sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Dinheiro

Oh, incompreendido vil metal...

Para começo de conversa, se há algo de vilania, não está nele em si, mas no seu uso. Ou talvez no desejo insaciável de sua posse. Certamente não pelo seu valor intrínseco, um pedaço de papel.

Na minha adolescência, cursei junto com meu pai, aulas de numismática. Aprendemos um pouco de sua história, para colecioná-lo. Não para fazer fortuna, afinal juntávamos apenas aquele fora de circulação, sem valor corrente.

A grande sacada da moeda, do dinheiro, é conseguir traduzir quanto o trabalho de um lavrador equivale ao trabalho de um professor. Pelo menos procura fazê-lo...

Grande abstração antiga, poupou muito de nosso trabalho no momento de trocarmos trabalho. Perdida sua história no tempo, perdemos a noção de seu significado.

Passamos a encará-lo por si só, como entidade com valor próprio, sem tradução. Deve começar por aí a distorção em valorizar tanto algumas pessoas, em detrimento de outras. Do ponto de vista da natureza, alguém é capaz de realizar o trabalho de outras dezenas de milhares? Mas remuneramos algumas assim...

Transformamos o dinheiro em forma de comunicação. Mais outra convenção social, que para tanto precisa ser aceita de comum acordo. Que valor teria se não fosse reconhecido por todos? Se não estivesse instituído por um governo ou governante, que lhe fiasse o crédito?

Pensando assim, vejamos os últimos fatos ocorridos recentemente pelo mundo. A prosperidade da economia americana fez grande parte do mundo investir suas economias nos empreendimentos por lá. Esse dinheiro foi usado, descontroladamente, e quando se percebeu, não havia garantias para devolvê-lo. Um grande calote aconteceu.

Traduzindo mal e porcamente, podemos interpretar assim. Mais da metade do mundo trabalhou e converteu esse trabalho em um papel. Entregou seu trabalho ao povo americano, que o utilizou indiscriminadamente. Em determinado momento, decidiram responder que não retornariam trabalho algum pelo que lhes foi entregue.

Simples, não? Um economista certamente terá muito mais teoria e conceitos para expor, mas dificilmente contradirá essa idéia. Isso pode ser visto com reacionário, impensado. Foi muito mais refletida a farra de crédito por lá, não é mesmo? E é possível que ainda queiram culpar o velho dinheiro...

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