quarta-feira, 28 de maio de 2008

Igualdade

Todos somos iguais?

Vivemos democraticamente. Somos uma democracia. Desde sempre somos doutrinados a acreditar que a voz do povo é a voz de Deus, para demonstrar o poder dos comuns.

Os gregos começaram com essa história de democracia. Todo cidadão tinha poder. Só esquecemos que para ser cidadão, em sua época, era necessário ser homem, com certa idade e possuir certa condição econômica.

Pontuou acertadamente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em artigo da revista Época, edição especial de 10 anos, ser um dos grandes problemas nacionais a desigualdade.

Começamos desiguais pela existência do foro privilegiado. Incoerência constitucional fundamental, afinal nossa carta magna, em seu quinto artigo, rege: "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade".

Persistimos na desigualdade no acesso à justiça. Sem dúvida todos podemos acessá-la, mas alguém duvida da diferença em possuir bons advogados? A condição econômica pessoal influi no equilíbrio da igualdade perante a suposta justiça cega. Dinheiro pode cegar a justiça.

Condições educacionais também nos diferenciam. Direito básico constitucional (sexto artigo), vales gigantescos distanciam instituições de ensino particulares e públicas, no Sudeste ou em outra região. Exemplo de diversidade indesejada e distorcida.

Em poucas linhas, ficamos apenas nas claras vias da diferença. Se nos permitirmos pequeno espaço de observação, podemos, tão rapidamente quanto, destacar inúmeras situações para as quais a proximidade com o poder político ou econômico pode abrir atalhos escusos e facilitados.

Ser parte de um grupo pressupõe identidade. Identificação exige sentimentos de igualdade. Sem igualdade, o comum se esvai, fica sem dono. Mais triste e agravante ainda é perceber que as pessoas, mesmo inconscientemente, aceitam sua condição desfavorecida.

Perpetuar os mecanismos promotores da desigualdade corrói a solidez de pilares da sociedade brasileira. Opções feitas, precisaremos nos esforçar para universalizar nosso conceito de "cidadão".

Nenhum comentário: