sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Sebo

Sebo é uma palavra a me intrigar faz muito tempo.

Por que motivo escolheram tal nome para a loja de livros usados? Sua denominação remete a sujeira, ou falta de cuidado.

Podemos imaginar muitos motivos para visitarmos um sebo. O mais mesquinho é a procura de livros mais baratos, algo muito valioso nos mirrados tempos de faculdade.

A grande atração é o garimpo, deixar-se levar por um safári numa selva de livros antigos, ou apenas usados. Encontrar raridades, fora de edição, publicações esquecidas, conhecimento dormente.

Os mais interessantes são os grafados, apesar de desvalorizados no mercado. Levar um deles nos faz ganhar, além da obra de um autor, a leitura de um outro leitor, a atenção de seu olhar.

Seu nome é originário de Portugal. Na Universidade de Coimbra, estudantes compilavam anotações dos pontos das matérias em estudos, as sebentas, depois trocadas ou vendidas entre acadêmicos e interessados.

Na caça de "prêmios conhecidos", essas livrarias nunca tiveram uma organização primorosa. O encontrar o título desejado necessitava da mesma aventura do caminho a esmo.

Em São Paulo, há muitos sebos tradicionais, vastos em seu acervo e muito receptivos, como o Sebo Brandão. Mesmo ele também não possuía um meio de pesquisa ao acervo. Alguns poucos começaram iniciativas de criação de um sistema de catálogo.

Com a Internet, alguns aproveitaram para aumentar seu alcance, como a Traça Virtual, situada no Rio Grande do Sul. Em seu site, há diversas formas de pesquisa e muita informação sobre cada exemplar, como seu estado de conservação.

A melhor opção dos últimos tempos é o site Estante Virtual. De uma iniciativa de estudantes, surgiu um local para concentrar a informação de centenas de sebos espalhados pelo Brasil e intermediar as negociações. Em pouco tempo, o número de pessoas e empresas presentes cresceu rapidamente.

O usuário cadastrado, além de comprar, pode oferecer até 100 livros seus para venda. Um verdadeiro facilitador do mercado livreiro. Nada melhor do que negociar conhecimento!

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Contrariar

Nem o Diabo escapa do sarcasmo brasileiro. Diga-se de passagem, um sarcasmo bem elaborado e revelador de algumas facetas humanas.

Machado de Assis escreveu o conto "A Igreja do Diabo". Na história, o Diabo resolve fundar uma igreja, cansado de seu papel secundário no plano divino.

Matreiramente, institui toda sua estrutura, dogmas, templo, fiéis e consegue, com sucesso, dar início ao seu empreendimento.

Obteve a conivência de Deus e pode fazer as mais diversas reformas imaginadas, para que todo projeto ocorresse de acordo com seus desejos.

Passado algum tempo, começou a perceber divergências internas, certos desvios de conduta de seus seguidores. "... Certos glutões recolhiam-se a comer frugalmente três ou quatro vezes por ano, justamente em dias de preceito católico; muitos avaros davam esmolas, à noite, ou nas ruas mal povoadas; vários dilapidadores do erário restituíam-lhe pequenas quantias;.. ".

Mais do que a jocosa visão do mal, Machado de Assis pintou uma jocosa visão da maldade humana, da tendência de agir contra a convenção, de contrariar, de burlar. O errado instiga a índole humana!
Por qual motivo há essa herança incutida em nossos genes? Quase podemos acreditar ser uma herança do pecado original... Mais ainda, a sabedoria machadiana nos mostra que nem o Diabo pode com o 'Diabo'.

Nossa sorte é o espírito humano ser maior e poder contrariar a própria contrariedade!

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Kindle

Livros têm características insuperáveis.

Refiro-me a livros de papel, ferramentas tecnológicas existentes há milhares de anos, sem grandes alterações em sua concepção básica.

As tintas são melhores, o papel mais refinado, sua durabilidade é maior, são resistentes a pragas, mas continuam sendo palavras impressas em um meio físico, fáceis de transportar (na grande maioria) e relativamente acessíveis a quase todo cidadão.

Conta ainda o lado poético do mundo bibliográfico. O cheiro das páginas é diferente para cada um deles. Folhear tem seu ritmo em cada caso, possuem um tato particular. Sua imagem, sua capa, se associam a memórias e sentimentos.

Porém, para mim é inevitável ressaltar minha veia tecnológica. Prefiro documentos digitalizados a arquivos em papel. Faço anotação em documentos digitais. Desenvolvo profissionalmente objetos digitais.

Do ponto de vista de ocupação espacial, preservação e segurança, o mundo digital tem seus atributos insuperáveis. Há muito tempo aguardo uma boa alternativa ao livro tradicional. Jamais para substituí-lo, mas para ocupar as lacunas ou aprimorar o armazenamento e acesso de informações textuais.

A Amazon lançou recentemente um bom candidato: o Amazon Kindle. Com possibilidades de transporte, adequação visual e conexão a lojas digitais, ele possui uma série de inovações e tecnologias recentíssimas.

Fica a dever na questão do preço e das discussões quanto a direitos autorais. Muito mudará e o futuro é extremamente incerto. Tantos outros já tentaram, mas a maior livraria digital do mundo tem grande chances de acertar a mão...

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Herança

Certa vez, eu ouvi uma bela metáfora sobre os ensinamentos paternos.

Ela dizia que nossos pais colocam uma série de valores em nossa mochila, durante a infância. Uma vez adultos, escolhemos os itens para continuarmos a carregar, fazemos nossa seleção.

O tema do filme Um Bom Ano, com Russell Crowe, gira em torno do legado passado por nossos "mais velhos".

Russell Crowe interpreta um inglês, criado por um tio radicado na França. Na infância vive e ganha momentos para sua "mochila". Na vida adulta, apresenta aqueles valores escolhidos por ele.

Sua escolha são os possíveis afastamentos de seu tio, mas tudo muda quando ocorre seu falecimento. Para resolver as burocracias da herança, o sobrinho volta à França e é obrigado a se defrontar com todos os itens de sua antiga "mochila".

Adicione à história um enredo pautado pelo vinho local e do terroir de seu tio. Além disso, a convivência de ingleses e franceses, povos de conhecida divergência cultural, mais alguma personagem americana, para mexer o caldo de vez.

Uma poesia filmográfica sobre a construção de nosso arcabouço moral, transmitido pela família e os mais próximos. A crise do crescimento e o enfrentamento do mundo externo. Diversão e emoção garantida!

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Pão Integral

Após uma série de pedidos, para passar a receita de pão integral que faço, resolvi postá-la no blog, para facilitar o acesso e permitir o conhecimento da receita por mais pessoas.

Pois é, para os desavisados, este analista de sistemas que vos escreve, metido a blogueiro, envereda semanalmente na arte da panificação. Talvez seja o sangue luso correndo em minhas veias! :)

Pão Integral Caseiro

Ingredientes

. 450 gr de farinha de trigo integral
. 300 gr de farinha de trigo branca
. 30 gr de fermento biológico
. 450 ml de água
. 1 colher de sopa de sal
. 1/2 xícara de café de linhaça
. 2 colheres de sopa de óleo

Preparo

Misturar em uma vasilha as farinhas e a linhaça. Aqueça a água até ficar morna. Não pode ser muito quente! Separe uma xícara de chá da água e dissolva o fermento nela.

Abra um espaço no meio dos ingredientes secos e despeje o fermento dissolvido. Comece a misturar com um garfo e adicione o resto da água, aos poucos, para integrar todos os ingredientes.
Faça o mesmo com o óleo, em seguida.Quando ganhar consistência, comece a manipular com a mão para retirar da vasilha.

Coloque em uma superfície lisa levemente enfarinhada (mesa, pia, etc.). Adicione o sal na massa. Sove-a por cerca de 10 minutos.Se necessário, pode ser adicionada um pouco mais de farinha branca, até não grudar muito na mão. Cuidado com a farinha a mais, pois a massa deve ser ligeiramente pegajosa. O bom pão não tem sua massa extremamente seca, deve ter bastante umidade.

Faça uma bola com a massa e deixe descansar, por cerca de 15 minutos, ou até dobrar de volume. Abra a massa novamente e dobre-a em seguida, repetidas vezes, para arejar a massa. Por fim, abra-a com um rolo e enrole-a como um rocambole.

Coloque-a numa forma grande de pão e deixe descansar. Ela deve preencher a forma e passar de sua borda. Dependendo do tempo levará de 40 min. a 1,5 hr. Também pode ser feito o ‘teste da bolinha’. Em seguida, pré-aqueça o forno por 10 minutos, na temperatura máxima. Com uma faca de fio, faça um corte superficial e longitudinal em cima da massa.
Leve-a ao forno e altere a temperatura para médio (cerca de 230 oC). Asse por cerca de 45 min. Uma forma de saber se já está assado é puxar a forma e bater embaixo. Se o som for oco está assado. Retire do forno e da forma imediatamente. Deixe esfriar sobre uma grelha, coberto por um pano.

Dicas

Depois de dominado o processo básico, ou seja, acertado algumas vezes, algumas alterações podem ser feitas, de acordo com o gosto do freguês. :) Por exemplo, pode ser substituída 150 gr de farinha de trigo integral por 150 gr de fibra forte (encontrada em lojas de produtos integrais). A fibra forte deixará a massa mais granulada.

Outro alteração é adicionar uma xícara de chá de aveia em flocos grandes à massa. A aveia deixa alguns pedacinhos meio ‘crocantes’ no pão. A massa também pode ser dividida em pãezinhos menores, alterando-se então o tempo de forno (menos tempo) e assando-os sobre um grelha.

domingo, 25 de novembro de 2007

Injúria

Notável é a dificuldade de nossa sociedade em aprender com os próprios erros.

Não faz muito tempo, há alguns poucos anos, todos devem lembrar do caso da escola infantil, injustamente acusada de abuso contra os alunos.

Rapidamente noticiado o problema, em pouco tempo estava a escola falida e seus proprietários ameaçados de diversas formas. Ao final, para quem pode se informar, tudo não passava de pueril fantasia.

O desejo pelo grande furo jornalístico, associado aos direitos de informação e "de expressão", destruiu a vida e a reputação dos donos da escola, sem jamais poderem ser justiçados.

Atualmente, há pouco mais de um mês, observamos o caso do padre Júlio Lancellotti. Envolvido em um caso, vítima de extorsão, viu sua imagem e sua história estampada em diversos meios de comunicação, em meio a uma confusa apresentação de "fatos".

Com a justificativa da imparcialidade, as pessoas contrapuseram, em peso de igualdade, a palavra de um ex-interno, com diversas acusações na justiça, frente a de um padre, defensor de causas humanitárias e dos mais pobres. A imparcialidade eliminou o histórico das pessoas. A palavra deixou te ter valor algum.

É certo que muitas pessoas divergem de posições sócio-políticas do padre Júlio. Vivemos numa democracia, sendo normal a defesa de pontos de vista contrapostos. Inadmissível é utilizar um caso obscuro para denegrir a imagem de um adversário.

Precisamos urgentemente de um rei sábio, tal qual o rei Salomão. Nós necessitamos da racionalidade inspirada e sensata. No episódio em questão, qualquer pessoa tem certeza que o padre Júlio capitularia em favor da criança.

Por enquanto a notícia está esquecida, deixou de ser interessante sua destacada publicação. O tempo, sem dúvida, confirmará a verdade e espero o noticiar pelos mesmos meios de comunicação, em respeito aos verdadeiros direitos de informação e de expressão.

sábado, 24 de novembro de 2007

Pontualidade

Um alerta atrasado não chega a ser um alerta. Não cumpre sua função.

Recebi uma prestativa correspondência da empresa de TV a cabo me avisando de possíveis interrupções esporádicas de seu serviço, em determinado período de dias.

O único e pequeno detalhe foi o aviso chegar no último dia do período, o qual só recebi à noite, na volta do trabalho.

A nossa história com os prestadores de serviços não anda bem ultimamente. Deixaram de ser raros os casos de mau atendimento, descaso de atendentes, problemas no fornecimento do serviço e "mau" entendimento das condições contratadas.

Eles se limitam a dar uma solução, muitas vezes paliativa, que cumpram os protocolos obrigatórios legalmente. Em grande parte, somos vítimas da falta de opção em serviços de telefonia, Internet banda larga ou TV paga.

Receber uma correspondência atrasada, nessas condições, com a intenção de mostra de competente atenção, seria cômico se não fosse trágico. Nem quando pretendem acertar conseguem!

Isso sem levar em conta que a assinatura também se refere à Internet banda larga.

Desconheceram a função do e-mail? Não sabem onde deixaram meu cadastro, onde constam pelo menos 3 números de telefone? Se um simples contato é tão desastrado, o que esperar das demais prestações de serviço? Definitivamente não busco uma solução, apenas desabafo.

Num último fôlego de resistência, me pergunto: o que é necessário para a situação mudar?

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Registros

Desde os tempos das cavernas o ser humano registra graficamente sua história, suas idéias, seu olhar do mundo.

A própria escrita não deixa de ser uma forma gráfica de solidificar as palavras, torná-las concretas.

O desejo do registro culminou na avalanche de câmeras espelhadas pelo mundo, hoje acessíveis a grande maioria das pessoas, com o advento dos equipamentos digitais.

Em alguns lugares ocorre uma verdadeira profusão, e confusão, de pessoas "armadas" com suas lentes, registrando tudo a sua frente. Parecem a velha piada estereotipada de orientais com jeito de turistas e equipamentos no pescoço.

Um dos registros mais comuns são os álbuns de família, com fotos e mais fotos de fatos de nossa história, principalmente das crianças.

Em um reunião familiar, vimos diversos filmes super-8 que registram a época da infância da minha esposa. As crianças, a família, os eventos, tudo em um carinhoso cinema mudo da família. Verdadeiro avanço com relação aos registros estáticos no papel da fotografia.

Na minha nova família, a onda é levar DVDs graváveis aos exames de ultra-sonografia, para registro das imagens captadas pelo aparelho. O mais difícil é lembrar tudo que o médico explica. Naquele momento, ele descreve um monte de manchas pretas e brancas, dizendo o que são e não são, e você acredita... :)

As imagens comporão uma versão moderna do álbum de família! Já imaginou podermos ver quando ainda éramos um feto? Nossos filhos poderão...

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Ficção

"Nós somos feitos do tecido de que são feitos os sonhos."

William Shakespeare cunhou a frase acima, com propriedade de grande poeta, para nos deixar um aviso.

A ficção serve de exercício de nossos sonhos, de campo fértil para cultivarmos os anseios motores de nosso destino. Sem ela somos terreno árido, onde pouco pode crescer.

Por toda nossa história, grandes sonhadores semearam em nossas cabeças viçosas raízes das plantas da criatividade. Para mim, especialmente nos dois últimos séculos, apoiados nos avanços da ciência, os principais ícones dessa seara surgiram: Isaac Asimov, Júlio Verne, H. G. Wells, para ficarmos nos mais conhecidos.

Em tempos atuais, em pleno século XXI, sinto falta dos grandes ficcionistas. Fica a sensação destes não surgirem mais, como se a semente morresse na pedra.

No passado, os sonhadores viam o futuro e, apesar de nem sempre acertarem, acabaram por nortear o desenvolvimento de grande parte de nossa ciência. Hoje parecemos viver apenas para o presente, pragmático, presos em nosso dia-a-dia conturbado, sem ouvir o passado e nem enxergar o futuro.

Precisamos resgatar nossos sonhos, semear mais sonhadores, desmontar nossos grilhões do imediatismo, para que nossa vida não acabe em sono...

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Herói

O arquétipo do herói é presente em todas as sociedades humanas, independentemente de região ou época.

Criamos e cultuamos nossos heróis como fonte inspiradora de nosso modelo ideal de comportamento. Alguns até apresentam seus traços humanos, suas fraquezas, mas suas virtudes são sempre mais importantes e destacadas.

Sua importância é tanta que sua ausência pode denotar algo de errado em nosso meio.

Quem nunca sonhou em ser um super-herói?

De alguma forma, desejaríamos ter poderes sobre-humanos para superar as dificuldades e auxiliar ao próximo. Um dia, um certo professor me ensinou ser melhor ainda conseguir ajudar mesmo com nossas limitações e dificuldades.

Na semana passada, um garotinho de 5 anos salvou um bebê de um incêndio. Sua coragem, misto de inocência e fantasia, permitiu que uma vida fosse resgatada contra todas as expectativas. A sua recompensa é apenas poder ser um dia bombeiro. Aliás, hoje ele já diz ser "o filho do homem-aranha". :)

Em Sorocaba, uma senhora de 70 anos salvou toda a família, em outro incêndio, arrancando uma grade da parede da casa, com as próprias forças. Tudo que ela pode ver naquele momento foi o bem de seus filhos e netos, sua força maior.

São assim os nossos heróis do cotidiano. Sem o glamour sonhado na infância, sem os superpoderes adquiridos, seguem em nosso meio fazendo muito com pouco. Será apenas um meio de disfarçar sua divindade?

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Fiscalização

Certos acontecimentos em nosso cotidiano são no mínimo difíceis de entender.

Por exemplo, o que dizer das tais "operações-padrão" executadas por fiscais como forma de protesto? Eles realizam o seu trabalho corretamente, sem omissões, para protestar!

Minha mãe viajou em uma excursão, nesse feriado, até o Rio Grande do Sul, junto com um grupo de senhoras católicas, algumas freiras e um padre.

No caminho de volta, forma paradas em um posto de fiscalização, depois de 23 horas de viagem, para averiguações. Por ser um feriadão, as fiscalizações são necessárias, devido ao grande movimento e os mais diversos tipos de ocorrências possíveis.

Foram 1 hora e meia de averiguações! Inclusive pedir o RG de todas as senhoras e do padre para constarem do relatório. Enquanto esperavam, elas apenas puderam rezar e cantar com alegria, apesar do esgotamento pela longa viagem. As mais moças estão acima dos 60...

Com um ônibus fretado, em empresa reconhecida e conhecida, com toda a documentação, por que a fiscalização foi tão demorada?

Certamente é muito suspeita uma excursão tão em ordem, nos tempos de hoje, ainda mais num feriado prolongado. No mínimo elas vinham contrabandeando alguns terços, imagens de Nossa Senhora, livrinhos de oração e um pouco de vinho de missa.

Ainda bem que o principal elas trouxeram bem guardado e apesar de não terem escondido, ninguém tirou delas: a fé!

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Vila Chã

Portugal sempre está presente em minhas referências.

Meus avós, como bons representantes do povo lusitano, nunca perderam seu característico sotaque. Além deles, tios-avós, primos e outros agregados formavam, e ainda formam, uma imagem forte da origens além-mar.

Em minha viagem a Campos do Jordão, encontrei uma preciosidade para se viver um pouquinho da "santa terrinha", principalmente no terreno gastronômico.

O nome do restaurante, um simpático pedacinho de Portugal, é Vila Chã. Seu caráter começa pelo nome, que denomina diversas regiões daquele país.

A entrada da refeição foram inevitáveis bolinhos de bacalhau. Ouso dizer que são muito próximos dos caseiros preparados por minha avó. Há até a famosa sopa de pedra, que apesar de existente em outras culturas, é muito conhecida pelos lusos.

Para o prato principal, a escolha pode ser feita entre peixes, cordeiros, perdizes e toda uma sorte de pratos tipicamente portugueses. E como cozinham esses portugueses! Experimentei uma truta com alcaparras, um acompanhamento bem com mesmo aqui, mas com batatas assadas que só lá se comem.

O acompanhante não podia deixar de ser um vinho, em taça, generosamente servido. Era um Alandra, o tinto para todos. Simplesmente delicioso!

Não podemos esquecer que da chegada à saída somos acompanhados por uma suave música de fundo, com ritmos regionais. Verdadeira imersão na melodia lusitana. Além disso, vale ressaltar a simpatia de todos no atendimento.

Encerrar o almoço não podia prescindir deles, os melhores doces portugueses: pastel de Belém, de Santa Clara, etc. Para deixar com qualquer um com água na boca.

Há muito a experimentar ainda. Devo voltar, quando possível, e levar mais alguém para conhecer. Quem puder, vale a pena!

domingo, 18 de novembro de 2007

Interior

Experimente ir a qualquer cidade do interior do Brasil e participar de um missa na igreja local.

Há algum tempo, nas viagens que realizamos, fazemos essa visita, participativa e contemplativa. Ela nos permite experimentar a vivência da fé na sua forma mais sincera e pura.

Neste final de semana, mesmo Campos do Jordão estando longe de ser uma pequena cidade do interior, fomos visitar a igreja matriz. Participamos da missa matinal do domingo.

Lá estavam os violeiros, sanfoneiros e coro para embelezar a celebração. Verdade seja dita, um dos violeiros já trocou a viola por uma guitarra elétrica, simples, mas igualmente simples é sua devoção ao tocar.

As pessoas estão claramente arrumadas para a missa do domingo. Sacaram do armário a roupa reservada para o dia, dia especial, de oração e encontro, com Deus e com os amigos. A celebração faz jus a seu nome, celebração. Celebra-se a vida, as conquistas e os pesares.

Havia ações de graça de bodas de 62 anos, aniversários de 80 e 84 anos e pela pintura de igreja. A obra continua em andamento e demonstra o cuidado pela conservação do lugar de todos. Todos estão ali, de corpo e alma, participando.

Cada canto tradicional, evocado de um repertório presente na memória de todos, cada oração no mesmo tom, leva uma mensagem para bem longe, de esperança, fé e caridade. Antes, durante e depois da celebração a comunidade está em comunhão.

É inspirador encontrar mostras de uma energia tão forte no interior. Nosso "interior" fica revigorado!

sábado, 17 de novembro de 2007

Origem

Toda tartaruga sabe seu dever de voltar à praia de origem.

Hoje volto a uma praia de origem: Campos do Jordão. Aproveitarei um pouco do final de semana, uma vez que não houve feriadão na empresa onde trabalho.

Meus pais passaram a lua-de-mel naquela cidade. Na década de 60 essa era uma opção comum para os recém-casados.

Minha concepção, fisicamente falando, não ocorreu lá, pois não nasci 9 meses depois... ( :) ). Por outro lado, a concepção filosófica de nossa família, a poesia para sua amálgama, se originou lá. Foram muitas promessas trocadas, muitos sonhos iniciados, muita inspiração recebida.

Reside no imaginário da família um pouco da magia de Campos. Alguma outra viagem aconteceu na minha infância, apesar de eu não me lembrar. Lembram-se os adultos à época, do frio dos pequenos, da diversão familiar, dos bons momentos.

Há 10 anos fiz minha primeira e única viagem consciente até lá. Foi a primeira viagem por minha conta, com meu primeiro automóvel e minha namorada. Boas recordações ficaram também. Vamos atrás agora de revivê-las.

Vamos como nova família, embrionária. É embrionária biológica e filosoficamente. Um novo começo, mais um pouco de história, de uma história maior, de uma jornada.

Sinto-me um pouco tartaruga...

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Fax

Já fiz algumas críticas às soluções da Microsoft. Juro não ser perseguição!

Em alguns casos recentes, ela se empenhou em proporcionar uma opção adequada, dentro das tendências mais novas do mercado. Só não teve sucesso.

O fato de estar utilizando o Vista, como tantos outros novos usuários, contribui para um contato mais próximo e cheio de atritos, pois se trata de um novo sistema operacional.

A impressão inicial é desfavorável, coisa comum em lançamentos, talvez até pela falta de intimidade, um pouco de medo do novo. Analistas apontam o XP, seu irmão mais velho, como seu principal concorrente. :)

Porém, alguns detalhes se apresentam imperdoáveis.

Esses dias, precisei enviar um fax e fui procurar o serviço no Windows, que existia no XP da minha máquina antiga. Para minha surpresa, descobri que o interessante serviço 'Fax and Scanning' do Vista está disponível apenas na versão Business!

A versão em meu computador é a Home Premium, me tornando um "sem fax". Quem será o gênio que definiu a inutilidade do fax em uma residência? Está certo que muito se resolve com o e-mail, mas ainda temos as instituições, como bancos, postos de serviço público, etc., para nos solicitarem o envio de um documento, por fax...

Pesquisei as páginas de suporte, na procura de alguma alternativa oferecida pela empresa, mas eles se limitaram a instruir um usuário ler mais atentamente a especificação de um produto, antes de comprá-lo. Um bela mostra do retorno que temos ao comprar software...

Fiquei sem alternativas! Aliás, a única restante é procurar um aparelhinho esquecido em algum canto. Alguém tem um por aí?

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

e-Morte

Como será a vida após a morte?

Encontraremos vales verdejantes? São Pedro nos recepcionará na entrada? Ficaremos muito tempo no purgatório? Uma luz aparecerá para nos guiar no caminho?

Cheguei à condição de explicar... Vivo uma situação pós-morte! E não é uma experiência de quase-morte. Explico-me...

A morte vivida por mim é uma morte virtual ou, como batizei, uma e-morte. Deixei de acessar o Second Life por cerca de um mês e, quando fui tentar voltar, meu perfil estava bloqueado, morto! Um mês de sumiço foi suficiente para me cancelarem por inatividade.

Até havia uma mensagem de como solicitar a recuperação da conta. Enviei a mensagem para o suporte, mas o máximo que consegui foi uma sugestão de criar novo cadastro. E as minhas propriedades virtuais, meus lindens conquistados com duro trabalho? Tudo foi esquecido...

Como não tinha muito tempo a dedicar a esse mundo, decidi deixar para lá e nem me cadastrar novamente. Não vou reencarnar em outra personagem. Talvez esse seja mais um dos motivos da estagnação do próprio sistema do Second Life.

Pelo jeito, além de nossa vida, nossa morte e pós-morte são mais interessantes em nossa First Life, ou First Death. Ainda bem...

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Virtualização

O momento é de experimentar a criação de máquinas virtuais.

Pode até parecer alguma experiência esotérica, mas é uma tecnologia muito útil em tempos de otimização. A criação de máquinas virtuais, ou também chamada virtualização, permite a execução de diversos sistemas operacionais em uma única CPU.

É um conceito antigo para os usuários habituais de mainframes, trazido há algum tempo para o mundo dos microcomputadores, a computação pessoal.

Uma vantagem inicial é a utilização plena de um recurso de hardware, com o balanceamento adequado. No meu caso, a tecnologia permite a experimentação de diversos sistemas operacionais e configurações, sem a necessidade de reinstalação completa da máquina.

Com uma nova máquina em condições de suportar a tarefa, pude testar diversas soluções para esse fim: VMWare, Xen, Virtualbox e outros. Todos têm funcionalidades parecidas e permitem o uso completo da tecnologia. A escolha fica a cargo da empatia com o software (se é que podemos 'sentimentalizar' essa relação... :) )

As máquinas com processadores de núcleo múltiplo (dois, quatro e, no futuro, mais alguns núcleos) dão conta do recado facilmente.

Paro um segundo para analisar: múltiplos sistemas, múltiplos núcleos, ubiqüidade de informações... Só há um senão em toda essa equação: eu ainda sou apenas UM!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Robôs

Contaminado pelo bacilo libris viccium, não resisti a comprar os três volumes de "Histórias de Robôs", de Isaac Asimov.

Os volumes são compilações feitas por Asimov, agrupando diversas histórias sobre robôs, das mais diferentes épocas, escritas por vários autores, inclusive o próprio.

Em formato de pocket book é uma leitura cativante, difícil de largar e acessível para os mais diversos públicos. As histórias oferecem um belo apanhado das idéias sobre a ficção dos autômatos.

É surpreendente descobrir que no século 19 já haviam sido compostas peças de ficção sobre o tema. Imaginem o que poderia ser a tecnologia dos anos 1832, 1912, 1934 ou 1940, só para citar alguns exemplos.

Essa coleta apresenta com muita clareza a rica influência recebida por Asimov, para se tornar o grande expoente da área.

Ao ler os contos, se nota a quantidade de problemas propostas nas relações com as máquinas, mas que em sua grande maioria espelham os problemas comportamentais humanos. Afinal, elas são nossas criações e herdam nossos defeitos... É um tanto quanto genético!

Mesmo não sendo uma tradução primorosa, pois dá para se perceber uma série de pequenos probleminhas, ou pequenas questões de estilo, ainda oferece divertidos momentos de leitura.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

HD DVD

Estamos diante de um novo embate entre padrões da indústria de eletrônicos.

Tal como um dia Betamax e VHS disputaram qual seria o padrão adotado pelo mercado, hoje o HD DVD e o Blu-Ray estão em uma longa contenda para tentar assumir a dianteira.

É bem verdade que a disputa ocorre em ritmo mais lento, pois já está em pauta há um bom tempo.
Atualmente, é comum os aparelhos adotarem certa convergência e aceitarem diversos sistemas. É um fator a colaborar com a demora. Existe também o fato da experiência anterior e a indústria ficou mais cautelosa em tomar partido.

O discurso de ambos os lados remete às qualidades de cada padrão. Todos estão buscando a maior definição de imagem, capacidade de armazenamento e recursos de proteção. Porém, se a história se repetir, acabaremos com uma decisão baseada no custo. O consumidor tem essa tendência, principalmente quando as opções são tão equiparadas.

Diversos fabricantes já apresentaram suas soluções e até mesmo a indústria de games já colocou sua fichas na banca. A profusão de opções apenas aumenta a dificuldade de adoção de uma única tecnologia.

Por que insistir em ficar apenas como uma? Não será possível a coexistência saudável de diversas opções?

A bem da verdade, ainda talvez seja cedo discutir, afinal os preços dos equipamentos pioneiros são altos o suficiente para adiarmos mais um pouco a discussão... :)

domingo, 11 de novembro de 2007

Entender

Entender
(Evandro Souza)

Tentei entender o amor
Conheci um bombeiro dedicado
Apesar do trabalho de risco e suor
Continuava, pela vida, obstinado

Tentei entender o amor
Encontrei muitos recém-casados
Cada dia, a cada flor
Pareciam sempre mais enamorados

Tentei entender o amor
Convivi com amigos leais
Aproveitavam da vida o sabor
Compartilhavam momentos reais

Tentei entender o amor
Observei jovens amantes
Apesar de etnia ou de cor
Construíam histórias inebriantes

Tentei entender o amor
Presenciei muitas bodas de prata
Em todo tempo, na alegria ou na dor
Partilhavam alegria inata

Tentei entender o amor
Por mais que pudesse buscar
Compreendi o mais simples a supor
que ao amor basta amar

sábado, 10 de novembro de 2007

18 anos

Por algum motivo definiram a idade de 18 anos como o limite para a maioridade. O motivo certamente está relacionado à maturidade psicológica, mas o fato é que dezoito anos são uma vida.

O tempo é muito relativo, para uns passa extremamente depressa, para outros custa a passar, se arrasta. Mesmo em nossa experiência pessoal, dependendo da situação momentânea, ele tem um curso completamente distinto.

Em um relacionamento, para os padrões dos dias atuais, dezoito anos são um recorde! Não deveriam ser, mas as instabilidades e imaturidades de nosso tempo fazem muitos deles ruírem, se é que poderíamos considerá-los estáveis.

Mesmo em condições normais de temperatura e pressão, a temperatura e pressão jamais serão constantes em um período de tempo dessa dimensão. Nesse período muito muda, nós mudamos, o planeta muda, e são os laços de amor cultivados com sinceridade que garantem a sobrevivência.

Observemos os últimos dezoito anos... Há dezoito anos o muro de Berlim caiu. Lula e Collor disputavam uma eleição histórica. O Senna ainda não era tri-campeão de Fórmula 1. AIDS era o flagelo dos deuses. CD era uma novidade exclusivíssima. Internet era um sonho muito distante. Celular era impensável. Diários em blogs então, nem se fala. Outros tantos fatos são praticamente ficção para as crianças do século XXI.

O amor continua o mesmo. Sempre metamorfo, sempre criativo. É o mesmo, sempre diferente, a se reinventar e sobreviver. Mutante, ele muda nossa vida. Por dezoito anos de transformações, muita alegria e construção de felicidade, só se pode dizer: Parabéns!

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Espectador

A paternidade nos transforma de muitas maneiras.

Nossa perspectiva muda, temos agora uma preocupação com alguém mais, uma série de planos surgem desde a primeira notícia recebida.

Sabemos da importância de nossa participação, na concepção e na futura educação, no acompanhamento de uma nova vida. É responsabilidade enorme!

Porém, durante o período da gestação, em diversos instantes, a minha sensação é de espectador. Sou consciente de minha importância antes e depois desse período, mas a impressão é de que neste momento a mulher está com todo o trabalho e a nós homens só nos resta assistir.

Eu fico a observar as mudanças na minha esposa, a esperar as notícias de um novo exame de ultra-som, a colher um pouco de instrução sobre a nova fase em nossas vidas.

Esse estado todo de observação me propicia muito tempo para reflexões, encanações, inquietações... Como será? Serei um bom pai? Mudaremos para onde? Como serão os cuidados? Como me verá um dia?

Ainda bem que recobro a consciência em pouco tempo e lembro de assisti-la, a minha esposa, lhe dando apoio, carinho e condições para esse período divino, mas delicado. Consigo me tornar menos espectador.

O que realmente não consigo é ser menos expectador!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Barbatuques

"Batuque na cozinha a Sinhá num qué
Por causa do batuque eu queimei meu pé...."

Desde a infância batucamos. Desde a pré-história o ser humano batuca.

Batucar, extrair sons de objetos rudimentares, foi uma das primeiras forma de expressão humana. Começo de nosso cultura e exercício de agregação social.

Também aproveitamos toda a potencialidade de nossos corpos e obtemos sons de nossa anatomia. Assobiamos, batemos palmas, sapateamos, etc...

Que tal juntar tudo isso e criar um estilo de música, aliando contemporâneo e primitivo, de maneira divertida e em um grupo? Um grupo que utiliza esses elementos com grande beleza é o Barbatuques.

Em suas músicas, ou até poderíamos dizer performances, eles incluem muito musicalidade brasileira misturada às técnicas de percussão corporal. A percussão corporal cria música com o corpo em harmonia com seus ritmos, formas e energia.

Vale a pena conferir! Hoje foram apresentados no programa Ensaio, da TV Cultura, com reapresentação dia 10, às 0h10. Um grande exemplo da excelente criatividade brasileira.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Felicidade

"O que faz você feliz?"

Com esse mote, em recente propaganda comercial na TV, uma rede de supermercados brasileira toca em um ponto nevrálgico da filosofia humana.

Possivelmente a busca da felicidade é uma das mais antigas motivações de nossa espécie. Além de fazer seu merchandising, a empresa nos presenteou com uma bela representação desse sentimento.

Como todos os temas de difícil definição, a felicidade muitas vezes é mais bem compreendida por comparação, ou por associação de coisas a sua volta. Procuramos compreendê-la por sua periferia, por algumas de suas faces permitidas a nós vislumbrar.

O conceito de felicidade está intrinsecamente ligado à idéia de expectativa. Quanto mais esperamos, quanto mais desejamos, mais precisaremos conseguir para nos sentir satisfeitos e, então, felizes. A simplicidade pode nos propiciar um caminho mais natural para obtenção da felicidade.

Muitas pequenas coisas da vida, simples e singelas, são as maiores fontes de alegria. A vida e a natureza são assim, simples e pequenas. Complicados e complicadores somos nós!

Mas afinal, o que faz você feliz?

"A lua, a praia, o mar.
Uma rua, passear.
Um doce, uma dança.
Um beijo ou goiabada com queijo? ..."

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Crash

Certos filmes têm o poder de traduzir magistralmente as nossas tragédias do cotidiano.

Pegue uma grande cidade, coloque cidadãos de todas as origens e etnias, some a tudo isso um cotidiano estressante e uma cultura bairrista e violenta.

O resultado é apresentado em Crash - No Limite. Podem esquecer a propaganda com atores e atrizes conhecidos, como Sandra Bullock ou Matt Dillon, todos os personagens tem passagens bem curtas, sendo o mais importante a trama que os envolve e a relação entre eles.

Sabemos que é ficção, mas chegamos a nos perguntar: quão próximos não estaremos da situação descrita no filme? Excluindo-se as coincidências de roteiro, o quanto a nossa sociedade está minada pela intrigas, falta de solidariedade e individualismo?

No filme as histórias de cada um têm suas soluções, boas ou não, e com muita poesia na sua descrição. Em nosso mundo real, conseguiremos dar soluções as nossas situações limites?
Fissuras no tecido social nem sempre são passíveis de conserto. Elas podem desagregar indefinidamente o equilíbrio entre os elementos componentes da sociedade.

Assistir Crash nos faz refletir sobre nossas responsabilidades e as conseqüências de nossas atitudes e omissões. É necessário agir antes de chegarmos ao limite.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Caneca

Sabe quantos anos leva para um copinho plástico se decompor na natureza? 450 anos!

Assim como os copos plásticos, muitos outros itens do nosso cotidiano têm períodos bem longos para se decomporem. Por serem itens de uso diário os consumimos em grandes quantidades.

Tomo bastante água durante meu dia. Se a cada hora tomo um copo de água, durante meu período de trabalho seriam 8 copos. Terminaria um mês com 160 copos consumidos e um ano com cerca de 1920 copos.

É um montão de lixo para umas cinco gerações!

Não seria melhor utilizar algo descartável e que preservasse a natureza? Foi exatamente o que eu fiz... Como não gostaria de deixar uma herança dessas para meu tataratataratataranetos, resolvi levar uma das minhas canecas para o escritório.

Dessa forma, continuo bebendo minha água e dando uma pequenina contribuição ao meio ambiente. Pequenos cuidados podem fazer muita diferença, principalmente se muitas pessoas os terem.

Que outras pequenas coisas poderemos fazer? Comecemos a fazer uma lista... De preferência sem desperdício de papel. :)

domingo, 4 de novembro de 2007

Santos

Santos são freqüentemente confudidos com pequenos deuses.

Para os incautos desavisados, vou avisando: não o são. Foram pessoas muito humanas, em seu dia-a-dia, com sua limitações e dúvidas, mas com grande certeza na fé.

Nem me refiro a fé no seu sentido mais direto, afinal recentemente foi amplamente divulgada a biografia de Madre Tereza, com declarações suas sobre dúvidas na fé em Deus.

Refiro-me a certeza de fazer a coisa certa, acima dos próprios interesses pessoais e com muito amor.

Hoje, dia de todos os santos, vale a reflexão da santidade, de algo dentro de cada um de nós, reavidado pela representação de tantas pessoas que passaram por esse mundo e deram sua contribuição de amor.

Ousaria fazer a analogia com os celebridades pop da atualidade. Na vida de dedicação ao amor, são os santos os tais pop stars, servindo de modelo de conduta. Quem dera as pessoas tivessem mais celebridades com as características dos santos, para terem em quem espelhar seus desejos e comportamentos.

Uma santidade humanizada, muito próxima de nós, poderá nos trazer mais esperança.

sábado, 3 de novembro de 2007

Aférese

Doar sangue ainda não faz parte do vocabulário de boa parte dos brasileiros.

Apesar das diversas campanhas de divulgação, basta uma visita a Fundação Pró-Sangue, uma dos maiores centros de coleta da América Latina, para constatarmos a existência de muitas cadeiras de doação vazias.

Se já é difícil a doação de sangue, o que não dizer da doação de plaquetas por aférese. Muitos menos divulgada, até mesmo do que a doação de medula, ela é tão necessária quanto as outras.

Quando doamos sangue, as plaquetas são aproveitadas, mas a quantidade é pequena, afinal são apenas 450gr por doação.

O processo de doação por aférese retira apenas as plaquetas do sangue, permitindo a quase total retirada das plaquetas de uma pessoa. O organismo as reporá em apenas 2 dias, sem trazer prejuízo algum para o doador.

Assim como nos outros métodos, todo o material utilizado é descartável, garantindo total segurança. Os pré-requisitos são praticamente os mesmos dos para doação de sangue, mais uma certa pré-disposição anatômica, para facilitar o processo.

Plaquetas doadas são essenciais nos mais diversos tipos de tratamentos de tumores, como auxílio na reposição das perdidas pelo paciente em quimioterapia, por exemplo.

Divulguei em post passado a doação de sangue e agora faço campanha para aqueles que possam contribuir com a doação por aférese. Como a doação, não dói, não custa nada e pode ajudar muitas pessoas.

Propaguemos e fiquemos informados!

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Finados

Homenagear nossos entes queridos que já morreram é uma forma de preservarmos nossas origens.

Aqueles que nos antecederam construiram nossas raízes, nossa história e são parte indissolúvel de nosso ser.

A celebração de um dia dos mortos têm origens na cultura celta. Esse povo, habitante da atual região da Irlanda, realizava uma festa conhecida como Samhain.

Eles acreditavam que, no dia da celebração, o mundo dos mortos e o mundo dos vivos ficavam mais próximos. Era essa aproximação celebrada!

Desde o primeiro século, os cristãos rezavam pelos seus falecidos e visitavam seus túmulos. Após alguns séculos, vários papas instituiram a obrigatoriedade de um dia dedicado a lembrança do mortos.

Manter a lembrança acesa está longe de ser um apego ao passado. Lembrar das pessoas queridas aumenta nossa certeza de sua presença em nossa vida. Nossa vida continua, mas é fortemente fudamentada em seu legado.

Em seu amor deixado para nós está sua eternidade. No dia de finados, celebramos então o amor daqueles que nos precederam, amor lembrado em todos os dias de nossa vida!

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Macarrão

Macarrão é uma unanimidade paulistana.

Eu pelo menos desconheço um único paulistano que não goste do prato. Por sinal, conheço várias que o têm como prato preferido.

Provavelmente seja influência da cultura italiana, tão presente na terra da garoa. É mais uma das deliciosas contribuições vinda do reino da tarantela.

Para mim ainda há a tradição do macarrão às quintas-feiras, herdado da família, além do domingo, dia consagrado a iguaria entre muitas famílias.

Nada como saborear os mais diversos tipos, com as mais variadas versões de molho. Defina quem puder se é melhor o molho ou a massa, ou sua combinação. Vermelhos, brancos, roses, com carnes, com ervas, apimentados, cada um guarda sua personalidade e ocasião.

Por muito tempo fui adepto do macarrão com manteiga, um pecado para muitos discípulos da seita macarrônica. Coisa de criança... Depois da descoberta dos molhos vermelhos, os mais originais para muitos, ficou difícil optar por outra variação.

Há que se lembrar do acompanhamento indispensável: o parmesão ralado! Conheço quem preferisse sem, pois não gosta do queijo, apesar de adorar o macarrão. Ele é um exceção. A escolha fica por conta do freguês: ralado fresco, em lascas ou de saquinho industrializado.

Para completar o êxtase gastronômico, fechamos com um bom vinho, para o qual também não faltam opções e nacionalidades. Dou preferências aos tintos, um casamento perfeito em toda essa cerimônia da mesa. Aprendi com os legítimos descendentes um aperitivo delicioso para antes da refeição: pão italiano molhado no copo de vinho. Divino!

Agora, indispensável mesmo, em qualquer situação, é a companhia de muitas pessoas queridas para saborear tão lauta opção. Muita conversa, alegria e confraternização!

Com tanta abundância, de sabores e aromas, sentimentos e motivos, nossa ítalo-herança é uma verdadeira celebração do prazer à mesa!