quarta-feira, 18 de junho de 2008

Inclusão

E pensar que comprar computador já foi negócio escuso... Já me explico.

Num passado não muito distante, afinal o que são 3 décadas na história do mundo, computadores eram itens apenas de grandes empresas. Bancar as condições estruturais para mantê-los exigia suporte financeiro e real necessidade.

Então, alguém teve a idéia de transformá-los em pessoais. Pessoais na questão do uso, por seu tamanho e finalidade, pois ainda continuavam restritos ao mundo corporativo.

Foram se tornando domésticos fora do país, mas aqui, devido às condições econômicas e de mercado, eram artigo de luxo. Ainda assim, para conseguir um, muitas pessoas recorriam a "alguém" para trazê-los. Um conhecido, ou conhecido do conhecido, ou um "amigo" conhecedor das rotas e meios para "importá-lo".

Nem estamos falando de supercomputadores, ao menos para os padrões atuais. O bom e velho XT era uma preciosidade, alçada a custos em torno de US$ 10.000! Singelo 1Mb de memória custava US$ 50. Jurássica essa história, não? Certamente muitos garotos acharão no mínimo loucura.

O mercado formal não se mexeu, graças ao protecionismo existente e a sustentabilidade garantida pelo mercado empresarial. Os "amigos" se mexeram, e muito! Anos depois, qualquer lojinha com pequena portinha podia oferecer equipamentos, com direito a garantia e financiamento!

Continuavam sendo franksteins, uma amontoado de partes que, quando bem equilibradas, formavam um belo exemplar de processamento. Os amigos viraram "entendidos". Um bom entendido era a solução de seus problemas. Claro que era uma solução constante e permanente... Sempre acabava necessário. De repente, só uma formatação ou uma limpeza.

Os primeiros a perceber, e aproveitar, as favoráveis condições econômicas e de mercado foram as empresas de componentes. Marcas de grife passaram a criar canais de distribuição, mesmo com os pequenos "integradores".

O dia em que a grande indústria percebeu o filão e a situação, atacou veementemente a disputa. Primeiro foram marcas menos conhecidas, criadas em solo tupiniquim. Logo as grandes grifes mundiais também aportaram e ofereceram suas soluções para a maioria dos desejos. Hoje até a sagrada Apple instituiu lojas parceiras e cria lojas próprias em terras verde amarelas.

Coitados dos "amigos", "entendidos", ou sejam quais eram suas denonimações. Seus dias jamais serão os mesmos. Melhor para a difusão da tecnologia em nosso país. Inclusão digital deve começar por acesso ao hardware...

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