quarta-feira, 4 de junho de 2008

Equilíbrio

Equilíbrio sempre faltou em nossa história.

A instabilidade de forças gerou constantes mudanças entre povos e nações, em meio às comunidades e sociedades, na alma do ser humano. É justo reconhecer ter sido mola propulsora de parte da evolução da espécie.

Dois fatores se destacam na contenda, muito mais do que a própria força: conhecimento e comunicação. Elementos primordiais na coesão dos grupos, estiveram constantemente presentes.

Conhecimento permite o desenvolvimento de novas capacidades. Percebem-se novas perspectivas em antigos elementos. Conseguimos otimizar os recursos disponíveis. Fazemos do pouco muito mais.

Comunicação permite a difusão do conhecimento. Multiplicação de possibilidades pela divulgação de idéias. Pela comunicação o grupo se transforma em um grande organismo pensante, propagar e gerador de novas soluções. Discutir o pensamento é regra básica para o mais produtivo pensar.

Apesar dos conflitos atuais existentes no mundo, há certa percepção de uma estabilidade nunca antes vivida. Problemas locais acabam recebendo atenção mundial e têm cerceada sua expansão. Em um grupo social expandido, distorções de todos os tipos são avaliadas por critérios muito mais universais e humanos.

Será essa situação conseqüência das tecnologias presentes? A mãe máxima de todas, a Internet, congrega a facilitação dos dois vetores da estabilidade. Ela também é tida como ícone da globalização, onda amada e odiada, mas indiscutível ocorrência. Quem é a galinha ou o ovo?

Em princípio, o acesso a grande rede é extremamente difundido, mesmo nas sociedades mais fechadas. Os mecanismos de controle, de censura, se mostram ineficientes. O saber está por toda parte, nos mais diversos sabores. Instituições renomadas do conhecimento, como o MIT, disponibilizam seus conteúdos e idéias através da web, a quem desejar.

Caso a percepção seja acertada, estaremos preparados para um mundo mais estável? A instabilidade promoveu nossa história até então, como viver sem ela? Decretaremos assim algum fim a processos inerentes à nossa espécie?

Na trilogia da Fundação, Isaac Asimov exercitou a visão de uma sociedade futura, para a qual o atingir de seu ápice, equilibrado e próspero, desembocou igualmente em sua derrocada. Tenderemos inevitavelmente ao desequilíbrio?

Entre perguntas e idéias, sigo a caminhar na linha tênue da observação. Procuro aproveitar os bons ventos que nos impulsionam. Trabalho para a viabilidade da continuidade. Exercito o equilíbrio, para deixar estruturas estáveis às nossas crianças, confiando serem elas capazes de um dia conduzir o barco, equilibradamente, mesmo em meio às tempestades.

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