segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Doha

Oito anos e as cortinas do espetáculo se fecham...

Quem inventou essa história de globalização foram eles, os ditos desenvolvidos, na procura de estender seus tentáculos pelos mercados mundiais.

Imaginavam ser a melhor maneira de continuar seu desenvolvimento, sua expansão. Mas o mundo mudou e outros se alçaram a condição de desenvolvimento. Desejaram também sua fatia...

Na hora da verdade, muitas barreiras foram criadas e o impasse estava criado. Em 2001, na cidade de Doha, se iniciou uma longa jornada de negociações para tentar facilitar o comércio mundial.

Entre o discurso e ação, a tentativa dos antigos promotores do livre comércio universal era mostrar boa vontade e complacência, mas sem perder a posição privilegiada, mesmo que insustentável.

Daqueles tempos iniciais, a reviravolta no cenário planetário foi das mais intensas de nossa história. Os jogadores da partida se distinguiram e conquistaram relevância e poder nunca antes imaginados. Basta ver as condições lá, e cá, de nações como a China e Índia.

Na semana passada, em Genebra, a última das rodadas (e se nada mudar a derradeira) deixou claro o fracasso das tentativas. Os principais detentores de poder estão resolutos em negar qualquer cessão. Continuarão com suas políticas, entraves a maiores liberalizações do comércio internacional aberto.

Interessante notar que tais políticas nem dizem mais respeito a tarifas alfandegárias restritivas, algo imaginado em inocente visão da política. Sua forma de intervir se baseia em pesados subsídios, por exemplo, agrícolas, para manter seus produtores ativos e imbatíveis.

Subsídios financiados pelo poder econômico que alteram o balanço da oferta e procura, e provocam a desestabilização do fluxo comercial mundial. Qual será a influência desse fenômeno nas atuais crises financeiras e alimentícias globais? Quem está pagando o preço de quem?

Ao saírem de cena, deixam um verdadeiro ringue de derrotas. Cena mais adequada do que o palco teatral, condizente com a palavra usada para "rodada" nos reinos do Tio Sam e da rainha-mãe: round. Agora, entre embates menores, talvez dois a dois, a "luta" continuará para nós expandirmos nosso comércio por paragens mais distantes.

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