segunda-feira, 14 de abril de 2008

Música

Música é produto exclusivamente humano.

Jamais se observou outro ser vivo criar consciente e intencionalmente algo similar. Em nossa humanidade, reconhecemos diversos sons da natureza como música, mas esta é nossa visão dos fatos.

Diante de tal constatação, é fácil aceitar o imenso sucesso de aparelhinhos como os iPods. A música está imanente a nossas vidas, presente em grande parte de nossos pensamentos, tanto que alguns preferem carregá-las constantemente em seus arquivos digitais.

Ao ler o livro "Alucinações Musicais" tomamos contatos com muitas das motivações físicas que nos levam a essa intimidade musical. O mecanismo de nosso caixinha de música mental está embrenhado em nossa genética.

Com em suas outras obras, Oliver Sacks desvenda parte de nossos mecanismos neurais através de sua experiência clínica e cirúrgica. Ao analisar estruturas funcionais neurais, quando estas apresentam problemas e geram alterações exteriores, vai se construindo uma imagem do funcionamento de nossa máquina secreta.

Fato é que todos temos uma íntima relação com a musicalidade. Todos temos uma música especial, ou aquela a remeter para um momento especial. Como em muitos casos apresentados no livro, podemos reconhecer aromas, visões, sensações provocadas por alguma melodia, mesmo sem sofrermos de alguma patologia.

Apreciamos a beleza de composições desde os primórdios de nossa história. Os primeiros batuques ritmados com ossos e pedras devem ter sido muito divertidos. Por mais que achemos causas, sua função é ainda um tanto quanto misteriosa.

Nossos mecanismos musicais se assemelham a nosso "aparelho fonador". Estruturas não concebidas pela natureza como tais, usamos de nossa criatividade instintiva para lhes dar a função desejada. E criamos...

Criamos e nos deleitamos. Entramos em catarse por um bom momento musical, principalmente quando bem acompanhados, em celebração. Momentos solitários são também de igual apreciação. Descobrimos músicas internas, muito além das provocadas por nossas composições.

Há quem associe aquela musiquinha virótica, que uma vez ouvida não conseguimos largar, com a teoria dos memes, de Richard Dawkins. As demonstrações de Sacks nos dão alguns outros porquês, validadores das idéias por trás de nossos genes mentais.

Cientes, ou não, de nossas conexões musicais, perpetuamos esse gosto através de gerações. Com muita música nos ouvidos, vamos tocando alegremente a vida...

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