domingo, 22 de junho de 2008

Utopia

Fantasia, ilusão ou quimera, nossas utopias exigem fidelidade.

São Thomas More, lembrado no dia de hoje, conhece muito bem estas exigências. Em parte por sua autoria de "Utopia", livro inaugural do conceito, por outro lado pela sua história de martírio.

Em seu livro, ele criou uma ilha imaginária, onde seus habitantes conheciam a forma ideal de uma sociedade. Livro fácil de encontrar para download, nos provoca a reflexão sobre o modo de vida contemporâneo. Alguns críticos o consideram uma sátira a sociedade do século XVI.

Na Europa pré-anglicana, Sir Thomas foi crítico em sua terra natal até mesmo ao rei. Quando Henrique VIII decidiu mudar a igreja conforme seus desejos, poucos ousaram ser contra, como foi nosso ilustre pensador.

Convocado a fazer juramento a nova ordem, se recusou e, por isso, foi encarcerado na Torre de Londres. Após julgamento, e sem ceder em seus princípios, condenado, acabou decapitado.

Firme em sua fé, recebeu a traição de pessoas próximas, contrapontos a qualquer visão utópica possível. Ainda assim, mesmo preso, continuou inspirado e escreveu o "Diálogo do Conforto nas Tribulações". A energia de sua integridade o mantinha certamente vivo.

Por que temos tanta dificuldade em conquistar utopias, apesar da evidente atração que elas nos causam? Acaso teremos problemas com a definição de valores? Parece que consideramos o custo para obtenção de nossos sonhos muito maior do que seu retorno.

O exemplo de More, como Sócrates em sua morte, denota a necessidade de firmeza de princípios, fé nos mesmos e coragem de assumi-los. Nobres qualidades, dignas de santos ou grandes filósofos. Mas nem só de grandes ícones...

No cotidiano, precisamos de inspiradores como estes, para tentarmos ao menos obter uma fração de seu ímpeto. A transformação de nosso meio se dará por grandes exemplos, e pela pequena contribuição de cada indivíduo, de acordo com suas capacidades e disponibilidade. E isso não é nem uma grande utopia.

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