segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Etimologia

Palavras, suas origens, espelho da cultura.

A etimologia das palavras sempre me instiga a curiosidade. Gostaria de poder estudá-la, com afinco, ser um mestre na arte de entender as origens dos vocábulos.

Um amigo e professor é deste tipo de mestres. Em conversas descontraídas, como quem não quer nada, saca uma explicação (ou pelo menos arrisca) da formação de determinada palavra e sua consequente influência na contextualização.

Durante o expediente, no dia de hoje, ocorreu o momento em que gostaria de ter tal domínio. Numa conversa sobre bicicletas, motivada pela participação de um amigo no Bike Tour, surgiu a dúvida sobre a origem do nome "pé-de-vela"...

Pobre ciclista que viu tal peça apresentar defeito e interromper sua participação no evento. Perdido o término do percurso, ao menos motivou o início de uma busca.

Conhecer as origens traz meandros inusitados de algumas expressões. Recentemente, no livro "Qual é a tua obra?", de Mário Sérgio Cortella, li sobre as raízes de oportunidades, oportuno e afins. Os gregos nomeavam os ventos e o nome daquele a conduzir os barcos ao porto era Ob Portus ("que conduz ao porto").

Oportuna definição, não? De que adianta o vento se não soubermos conduzir a nau? Ou se não estivermos no momento certo para aproveitá-lo? São tantas ideias, mas diluídas no significado intrínseco que acabamos assumindo.

Em outro dia, procurando a pronúncia correta para palavra gadget, descobrimos errar feio ao pronunciar algo como "guédégué". O correto é algo como "guédjet", assim como em budget, widget, etc. Mas como? Não é inglês? E o "get" no final? Ledo engado. A origem é francesa, como as outras, tendo o sufixo "et" na composição!

E o que tudo isso está relacionado ao tal "pé-de-vela"? Qual a relação de vela com pedal, ou do pedal com castiçal? Nada! A explicação é simples. Uma alavanca acionada com as mãos se chama manivela. Então, uma alavanca aciona com os pés é... pedivela! A expressão oral da palavra nos confundiu na ortografia. Nós e um "quilhão" de fontes na Web.

Caminhos curiosos estes da evolução das palavras. E tem gente que ainda implica, e quer legislar, sobre os anglicismos. Mais belo é o aleatório mundo das fusões e refusões culturais. No final das contas, entre tantos papos e vocábulos, reparei que não questionamos qual a relação de vela com alavanca... Fica a pergunta.

Um comentário:

René disse...

Informação interessante, Evandro. Mas ficou devendo um post sobre o sufixo "vela"! Será que é o objeto que leva o impulso dos pés ou das mãos? Assim como a vela de um barco recebe o vento para impulsionar o barco? Desculpe as minhas divagações nada estudadas, mas me aguçou a curiosidade...