sexta-feira, 18 de julho de 2008

Pet

"Troque seu cachorro, por uma criança pobre..." [1]

Rock da Cachorra, Eduardo Dusek, década de 80 e o alerta estava feito. Há quase 30 anos, o exagerado dispêndio de recursos com animais de estimação já incomodava muita gente.

Em um país de tantos miseráveis, a situação parece não ter melhorado nem um pouquinho. A invasão dos negócios para nossos bichinhos, o mercado "pet", é visível por todos os cantos.

Por exemplo, aqui no Belenzinho, antigo bairro paulistano, chegamos ao ponto de termos quase mais pet shops do que pizzarias! Tão próximo a Mooca, repleta de italo-descendentes nascidos na terra da garoa, isso chega a ser uma ofensa...

Um dia tive meu companheiro fiel. Guardo alegres lembranças da infância com as bagunças do amigo canino. Relação saudável, grande aprendizado, mas exagerar nos mimos e "pessoalização" seria uma agressão a sua natureza animal.

Banhos de ofurô, com pétalas de rosas, sais e aromas, para descanso e relaxamento? Com variação entre R$ 30 e R$ 40, em Joinville, a Cia Bichos oferece tal regalia, além de planos de saúde, planos de estética e outros. Batizam os abastados animais de VIP, Very Important Pets...

Bolos, pães, biscoitos, chocolates e donuts? Nossos melhores amigos contam até com quibes e esfihas, artesanais, com ingredientes 100% naturais e sem conservantes. A alimentação saudável é oferecida pela Dog Bakery, em São Paulo, com preços entre R$ 5 e R$ 50 (no caso de alguns bolos).

Reconstrução de pelagem com queratina animal ou vegetal? Profissionais de estética estão disponíveis para o tratamento na Friend Dog, no Rio de Janeiro, com preços de R$ 10 a R$ 25 por sessão. Mesmo com a justificativa de problemas com pêlo poderem revelar deficiência ou carências nutricionais, a valorização da estética aparenta estar em primeiro plano.

Outros tantos exemplos podem ser vistos. Até estadias em hotéis com diárias de US$ 145! Os tempos de quintais gelados já passaram para uma pequena parcela da população animal... Dureza é comparar com a situação da grande população de rua, em nossas grandes cidades, que nem quintais têm para dormir.

3 comentários:

Anônimo disse...

(Lembro dessa música, mas desde aquela época já vinha recebendo algumas críticas...)
Sabe amigo, não consigo concordar 100% com vc. Eles, nossos pets precisam e merecem o nosso amor.... até porque o amor que sentem por nós é maior do que qualquer um que vc já tenha recebido de qualquer pessoa (tiro aqui mãe e pai, é claro!). Escolher de que forma vc vai retribuir isso é uma questão pessoal, e temos que aceitar e procurar ser mais tolerantes com as escolhas alheias.

Existem muitos miseráveis no nosso país, muitas crianças precisando de carinho, de uma família, de todo o apoio que necessitam para se tornarem pessoas capazes de exercerem seu papel na sociedade com dignidade. Precisamos, tanto comunidade e Estado, cumprir o que determina a nossa Carta Magna, que é da proteção total a criança, ao idoso, enfim às minorias hiposuficientes.
Não é deixando de cuidar dos seus pets, por culpa, que o problema social desses hipossuficientes vai acabar. Pelo contrário só vai aumentar o problema, ou seja, o número de abandonados, e carentes, pessoas somados aos bichinhos, estes que tiveram o azar de nascer num mundo louco, "o do homem" (pense nas estradas que matam aos milhares, porque os coitados não tiveram tempo para a aprendizagem de adaptação), só irá aumentar.
Gostei muito do seu blog.
Virei sempre, e vou indicá-lo.
Um abraço.

Irene disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Então, aproveitando a insurgência da questão, o que vc acha da grande quantidade de dinheiro gasto pelas pessoas em churrascarias, e naquelas de inúmeros fundos de quintal, para se empanturrarem de carnes de "pobres animais cujas vidas são sacrificadas em benefício do prazer humano", comendo, sabemos, mesmo sem estar com fome...Não é nada politicamente correto! E tanto é assim, que churrascarias só por aqui mesmo, lá fora, (Tem o Porcão em Miami, mas quem vai? Só brasileiro!) ninguém quer.