terça-feira, 1 de julho de 2008

Gates

Atravessamos portões para território desconhecido.

Muito mais do que logotipos, certas pessoas "iconizam" seus negócios. Acabam indissociáveis de seu desenvolvimento, de sua história e, às vezes, de seu futuro.

Silvio Santos é a imagem de suas empresas. Comandante Rolim, enquanto vivo, era a face humana da TAM. Antonio Ermírio é praticamente sinônimo de Votorantim.

Conseqüência de suas competências empresariais ou de sua personalidade marcante? Difícil diagnosticar. De qualquer forma, em muitos casos, sua aura sobrevive até mesmo depois do fim de sua atividade.

Até os anos 90, Peter Norton conduziu sua empresa e produziu célebres programas conhecidos até hoje, como o Norton Antivírus e o Norton Utilities. Mesmo depois de vendê-la para a Symantec, por muito tempo seu rosto estampou os produtos, que continuavam levando seu nome como sufixo.

Depois de uma década, algumas pessoas ainda acreditavam que ele trabalhava lá, enquanto já exercia sua filantropia há muito tempo. Com a venda da empresa, e apenas 40 anos de idade, resolveu que não iria trabalhar mais por dinheiro. Teria o suficiente para sobreviver para o resto da vida e ajudar muitas pessoas.

Com uma fortuna imensamente maior, e sem vender nada, Bill Gates deixou a semana passada, definitivamente, seu trabalho na Microsoft. Fundou-a e transformou na potência mundialmente conhecida, certamente com grande participação de sua genialidade nos negócios, por mais que seja questionada sua trajetória.

Acostumamos, por 30 anos (uma verdadeira eternidade em tempos atuais), a aguardar os movimentos deste empresário para definir os rumos da indústria de software e, conseqüentemente, da computação. Como se comportará o mercado, sem a influência deste ícone, agora também apenas filantropo?

A transição já vinha sendo traçada, mas o momento definitivo é este. Sua ausência só é concreta agora. Fãs ficaram órfãos! Detratores não poderão mais destilar pequenos, ou grandes, venenos... Ou fuçar então as falhas de produtos, com um sabor de "a culpa é dele".

Mudança significativa em tão bem estabelecidos postos de combate. Talvez haja retorno... Afinal, até Steve Jobs, outro iconográfico gênio computacional, uma vez expulso de sua associada empresa, retornou um dia para suprir a carência de alguém para seu lugar. Para conhecer o futuro, só atravessando os portões...

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