas opções? Ou nosso futuro?

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Wabi-Sabi

Como entender uma imperfeição perfeita?

Já se vão 100 anos e ainda compreendemos pouco o povo do sol nascente. O Kasato Maru transportou muito mais do que imigrantes. Carregou outras visões de mundo.

Das tantas diferenças culturais e lingüísticas, um conceito merecedor de destaque é o Wabi-Sabi. É uma abrangente visão de mundo, fortemente ligado à estética, ou com sua ausência.

Aplicado em diversas manifestação culturais, como o ikebana, o bonsai, a haiku, ele revela o detalhe da imperfeição, do desequilíbrio, na forma mais perfeita e natural.

Entender que a beleza do mundo está na sua diversidade, em sua imperfeição, em sua não-linearidade, é fácil. Desafio é tentar reproduzir essa característica, conscientemente, em nossas manifestações.

Conta uma lenda que o grande mestre da cerimônia do chá, Sen no Rikyu, quando ainda um jovem aprendiz, recebeu a missão de limpar um jardim. Completou-a com total perfeição, mas ao final espalhou algumas folhas de cerejeira no local. Conquistou assim o respeito e admiração de seu mestre.

Do nosso lado, ocidental, precisamos uma longa e demorada caminhada científica para elaborar a teoria do caos. No fundo, descreve a mesma percepção do universo. Só que o faz sem todo sentimento e sutileza orientais. Pensando bem, talvez tenha existido alguma "inspiração" de nossa parte...

Seja como for, quando aceitamos, vemos e compreendemos esse jeitão do mundo, aprendemos a apreciar sua beleza. E nos apaixonamos por ele! Inserir pequenos detalhes, em tão grandiosa obra, com tamanha relevância, deixam no ar a desconfiança de ação divina.

Nas conseqüências das pequenas imperfeições está sua maravilha, como ilustra acertadamente a teoria da evolução, iniciada por Charles Darwin. Cientes da complexidade do mundo, percebemos que o melhor é não intervir, mas se integrar aos ciclos naturais. Deixar a vida acontecer e entrar em harmonia com ela é, sem dúvida, a melhor opção.

Definitivamente, temos muito para aprender, além de karatê.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Self

O "eu" é uma ilusão?

Nossos irmãos orientais conhecem a lição de cor. Nós, não. Reside aí a diferença entre as duas culturas. Uma voltada ao indivíduo, possibilitando o ego. A outra voltada ao grupo, dissolvendo o tal self.

Talvez seja por isso que, já faz bastante tempo, alguém professava o fato de adorarmos serviços self-service. Dizia que as lojas de auto-atendimento seriam um sucesso.

É bem verdade que todos detestamos o típico vendedor chato, atrás de nós quando mal entramos na loja, desejando ser solícito.

Preferimos procurar por nós mesmos (ó "o self" aí...). Perguntamos se tivermos dúvidas, se for necessário. Consideramo-nos suficientemente capazes de escolher e discernir.

Pude hoje experimentar uma excelente solução na base do "self-service". Fui a uma loja de departamentos, realizar o pagamento da fatura de um cartão, um desses da própria empresa, sempre com condições "especiais".

O pagamento é feito em um terminal de auto-atendimento. Você passa seu cartão da loja, verifica as pendências, escolhe as que deseja pagar e realiza a operação, com seu cartão bancário. Tudo auto-explicativo, sem intervenção de nenhum funcionário.

Curiosamente, havia considerável fila para atendimento com pessoas, ou seja, as pessoas preferiam falar com um atendente. Não somos nós que gostamos de independência? Parece que nem tanto. É a mesma constatação que fazemos ao ver no metrô um condutor, mesmo sabendo que os trens circulam com controle automatizado.

Desconfiamos da tecnologia? Ou desconfiamos de quem cria a tecnologia? Será nossa antiga rixa com os tais robôs, como tantas vezes ironizou Asimov? Difícil colocar um ponto final na questão, mas o velho e bom "olho no olho" humano continua fazendo sucesso. Essa história do "auto" deve ser mesmo ilusão...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Inclusão

E pensar que comprar computador já foi negócio escuso... Já me explico.

Num passado não muito distante, afinal o que são 3 décadas na história do mundo, computadores eram itens apenas de grandes empresas. Bancar as condições estruturais para mantê-los exigia suporte financeiro e real necessidade.

Então, alguém teve a idéia de transformá-los em pessoais. Pessoais na questão do uso, por seu tamanho e finalidade, pois ainda continuavam restritos ao mundo corporativo.

Foram se tornando domésticos fora do país, mas aqui, devido às condições econômicas e de mercado, eram artigo de luxo. Ainda assim, para conseguir um, muitas pessoas recorriam a "alguém" para trazê-los. Um conhecido, ou conhecido do conhecido, ou um "amigo" conhecedor das rotas e meios para "importá-lo".

Nem estamos falando de supercomputadores, ao menos para os padrões atuais. O bom e velho XT era uma preciosidade, alçada a custos em torno de US$ 10.000! Singelo 1Mb de memória custava US$ 50. Jurássica essa história, não? Certamente muitos garotos acharão no mínimo loucura.

O mercado formal não se mexeu, graças ao protecionismo existente e a sustentabilidade garantida pelo mercado empresarial. Os "amigos" se mexeram, e muito! Anos depois, qualquer lojinha com pequena portinha podia oferecer equipamentos, com direito a garantia e financiamento!

Continuavam sendo franksteins, uma amontoado de partes que, quando bem equilibradas, formavam um belo exemplar de processamento. Os amigos viraram "entendidos". Um bom entendido era a solução de seus problemas. Claro que era uma solução constante e permanente... Sempre acabava necessário. De repente, só uma formatação ou uma limpeza.

Os primeiros a perceber, e aproveitar, as favoráveis condições econômicas e de mercado foram as empresas de componentes. Marcas de grife passaram a criar canais de distribuição, mesmo com os pequenos "integradores".

O dia em que a grande indústria percebeu o filão e a situação, atacou veementemente a disputa. Primeiro foram marcas menos conhecidas, criadas em solo tupiniquim. Logo as grandes grifes mundiais também aportaram e ofereceram suas soluções para a maioria dos desejos. Hoje até a sagrada Apple instituiu lojas parceiras e cria lojas próprias em terras verde amarelas.

Coitados dos "amigos", "entendidos", ou sejam quais eram suas denonimações. Seus dias jamais serão os mesmos. Melhor para a difusão da tecnologia em nosso país. Inclusão digital deve começar por acesso ao hardware...

terça-feira, 17 de junho de 2008

Despertar

Questões éticas sempre adormecem dentro de nós.

Hoje reassisti ao filme "Tempo de Despertar", com Robert De Niro e Robin Williams. Muito além de uma tocante história, e de primorosa interpretação dos protagonistas, ele desperta várias das tais questões.

Baseado no livro homônimo, de Oliver Sacks, dramatiza um dos muitos casos relatados por este neurologista americano. Todos os seus livros jogam luzes sobre diversas reflexões humanas, através de suas descrições de patologias.

Assisti ao filme há muito tempo. Interessante perceber que, mesmo já o conhecendo em texto e película, ele continuar a emocionar e provocar.

Uma das primeiras questões é "como considerar alguém, ou algum caso, sem solução?". Quais são as últimas alternativas? Decretar inexistência de perspectiva é definitivo demais. Exige muito poder!

Na busca de soluções, qual o direito de um médico em experimentar algo em alguém? Deixemos de lado o questionamento da intenção, claramente voltada a ajudar. Como arriscar com uma vida? Quais os valores e os pesos considerados às opções?

O tratamento dado à família segue quais critérios? É complexo gerar esperança naqueles que amam o doente. A doença é cercada de muitas incertezas. Conceder esperança, uma sombra de certeza, indiscriminadamente, respeita os sentimentos destas pessoas?

Trazer uma pessoa, adormecida há 25 anos, é bom para quem? Imaginemos alguém vegetativo desde 1983. Como esta pessoa se recolocará no mundo? Seus vínculos, seu "chão", quase tudo conhecido estará completamente fora do lugar.

Praticamente é uma ressurreição! A grande diferença é que está não é para uma vida eterna. Se é revivido para ter certeza de morrer novamente. Depois de perdidas algumas décadas... Mas como optar? De que maneira podemos pesar tais escolhas?

Em poucas linhas, muitas dúvidas, escassas respostas. Interrogações orbitam nossa existência. Tememos estar adormecidos e desconhecer a realidade. Platão aos menos nos conforta. Afirma que quem nunca esteve acordado, jamais questionará se está dormindo.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Bits

"Todos os livros do mundo não contém mais informação do que a transmissão de vídeo, em uma pequena cidade americana, em apenas um ano. Nem todos os bits tem o mesmo valor."

Em uma sábia observação, dentre tantas outras, Carl Sagan aponta uma das idiossincrasias dos bits. Seria essa assimetria culpa deles ou nossa?

O bit (binary digit), menor representação de informação digital, é responsável por uma das maiores abstrações humanas existentes: a tecnologia da informação.

Em essência, se olharmos os eventos ocorridos dentro de um computador, tudo é apenas um sem número de oscilações elétricas, entre dois níveis distintos e discretos, a representar cada um dos dois bits possíveis. Para quem joga, acessa a Internet, ou trabalha em sua estação, a sensação é de um mundo concreto, muito mais para o real do que o virtual.

É como quando aprendemos a dirigir. Depois de esquecermos as regras e os controles, vamos no automático. Somos capazes de manobras e malabarismos, com implicação de raciocínios extra, uma grande composição de pequenos movimentos e impulsos. Resultados complexos costumam até nos maravilhar.

Fizemos o mesmo com a informação. A bem da verdade, fizemos com o próprio mundo. Decodificamos tudo que passou a nossa frente em pedacinhos cada vez menores, representativamente, paulatinamente, até chegarmos ao mundo indivisível do 0 e 1.

Ocorre que a codificação de texto em informação digital exige menos esforço. O alfabeto já é, em si, uma codificação de informação. Parte do trabalho está feita. Por outro lado, não temos um alfabeto visual, apenas cores e formas. Tais elementos combinados criam uma infinidade de padrões e conseqüente aumento da complexidade.

A crítica é à facilidade da informação visual. A facilidade leva a preferência para seu uso na massificação. Mundo da massificação, idade mídia! Bem sabemos que nem tudo desta era são flores... Pena é que os volumes são muito maiores.

Somos assim mesmo. Nem sempre empenhamos esforço equiparado, equivalente, de acordo com a importância de nossos objetivos. Pobres de nós no desperdício de tantos bits. A redescoberta dos bons bits otimizaria muito da nossa história. Cuidado na escolha de culpados!

domingo, 15 de junho de 2008

Colheita

Se há trabalho no campo, por que há escassez de trabalhadores [1]?

É inegável o tamanho da messe, tal qual é a falta de pessoas vocacionadas a servir para seus cuidados. Há anos a busca por renovação no grupo de operários é perseguida, mas o passar do tempo não revela a evolução necessária.

Será que o trabalho é tão duro, para afastar o desejo de se engajar? Mesmo que pesado fosse, a recusa demonstraria a fraqueza de nosso grupo em formar pessoas com valores para enfrentar a labuta.

A desesperança poderia ser outro fator a influenciar. Quando a safra parece desandar, é preciso persistência para fazê-la render. Seria compreensível o desânimo... Só não seria humano. Somos resilientes!

Comumente é necessário um líder, para conduzir os grandes grupos, inspirá-los. Faltam líderes? Em princípio, não. Com pouco esforço poderemos encontrar diversos deles, lutando por sua plantação.

Divulgação é importante. Se não soubermos da oferta, não haverá procura. Novamente basta viver e ter contato com as mais diversas oportunidades para o trabalho. Só estando em outro mundo, em outra realidade, estaríamos alienados de sua existência.

Eventos passados, com maus resultados, despertariam a desconfiança. Com o insucesso certo, que motivos teriam para se arriscar? Idealistas suficientes há para não faltar mãos que acreditem, apesar de qualquer histórico, qualquer adversidade.

Sua gratuidade acaso atrapalha? Estaríamos nos esforçando para não receber nada? Em verdade, talvez falte perceber o valor verdadeiro, o prêmio real. Um prêmio certamente muito maior, acima das necessidades individuais de qualquer, suficiente para toda a comunidade.

Difícil entender, então, a raridade de candidatos a semeador ou colheiteiro. A reflexão nos mostrará alternativas e revelará nossas inconsistências, nosso manto sobre a visão. Deve apenas faltar aprender a refletir e assumir com coragem nossa vocação.

sábado, 14 de junho de 2008

Consumo

Como é árduo o caminho do sucesso!

Desde de seu anúncio, o console PS3, da Sony, enfrenta uma grande desafio na disputadíssima guerra dos consoles de games. Seus concorrentes jamais brincam em serviço.

Vindo da Microsoft, o XBOX 360 conta com o apoio da sólida presença de mercado de sua criadora. É claro, possui também recursos gráficos impressionantes e games para lá de surreais.

Já a Nintendo, tradicionalíssima no mundo dos jogos eletrônicos, com algumas décadas de experiência, abalou com seu Wii e seu inovador joystick. Com inteligência superou qualquer expectativa.

Nos últimos tempos, o PS3 tem sido criticado devido ao seu consumo. Consumo também move a indústria dos jogos, fazendo ocorrer disputas em lojas a cada lançamento. Porém, não preocupa o consumismo envolvido, mas o consumo de energia do console.

Certo instituto de pesquisa australiano verificou que este mimo tecnológico consome, mensalmente, 3 vezes mais energia do que um refrigerador! É uma quantidade significativa, principalmente se levando em conta ser apenas diversão...

Após seu lançamento, o alerta já havia sido feito, pois se observou um consumo muito maior do que sua versão anterior. Mesmo com relação aos outros consoles, o consumo é maior. Só que enquanto estávamos nesse universo soava apenas como disputa. Comparado a vida cotidiana o aviso se destaca.

Como explicar ao filho adolescente que suas horas de jogatina contribuem para os problemas ambientais do planeta? Sem mencionar o fato de avaliarmos apenas o consumo... Imaginem se somássemos outros fatores, como componentes de fabricação, seu descarte posterior, elementos químicos envolvidos.

Apesar dos jogos em rede, a diversão em videogames é um tanto quanto hedonista. Sem perceber, nossa sociedade cria um modo de vida que, até subliminarmente, consome nossas próprias estruturas. É algo autodestrutivo!

Desconheço as vantagens plenas de chegar ao topo de um mercado. Tampouco sou um entusiasta da mania indiscriminada por jogos. Com tanta energia gasta para disputar a liderança, poderíamos gastar alguma para pensar em como poupá-la.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Fim

Haverá um fim para a Internet?

Não estou pensando em finalidade. Sabemos que existem diversas. Aliás, o grande trunfo é possuir variadas, ser flexível e proporcionar distintos usos. Acaba por assumir funções muitas vezes inimagináveis.

Tampouco estou pensando em limites. Mesmo sabendo de sua existência, a sensação é de inexistência. É tão difícil determinar até onde vai... No máximo, alguns fazem brincadeiras com a suposta página limite.

O fim está empregado com o sentido de término, extinção, desintegração. Será possível? De alguma forma, pode toda a estrutura regredir e deixar de existir?

Numa bem elaborado teoria da conspiração, o pessoal do iPower, conhecidos por seus vídeos virais, propõe a possibilidade e marca até data: 2012!

Baseados em uma série de argumentações, um pouco malucas, um pouco sãs, eles acreditam que a força das companhias dominantes da grande rede acabará por extinguí-la, devido ao uso do poder econômico.

Para propagar sua mensagem, como não poderia deixar de ser, postaram um vídeo no Youtube, com toda sua argumentação e proposta. Vale a pena perder uns minutinhos, para ver e ouvir esses belgas encucados.

Culpa da propaganda? Ou da concentração massiva de audiência? Talvez fruto da ganância das grandes empresas? Pode ser apenas uma paródia com as teorias apocalípticas do fim do mundo, para o mesmo ano.

Fato é que, alguém já se pensou sem Internet, definitivamente? Outro dia me espantei com meu comportamento, por ficar offline apenas algumas horas... Imagina para todo o sempre! A expansão do seu uso, em nosso cotidiano, atingiu tal proporção que é difícil pensar em um apocalipse internáutico.

Pelo sim, pelo não, continuo torcendo por sua força, independentemente de instituição ou tecnologia. Sua representação da capacidade humana de união é seu espírito mais forte. A Gaia da Internet jamais se extinguirá!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Nuvens

Nuvens atrapalham nossa visão do horizonte. Sempre?

Nos últimos anos, está em voga na área de sistemas computacionais o conceito de Cloud Computing (algo como "Computação em Nuvem").

Tal conceito se refere à computação baseada na Internet. Soluções de software oferecidas em rede, envolvendo idéias como hosting, SAAS e derivados. É uma alternativa de terceirização de TI ao extremo, incluindo a informação.

expressei alguns pontos favoráveis ao software como serviço, assim como as respectivas considerações a suas limitações e riscos. Em princípio, de maneira geral, parece ser uma boa alternativa. Nem todo mundo acha...

John C. Dvorak, na edição deste mês da revista INFO, expressa opinião interessante a respeito. Ele encara a solução como roupa velha, com preço novo (e bem alto). A repaginação só serviria a indústria de software, que cria mecanismos para continuar faturando se aprimorar as soluções.

Ao trazer para seus centros de processamento, para sua estrutura, as soluções do usuário, a indústria estaria criando demanda eterna, com o "aluguel" dos sistemas. Estariam assim apenas com a preocupação de seu faturamento. O articulista avalia que as empresas pouco se preocupam com seus usuários.

Usuários domésticos poderiam encarar desta forma, sem dúvida. É perfeitamente possível alguém ainda utilizar algo como, por exemplo, o Office 97, com excelente retorno. Em verdade, a grande maioria das pessoas certamente subutiliza os recursos das últimas versões do produto.

Por outro lado, os custos envolvidos na administração de recursos de TI, em uma empresa, não se resumem a custos de licenças. O gerenciamento de estruturas, manutenção de segurança e preservação de dados apresentam custos similares e relevantes. Entregar todo esse conjunto a alguém com experiência e estrutura apta é seguro e considerável.

Mal comparando, é algo como o dilema entre possuir casa própria ou viver em aluguel. Particularmente, vejo a segurança oferecida pela propriedade uma máscara aos custos envolvidos com sua manutenção, elementos mais evidentes no mecanismo do aluguel. Muitos americanos também vêem assim, com a exceção de nosso amigo colunista.

Em discussões nebulosas não convém fazer mais fumaça. Em todos os casos, sempre há diversas perspectivas e pontos a considerar. Em alguns céus, atrás das densas nuvens, talvez estará um imenso e belo céu azul.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Pediatra

Graças a Deus pediatras foram inventados!

Como faríamos para começar o entendimento destas pequenas vidinhas? Os instintos paternais e maternais básicos ajudam, mas podem não ser suficientes, em casos específicos.

A sabedoria dos mais velhos também é de suma importância, mas a medicina evoluiu mais rapidamente. Muitas certezas do passado se tornaram conhecidos mitos, quando não, equívocos.

Está longe de ser uma questão de cientificismo, mas devemos respeitar os muitos anos de preparação do profissional de medicina infantil, além da grande experiência adquirida.

Admito que jamais poderia ser médico. Pensar em ser responsável pela vida de tantas pessoas é um fardo considerável. Claro que para eles é uma dádiva, uma incumbência assumida com prazer e esmero.

A primeira coisa a nos mostrar é que o bebê não quebra. Quem pode observar um pediatra examinando o recém-nascido jamais terá essa dúvida. Cuidado é essencial, delicadeza também, mas é possível desempenhar sua manipulação sem grandes sustos.

Orientações sobre aleitamento e ciclos iniciais de vida da pequena criança são esclarecedoras. São informações que nos dão parâmetro, critérios para observação de sua evolução. Se, na primeira consulta, ele notar algum probleminha, mesmo que pequeno, algumas outras visitas, mais freqüentes, podem ser necessárias.

Mesmo recebendo o manual de instruções, é como querer utilizar conhecimento de um curso, apenas lendo o guia de referência rápida. Ainda bem a assistência técnica está logo ali do lado, para algumas revisões periódicas. :)

Ao fim da primeira etapa, ou da primeira verificação, as consultas são mensais. Ficamos ao nosso cargo. Com os choros vamos nos acostumando, afinal sabemos que está tudo bem. Carinho, atenção e muito amor são o suficiente para tudo continuar bem.

terça-feira, 10 de junho de 2008

citIX

"Posso contar a história de Olinda, moço?".

Qualquer pessoa que já visitou Olinda, em Pernambuco, certamente ouviu este chamado de um guia mirim, comum nas ruas da cidade.

Guias em viagens turísticas sempre são uma boa pedida, mesmo com qualidade questionável. Sempre é uma visão de alguém do local. Basta estarmos cientes desta situação.

Conhecer a história, as dicas de lugares, onde devemos e podemos ir, é tarefa árdua para uma única viagem de turismo. Algumas pessoas defendem que em um passeio conseguimos apenas visitar, não conhecer a localidade.

Muitos habitantes de São Paulo, se não a maioria, conhecem apenas uma pequena parte de sua enorme cidade. Que tal se cada habitante contribuísse com seu conhecimento sobre sua metrópole, disponibilizando para quem desejasse visitá-la, ou mesmo para conterrâneos desconhecedores de outros recantos de sua terra?

No site citIX (de City Information Exchange) isso já é realidade. Lá você pode localizar, marcar e compartilhar informações sobre eventos, lugares, instituições, segurança e serviços públicos. Toda contribuição, como se espera, é bem-vinda. Aquilo que se conhece no cotidiano, mais próximo de nossa rotina é o insumo para o trabalho.

Quem desejar, pode depois pesquisar livremente. Vai para alguma cidade desconhecida? Veja se há dicas de bons programas. Será que em seu bairro existe algo que você não conheça? Verifique e se surpreenda. Quem sabe?

É uma iniciativa integradora, comunitária e aproveitando o melhor da tecnologia. Verdadeiro espírito da Web 2.0! Considero-a muito melhor do que seu primo, o site Wikicrimes. Ele serve para pontuar e relatar eventos de violência pelas cidades. Triste conseqüência do desequilíbrio metropolitano moderno.

Nem tudo são flores! É nossa responsabilidade cultivá-las e lhes dar mais atenção. Mais interessante do que mapear e evitar a violência é promover a colaboração das pessoas. A humanização de nossos habitats ó caminho insubstituível para a transformação do espaço público.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Férias

Nada com um bom mês de férias!

Assim espero... Faz tanto tempo tirei a última, coisa de uns 20 anos atrás. Fique bem claro, estou me referindo a férias CLT, com todos os direitos e sossegos, para não pensar em mais nada e descansar...

Férias já tem na sua origem essa aura sagrada. Em sua etimologia tem motivação religiosa. Por que não preservá-la, não é?

Um período sabático é essencial para recolocar as coisas no lugar, ou em outros melhores. É momento de parar e reavaliar, deixar assentar o último período passado. Por isso deve ser periódica, com intervalos não tão longos como o meu último, senão o volume fica muito grande para reorganização. Muita coisa para só um mês.

Tudo bem que estas minhas não serão dedicadas a viagens, cursos ou expedições computacionais. A ordem é um só neste período: puericultura. Será um delicioso mês de aprendizado e curtição, sem contar a babação.

Essa história de cuidado com bebês poderia até ser rebatizada, por exemplo, de "biocultura". Cultivamos vidas quando cuidamos dos pequeninos. Depois de plantá-la é hora de se preocupar em mantê-la. E bem mantida!

Outra boa alternativa é chamá-la de "animacultura". Desde dos primeiros dias estamos cultivando uma alma. Percebemos seu temperamento, suas vontades, descobrimos uma pessoinha, com anseios e gostos, mesmo pequenina. Nossa resposta, nosso comportamento, poderão ser decisivos no seu jeito de ser.

Ter todo tempo do mundo, nesta fase inicial, é realizante. Contar com essa disponibilidade nos dá oportunidade de adaptação, de dar vazão ao imenso sentimento de dedicação. Sem falar, é claro, nas ótimas condições de descanso. E como é preciso para acompanhar seu ritmo...

Estou só no primeiro dia. As reorganizações serão constantes, mas indubitavelmente para melhor. Mês transformador, as descobertas ocorrem a cada segundo. Experiência única. Jamais será esquecida!

domingo, 8 de junho de 2008

Línguas

É essencial conhecer muitas línguas, nos dias de hoje.

Houve um tempo que o português bastava. Ser alfabetizado já era um grande diferencial. Uma segunda língua ganhou importância, certa vez o francês, depois o inglês. Atualmente, duas não são o suficiente! De cara o espanhol, quem sabe o chinês?

Antiga solução, o esperanto foi tentativa de dar ferramenta única e universal. Planejada e contemplando características dos diversos idiomas conhecidos, é vastamente conhecida, mas ainda insuficiente.

Buscar se expressar, ansia o ser humano em toda a sua história. Conseguir se traduzir, com diferenças culturais incluídas, torna a tarefa mais árdua ainda.

Porém, a língua mais difícil de se aprender recebe pouca atenção: a linguagem do amor. Para os gregos a nossa estimada palavra tinha diversas expressões, caracterizando cada uma de suas faces. Só que sua gramática não está escrita em nenhum guia, fica impressa no coração de cada pessoa.

Ela é difícil porque implica em entrega e gratuidade. Exige sinceridade e pureza na expressão. Raramente é possível de traduzir em palavras e só se aprende de uma forma: amando!

No dia da comemoração do aniversário da Arquidiocese de São Paulo (100 anos) é importante lembrar deste berço de tantos sábios lingüistas do amor. Pessoas que viveram e se formaram neste ambiente iluminado pela regra máxima, sentença primordial, do amor ao próximo.

Foi nesta arquidiocese que viveram, e se santificaram, os dois santos de nossos país: Santa Paulina e Santo Antonio de Sant'ana Galvão. Ambos viveram vida simples e modesta, dedicada aos mais pobres, preocupados em acolher os pequenos de nosso vasto mundo.

Também nesta região, dois grandes servidores do povo trabalharam e lutaram pela justiça e a verdade, em tempos difíceis de nossa história: Dom Paulo Evaristo Arns e Dom Luciano Mendes de Almeida. Em favor da vida e do amor, jamais deixaram de estar à frente na luta pela defesa dos direitos da pessoa humana.

Alguns poucos exemplos ilustram o caminho do aprendizado desta magnífica língua. Conhecer suas vidas, pode nos ajudar a entender um pedacinho do sublime idioma. Em nossa pequenez, esperamos um dia conseguir "pronunciar" pelo menos algumas palavrinhas...

sábado, 7 de junho de 2008

ABC

Reciclamos idéias para expandi-las, ampliar suas aplicações.

No século XIX, o economista italiano Vilfredo Pareto formulou um teorema. Ele observou que a parcela mais rica da população (20%) concentrava a grande maioria da riqueza (80%).

Joseph Moses Juran, em 1941, consultor de negócios conhecido por seu trabalho na área de gerência da qualidade, expandiu o conceito de Pareto par o mundo organizacional.

No seu caso, ele notou e postulou que 80% dos problemas são conseqüências de apenas 20% das causas. Apesar de enfatizar que não devemos esquecer as demais, ele propôs métodos para abordarmos prioritariamente a pequena parcela mais importante.

Mesmo sem muito rigor, na vivência empresarial se nota que, na maioria dos casos, 80% das vendas são oriundas de 20% dos clientes, 20% dos produtos são responsáveis por 80% da movimentação de estoque.

Este fenômeno é fator determinante em logística, estratégia de vendas, produção, ou seja, em quase todo mecanismo operacional da empresa. Para sistematizar a aplicação destas idéias, foi elaborado o método da Curva ABC.

Através deste método, por exemplo, são classificados os produtos de acordo com sua importância, em três classes. Na primeira ("A") vão os 20% mais significativos, na segunda ("B") os seguintes 20% e, finalmente, na terceira ("C") os 60% restantes. Dessa forma, de acordo com sua classe, podemos adotar medidas associadas a sua significância, como deixá-los mais próximos da saída do estoque.

O pessoal do Chega de Bagunça propôs um método para organizar armários de roupas. Classifique suas roupas com notas de 1 a 10. As com notas até 9 ou 8, guarde em lugares bem acessíveis. Com notas até 5 ou 4, em bons lugares, sem tanta necessidade de movimentação. As que sobrarem, ou estivem com notas entre 3 e 1, doe! É, ou não é, uma verdadeira Curva ABC?

Pois o pessoal do Efetividade.net notou. Li ambos e achei que poderia contribuir com mais detalhes. Utilizando da prática blogueira, comentei e repassei estas idéias. Reciclagem de idéias, desde o século XIX! Esperamos estar as melhorando...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Pintura

Pintar a vida, ancestral expressão humana, colori a história de nossa visão de mundo.

Hoje, dia de aniversário de nascimento de Velázquez, fui relembrado de sua mais conhecida obra, "As Meninas". Os elementos de iluminação, auto-retrato e metalinguagem denotam a riqueza de conceitos envolvidos em sua obra.

Estou anos-luz de ser um conhecedor de arte, apenas a aprecio, como a grande maioria. São diversos os momentos em que fico estático, a observar, procurando compreender ou sentir algo oriundo da expressão artística.

Nem sempre foram assim... As pinturas rupestres mostram as primeiras vontades de "contar o mundo", descrevê-lo, dizê-lo como o entendemos. Encare suas figuras e ficará clara a simplicidade de abordagem, ou de linguagem para fazê-lo.

Mesmo sem sermos especialistas, podemos perceber o aumento da complexidade desta expressão, ao longo de sua história. Mais detalhes, mais cores, mais traços, mais ícones representados, uma compreensão muito mais rebuscada da realidade.

Atingimos, em meio à pintura moderna (até o século XIX), uma grau de realismo e detalhes impressionante. O instinto criador buscava através da arte recriar o mundo, com imagem e semelhança ousada, principalmente se considerarmos os recursos técnicos existentes.

A transição para a pintura contemporânea trouxe a desagregação, a perda do paralelo com a realidade. Recusamos o ápice, a estabilidade, resistimos ao equilíbrio? Então, desconstruímos a natureza, na tentativa de criar uma nova realidade.

Novas interpretações nos convocam a revisões. Há alguns anos, em uma bienal de arte em São Paulo, tomei contato com a obra de um pintor coreano. Ao passar olhos vi apenas tela em branco! Fiquei sem entender nada.

O autor, criado e vivendo em desertos de seu país, pintava as paisagens que lhe eram cotidianas: muita areia, em suaves entonações de branco. Pouco tempo de apreciação e começaram a se revelar as paisagens. Meus olhos precisaram de algum tempo para entender sua linguagem.

Expressão humana faz isso conosco. Esquecendo a racionalidade, ou não, nos expomos as mais diferentes experiências sensoriais. Traduzimos mensagens diversas de acordo com nosso próprio vocabulário. Um pequeno passeio pela pintura e "pintam" idéias inéditas, mundos inexplorados em nossas cabeças.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Paralelo

Quantos de você há por aí?

A pergunta parece estranha, mas pessoas com nomes comuns sabem bem o que é ter muitos homônimos. Felizes ou ruins coincidências, eles podem gerar situações inusitadas.

É diversão antiga na Internet pesquisar seu próprio nome e descobrir o inusitado. Com o alcance da rede, é possível localizar outras versões de você mesmo nos lugares mais distantes do planeta.

Pessoas com nomes mais distintos encontram menos, mas mesmo assim encontram. A exclusividade não é propriedade de ninguém. Ou o mundo é muito grande, ou nossa criatividade pequena.

Criatividade é raridade em Portugal, afinal é inegável a profusão de Marias, Manoéis e Joaquins. Lá a brincadeira na Internet é no mínimo trabalhosa. A lista será longa...

Nem é culpa de nossos patrícios. Em seu país, há uma série de regras para nomear uma pessoa. Normalização sob tutela do Instituto dos Registros e Notariado, de seu Ministério da Justiça, há até uma lista de nomes admitidos. Daí ser mais fácil optar pelos mais comuns!

Mas o mundo também é grande! Nomes não são tão "próprios" assim...

Trabalhei com um rapaz, há alguns anos, que tinha um nome bem incomum. Quando ele foi se cadastrar, em um serviço de e-mail gratuito, se espantou ao constatar não ser o único, na verdade já era o trigésimo primeiro. Sua vida nunca mais foi a mesma.

A pesquisa é como uma visita a universos paralelos. Naquela época eu recomendei ao rapaz que procurasse conhecer as pessoas. Quais seriam as origens de seus nomes? Em que países estariam? Como seriam?

Jim Kileen foi longe e encarou o desafio. Procurou, e encontrou, diversos homônimos seus. Fez contato e produziu um documentário com sua aventura. O trabalho pode ser conhecido no site Google Me The Movie, ou ao assistir seu DVD.

Abstrair as diversas possibilidades sobre nossas vidas nos leva a repensar a única que temos. Questões comuns ao mais reles mortais, sempre vivemos com os "e se ...?". Independentemente dos "ses", o segredo é se encontrar intimamente com seu eu, nas alegrias e nas tristezas de suas escolhas, pois dele nem a morte o separará.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Equilíbrio

Equilíbrio sempre faltou em nossa história.

A instabilidade de forças gerou constantes mudanças entre povos e nações, em meio às comunidades e sociedades, na alma do ser humano. É justo reconhecer ter sido mola propulsora de parte da evolução da espécie.

Dois fatores se destacam na contenda, muito mais do que a própria força: conhecimento e comunicação. Elementos primordiais na coesão dos grupos, estiveram constantemente presentes.

Conhecimento permite o desenvolvimento de novas capacidades. Percebem-se novas perspectivas em antigos elementos. Conseguimos otimizar os recursos disponíveis. Fazemos do pouco muito mais.

Comunicação permite a difusão do conhecimento. Multiplicação de possibilidades pela divulgação de idéias. Pela comunicação o grupo se transforma em um grande organismo pensante, propagar e gerador de novas soluções. Discutir o pensamento é regra básica para o mais produtivo pensar.

Apesar dos conflitos atuais existentes no mundo, há certa percepção de uma estabilidade nunca antes vivida. Problemas locais acabam recebendo atenção mundial e têm cerceada sua expansão. Em um grupo social expandido, distorções de todos os tipos são avaliadas por critérios muito mais universais e humanos.

Será essa situação conseqüência das tecnologias presentes? A mãe máxima de todas, a Internet, congrega a facilitação dos dois vetores da estabilidade. Ela também é tida como ícone da globalização, onda amada e odiada, mas indiscutível ocorrência. Quem é a galinha ou o ovo?

Em princípio, o acesso a grande rede é extremamente difundido, mesmo nas sociedades mais fechadas. Os mecanismos de controle, de censura, se mostram ineficientes. O saber está por toda parte, nos mais diversos sabores. Instituições renomadas do conhecimento, como o MIT, disponibilizam seus conteúdos e idéias através da web, a quem desejar.

Caso a percepção seja acertada, estaremos preparados para um mundo mais estável? A instabilidade promoveu nossa história até então, como viver sem ela? Decretaremos assim algum fim a processos inerentes à nossa espécie?

Na trilogia da Fundação, Isaac Asimov exercitou a visão de uma sociedade futura, para a qual o atingir de seu ápice, equilibrado e próspero, desembocou igualmente em sua derrocada. Tenderemos inevitavelmente ao desequilíbrio?

Entre perguntas e idéias, sigo a caminhar na linha tênue da observação. Procuro aproveitar os bons ventos que nos impulsionam. Trabalho para a viabilidade da continuidade. Exercito o equilíbrio, para deixar estruturas estáveis às nossas crianças, confiando serem elas capazes de um dia conduzir o barco, equilibradamente, mesmo em meio às tempestades.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Defesa

"Paul Watson é nosso pastor, nada nos faltará!"

Baleias pelo mundo poderiam entoar a frase acima, afinal o homem referido é o fundador da entidade Sea Shepherd, dedicada a proteção das baleias pelos mares do mundo.

Considerado um dos heróis ambientais do século 20, pela revista Time, também foi fundador do Greenpeace, do qual se desvinculou, devido ao viés burocrático que a instituição assumiu.

Ele pertence à classe de pessoas que percebe na natureza, ou na sua agressão, questões profundas dos rumos tomados pela humanidade.

Em três décadas de atividade, nunca feriram alguém. Sempre agiram quando leis internacionais foram violadas e sua intervenção poderia fazer diferença. Por isso, se consideram uma organização de ação e não de protesto. Sua atuação pacífica, mas firme, lhe rendeu muitas prisões, sem nunca ser condenado, pois nunca cometeram crime algum.

Esse ativista inspirado, apesar de ter criado uma organização, não acredita muito nas existentes pela causa ambiental. Declara confiar muito mais nas pessoas emblemáticas na luta pelo ambiente, citando inclusive o brasileiro Chico Mendes, morto há 20 anos.

Nos dias atuais, aqui no Brasil, em uma batalha menor, apenas em escala, mas não em importância, contamos com o estudante Róber Bachinski. Como relatado na reportagem da revista Época, ele luta na justiça pelo direito de não utilizar animais vivos em seu curso de Biologia, mesmo ao custo de atraso em sua graduação.

A causa ambiental é antiga. O meio ambiente se tornou tão importante ao ponto de merecer um ministério específico para sua gestão: o Ministério do Meio Ambiente. Mesmo com toda a polêmica da recente saída de Marina Silva, ele ainda está lá, carente de nossa atenção e vigilância.

De grandes animais, como baleias, a pequenos seres, como as cobaias, felizmente vemos o surgimento de muitos "pastores", preocupados na defesa de seus rebanhos. Já passou da hora de, todos nós, nos importamos com os vastos "rebanhos" de nosso planeta. Esperamos que um dia, aos pastores, reste apenas descansar na relva, em meio a seus protegidos, com o único objetivo de apreciar a vida!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Guideo

Pilotos do trânsito mundial, preparem-se para seus co-pilotos.

Na situação mais corriqueira, na rua da pequena cidade, ou em uma grande auto-estrada, podemos contar com novo auxiliar: o Guideo.

Tudo bem, ele têm um alto salário, ou custo de aquisição (cerca de US$ 2.000,00), mas pode revolucionar sua segurança ao volante. Parece até propaganda... :)

É apenas efeito do espanto pelo número de funções que ele pode desempenhar. Representa a concretização de muitas tecnologias em um único equipamento, além de bastante inteligência artificial. E lá vêm os robôs!

Um colega de trabalho, recentemente, mencionou achar que o futuro dos robôs, talvez se traduza muito mais em pequenos dispositivos embarcados em equipamentos da vida cotidiana, do que em autômatos ambulantes. Parece opinião acertada. E agora, saudoso Asimov?

O pequeno sistema comercializado pela empresa Valeo, no mercado externo, promete controlar mudanças de faixas inesperadas, acelerações e desaceleração anormais do automóvel, alertar sobre situações de possível impacto e ainda registrar momentos decisivos em casos de acidente.

É bastante responsabilidade para uma pequena "pecinha"! Como será afetada a psicologia dos motoristas quando recursos dessa natureza estiverem amplamente difundidos? Estaremos mais displicentes, ou despreocupados, na condução dos veículos?

Remover potencialidades do ser humano incorre em conseqüências indesejáveis. Conduzir um carro de passeio não é difícil. Difícil é a compreensão das variáveis envolvidas, dos riscos e da responsabilidade. Imprudência está presente cotidianamente. O trânsito nas grandes cidades, em parte, é causado por essa displicência, muito mais do que o volume de carros.

Corretores ortográficos já são exemplos dos efeitos da automação. A confiança nestas peças de software mostra seus efeitos. Trocamos a ciência pela insipiência. Nesse caso, ninguém morre, a não ser um pouco da língua portuguesa.

Se o controle veicular aumentar muito, teremos vias a nos conduzir, sem a necessidade de pegarmos ao volante. Com o intenso tráfego metropolitano, acabaremos em um metrô de superfície, formado por uma longa e bem controlada fila de automóveis.

domingo, 1 de junho de 2008

Coerência

Coerência se traduz em solidez.

Temos a capacidade de perceber, mesmo nas entrelinhas, a consistência de comportamentos e idéias, expressas por nossos iguais.

Quantas vezes ouvimos o pedido para falarmos a nossos filhos muito mais por atitude do que palavras? Nem sempre é fácil perceber o poder dessa postura.

Tão ou mais difícil é mantermos a coerência. Faz parte do embate entre nosso eu e nossas crenças. O eterno e delicado equilíbrio entre a pessoa interna e a pública.

Basta um minuto de descuido na vigilância e lá estamos nós, nos contradizendo, colocando por terra o trabalho constante de atuar, com firmeza, com a certeza das escolhas feitas.

Gratificantes são os momentos em que nossa alma se revela, autônoma, sem controles e coerente. Certeza das verdades impressas no coração. Lá gravadas permanecem mais enraizadas.

Somos capazes de começar pela racionalidade. Adequar nossos instintos à nossa elevada condição humana. Buscar o encontro com os outros, condizente com as necessidades comuns. União sublimada de iguais. Plantamos paulatinamente, cultivamos com inspiração e colhemos com alegria.

A escolha do caminho, apesar de relevante, pode ser distinto. Mesmo diferente do seu ou do meu, a coerência o torna respeitável. Religiosa, política ou socialmente, grandes homens demonstraram e demonstram grande coerência.

O exercício da coerência nos ensina muito. Faz-nos autoquestionar! Provoca a "autovisão". Compreendemos melhor o sentido de construir uma casa na pedra e não na areia... Fui coerente?