sábado, 31 de janeiro de 2009

Papinha

Dá um trabalho, mas é bom demais!

Falando em aprendizado, de períodos bem pós-natais, uma hora chegam as papinhas. Pois é, não conseguimos viver eternamente de leite.

Em algum momento, temos que provar outros alimentos. Novos sabores, novas texturas, uma viagem rumo ao desconhecido. Imagino como seria no passado remoto...

Começa com as papinhas mais simples, com poucos elementos, para identificar se algum deles pode gerar um piriri. É melhor não arriscar.

Continua com elementos cozidos, beeeemmmm cozidos, para passar pela peneira e não restar nada sólido. Alguém imaginaria que fosse possível passar um pedaço de carne pelos furinhos da peneira? Haja cozimento...

Pouco tempo depois, as papinhas passam a ser apenas amassadas. Às vezes até ganham alguns fiapos, como de carne de frango ou verduras, ou umas pelotinhas maiores de batata ou cará.

Seja como for, em qualquer das fases, tudo tem de sempre ser fresquinho, feito no dia, senão na hora antecedente ao evento. Legumes e verduras frescas também. Sal quase nada e um pouquinho de azeite para incrementar. Descascar, cozer, amassar, descascar, cozer, amassar...

Aliás, põe evento nisso... Senta no cadeirão, ou em cima da mesa. Põe babador. Conquista a atenção. Vigia as mãozinhas. E vai, pacientemente, colherzinha por colherzinha, esperando a boquinha se abrir e degustar a bela refeição.

Esqueça de ter pressa. Ponha de lado nossa relação com nossa alimentação diária, ou com a tal história dos fast-foods. É um legítimo exemplar da onda slow food. Apreciar cada micro engolida, cada suspirar e cada tomada de fôlego, por menor que seja a quantidade.

Isso se ficarmos apenas no "céu de brigadeiro". De vez em quando, uma tossidinha, ou uma vontade de brincar, e lá vem uma chuva de gotículas alimentares. Babador nessa hora pouco adianta. Difícil conter sorrisos, ainda que necessário.

Pode demorar uma hora inteira, mesmo que seja apenas uma tacinha dessas de sobremesa. Tudo é aprendizado. Para um, a nova experiência de fonte de vida. Para outro, a contemplação da simplicidade e fragilidade da nova existência, carente de dedicação e atenção total.

Só aí percebemos como andamos distorcendo a noção de tempo. Nesta hora da papinha (hora mesmo) vivemos a eternidade. A troca de olhares e colheradas. Sorrisos, gracinhas e muita conversa. Pode dar o maior trabalho, do preparo à refeição, mas é inesgotável troca de carinho e amor filial.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Jejuar

Dureza essa história de jejuar.

Há algum tempo, descobrimos a necessidade de nos alimentarmos constantemente, em intervalos de cerca de três horas, em pequenas porções entre as refeições.

Depois que se ganha esse hábito, fica muito difícil fazer um jejum, posso garantir. O corpo clama por um pouquinho de alimento, estranhando a interrupção de algo tão rotineiro.

Porém não há outra maneira, quando precisamos fazer um hemograma. Pelo menos nenhum médico me contou. A suspensão da alimentação para observar as condições metabólicas é imprescindível.

Desde que comecei a fazer exames de acompanhamento anual, pelo menos um dia no ano acabo jejuando. É a época da revisão dos 30.000 km, 31.000, 32.000... Marco a consulta com o clínico geral e já vou em jejum. Saindo de lá, já passo no laboratório para a coleta de sangue.

Esse ano não foi tão fácil... Chego todo pimpão na recepção do laboratório e tenho uma surpresa. Um dos exames tem preparação específica, além da suspensão da alimentação. Já que a coleta será necessária em outro dia, aceita a sugestão de fazer todos os exames. Lá se foi meu esforço...

Esforço e tanto... Depois de jantar, bem cedo para os padrões cotidianos, resta escovar o dente e tentar esquecer. Parece que a simples necessidade já faz diferença e causa ansiedade. Para dormir ainda é muito cedo. Melhor procurar outras atividades para distrair.

Na hora de deitar a barriga chega a roncar. Reclamação natural do monstrinho que dificilmente entende a greve de abastecimento. Ao menos dormir para mim não é problema. No outro dia, é só acordar e ir direto para o laboratório.

Curioso no primeiro dia é que, entre consultas e deslocamentos, acabei passando mais um tempinho ainda sem comer. Quando percebi, já tinha passado a vontade de comer. Aliás, nem havia lembrado direito. Dava até uma sensação gratificante de auto-controle! Provavelmente reside aí o risco de alguns distúrbios alimentares.

Mesmo sem pensar em distúrbios, lembro do costume de jejuar em algumas culturas e religiões. Por penitência, compadecimento ou auto-conhecimento, praticam o ato em determinadas épocas ou períodos. Admirável controle voluntário.

Inegavelmente delicioso, depois dos exames realizados, é tomar um lauto café-da-manhã. Escolher um lugar bem gostoso, com os quitutes de preferência, no tipo e no sabor, e saciar a vontade de um pouquinho de mastigação e deglutição. Isso nos faz entender o verdadeiro sentido da palavra desjejum.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Drywall

Soluções engenhosas despertam, no mínimo, curiosidade.

Semanas atrás, na televisão, vi o comercial de um produto (ou sistema) chamado Drywall. Mais do que um produto, é uma solução de engenharia, substituta de algumas técnicas de alvenaria.

Consiste de um tipo de parede pré-fabricada, modular e "remendável" facilmente. Ao invés de fazermos as paredes internas da residência de cimento e tijolo, utilizamos os kits do produto.

A promessa é de facilidade para consertos, remanejamento e conservação. Se precisarmos mexer em encanamento, basta um recorte. Depois uma placa do material, alguma fixação e massa para arrematar. Simples e prático.

Tudo isso me lembrou uma história do Tio Patinhas, quando o professor Pardal procurou dar solução aos remendos asfálticos, comuns em cidades. Comgás, Sabesp, Prefeitura são peritos em esburacar ruas e deixar remendos irregulares, para a felicidade de empresas de suspensão automotiva.

Na revista em quadrinhos a solução foi miraculosa. Um capeamento a base de gelo, que não se desfazia a temperatura ambiente e permitia a visualização perfeita das estruturas subterrâneas. Para manutenção, bastava um equipamento que liquefazia uma área circular, possibilitando o reparo no local exato. Terminado o serviço, a solidificação instantânea fechava o problema perfeitamente.

Engenharia é uma ciência baseada no planejamento e execução metódica. Em princípio, se faz a idealização do lugar e forma de tudo, para não surgir depois a necessidade de "abrir" uma porta em uma parede pronta. Como se isso nunca tivesse acontecido em alguma construção...

Com a solução da propaganda essa possibilidade nem fica trabalhosa. Além da limpeza e rapidez para reparos futuros. Tudo bem que são necessários serras, pregos de fixação, materiais de reparo específico, a atrelar a solução inicial ao resto do tempo de vida das paredes.

Bom ou ruim? O ganho em praticidade pode reduzir a preocupação em planejar. Fico a imaginar a quantos remendos as tais paredes suportam... Com o passar dos anos, se transformaria num mosaico de retalhos por baixo da bonita e irretocada aparência. Falta uma solução engenhosa para nossas deficiências humanas.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Cisco

Visão, serva incondicional da atenção!

Quem nunca se arriscou a proferir o lugar-comum do tipo "vi mas não enxerguei" ou "olhei mas não vi"? Reflexos das condições do enxergar. Aceitação da fraqueza do olhar.

Brincamos com essa característica do sentido, com os livros de imagens 3D. Ficar segundos, minutos ou horas (depende da habilidade) para visualizar uma imagem em meio a muito estímulo visual.

Com habilidade de mudar o foco do olhar nos capacitamos a encontrar as imagens escondidas em intrincados arranjos gráficos. Verdadeiro exercício para o músculo dos olhos.

Certas vezes somos motivados por nossas intenções ou pretensões. Mateus, o evangelista, utiliza a figura do olhar para destacá-las: "Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu?" [1]. Quantas não são nossas traves...

Agora, nada melhor para o olhar do que o desconhecido, a novidade. Certa vez, li que ao apresentarem o cinema, pela primeira vez, a uma tribo africana, eles não conseguiam identificar as imagens projetadas. Uma questão da posição no espaço onde punham sua atenção.

Cotidianamente tenho meu exemplo para observação. Coisas da recente paternidade ou da tenra idade do rebento... Há sempre uma surpresa, alguns a se repetir por um bom tempo, a nos mostrar o complexo e maravilhoso desenvolvimento humano.

Minha pequena agora treina a precisão em segurar objetos com a ponta dos dedinhos, o indicador e polegar. Célebre movimento de pinça, graças ao polegar opositor. Dom concedido a nós e alguns outros primatas pela mãe evolução. Habilidade a nos distinguir na natureza.

Em alguns momentos, sentados à mesa, com ela no colo, seu bracinho parece se encaminhar em direção do nada. Em meio a tantas coisas dispostas, pratos, copos, brinquedos, ela pinça um pouco do nada! Vira o "algo" em sua direção e observa-o.

Ela pega pequenos ciscos ou grãozinhos, praticamente invisíveis aos olhos adultos à sua volta. Fica a apreciá-los curiosamente, esfrega as pequenas falanges para sentir sua textura. Descoberta do mundo nos pequenos e infinitos detalhes. Quanto para aprender!

Por familiaridade deixamos passar tantas coisas desapercebidas... Crescemos e perdemos a atenção. Desatentos terminamos um pouco cegos às "cotidianidades". Inúmeros tesouros esquecidos, recuperáveis apenas pelo olhar atento.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

BarackBerry

A mudança chegou!

Tecnologicamente, ao menos, parece que sim. Sem querer falar mais um pouco do novo presidente americano, mas já falando... Inevitável, principalmente quando o assunto é tecnologia.

Após oito anos de certa "idade das trevas", certo obscurantismo tecnológico, surgem luzes de novidades no governo americano.

Durante o governo Clinton assistimos o advento da Internet comercial. No último período, pouco mudou, fora quando algumas iniciativas ainda não foram podadas, das pesquisas com DNA ao ensino científico.

Uma vez eleito Barack Obama, um dos primeiros temas na mídia era seu uso intensivo de BlackBerrys. Só que presidentes naquele país eram totalmente desconectados, em todos os aspectos e meios.

Protegidos por um cerco de segurança e preocupação, toda e qualquer comunicação presidencial passa pelo crivo de equipes preparadíssimas.

Como solucionar o conflito? Seu staff foi acionado e conseguiram uma solução personalizada, para uma lista restritíssima de contatos. Um BlackBerry presidencial, simpaticamente batizado em alguns meios de BarackBerry.

Difícil distinguir se o apelido do gadget é bem-humorado ou preconceituoso... Basta ver a parte substituída no nome. O fato é imutável. Algo inédito foi concedido àquele presidente. E de abertura em abertura, as promessas de ventos inovadores ressoam pelos quatro cantos.

Aguardemos para ver o resultado. Na questão do "simples" BlackBerry, o desafio e gigantesco. Sabemos do inferno que é nos manter imunes a ataques. Dá para imaginar o trabalho do serviço secreto americano. Pelo menos será uma plataforma para desenvolvimento de muitas alternativas, com certeza secretíssimas.

Outras inovações também impressionam. É só dar uma visitadinha ao site do governo americano. Visual moderno e clean. A legítima Casa Branca virtual! Para completar encontramos o quê? Um blog! Tudo bem que não é diretamente o presidente, mas estão lá suas pretensões ou sua representação.

Ainda vale lembrar os vídeos e fotos da posse, enviados por participantes da cerimônia, registrados até mesmo por uma das "primeiras filhas". Promessas de investimento e pesquisa em energias renováveis, engajamento ambiental e outras promessas modernas. As mudanças parecem começar...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Etimologia

Palavras, suas origens, espelho da cultura.

A etimologia das palavras sempre me instiga a curiosidade. Gostaria de poder estudá-la, com afinco, ser um mestre na arte de entender as origens dos vocábulos.

Um amigo e professor é deste tipo de mestres. Em conversas descontraídas, como quem não quer nada, saca uma explicação (ou pelo menos arrisca) da formação de determinada palavra e sua consequente influência na contextualização.

Durante o expediente, no dia de hoje, ocorreu o momento em que gostaria de ter tal domínio. Numa conversa sobre bicicletas, motivada pela participação de um amigo no Bike Tour, surgiu a dúvida sobre a origem do nome "pé-de-vela"...

Pobre ciclista que viu tal peça apresentar defeito e interromper sua participação no evento. Perdido o término do percurso, ao menos motivou o início de uma busca.

Conhecer as origens traz meandros inusitados de algumas expressões. Recentemente, no livro "Qual é a tua obra?", de Mário Sérgio Cortella, li sobre as raízes de oportunidades, oportuno e afins. Os gregos nomeavam os ventos e o nome daquele a conduzir os barcos ao porto era Ob Portus ("que conduz ao porto").

Oportuna definição, não? De que adianta o vento se não soubermos conduzir a nau? Ou se não estivermos no momento certo para aproveitá-lo? São tantas ideias, mas diluídas no significado intrínseco que acabamos assumindo.

Em outro dia, procurando a pronúncia correta para palavra gadget, descobrimos errar feio ao pronunciar algo como "guédégué". O correto é algo como "guédjet", assim como em budget, widget, etc. Mas como? Não é inglês? E o "get" no final? Ledo engado. A origem é francesa, como as outras, tendo o sufixo "et" na composição!

E o que tudo isso está relacionado ao tal "pé-de-vela"? Qual a relação de vela com pedal, ou do pedal com castiçal? Nada! A explicação é simples. Uma alavanca acionada com as mãos se chama manivela. Então, uma alavanca aciona com os pés é... pedivela! A expressão oral da palavra nos confundiu na ortografia. Nós e um "quilhão" de fontes na Web.

Caminhos curiosos estes da evolução das palavras. E tem gente que ainda implica, e quer legislar, sobre os anglicismos. Mais belo é o aleatório mundo das fusões e refusões culturais. No final das contas, entre tantos papos e vocábulos, reparei que não questionamos qual a relação de vela com alavanca... Fica a pergunta.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Cidadania

Parabéns minha querida cidade!

Provavelmente, todos os anos parabenizarei a cidade de São Paulo, esfuziantemente. Inevitável a um paulistano apaixonado por sua cidade.

Digam o que quiserem, mesmo com seu frenesi, seus congestionamentos, esse gigante de concreto e almas tem muita beleza e vida para mostrar.

Inegável potencial, sem dúvida há muito para melhorar. Cidadãos por todos os cantos, com suas necessidades, suas carências, terminam esquecidos no agitado turbilhão metropolitano.

Quem sabe a cidade não guarda algum paralelo com seu patrono: São Paulo? De repente, ela vive uma história que culminará em grande transformação...

Um belo dia, com suas engrenagens a todo vapor, ela ouvirá uma voz vinda dos céus: "Paulo, Paulo, por que me ignoras?". E ela responderá: "Quem és Senhor?".

Ao ouvir a resposta, se defenderá dizendo que jamais o ignorou. Em pouco tempo descobrirá. Cada vez que esqueceu, abandonou, cada um dos pequeninos irmãos indefesos espalhados pelas noites frias de suas ruas, foi a ele que esqueceu.

Nós somos essa cidade. Sem nossa presença, resta apenas concreto imóvel, inerte, incapaz de mudar qualquer cenário. Toda vez que achamos normal uma criança faminta pedindo no farol, ou pior, quando ficamos com medo, somos nós a ignorar o chamado da vida.

Como exemplo, como guia, poderíamos ouvir muitas das célebres palavras do apóstolo. Inspirados por ele, trilharíamos caminhos melhores e mais humanos. Assumiríamos como lema sua frase: "Se eu não tiver amor, eu nada sou senhor!". Talvez isso esteja mais próximo da cidadania.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Quilos

Questões de peso têm tanto peso...

Geração saúde, alimentação saudável, qualidade de vida. Tantas são as expressões correlacionadas para a preocupação contemporânea com a condição física!

Quanto avanço na medicina, no conhecimento sobre nutrição, no desenvolvimento de alimentos... Mas ainda pobres mortais continuam a rotina de dietas e sacrifícios.

Vejo pessoas e mais pessoas, na academia, procurando perder os excessos de final de ano. Como se esse fosse a maneira mais adequada. Recuperar a forma enquanto outro ano novo não vem.

Preocupação estética ou de saúde? Às vezes o papo começa pelos princípios medicinais, mas, tendo em vista algumas formas de abordagem, o foco é estético mesmo. Compor um visual dentro dos padrões vendidos pela mídia moderna.

Somos humanos e, vez ou outra, caímos nas tentações de nos preocupar com as efemeridades da vida. Ocorre que para alguns o assunto está mais para obsessão. Ininterrupto alerta por gramas, centímetros e outras medidas.

Medidas como o IMC. Só que ele não pode ser generalizado. Diferenças de idade, de composição corporal ou compleição física podem distorcer os resultados e classificar inadequadamente uma pessoa. Se ela padecer da neurose do peso, isso pode ser terrível! :)

Engraçadas também as respostas à auto-imagem. Há aquelas pessoas em forma, mas constantemente veem no espelho alguém com dimensões maiores. Por outro lado, alguns bem dimensionados, não veem problema algum com seus reflexos, mesmo quando lhes afeta a saúde.

Nossos organismos são complexos o suficiente para cada pessoa responder de maneira diferente a alguma mudança de hábitos alimentares ou atividade física. Joguem fora qualquer fórmula mágica. Mágica é coisa para feiticeiro ou ilusionista. Serão de pouca valia no caso.

Melhor mesmo, quando realmente necessário, acompanhamento médico. Acima de tudo, é indispensável a aceitação pessoal. Mais do que uma questão social ou metabólica, tem um peso considerável a quantidade de amor-próprio.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

QI

Qual a verdadeira medida da inteligência?

Aliás, será que há alguma? É possível medi-la? Conseguiríamos restringir as inúmeras habilidades humanas, com toda a diversidade em uma simples unidade?

Por algum motivo, social, inato ou divino, insistimos em nos comparar. Comparamos e classificamos, colocamos certo tipo de ordem, com os mais diferentes e misteriosos objetivos.

Já há mais de 100 anos, conceberam o tal teste de Q.I.. Através de testes específicos, calculamos um índice da capacidade intelectual do indivíduo.

Validade questionada, precisão investigada, tão antigas quanto sua existência, as dúvidas pairam, mesmo que apenas em nosso senso comum.

Privilegiaria a capacidade lógico-matemática, em detrimento de outras faculdades humanas. Músicos, grandes oradores, habilidosos políticos, dentre tantos outros destacados artesãos das características do homo sapiens, fundamentam os argumentos da teoria das Inteligências Múltiplas. Somos mais complicados...

Interessante observar também, que foi notado ao longo do tempo, um aumento do quociente médio das populações. Distribuição de graças da natureza? Ou contestação da própria grande mãe às nossas petulantes formulações?

Efeitos alimentares poderiam influenciar. A mudança dos padrões da alimentação, o aprimoramento da produção, melhoria da qualidade, surtiriam efeitos benéficos no índice. Tudo bem que Mc Donald's e afins estão longe de serem produzidos para melhora intelectual...

Pensar no aumento do estímulo recebido pela vida contemporânea é mais plausível. Observamos o quanto o estímulo é importante no desenvolvimento infantil. A geração N (ou Z) , os tais nativos digitais, praticamente o recebem desde o ventre materno.

Quantos outros motivos não podemos eleger? Quem sabe até uma aproximação cultural maior com as tais habilidades lógico-matemáticas. Seja como for, ao olhar para nosso mundo atual, os padrões de comportamento humano, pensamos se realmente houve aumento de inteligência, ou se é esse tipo que desejamos... As evidências falam por si mesmas.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Estio

Novamente às voltas com a ficção científica...

Por diversos posts reflito sobre a questão. Basta procurar por ficção, Asimov ou outro termo associado, neste blog. Natural para quem se diz aficionado?

Preocupações com o sonho humano, com sua habilidade em sonhar... Seria apenas a aspereza da contemporaneidade a nos exaurir e incapacitar, embrutecer?

Dia desses, li algumas opiniões a discutir os motivos do nosso atual estio científico ficcional. Giram em torno da tecnologia moderna, como eu já venho aventando.

Avançamos tão rápido tecnologicamente que nem temos tempo de vislumbrar o futuro? A velocidade nos dá poucas condições de entender plenamente o momento, poder conhecê-lo, para conseguir então projetar quais seriam os possíveis desenvolvimentos, ou quais desejaríamos.

Quem sabe, por outro lado, temos condições muito melhores de antecipar as inovações e os rumos a seguir, ao ponto de ficar sem graça "brincar" de adivinhar. Perdemos o lúdico em decorrência da sisuda certeza do advir.

Há quem culpe o ritmo da vida. Passamos tão rapidamente nossos dias que, quando nos damos conta, já é amanhã. Falsa sensação de viver continuamente o futuro! Para que então sonhar com ele, se está sempre tão "presente"? É questão de pouco tempo...

Também se postula a falta de conhecimento. Isaac Asimov, Carl Sagan, Júlio Verne eram, antes de mais nada, conhecedores da ciência e seus meandros. Acadêmicos profissionalizados têm hoje pouco interesse me especular sobre o mundo que deveria diverti-los?

Sem ciência ficcional ou mitologia popular sinto a humanidade um pouco menos humana. Prefiro uma outra versão, mesmo que assombrada por demônios. Mais graça e mais cor pontuavam os mistérios da vida, impulsionavam desejos de descoberta e sobrevivência.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Cubo

Simples, genial e intrigante...

Lembra do Cubo Mágico? Nome popular do Cubo de Rubik, contou com seus dias de glória, febre mesmo, mas ainda anda por aí, desafiando viciados em seus movimentos.

Em certa época, todo mundo tinha um. Novidade das melhores! Com maior ou menor velocidade, às vezes mais de mês, acabávamos conseguindo vencê-lo.

Hoje encontramos umas versões bem porcas, fuleiras, à venda nos camelôs. É duro até de realizar qualquer movimento. Para os aficionados certamente é ignorado, indigno de sua atenção.

Bem antes da Internet, arranjávamos maneiras de divulgar técnicas e soluções para resolvê-lo. Havia quem também fazia um trambique, desmontava o coitado e remontava bonitinho.

Num primeiro olhar, ninguém dá nada por ele. Afinal, quer estrutura das mais simples, como o cubo. Fácil de desenhar, imaginar. Corriqueiro em muitos desenhos e estruturas.

Só que suas pequenas restrições de construções (as arestas com cores fixas) produzem um quebra-cabeça, digno de rachar as melhores cucas. Essa simplicidade toda é capaz de produzir mais de 43 quintilhões (18 zeros) de combinações!

O grande desafio é descobrir qual a sequência para resolvê-lo em número mínimo de movimentos. Levas de pesquisadores se debruçam, pelo mundo, para estudar tais movimentos e suas implicações. Coisa de matemático, tentando formular a natureza ou nossas criações.

Nossos colegas, amigos dos números, têm avançado bastante. Também pudera, alguns já trabalham há décadas na questão, com poder de processamento inimaginável. Expoente na área, Tomas Rokicki é um destes. Estamos falando de terabytes de dados e milhares de horas de execução em computadores sofisticados. E pensar que algumas pessoas, velocistas do jogo, levam poucos segundos em sua solução...

Tudo isso para quê? Apenas diversão e desafio? Ledo engano. Os conceitos explorados e adquiridos podem colaborar imensamente no desenvolvimento de algoritmos criptográficos, baseados em suas simetrias, por exemplo. Itens cruciais em nosso mundo tecnológico. O cubo, singela brincadeira, acaba por virar conhecimento importante e estratégico. Mágico, não?

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Posse

É hoje. Chegou a hora da verdade!

Ao menos o começo... Depois de tanta expectativa eleitoral e eleitoreira, toma possa no novo presidente americano, Barack Obama (o 44º, lá eles contam). Haja coragem!

Nas prévias sobre o rumo que assumirá parece demonstrá-la... Segundo a mídia, fará referência e menção, durante a posse, a dois grandes presidentes de seu país: Abraham Lincoln e Franklin Delano Roosevelt.

O primeiro enfrentou o regime escravagista e a Guerra de Secessão. Já o segundo comandou o país durante a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial. Ambos foram vitoriosos e serão eternamente lembrados pelo seu povo.

Grandes expectativas geram o problema de que a frustração pode ser proporcionalmente intensa. Conseguirá Obama desencavar o espírito heroico e enfrentar os imensos desafios contemporâneos?

Seus antecessores tinham condições diferentes em seu tempo. Ainda que fossem semelhantes, e ele possuísse as mesmas qualidades, quem garante que os resultados seriam os mesmos? Vício antigo de tentar projetar o futuro, baseados no passado. Infelizmente, é tudo o que temos...

Ele recebe um país economicamente combalido, apesar de ainda ser "a" grande potência mundial nas mais diversas áreas. O rombo atual passa da casa dos trilhões de dólares! É difícil imaginar a dimensão do peso de todo esse dinheiro.

Herda duas guerras, Afeganistão e Iraque, grandes trapalhadas infelizes. A batata quente caiu no seu colo e dele será difícil repassar. À primeira vista, qualquer ação tomada ganhará contornos de insucesso. Quais cartas na manga ele terá?

Sobre a crise do crédito imobiliário, nem precisamos lembrar. Pé da rasteira tomada por sua nação, todas as medidas até o momento somente resvalam no monstro criado. Abatê-lo exigirá empenho e inteligência muito maiores.

Encontrará um país com ideologias retrógradas e fechadas reacendidas. A última gestão conseguiu trazer à tona temas como o criacionismo e a desmotivação de pesquisas com células-tronco. Alguns anos podem ter se perdido.

Pelo mundo, a imagem do país está arranhada, com tantas intransigências e unilateralidades. O Oriente Médio vê o agravamento de seu principal conflito e os estilhaços inevitavelmente espirram na grande nação americana. A futura secretária de Estado, Hillary Clinton, deixa clara a compreensão do drama, ao pronunciar a frase: "Temos de construir um mundo com mais parceiros e menos adversários".

Como não fossem suficientes os problemas econômicos e políticos, ainda terá de enfrentar a marcação serrada, devido a suas origens e cor da pele. Seus próximos anos serão dureza. Tarefa para um mítico herói. A contar pelas poucas linhas deste post, veremos pelo menos a história dos "Nove Trabalhos de Obama".

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Outliers

Maravilhoso e incessante caos!

Mitológico e primordial, Caos, o deus grego, ficaria com ciúmes de saber o quanto seu xará está dissolvido em nosso cotidiano, agindo sorrateiramente no destino humano.

O caos referido inicialmente é o conceito desenvolvido por nossa ciência contemporânea. Gerado na Matemática, norteia muitas das questões e soluções da existência.

Se pensarmos bem, a história de problemas com enormes e incontroláveis variáveis é um pouco a admissão de nossa pequenez em abarcar a natureza e compreendê-la.

Criamos então uma visão macroscópica, estatística, factual, capaz de nos permitir certo controle dos problemas e a aplicação de conhecimentos em soluções previsíveis e práticas, apesar de toda complexidade ferramental exigida.

Malcolm Gladwell, em seu livro "Fora de série - Outliers", usa de capacidade analítica extrema para pinçar das mais variadas situações a possível variável mais representativa, influente nos destinos das pessoas fora do comum. Pretende propor alguma ordem ao caos...

Quais fatores biográficos distinguem Bill Gates, Steve Jobs, Mozart ou campeões da liga de hóquei canadense, de outras pessoas, ditas comuns? Seriam características pessoais ou ambientais, as principais vantagens destas pessoas? Como teriam terminado, se pequenas mudanças fossem feitas?

Apresentado de forma didática e acessível pelo autor, o resultado de seu estudo corrobora a complexidade de nossas trajetórias. Entre características pessoais e condições ambientais, somos o resultado de uma combinação única. Uma intricada rede entre o particular e o público, a vida pessoal e a social.

Alguns pré-requisitos como empenho, dedicação e esforço são comuns. Um deles é chave: 10.000 horas. Quantidade de tempo necessária para o exercício de uma atividade até atingir a excelência, em qualquer área. Determinismo intrigante, mas com peso enorme. Barreira transponível e inevitável, fruto de persistência e afinidade.

Se dependemos tanto de oportunidades, sorte e empenho, além de dons inatos, faz sentido procurar controlar nossas rotas? Beleza da ação do caos! Metáfora antiga do rio da vida. Pouco dominamos da existência, por mais que insistamos em tentar.

Longe de ser derrotista, a mensagem do livro é um alerta à consciência. Conscientes do caldo a nos envolver, precisamos nos conhecer e saber observar as boas condições à nossa volta. Agir em busca da excelência, no melhor que sabemos realizar. Em suma, sermos verdadeiros e autênticos, em qualquer momento e aspecto de nossas vidas. O resto o caos proverá.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Encontro

Inúmeros são os encontros pela vida.

Encontramos pessoas ou pessoas, ideias, ideais, empáticos motivos para amarmos. Algo se liga, se conecta profundamente em nossa alma, capaz de nos transformar.

Encontro é resultado de contato, convivência, paciência e uns tantos outros ingredientes capazes de criar e fortalecer uma relação. Construção de sociedade coesa e humana.

Ouvi hoje que para afirmarmos que conhecemos alguém precisamos comer, compartilhar, uma saca de sal inteira. Como se fossem insuficientes os "salgados" cotidianos.

Porém, a referência não está no dissabor de tanta salmoura. Tal quantidade de sal não é para ser consumida de uma vez só, de única e difícil leva.

O sal, usado em tão pequena quantidade frente a outros ingredientes, é gasto em pitadas, pequenas porções, salpicos. Sendo assim, o consumo de tamanha quantidade, cerca de 60 kg, será lento e demorado, tempo suficiente para o amadurecimento do conhecer.

Encontrar profundamente, fortemente, elevando e extraindo o melhor de cada um. Segue por aí a Pedagogia do Encontro, filosofia elaborada e difundida por Alfonso López Quintás. Pautar nossos atos na busca de encontrar os outros pode ser a chave para problemas modernos.

Oposta ao encontro é a separação. Separados sentimos saudades, desejamos a volta, re-encontrar. Saudade, sentimento complexo, de tantas formas explicado, mas sentido apenas de uma. carecemos da força e energia complementares daqueles que conquistaram parte de nós.

Entre encontros e desencontros, construímos nosso futuro. Disponíveis aos momentos possíveis, usufruíremos dos melhores resultados da união. De todas as lógicas existentes, a única capaz de promover plenamente o encontro universal, é a lógica do amor, indistinta e sinceramente.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Erro

"Quem nunca errou, que atire a primeira pedra!"

Constatação ancestral da imperfeição humana, a ideia expressa na frase acima corrobora com a história de que "errar é humano".

Errar, preocupação ou tema antigo. Vivemos a volta com o temor de cometer um erro. Apesar da ciência da possibilidade... É frustrante!

Tal possibilidade parece desafiar nossas pretensões a divindade. Para quem se vê construído à imagem e semelhança do divino, é difícil assumir o defeito de fabricação.

Possivelmente, por este motivo, vieram com o eufemismo de que "aprendemos com nossos erros". Problema resolvido. Além de ser normal, errando estamos nos melhorando de alguma forma.

Lição do mestre Mário Sérgio Cortella, em seu livro "Qual é a tua obra?": Não aprendemos com nossos erros, mas com o seu reparo. Quando entendemos e assumimos nossas falhas e, em seguida, buscamos consertá-las, compreendemos melhor as situações e condições para não repeti-las.

Relembra bem a história de Thomas Edison, ícone dos inventores e empreendedores, que precisou de mais de mil tentativas para produzir a lâmpada elétrica. Dentre tantos erros, ele fazia questão de pontuar que havia apreendido 1.430 formas de como não fazer uma lâmpada.

Dependendo da postura adotada frente ao erro, aprendemos mais até de nós mesmos, muito além dos alvos de nossa tarefa ou estudo. Exercitamos o reconhecimento de nossas incapacidades, desencavando o espírito da humildade.

Sim, assim conseguimos aproveitar as derrapadas, com um misto de reflexão e atitude. Pena grande parte das pessoas optar pela via da omissão. Omitir, tentar esconder, mas de quem? Em certa medida, oportunidades únicas destas devem ser exploradas. De resto, vale a antiga máxima de "sacudir a poeira e dar a volta por cima".

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

CCE

Velhos preconceitos, inesperadas surpresas.

No final do ano passado, depois do Natal, minha mãe decidiu comprar um computador, de uma vez por todas. Ela tinha o seu, meio antiguinho, mas mesmo para seu uso esporádico era lento demais.

Pesquisei um pouco as opções do mercado, considerando poder aquisitivo e desempenho computacional, para chegar a um preço em torno de R$ 1.000,00.

Preço definido, tivemos a ideia de procurar em um hipermercado próximo de casa. Facilidade e economia com transporte, além de poder presenciar a escolha, ao vivo e antecipadamente.

Chegando lá, os preços se mostravam desanimadores. Configurações mais simples por preço ligeiramente maiores. Parecia que daquela vez ainda não seria possível o tão esperado upgrade.

Coisas do destino, um prestativo vendedor nos interpelou. Ao questionar sobre nossas necessidades e desejos (além da disposição econômica), foi rapidamente pesquisar em seu sistema e nos trouxe uma proposta.

Por R$ 100,00 a mais, conseguiríamos um equipamento Core2Duo, com HD de 250 Gb e memória de 2Gb, mais Linux instalado. Soava uma boa proposta e animado perguntei a marca do equipamento proposto. Súbito espanto: CCE!

Mal lembrava que eles faziam computadores. Só havia na memória as antigas piadas em torno de sua linha de eletroeletrônicos, aliada aos trocadilhos com seu nome. Único jeito de decidir: ligar e tentar avaliar desempenho e características.

Ainda prestativo, o vendedor desmontou sua exposição para ligar a máquina em questão. Linux, sem acesso a Internet, restou-me carregar o Gimp para fazer uma ligeira avaliação. Execução surpreendente, em carga e manipulação de imagens.

Negócio fechado! Burocracia cumprida, porta-malas carregado, fomos para casa instalar a novidade. Manteríamos do jeito pré-configurado, com Linux e tudo, procurando preservar licenças e performance.

O sistema operacional azeitado, customizado até o último detalhe, facilitou o uso para todos os recursos. Gerenciamento de fotos, exibição de DVDs, edição de textos, navegação na Internet. E olha que foi temporariamente uma quase instinta conexão discada! Excelente e acessível escolha!

Certamente minha mãe fará excelente uso e poderá aproveitar muito a nova aquisição. Até as novidades de um desconhecido sistema são estímulo e interesse. Se desprezássemos prontamente, apenas pelo preconceito com a marca, perderíamos ótima oportunidade. Quem sabe a surpresa começa a transformação do acrônimo CCE para "Comprou, Conquistou, Encantou".

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Compras

Comprar on-line me assusta um pouco...

Indiscutível a praticidade oferecida pela compra através de meios eletrônicos. Já perdi noção de há quanto tempo faço uso destes mecanismos.

Do conforto de sua casa, em poucos minutos, desde que haja disponibilidade financeira e de estoque, você consegue encomendar praticamente qualquer item, de qualquer lugar do mundo, a qualquer hora.

Sem falar da utilidade dos serviços de comparação de preços. Em poucos cliques, pesquisa pronta. Tudo bem que ficamos restritos há fornecedores cadastrados, mas quem não deseja boas referências?

Às vezes, vale até a pena pesquisar on-line, conhecer ao vivo e voltar para comprar na Internet. Porém já estão providenciando formas de aprimorar o contato com o produto, através de imagens 3D, opiniões de clientes, comparativos técnicos e simuladores virtuais.

Os prazos de entrega se encurtam constantemente. Se bem que, para que prazos mais curtos? Por exemplo, a Livraria Cultura oferece para parte de seu catálogo a entrega no mesmo dia, até às 21:00h, desde que o pedido seja feito até às 15:00h!

Compra feita, ansiedade formada. Pelo recebimento. Os sistemas de rastreamento de remessa minimizam os efeitos. Nos Correios visualizamos a trajetória de uma encomenda, posto a posto, por cada cidade que ela passar. Dependendo das distâncias, conhecemos os caminhos mais inusitados pelo país.

Quem mora em condomínios tem a facilidade de uma portaria 24 horas. Ao chegarmos em casa, lá está o porteiro com o item esperado. Dependendo do volume remetido e frequência de compras, a pessoa deve ficar imaginando o morador sentado no computador e não fazendo outra coisa, além de digitar constantemente o número de seu cartão.

Até abrir as encomendas gera um certo deleite. Na maioria dos casos, intricadas embalagens, preparadas para o bom acondicionamento e proteção. Tem relação até com o sentimento de posse, de conquista... Consumismo.

Reside aí o temor! Como as melhores teorias da conspiração, todo o engenho parece moldado a nos induzir ao consumo e nos consumir... Se as formas tradicionais já eram o terror dos consumistas compulsivos, imaginem com tantos atrativos tecnológicos e firulas.

Fácil, fácil, se bobearmos, estamos perdidos em meio a virtualidade. Sem o contato concreto, com dinheiro virtual e coisa que tais, há um esforço maior em manter a percepção, o senso, o equilíbrio. Sem demonizar aquilo que pode trazer bons frutos, estamos desafiados a nos manter conscientes. O susto inicial pode evitar consequências aterrorizantes.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Urgência

Sabemos discernir corretamente o urgente do importante?

Imersos no pragmatismo contemporâneo, sobrevalorizamos as urgências em detrimento das importâncias. Sufocamos com as pressões da necessidade imediata.

A inevitabilidade do atendimento jamais deveria pautar nosso foco, nosso dispêndio de energia. Se urge, deve ser resolvido, o mais breve possível e pronto.

Devemos contar com ferramentas suficientes para realizar a tempo a intervenção. Mecanismos previamente preparados para impedir que negligenciemos tais demandas imediatas.

Justamente por isso mantemos o foco no planejamento, nas diretrizes de longo prazo, eficientes na condução equilibrada de nossos atos, naquilo que importa.

Comportamento útil em todas as esferas da vida, profissional ou pessoal, acadêmica ou esportiva. Sem a consciência das concretas importâncias, vagamos de pressa em pressa, sem tempo para nada.

Sintoma resultante: a comum resposta à pergunta "Como vai?". "Tudo bem, na correria!". Brinca certo amigo, ao ouvir tal resposta, "Para onde?". Normalmente, as pessoas estão correndo, sem muita perspectiva de seu destino, do porto de chegada, das metas a atingir.

Ninguém deseja aqui desacreditar a necessidade de socorrer, acudir, sanar em situações emergentes. Por outro lado, o desejo é reforçar, destacar, a necessidade de cuidar, valorizar, atender, acompanhar. Os valores importantes se cultivam paulatinamente, nos atemos continuamente.

Qual maior importância do que atenção e carinho aos filhos, à família? Insuperável. Como imaginar maior cuidado com o próximo caído, enfraquecido, esquecido? Impossível ocultar a suma importância da humanização e do amor.

Mesmo no âmbito profissional, o cuidado com suas responsabilidades e incumbências requer carinho e dedicação. Temos de nos preparar para remover as urgências do caminho, com controle e eficiência. Caso contrário viver em função da urgência pode nos colocar em situação de emergência.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Preguiça

(Atenção! Após ler o post abaixo, recomendo a leitura dos respectivos comentários, para esclarecimento de equívocos cometidos em sua argumentação.)

"Aristides é um típico garoto de 13 anos de idade..."

Dificilmente um texto começado com essa frase passaria desapercebido. A começar pelo nome do protagonista... Aristides, com 13 anos?

Somemos ao fato o assunto na sequência, referente a programas e games que promovem a onda de computação em grid, para a pesquisa de assuntos científicos.

Então, suponha a surpresa se nos deparássemos com o mesmo texto, com todas as linhas iguais, em duas publicações impressas diferentes, de editoras concorrentes...

Pois é, eis a triste constatação que fiz no dia de hoje. As publicações em questão são a revista Época desta semana, com a matéria "O novo astro pode ser você, e a revista INFO deste mês (entregue nesta semana), com a matéria "O computador é você".

Num primeiro momento cheguei a duvidar da minha sanidade, ou no mínimo da minha atenção. Seria possível que li a mesma coisa? Duas vezes? Ao conferir as primeiras linhas, ainda pensei se seriam coincidências de citações. Que nada, o texto era exatamente o mesmo, com a mudança apenas do título.

Pelo menos pude notar que o autor mencionado é o mesmo: Lewis Dartnell. Em princípio foi respeitado... Será? Saberá ele que seu texto recebeu dois títulos diferentes, com duas conotações bem diversas? Duvido muito.

Já é cansativo perceber na mídia matérias de mesmo tom, ou até conteúdo, se repetindo em diferentes canais de comunicação. Culpa da globalização, da concentração em fontes consagradas, como a BBC Brasil. Para que enviar um correspondente internacional, com todos os custos inerentes, se temos material de qualidade vindo desta agência?

Podemos até aventar a possibilidade do autor ter enviado a mesma matéria para duas demandas diferentes. É pouco provável... O autor inglês não teria enviado o texto em português e as publicações conseguirem traduções exatamente iguais é completamente inconcebível.

Eu não quero ler o mesmo texto duas vezes. Nem vou... Principalmente em publicações com linhas editorais distintas. Aprecio a diversidade, ainda mais a opinante. Posso estar equivocado, mas é questão de respeito, no mínimo. Depois nos queixamos da preguiça das pessoas pela leitura. As preguiças começam bem antes.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Imaginação

Imaginação nos leva bem longe...

Tecnologias para mapas e posicionamento são febres do momento. Campeões de audiência na Internet, em publicações especializadas ou no celular mais próximo de você!

Se fornecedores de tais recursos (concorrentes, é claro) juntassem esforços e soluções veríamos o surgimento de um mundo completamente novo.

Ouçam... A Matrix chama! Fugimos, escapamos de visões da ficção, mas ela continua a espreita, esperando o momento certo para vir à realidade e se firmar.

Com os mapas do Google, e sua função Street View, registramos imagens reais de locais marcados em ruas e caminhos virtuais. Uma decoração para facilitar a identificação, a relação entre o concreto e o abstrato.

Milhões de usuários pelo globo, a enviar suas fotos de pontos cotidianos, poderiam mapear qualquer ponto habitado. Até mesmo os mais remotos, dependendo de aventureiros espirituosos. Contribuição valiosa para algo como o Photosynth, da Microsoft.

Quando postei sobre o serviço do Live Labs, nem havia imaginado a possibilidade de união dos serviços. Com o volume possível, afinal colaboração também é pauta do momento, seriam possíveis reconstruções bem completas de localizações de cidades pelo mundo.

Sonharia com algo como o "Ancient Rome 3D", também do Google, só que com imagens realistas, atualizadas nos últimos dias. Encontrar a padaria da esquina, podendo passear virtualmente por suas dependências e conhecê-la sem estar lá.

Os cenários construídos poderiam ser importados em um sistema de gerenciamento de mundos virtuais, como o SecondLife. Com avatares criados à nossa imagem e semelhança, com captura 3D de nossos corpos, estaríamos lá inseridos e capazes de voar!

Para acessar a nova realidade, interfaces Wii novíssimas, ainda não lançadas (quem sabe...). Além dos comandos orientados por movimentação, trariam feedback tátil. Uma interface sensorial capaz de promover a imersão total de nossos sentidos.

Ambiente tentador e viciante. Se com os videogames contemporâneos já é fácil pessoas se viciarem, imaginem com tamanha interatividade e realismo... É verdade que, depois de tantas inovações, menos imaginação será necessária.

Possivelmente tais novidades estejam mais próximas do que imaginamos. Adoramos tecnologias inovadoras e lugares propícios a algumas escapadas. Sonhos correm o risco de se tornar verdadeiros pesadelos. Ou não...

domingo, 11 de janeiro de 2009

Arcanjo

O mundo digital atinge as mais diferentes esferas.

Estreou há pouco tempo o site da comunidade participante da paróquia São Miguel Arcanjo, "O Arcanjo no ar". Os anjos ganharam seu espaço virtual.

Bacana da Internet é dar voz a todas as pessoas, indistintamente, sem importar tamanho ou influência. Pequenas comunidades podem conquistar um espaço de congregação e divulgação.

É verdade que se faz necessário acesso a rede, mas podemos considerar isso uma questão resolvida, ao menos na cidade de São Paulo.

O novo portal contempla as principais características do melhor presente na Web. Notícias, blog, artigos, fotos, newsletter: informações à vontade sobre as atividades da comunidade.

No blog, capitaneado pelo pároco, Monsenhor Júlio Lancellotti, palavras diárias da expressão do sentimentos e acontecimentos da caminhada de seu povo. Celebrações, penares, acontecimentos e reflexões, o dia-a-dia de um empenhado e atarefado sacerdote.

Ganham rosto todas as pessoas que participam. Na seção "O Rosto da Comunidade" há um índice para fotos dos principais eventos e encontros. Um quê de rede de relacionamentos, para verem os conhecidos e se fazer ver.

Até voz o Arcanjo tem! Uma área dedicada a publicação de áudio e vídeo, "Voz do Arcanjo". Sermões de dias especiais, contos e histórias narrados pelo pároco. Em época de Natal, a novena foi divulgada para ser ouvida e acompanhada. Releitura moderna de uma antiga tradição católica.

Orações e reflexões não poderiam faltar, para por em pauta ideias e pensamentos, contemporâneos ou tradicionais. Reforço no conhecimento da doutrina e insumo para compreensão da própria fé.

Destaques, eventos e notícias fazem a veia jornalística, das questões sociais, comunitárias ou mundiais. Opinião e reportagem do cotidiano, sempre referente a visão compromissada com os preceitos de sua filosofia. Tudo sempre acompanhado de muitas fotos e fontes de informação.

Web é isso aí! Informação, colaboração (comentários e contribuições são muito bem-vindas) e acessibilidade. A pequena paróquia se faz ouvir pelo mundo. Que o Arcanjo esteja no ar, pela rede mundial ou presente em nossas vidas. Inspiração diária conduzida plenamente pelo amor.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Básico

Esporadicamente elementos cotidianos se fazem notar.

Inúmeras coisas básicas do nosso cotidiano moderno se escondem em nossa rotina. Terminamos por esquecê-los, nem lembramos que existem.

Almoçava num shopping no dia de hoje. Nada demais, fast-food do mais típico. A única exceção era deixar de enfrentar a lotada praça de alimentação. O restaurante, neste caso, possui um espaço próprio.

Durante a refeição, lá na praça de alimentação, uma das opções resolveu dar uma "animada". O palhaço (literalmente) se pôs em frente à loja (nem preciso dizer qual) e começo a cantar e puxar o coro (duvidosamente animado).

Fiquei a pensar se ele estaria violando alguma regra, no mínimo de bom senso, com suas potentes caixas de som. Para concorrer, um quiosque de panquecas, ao lado do restaurante onde eu estava, começou uma animada saraivada de palmas ritmadas. Alguns decibéis a mais, além dos costumeiros presentes no ambiente.

Terminada a refeição, chamei o garçom para pedir a sobremesa. Mal acabei de fazer o pedido, a energia elétrica de todo shopping acabou. Nem iluminação se salvou. Silêncio total... Um contraste enorme com milésimos de segundos anteriores.

As pessoas ficam com aquele olhar de "mas como?". Suas expressões são de alguém que viu ocorrer o impensável. Um zumzum inicial e todos continuaram sua rotina, com ares de aguardar mais um pouco para o rápido retorno à normalidade.

Demorou um pouco mais... Logo percebi como a temperatura se elevou em pouco tempo. Começava a ficar quente por ali. O ar-condicionado estava desligado. Certamente os exaustores das lojas, pois em pouco tempo se podia ver a fumaceira saindo delas.

Pedi a conta, que graças a um no-break pode ser emitida, assim como o recebimento eletrônico do pagamento. Acredito que por pouco tempo, pois já se passavam uns 20 minutos e haja baterias para sustentar os equipamentos ainda mais.

No caminho da saída, lojas com portas baixadas, vendedores de braços cruzados. Num quiosque de jóias, no meio do corredor, duas moças afobadas em cobrir o quanto antes suas vitrines. Expressões de certo temor em seus rostos. Certamente, nos bastidores, já se sabia das dificuldades do retorno da eletricidade.

Pessoas descendo escadas rolantes por suas próprias pernas, já que aquelas não estavam rolando mais. Um novo sentido foi inaugurado no caminhar das pessoas, a porta de saída. Panorama bem diferente para um sábado à tarde, perto do horário de maior movimento.

Energia elétrica é assim, tão cotidiana que a esquecemos. Quantas outras "essencialidades" também não estão por aí? Água encanada, saneamento básico, telefonia... Sei lá quais outras. Sua falta nos deixa desnorteados, meio a caminho do fim do mundo.

Como ficaríamos se um dia se esgotassem ou se tornassem inviáveis? E se precisássemos recriar toda sua estrutura do nada? Qual seria nossa capacidade de criar alternativas? Ainda bem que são cenários bem remotos... Deixemo-los para a ficção retratar.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Acordar

"O ser humano quando acordo é outro ser".

Ouvi este comentário, nesta semana, num programa de TV que nem me lembro qual. Coisa rápida, coisas do zapping.

Não que eu estivesse acordando, estava desperto, talvez perto de ir dormir, pois já era noite. Mesmo despretensiosa, a frase me chamou a atenção.

Conheço muita gente que o despertar tem todo um ritual. Daquelas pessoas para as quais a manhã só começa lá pelas 10:00h... Nem pense em reclamar, principalmente pela manhã.

Invariavelmente eu acordo pronto, bem diferente desse batalhão do clube de oníricos. Desconheço quais os motivos desse ritmo lento, desse engatar aos poucos.

Mais engraçado é o humor associado. Normalmente um certo mau humor. No mínimo apatia. Jeitão calado de poucas conversas. Se quiser provocar ao extremo, procure discutir algum assunto, ou então a relação, durante o café matinal. Saia correndo.

Viram bichos. Nem que seja lá no fundo de sua mudez, de seu olhar sisudo. Alguns exemplares nem fazem questão de omitir. De outro modo, anunciam, com a voz ou olhar, para qualquer incauto desavisado.

É divertido. Pelo menos eu acho assim... Essa história de colocar o despertador uma hora antes do horário (quando não é mais tempo...), e ficar prolongado, enrolando, até chegar na marca do pênalti. Muitas vezes a solução é sair correndo, para "não perder" a hora.

Despertar é tão bom. Receber as graças de um novo dia, em uma vida com tantas coisas para fazer! Quais serão as causas desse comportamento dos sonecas prolongados? Haverá relação com a vida moderna, com a preguiça ou com o stress?

Melhor mesmo respeitá-los, mesmo que para evitar encrenca. O mundo do sono também é delicioso. Cada um com sua quantidade. Seres de todos estes tipos, insones e sonâmbulos, humanos pelo dia ou indefinidos pelo acordar, sempre serão representantes da maravilhosa diversidade homo sapiens. A todos eles, um bom dia, sempre!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Mesmo

Eu tenho medo do mesmo!

Com a sarcástica frase, há muito tempo começaram as comunidades orkuteiras que satiziram as fatídicas plaquinhas instaladas em halls de prédios.

"Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se para neste andar". Poderia ser diferente? Dificilmente. Com o humor na ponta da língua, os brazucas logo sacaram a piada.

No prédio em que moro, dá para ficar com a "pulga atrás da orelha". As portas da saída de emergência, oscilando com o vento, dão até a impressão de que o tal "mesmo" espreita pela fresta.

A qualquer momento, sem maior aviso, ele saltará com um sonoro "A-HA"! Sem nenhuma rota de escape, descontando a porta por onde ele surgiu, ficaríamos com poucas alternativas.

Deixando as brincadeiras de lado, a frase mirou no que não viu e acertou. Devíamos temer muito o mesmo, mesmo. Mais confortável na maioria dos situações, a mesmice pode se transformar num pântano, um charco, a minar as nossas forças de movimento, nos levando a afundar continuamente.

Carregados, ou estancados, pela inércia, muitas vezes nem percebemos nossa fuga para a zona de conforto e procuramos o mesmo. Desatentos, esquecemos a importância da inquietação e do desafio, promotores do desenvolvimento, do crescimento.

Os mesmos ritmos, as mesmas tarefas, os mesmos sabores, os mesmos caminhos, as mesmas visões... São tantos mesmos, impostos por um (às vezes) massacrante cotidiano, que deveríamos temê-los ainda mais. Vêm em bando!

No fundo nem são tão fortes, tanto que atacam em conjunto. Pequenas mesmices abrem caminho para o advento de outras novas. Paulatinamente, conquistam espaço, se alojam e pesam... Imobilizados pela carga, descobrimos ser melhor prevenir, para evitar um embate maior.

Felizmente alguém teve a idéia das plaquinhas para o elevador. Sua motivação inicial pode até perder a função. Ficará o alerta mais importante, o chamativo cotidiano, costumeiro, o grito para a atenção. Nem precisamos nos preocupar lapsos de memória. Elas são tantos e estão lá para nos lembrar: cuidado com o mesmo!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Starbucks

Boa idéia essa de quebrar alguns paradigmas.

Eufemismo para me referir a certo preconceito... Verdade seja dita, algumas opiniões formadas não passam de pré-julgamentos, sem muito fundamento.

Aprecio café. Herança familiar. Dificilmente dispenso um golinho após as refeições. Depois de um café da manhã, para arrematar, então...

Coado, expresso, francês, solúvel, orgânico, arábica, gourmet: sendo café, com bom paladar, pode me oferecer. Nos melhores, podemos sentir seu sabor adocicado, além de variações suaves da acidez. Uma delícia!

Sublimação mesmo ocorre quando acostumamos a deixar de lado açúcar e adoçantes. Verdade revelada, impossível aceitar qualquer água suja a partir deste ponto.

Vendo filmes americanos, diversas vezes reparamos nos enormes copos de café, diversas vezes acompanhados de donuts. Servido a vontade em lanchonetes cenográficas, diziam ser um verdadeiro "chafé".

Entre a curiosidade e o desprezo, ficava uma pontinha de dúvida. Porém, certo dia, a rede Starbucks aportou em terras tupiniquins. Seria o momento para por à prova o fatídico composto de cafeína, bem aos moldes cinematográficos.

Por algum motivo, provavelmente relacionado ao preconceito, nunca tinha chegado perto de uma loja da rede. Aguado demais não deve ser bom... Fico com nossas receitas bem familiares e os aromas e sabores do país que um dia foi líder mundial na produção da iguaria.

Num passeio sem pretensão, em dias próximos ao final do ano passado, me deparei com uma das lojas da rede, em um shopping de São Paulo. Após alguma hesitação, resolvi provar o mistério, um tanto quanto com a intenção de reprová-lo.

Avistei a tabuleta de preços e pedi o primeiro da lista, que julguei o mais simples e puro. Com algumas perguntas de um script ininteligível para mim, o prestativo atendente demorou um tempo para descobrir (e eu para me explicar) que eu desejava apenas café, puro e no copo. Só não quis arriscar dizer que queria provar aquele aguado... :)

Pagamento feio, copo em mãos, hora da verdade. Em uma mesinha simpática, temperei o café com um pouco de canela. Sei lá, era o café do dia, segundo eles com tons cítricos... Provei no copo com tapa e tudo, como manda o figurino e... adorei!

Quebradas as barreiras, comecei a apreciar os outros elementos presentes na loja, sem contar a deliciosa bebida em meu poder. Canecas, grãos especiais, literatura sobre a bebida, cafeteiras e acessórios. Outra pedida excelente foi experimentar os petiscos de acompanhamento. Só comendo para entender.

No final das contas, eu e família aprovamos. Percebemos que a grande parte das pessoas nem tomava café puro. Estavam embalados em cappuccinos, macchiatos, frappuccinos e outras misturas com base em café. Ainda bem que enfrentei as pré-concepções e arrisquei. Duro será manter financeiramente a nova forma de saciar o paladar...

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Etiqueta

Bebês sentem irresistível atração por etiqueta.

Ponhamos de lado a referente a códigos de conduta e comportamento. Sabemos do costume dos pequeninos de babar ou cuspir comida. Inconveniências naturais do aprendizado.

Aliás, nos últimos tempos, quando pela manhã vou buscar minha pequena princesa no berço, ela me recebe com sonoros punzinhos, sem nenhuma cerimônia e cheia de sorrisos.

Invariavelmente inodoros, felizmente. Com uma carinha sapeca, parece saber estar quebrando normas da boa educação. Daqui a algum tempo terei que arranjar um jeito de lhe explicar como se comportar... :)

Apartes à parte, eu falava das etiquetas costuradas em brinquedos, roupas, livrinhos. Aquelas de tecido, com a composição do produto e instruções de conservação e limpeza.

É incrível. Basta entregar em suas mãos algum item, novo ou conhecido, para depois de algum tempo de observação meticulosa, encontrar a flamulante etiqueta no objeto. Aí pode esquecer todo o resto, serão incontáveis instantes de contemplação do pequeno apêndice.

Outro dia foi com um livrinho infantil. Todo colorido, mastigável (não digerível, diga-se de passagem), repleto de botões para as figuras emitirem sons. Invenção para bebês, misto de distração visual, auditiva e "degustativa". Após algumas folheadas, o inevitável encontro se deu.

Graciosas cutucadas com o pequeno dedo, olhar absorto na idas e vindas do paninho e o destino final, a boca. Que gosto será que tem? Divertido deve ser, pois fatalmente acabam todas babadas. Em alguns casos, com uso mais intenso, chegam a desfiar.

Pobres produtores de artigos infantis... Além de se preocupar com a segurança do brinquedo, têm que se inquietar com os adendos. Sem contar quantas horas foram perdidas para desenvolver o produto, pensando em sua utilidade e na atração da atenção e acabar protelado por um pedaço de pano.

Vale a pena um estudo das motivações. Movimento, forma, cor, sabor ou inadequação a estética do conjunto? Certeza constatada pela observação dos fatos: é sucesso absoluto. Talvez revelem apenas a simplicidade do olhar infantil e nos façam lembrar de que nossos prazeres e felicidade podem ser obtidos com bem pouco.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Exportação

Rumos curiosos tomam as grandes populações...

Na semana passada, diversos meios de comunicação noticiavam o sumiço do trânsito de São Paulo. Falta de assunto ou surpresa real, as matérias vinham embaladas pelo sossego da cidade.

Acostumados a mais de uma centena de quilômetros de congestionamento, na última sexta-feira o problema nem chegava a uma unidade!

Descobri qual fim levou aquela multidão de veículos... Exportamos! Exportamos os congestionamentos para depois das fronteiras do município.

Pude constatar pessoalmente o oceano repleto de aço, borracha e gasolina que invadiu as estradas neste domingo. Uma fila sem fim, dando ares de pátio de montadora para algumas das principais rodovias do estado.

Como é possível uma auto-estrada ficar literalmente parada, sem a ocorrência de nenhum acidente? Nela não há semáforos, cruzamentos, esquinas, nada que justifique a estagnação do fluxo dos automóveis. O único acidente naquele momento era a coincidência da decisão para o momento de voltar...

Quem tem família no litoral, como eu, fica com poucas alternativas nas festas de fim-de-ano. Difícil entender quem se aventura no crescente caos apenas para se "divertir". Gostaria de entender a diversão de percorrer 200 km em cerca de 7 horas! Se bobear, até de jegue se iria mais rápido.

E olha que nem foi a maioria dos habitantes que se refugiou no litoral. Acho que nem daria... Se a grande São Paulo tem 19 milhões deles, se metade resolvesse fazer o passeio, a polícia rodoviária não poderia fazer uma "operação-feriado", teria que ser uma evacuação!

Pior que dificilmente teria sucesso. Do jeito que a coisa anda, no caso de um desastre como um meteoro (do tipo do filme "Armagedon") é melhor esperar a hecatombe por aqui mesmo. Pelo menos morreríamos apreciando um belo evento do universo. E pensar que, neste ano de 2008, a indústria automobilística colocou mais 2 milhões de veículos a mais nas ruas.

Sem muitas alternativas, ficamos com a promessa de não repetir a dose, permanecendo na cidade na próxima virada de ano. O duro é pensar como teria sido bom curtir calmamente a cidade, como fizeram alguns amigos. Mais ainda é lembrar disso em nova ocasião...

domingo, 4 de janeiro de 2009

Epifania

Epifania, sinal da universalidade cristã.

A redenção é graça para todos, sem distinção de origem ou raça, cultura ou credo. Graça divina, se dispõe a acolher qualquer pessoa tocada por sua mensagem.

Os reis magos talvez nem fossem reis. Quem sabe, estariam mais para sábios do que magos, confusão entre conhecimento e magia, natural em tempos ancestrais.

Relevância maior tem sua origem estrangeira, distante. Em sociedades pequenas e tribais, como naquela época, isso certamente significava pouca simpatia e acolhimento.

Porém, o significado da esperança e humanização foram mais fortes. O emblema de simplicidade, de uma criança recém-nascida, alcançou terras longínquas, como ainda o faz.

Atravessa os séculos, as fronteiras, os mundos. Sua força reveladora impulsiona seu movimento em direção à eternidade. Força da autêntica engrenagem da vida, renovadora e essencial, mina as resistências continuamente, nos conquistando diariamente.

Uma pena as resistências serem tão grandes. Mesmo com todo seu poder, leva longos tempos para pequenas conquistas, ao menos perenes. Conquistas sensíveis em nosso cotidiano, nas acepções de direitos e deveres humanos contemporâneos.

Infelizmente, lá pelas bandas de sua terra natal, o que menos se vê é a aceitação da universalidade, das diferenças. Por pequenos e pobres pedaços de terra, milhares de vidas foram sacrificadas, sem se chegar nem a beira de uma solução plausível.

Dos presentes dos três reis, a mirra sugere ser a única condizente com a situação atual. Unguento antisséptico, quem dera pudesse curar as cicatrizes da alma daquele povo, tanto quanto pode fazê-lo com seu corpo.

A intolerância é um micro-organismo a corroer os tecidos da sociedade e da vida. Espero que um dia, a exemplo dos sábios do Oriente, aqueles povos irmãos saibam compreender e reverenciar as diferentes vertentes da fé e natureza humanas.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Obra

"Qual é a tua obra?"

Com inquietante pergunta, Mário Sério Cortella instiga nossa reflexão em diversas questão ligadas a gestão, liderança e ética.

Curtindo meus presentes literários de fim de ano, pude me deparar com o texto do professor. Sem grandes pretensões, comecei a leitura e fui cativado por seu estilo e linha de raciocínio.

Em seu livro, que leva como título a pergunta acima, ele propõe uma abordagem humana para tarefa de condução das empresas.

Poderia ser um simples material sobre negócios, como tantos outros nas prateleiras de livrarias, classificados assim e interessados em apresentar grandes fórmulas gerenciais, algo como uma "auto-ajuda empresarial".

Filósofo e educador, ele passa longe disso e aprofunda questões difíceis do cotidiano, de maneira objetiva e natural, bem própria dos grandes pensadores.

Discursa para a vida, mesmo a pessoal, provando que a dissociação do trabalho e do lar é uma invenção moderna e estranha. Como mote, a obra. Qual nossa razão de ser? Nossa razão social? Que legado construiremos? Como satisfaremos nossa ambição e desejo de criação?

Somos um único ser com várias faces, mas íntegro. Independentemente do momento em que somos observados, carregamos todos o nosso conjunto de valores, onde quer que formos. Refletimo-os em cada contexto de nosso cotidiano.

Grata surpresa descobrir que o melhor é deixado para o final (que não vou contar...). Depois de muitas páginas de excelente conteúdo, gratifica imensamente encontrar ideias mais interessantes ainda.

Incomoda o fato de ele desejar a crítica, o desagravo. Como discordar de tão sonante discurso? A crítica pela crítica de nada valeria, muito menos para aprimorá-lo. Também são poucas as dúvidas iniciais, devido ao seu estilo tão claro.

Fica a ânsia de praticar, imediatamente. De comunicar a todos. Experimentar e ver no que dá. Reforçar as práticas já existentes e condizentes com sua filosofia. Simples como deveria ser, ele desnuda as relações humanas deixando-as como deveriam ser: humanas.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Acordo

Xi! Esqueci do acordo ortográfico!

Só me lembrei hoje que, desde ontem, estamos sobre a vigência da nova ortografia. Período de adaptação, mas não há como fugir, o jeito de escrever algumas palavras mudou.

Não tem acordo, mesmo sem o meu "de acordo", a reforma proposta há mais de 15 anos vingou. Já a havia mencionado no ano passado, mas faz um bom tempo...

Tentarei me adaptar, até antes mesmo da atualização do Word, possível ajudante com seu comum e acessível corretor ortográfico. Aliás, nem consigo imaginar o trabalho de revisão da grande maioria dos softwares em português.

Programas podem até deixar de lado e só sofrem correções em versões mais novas. Porém, coitados dos redatores da Wikipedia. Melhor chamar o Hércules para mais um trabalho...

Sempre restam algumas dúvidas. Terá sabor diferente a linguiça da tradicional lingüiça? Churrascos animados podem correr sérios riscos! Besteira. É apenas ortografia sendo alterada, não composição.

Como ficarão tantas idéias produzidas anos a fio? Vistas como ideias conseguirão produzir o mesmo efeito? E as azaléias, manterão seu perfume, mesmo sendo simples azaleias? Bobagem. Mudar a grafia jamais mudará o espírito!

Pensei também na infra-estrutura existente de redes, Internet, toda TI. Continuará compatível com a nova infraestrutura, garantindo continuidade dos negócios e da vida contemporânea. Insensato. As grafias modificadas não incompatibilizarão palavras, fonemas e significados.

Deus me livre os anti-inflamatórios terem menos efeito do que os antigos antiinflamatórios. Haveria alguma contra-indicação? Neurose. O efeito da alteração é apenas visual, nem um pouco de princípios ativos. Sorte da ANVISA.

No fundo, no fundo, muda apenas um pouco. Estimam em cerca de 0,5% das palavras escritas no Brasil. Começo a me sentir como os mais velhos da família, que ainda de vez em quando, em ato falho, grafam o ancestral "cincoenta", anterior a outras reformas lingüísticas.

O bom e velho português, com sua bela gramática dominada por poucos, continua como impávido colosso. Sendo só ortografia no final das contas, desta vez poderiam ter nos poupado destes incômodos...

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

2009

2009: Ano Internacional da Astronomia.

Bem que os biólogos desejaram transformá-lo no ano da Biologia. Referência a comemorações darwinianas, tal qual em 2005, Ano Internacional da Física, celebrou a teoria da relatividade de Einstein. Não deu...

Depois de um turbulento ano, ao menos economicamente, direcionamos nosso olhar para o céu, para o universo a nossa volta.

Os astros fascinam a humanidade por toda sua história. Quem seriam aqueles entes luminosos, presentes no céu noturno, a nos olhar altivamente, impassíveis a nossa sorte mundana?

Certas pessoas conceberam significados míticos aos tais personagens, fundaram a astrologia e derivados. Outros tantos se inquietaram e procuraram ir além. Desafiaram os deuses e lhes deram uma descrição física, natural.

Mundos tão distantes, praticamente observados por inferência, pela suposição da universalidade das leis físicas. Discutimos aquilo que, possivelmente, jamais verificaremos de perto. Pelo menos num futuro próximo...

Independentemente da verificação, o interesse por tais mundos, mesmo tão distantes, desenvolveu e desenvolve nossa ciência. A busca do entendimento destes gigantes propicia a compreensão de nossa realidade.

Começamos o ano com muitas promessas estrelares. O lugar-comum é Barack Obama, envolto por tamanha expectativa frente ao ineditismo de sua situação. Novos prefeitos estarão estreando em todo Brasil. Inícios de ano prometem esperanças e renovações, possibilidade de melhoria e recomeço.

Que um ano inspirado nas estrelas não nos tire o pé do chão. Estejamos preocupados em realizar as mais importantes concretizações de aspirações comuns e frutíferas a todos, fortalecidos na fraternidade no amor. Desejo que possamos ter saúde e paz para a conquista da tão almejada felicidade.

Feliz 2009!