sábado, 16 de agosto de 2008

Transgênico

Há quem tema os transgênicos.

Atualmente, já há algo mais para se preocuparem. Antes restritos ao mundo da alimentação, um novo fenômeno talvez possa ser classificado como tal. E lá virá mais preocupação para eles...

Essa semana, a imprensa divulgou a experiência com neurônios de rato implantados em uma máquina. Um robô com cérebro biológico! Novo tipo de transgênico. Até nome bonitinho ele tem: Gordon.

Asimov, em sua quase mitologia tecnológica, concebeu um cérebro "positrônico", para basear todos os autômatos de seus contos.

Naquela época, a eletrônica era rudimentar, mal estavam estreando diodos e transistores. O tal cérebro seria feito de platina, percorrido por fluxos de pósitrons, a simular ondas cerebrais. Mal podia imaginar o autor uma tecnologia envolvendo células vivas.

Barreira para o desenvolvimento da inteligência artificial, a construção de redes neurais artificiais demanda poder de processamento portentoso. Nosso cérebro tem 100 bilhões destas células, conectadas a cada cem, ou seja, uma rede com 10 trilhões de conexões!

Ainda que a capacidade computacional fosse suficiente, precisaríamos entender a organização das estruturas naturais. O modelo do neurônio artificial já está consolidado. Muitas pesquisas buscam desenvolver o hipotálamo artificial, uma das estruturas primárias necessárias. Um longo caminha a percorrer...

Solução mais prática encontrada: utilizar o que a natureza criou. Colocar os neurônios de um ratinho para funcionar, sob o comando humano, é o germe da manipulação desejada. Mesmo nesse caso, a rede tem pouco mais de uma centena de milhares de células. Mas já está aprendendo...

Tudo bem, seu objetivo é apenas aprender a se locomover e desviar de objetos. Justificam os cientistas, porque parecem sempre querer se justificar, que tais estudos colaborarão no avanço da medicina contra os maus de Alzheimer e Parkinson. Só não podemos esquecer a plasticidade neural...

Se a plasticidade estiver ligada à célula e sua capacidade de se adaptar, quais as garantias do seu futuro desenvolvimento? Podemos controlar os rumos realmente tomados? Será esse o experimento gerador do Cérebro?

Brincamos com a vida, ou ao menos seu potencial. Bem no futuro, como preconizava a ficção, se nossos brinquedos desenvolverem consciência, quais serão nossas responsabilidades éticas? Parecem deixar de aprender com o passado. Às vezes sinto que comemos novamente a maçã.

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