quarta-feira, 16 de abril de 2008

Arte

Arte humana se compõe dos mais diversos elementos.

Ao apreciar a foto ao lado podemos reparar nas nuances de cor, nos contrastes obtidos, no tema escolhido, no momento capturado.

Tudo muito harmônico, bonito de se ver, se a imagem não se tratasse do lixo espacial produzido pela humanidade, desde os anos 50 e registrado pela Agência Espacial Européia.

Impressiona saber que se estima o lançamento de 6.000 satélites, nestes 50 anos de exploração espacial. Apenas cerca de 800 ainda estão ativos e poucos dos restantes foram trazidos de volta. Seus restos mortais estão lá...

Um real e concreto cemitério de satélites e equipamentos de espaçonaves. Triste destino para cada um dos 200 lançados anualmente. Terminado sua função, por projeto ou por obsolescência, são esquecidos nas distantes órbitas geoestacionárias.

É pouco o efeito de nossa ação no próprio planeta. Precisamos mostrar nossa grandiosidade e poluir, destruir, o espaço extraterrestre também. Personalidade megalomaníaca, essa humana! Nos sonhos, ou nas artes, somos sempre superlativos.

Arte do tipo de molecagem. Não expressão artística. Coisa de arteiro e não de artista. Aguardamos a situação chegar à beira da irreversibilidade, ou depois dela, para nos alertamos, nos preocuparmos. Depois reclamamos do pragmatismo tupiniquim...

O pragmatismo me parece impregnado na alma do homo sapiens. É questionável até mesmo a denominação 'sapiens'. Constantemente tomado por um impulso quase sobrenatural, ignora toda sua capacitação filosófica no momento de agir.

Sabedoria muito maior terá de ser empregada, para não vermos a nossa arte espacial se transformar em uma imensa chuva de caquinhos. Capaz de considerarmos a reluzente chuva outro tipo de fenômeno artístico.

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