quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Audiolivro

Audiolivros me lembram tempos antigos.

Imagens de fitas cassetes inundam a memória. Nostalgia de um passado distante de pouco mais de uma década. Época da distribuição da revista SpeakUp com seus acompanhamentos magnéticos fonados.

Com surpresa, ao ler matéria da revista Época, desta semana, descobri que eles foram um dos destaques da última Bienal do Livro, encerrada no fim de semana passado.

Destaque pelo número de lançamentos e o crescimento do mercado. Antes restrito a dois títulos, "O Pequeno Príncipe", narrado por Paulo Autran e a Bíblia, narrada por Cid Moreira.

Dentre os disponíveis, contamos com best-sellers, como "Quando Nietzsche Chorou" ou "1808", até clássicos como "O Auto da Barca do Inferno". Públicos diversos, gostos variados, nenhuma discriminação no atendimento e satisfação dos clientes.

Curioso como em tempos digitais, quando muitos discutem livros eletrônicos e afins, um antigo formato literário estar presente numa feira célebre do mundo da celulose. Sem dúvida não ressurge em rolinhos, mas em CDs e arquivos para download.

Disposição considerável em conquistar novos mercados. Bem à frente de sua colega, a indústria fonográfica, relutante em adotar novos padrões de distribuição. A preocupação com a pirataria dos audiolivros existe, mas preços baixos serão usados para combatê-la. Se der certo, quem sabe inspire seus aparentados...

Em terras de analfabetismo funcional e pífias tiragens de livros, qual a motivação para a nova empreitada? Será um reflexo do tempo ocioso nos congestionamentos das grandes cidades? Ou uma tentativa de oferecer algo mais palatável, afinal não dá o "trabalho de ler"?

Fico a pensar no desafio de produzi-los. Imagina só, alguém ler um livro completo em voz alta. Provavelmente se consomem alguns dias, com significativo trabalho de gravação e compilação. Ouvi-lo deve ser outra inusitada experiência... Obteremos mais ou menos detalhes? Conseguiremos prestar a mesma atenção?

Apesar do formato ser antigo, nunca experimentei e ficam as dúvidas. De repente, escolho algum título para desafiar ouvidos e imaginação. Espero ser essa onda um bom prenúncio de novos tempos literários, no mínimo o início de uma legião de leitores. Uma sociedade sem amigos das letras é um agrupamento humano, nada mais.

Nenhum comentário: