terça-feira, 19 de agosto de 2008

Olimpíadas

Eventos do esporte mundial conferem momentos de apreciação.

Nas olimpíadas, apreciamos a confraternização de povos de todos os cantos do mundo. Diversas origens, culturas, costumes, ideologias, se confrontando pacificamente, imbuídos do espírito esportivo.

Obviedades à parte, ao assistir algumas das competições reparei a semelhança entre os competidores. Ali, em meio à partida duma corrida feminina, apesar das diferenças fisionômicas, todas ficam muito iguais com seus uniformes.

Ainda mais com os trajes atuais, que no caso são bem curtos. Vemos bastante do corpo das atletas. Chegarão logo a resgatar as antigas corridas na Grécia, onde os corredores competiam nus.

Ficam de lado suas religiões, costumes e tradições, certamente muito distintos. Sobre pessoas, corpos aquecidos e prontos para desafiar os limites da fisiologia humana. Mas sempre muito semelhantes...

Sem exceção, os atletas colaboram um pouco mais com a ditadura da estética. Seus sofridos músculos, exclusividade de dedicada vida à sua modalidade, representam grande parte dos sonhos da sociedade voltada ao corpo.

Na política, se levando em conta o regime exercido naquele país sede, muitos conflitos vêm à tona, desde antes do início dos jogos. A Anistia Internacional até lançou uma campanha com outdoors, imagens questionadoras da realidade pós-olímpica.

Com o lema deste ano "Um mundo, um sonho" (One world one dream, no original) percebemos o idealismo presente em todos, mas bem longe da realidade. Realidade das diferenças entre as nações para a dedicação ao esporte. Condições diferentes, propiciando realizações diferentes.

Mesmo em seus países, os atletas têm situação diferenciada do restante da população, ainda que o patrocínio seja escasso. Não podemos imaginar que qualquer pessoa na Etiópia tem condições de correr uma maratona, como o fazem seus representantes.

A diferença se reflete até no momento do pódio. Atletas americanos premiados com o lugar mais alto, comemoram, mas com ares de "mais uma vez". Enquanto nosso primeiro medalhista de ouro na natação, César Cielo, mal conseguia conter a emoção por sua conquista e desabar em um pranto de alegria, da alma lavada pelo duro caminho para tamanha conquista.

Até a desigualdade parece semelhante pelo mundo afora. Humanos que somos, cometemos equívocos idênticos, nas mais diferentes esferas. Iguais na concepção da natureza física, distintos pelas tramas da sociedade global. Porém, no final, inevitavelmente, humanos, demasiadamente humanos!

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