domingo, 10 de fevereiro de 2008

Ventos

A inspiração é como o vento soprando sobre o mar.

Em dias de calmaria, brisas acariciam as águas e provocam pequenas ondulações. Decoram a superfície para embelezar a paisagem, para nossa contemplação, serena, pacata.

Muito tempo de calmaria é sinal de monotonia. Sem vento adequado os barcos não velejam, os surfistas não se divertem, as crianças não tem tantos desafios à beira da praia.

Um vento cotidiano, com variações durante o dia, provoca ondas costumeiras. É um tanto quanto habitual, estamos acostumados, o esperamos sem surpresa. Ele nos garante a praia de nosso pueril imaginário, com ondas regulares, rítmicas, incessantes.

Dias de ventos fortes também são interessantes. O mar fica revolto, imprevisível. Ondas volumosas nos assolam. Inexistem instantes de calmaria. Ficar nas águas, em dias assim, é perigoso, mas pode ser um interessante desafio.

O quebrar das ondas é intenso, incansável, nos faz ficar atentos. Procuramos saída da quebração, tentamos voltar à areia, nos esforçamos para nadar. Tanta agitação suscita instintos, nos faz procurar alternativas, nos mantém alertas.

Em nossos dias a inspiração vem e vai como os ventos. Apresentam-se nos mais diversos formatos e intensidades. Às vezes demora a chegar, ou vem apenas como brisa a nos acariciar. Noutros momentos, chega avassaladora, tempestuosa. Inquieta-nos.

Deposito minha confiança em que bons ventos sempre me levem. Que eles sejam suficientes para conduzir, inspirar a todos. Minha esperança é essa.

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