domingo, 29 de junho de 2008

Assemelhar

O amor nos faz assemelharmo-nos.

Olhar ao outro, com amor, é como olhar no espelho. Vemo-nos humanamente refletidos. Reconhecemos a semelhança entre as pessoas, isentos de qualquer idiossincrasia.

Lembramos da máxima "não fazer ao outro, aquilo que não desejamos para nós". Prefiro até melhorá-la, com "fazer ao próximo, o que desejamos para nós".

A visão no espelho não se trata daquela visão de parque de diversões, distorcida, jocosa para ser engraçada. Ao invés de desfigurar, transfigura.

Também se afasta da visão do espelho retrovisor. Aquela olhadela no farol para ver se há perigo. Disfarçadamente olhar, e ignorar, as mazelas a nos cercar. Olhos esticados a procura de ajuda, seja com venda ou com um simples pedido.

Dia 29 de junho, de todos os anos, são celebrados dois grandes mestres deste olhar do coração: São Pedro e São Paulo. Um foi exemplo do amor maduro e sereno. O outro portador do amor jovem e apaixonado. Ambos souberam transformar seus olhares para enviar a mensagem universal da fraternidade.

Uma vez que se enxerga a imagem no espelho da alma, jamais conseguimos esquecê-la. Alguns tentam negligenciá-la, mas seus ecos o perseguem constantemente, fazendo-os sentir o peso da mais íntima confessora: a consciência.

A elevação do semelhante à condição de felicidade é gerador da mais plena realização. Ápice do assemelhar é o desejo de plenitude do outro. Desejo motivado apenas pela simples satisfação de quem amamos.

Muitos são as cortinas a cobrir os inúmeros espelhos presentes em nosso caminho. Porém, as cortinas não são suficientes para encobrir os reflexos das repentinas luzes lançadas sobre eles. O pequeno brilho através das frestas destes tecidos é nosso alerta para a atenção aos grandes sinais da vida humana.

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