quinta-feira, 26 de junho de 2008

Separação

Assuntos espinhosos colocamos de lado, ou embaixo do tapete.

Ocultá-los do horizonte da visão só aumento a confusão. Passam para o campo do mistério ou do proibido. Acabam crescendo no imaginário coletivo.

Para muitas pessoas, a simples menção da palavra "diabo" já é tema de arrepio. Conheço algumas que se inquietam com esta ou qualquer sinônimo referente.

Bastaria uma pequena pesquisa etimológica para jogar luz em tal assunto de trevas. Em nossas origens latinas, as pessoas sabiam muito bem batizar os elementos da vida, ou talvez nem elaborassem tanto, apenas falassem sua língua. Nós, distantes no tempo e na ortografia, acabamos distanciados das razões.

Diabo significa "aquele que separa". Talvez fique a pergunta, mas separa "o quê"? Para ser separado, um dia esteve junto? Quais eram as forças envolvidas na união, incapazes de resistir aos fenômenos separativos?

Soa um pouco como uma versão latina do yin yang oriental. Reconhecimento da presença bilateral das forças em nossa vida. Seu equilíbrio prescinde da presença de ambas. Separadas, a força negativa podem prevalecer.

A separação pode ocorrer também de nossa felicidade. Tudo aquilo que nos afasta de nossa realização, de nossa dignidade humana. É fácil identificar estes elementos e perceber o quanto eles podem prejudicar nossa existência.

Podemos ser separados também dos outros. Desagregados pelos mais diversos motivos. Sem dúvida, nada justifica a desunião. A velha máxima de "quando um não quer, dois não brigam" não é máxima à toa.

Compreender e encarar certos mistérios, como bem verbalizam ingleses e americanos "to face", auxilia em no fortalecimento e preparação para enfrentá-los. Mais do que mistérios, os entraves combatíveis do cotidiano são mais palatáveis do que escusas artimanhas do tinhoso.

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