sábado, 10 de janeiro de 2009

Básico

Esporadicamente elementos cotidianos se fazem notar.

Inúmeras coisas básicas do nosso cotidiano moderno se escondem em nossa rotina. Terminamos por esquecê-los, nem lembramos que existem.

Almoçava num shopping no dia de hoje. Nada demais, fast-food do mais típico. A única exceção era deixar de enfrentar a lotada praça de alimentação. O restaurante, neste caso, possui um espaço próprio.

Durante a refeição, lá na praça de alimentação, uma das opções resolveu dar uma "animada". O palhaço (literalmente) se pôs em frente à loja (nem preciso dizer qual) e começo a cantar e puxar o coro (duvidosamente animado).

Fiquei a pensar se ele estaria violando alguma regra, no mínimo de bom senso, com suas potentes caixas de som. Para concorrer, um quiosque de panquecas, ao lado do restaurante onde eu estava, começou uma animada saraivada de palmas ritmadas. Alguns decibéis a mais, além dos costumeiros presentes no ambiente.

Terminada a refeição, chamei o garçom para pedir a sobremesa. Mal acabei de fazer o pedido, a energia elétrica de todo shopping acabou. Nem iluminação se salvou. Silêncio total... Um contraste enorme com milésimos de segundos anteriores.

As pessoas ficam com aquele olhar de "mas como?". Suas expressões são de alguém que viu ocorrer o impensável. Um zumzum inicial e todos continuaram sua rotina, com ares de aguardar mais um pouco para o rápido retorno à normalidade.

Demorou um pouco mais... Logo percebi como a temperatura se elevou em pouco tempo. Começava a ficar quente por ali. O ar-condicionado estava desligado. Certamente os exaustores das lojas, pois em pouco tempo se podia ver a fumaceira saindo delas.

Pedi a conta, que graças a um no-break pode ser emitida, assim como o recebimento eletrônico do pagamento. Acredito que por pouco tempo, pois já se passavam uns 20 minutos e haja baterias para sustentar os equipamentos ainda mais.

No caminho da saída, lojas com portas baixadas, vendedores de braços cruzados. Num quiosque de jóias, no meio do corredor, duas moças afobadas em cobrir o quanto antes suas vitrines. Expressões de certo temor em seus rostos. Certamente, nos bastidores, já se sabia das dificuldades do retorno da eletricidade.

Pessoas descendo escadas rolantes por suas próprias pernas, já que aquelas não estavam rolando mais. Um novo sentido foi inaugurado no caminhar das pessoas, a porta de saída. Panorama bem diferente para um sábado à tarde, perto do horário de maior movimento.

Energia elétrica é assim, tão cotidiana que a esquecemos. Quantas outras "essencialidades" também não estão por aí? Água encanada, saneamento básico, telefonia... Sei lá quais outras. Sua falta nos deixa desnorteados, meio a caminho do fim do mundo.

Como ficaríamos se um dia se esgotassem ou se tornassem inviáveis? E se precisássemos recriar toda sua estrutura do nada? Qual seria nossa capacidade de criar alternativas? Ainda bem que são cenários bem remotos... Deixemo-los para a ficção retratar.

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