segunda-feira, 26 de maio de 2008

Risco

Um risco nem sempre se concretiza.

No mundo da probabilidade, mesmo as mais altas podem não ocorrer. Nem por isso iremos negligenciá-las. Antes, muito antes, devemos observá-las...

Houve o tempo em que a conduta do Metrô, na geração do ambiente para os usuários, era uma política comportamental admirável. Aliás, grande parte continua sendo.

É indiscutível a manutenção dos trens e plataformas. Sua limpeza e conservação impedem, ou ao menos coíbem, a maioria das incidências de mau uso. Jogar papel em um chão limpo se torna mais constrangedor.

Mensagem anunciadas, em alto e bom som, sobre a segurança e limpeza, sempre tiverem o tom de instruir, ensinar. Educavam e buscavam a colaboração, item essencial em um meio com milhares e milhares de pessoas diariamente.

A implantação dos bancos de cor diferenciada (cinza), para pessoas com necessidades especiais, apesar de amplamente difundida, mesmo em outros meios de transporte, contorna paliativamente o problema. Contribui muito pouco para a educação das pessoas. Se fôssemos educados, a medida seria desnecessária.

Passamos então a adoção dos vagões especiais. Controlados por uma barreira de seguranças, as mesmas pessoas com direitos a tratamento especial, são segregadas, apartadas. Resta à barbárie ser barrada.

Seguem-se os anúncios do tipo "Carregue seu pertences à sua frente, para evitar furtos". Confissão irrestrita da capacidade de controlar a turba em horários de pico. Ainda achamos compreensível, pois "entendemos" a dimensão da violência urbana.

As mochilas passaram a atrapalhar, então o pedido passou a ser para carregá-las na mão, afim de não incomodar as outras pessoas. Precisava avisar? Também solicitações constantes para não permanecer na porta, pois atrapalha a entrada e saída de pessoas.

Nos últimos tempos, as escolhas vão de mal a pior. O lema da campanha é "Quem fica na porta atrapalha a vida dos outros". Dia desses, o trem demorou um pouco a sair e o controlador correu a anunciar: "Informamos que o atraso na partida é decorrente de usuário na porta.".

Instigar a contraposição de usuários, gerar o conflito em meio à multidão, sugere uma atitude de risco. Ao invés de educar, deixe-os a própria sorte. Resolvam entre si seus problemas. Escolham suas armas e ao combate! Cada um que defenda suas prioridades.

Contenda armada, resultado desconhecido. Mais cômodo esquecer a educação e a prevenção. Escolhas equivocadas incorrem em risco não calculados. Podem estar sendo riscadas opções e soluções mais inteligentes definitivamente.

Nenhum comentário: