quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Ligação

Misteriosas essas ligações humanas.

Esqueci quando foi a primeira vez que ouvi sobre a Teoria dos Seis Graus de Separação. Provavelmente, nos primórdios da rede social do Orkut.

Nos idos de 2004, a irmã de um amigo, por sinal muito bem relacionada, me enviou um convite para o cadastro no site. Efeito evidente das tais ligações...

Naquela época, foi muito divulgado o assunto, como motivação para o autor, o tal Orkut, ter criado o serviço. Pretendia assim avaliar a validade da teoria.

Inicialmente, o serviço apresentava nossa rede de contatos com seis graus de relações. Com o aumento do número de usuários, a formação dessa rede ganhou complexidade e peso de processamento suficiente para ficar inviável. Passaram a apresentar apenas dois graus, o conhecido título dos "amigos dos amigos" apenas.

Teorias formuladas em sentenças negativas necessitam de apenas uma evidência a corroborá-la para se verificar seu acerto. Já teorias afirmativas, universais, como a dos "seis graus", exigem trabalho muito mais árduo. Ainda assim, basta um único contra-exemplo para contestá-la.

A teoria em questão afirma que bastam seis laços de amizade para quaisquer duas pessoas estejam conectadas pelo mundo. Elaborada em meados dos anos 60, por Stanley Milgram, percorreu décadas sem comprovação definitiva e com diversos questionamentos, referentes ao método científico.

Teorias acadêmicas, anos de persistência, redes sociais digitais e chegou a popularidade suficiente para ser tema de uma série de TV. Como o óbvio nome "Seis Graus de Separação", usará a teoria como insumo para construção de seu enredo.

Ontem, após a chamada comercial para a série, fiquei refletindo da concordância da teoria com minha experiência pessoal. Rapidamente lembrei que minha esposa tem uma paciente, conhecida de uma repórter da Globo, enviada para trabalhar na China. Pronto, estava conectado ao Oriente.

Um amigo (o da irmã bem relacionada) conhece um jornalista polonês. Bastaram três graus e cheguei ao Leste Europeu. Outra amiga foi estudar arte na Itália, se casou com um italiano e lá estava eu em contato com o continente de meus antepassados.

Anteontem, o pessoal da Microsoft divulgou o resultado de uma pesquisa em seus laboratórios. Usando a informação de 180 milhões de usuários do MSN, avaliou o grau de separação das pessoas. Conclui que em 79% dos casos são suficientes 6,2 graus para conectar qualquer um!

O feito revela a relevância da teoria, mas também derruba sua universalidade. Em alguns casos foram necessário 29 graus para a conexão. A comprovação do fato, mesmo em parte, demonstra a característica gregária da sociedade humana. Gostemos ou não, estamos inevitavelmente conectados.

A coincidência da conexão de tantas sinapses, nestes últimos dias, é uma outra ligação misteriosa a investigar...

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