quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Mesmo

Eu tenho medo do mesmo!

Com a sarcástica frase, há muito tempo começaram as comunidades orkuteiras que satiziram as fatídicas plaquinhas instaladas em halls de prédios.

"Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se para neste andar". Poderia ser diferente? Dificilmente. Com o humor na ponta da língua, os brazucas logo sacaram a piada.

No prédio em que moro, dá para ficar com a "pulga atrás da orelha". As portas da saída de emergência, oscilando com o vento, dão até a impressão de que o tal "mesmo" espreita pela fresta.

A qualquer momento, sem maior aviso, ele saltará com um sonoro "A-HA"! Sem nenhuma rota de escape, descontando a porta por onde ele surgiu, ficaríamos com poucas alternativas.

Deixando as brincadeiras de lado, a frase mirou no que não viu e acertou. Devíamos temer muito o mesmo, mesmo. Mais confortável na maioria dos situações, a mesmice pode se transformar num pântano, um charco, a minar as nossas forças de movimento, nos levando a afundar continuamente.

Carregados, ou estancados, pela inércia, muitas vezes nem percebemos nossa fuga para a zona de conforto e procuramos o mesmo. Desatentos, esquecemos a importância da inquietação e do desafio, promotores do desenvolvimento, do crescimento.

Os mesmos ritmos, as mesmas tarefas, os mesmos sabores, os mesmos caminhos, as mesmas visões... São tantos mesmos, impostos por um (às vezes) massacrante cotidiano, que deveríamos temê-los ainda mais. Vêm em bando!

No fundo nem são tão fortes, tanto que atacam em conjunto. Pequenas mesmices abrem caminho para o advento de outras novas. Paulatinamente, conquistam espaço, se alojam e pesam... Imobilizados pela carga, descobrimos ser melhor prevenir, para evitar um embate maior.

Felizmente alguém teve a idéia das plaquinhas para o elevador. Sua motivação inicial pode até perder a função. Ficará o alerta mais importante, o chamativo cotidiano, costumeiro, o grito para a atenção. Nem precisamos nos preocupar lapsos de memória. Elas são tantos e estão lá para nos lembrar: cuidado com o mesmo!

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