segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Relojoeiro

Controlar o tempo é uma das obsessões humanas.

Inventar o relógio foi um grande passo nessa direção. Com sua invenção, surgiu um tipo de "guardião" do tempo: o relojoeiro.

Quem foram, durante muito tempo, os responsáveis por manter o correr do tempo em perfeito ritmo? É bem verdade que mesmo sem eles o tempo continuaria correndo, mas nós não estaríamos tão atentos.

É tão difusa nossa relação com o tempo... Acostumamo-nos a referir sua passagem com o verbo correr. Poderíamos utilizar passar, transcorrer, acontecer, fluir, gotejar, deslizar, e tantas outras ações possíveis, mas invariavelmente o ligamos com a pressa, a agitação.

Com a popularização dos relógios, com o surgimento dos itens "descartáveis", a profissão de relojoeiro perdeu importância. Ninguém mais pensa em consertar um relógio. Compra-se outro! Quando não se têm vários, para combinar com diversas roupas.

Tanto faz se digital ou analógico, eles estão presentes em qualquer lugar, baratinhos, baseados em algum chip, ou um mecanismo produzido aos milhões, em algum recanto do Oriente. Há até as pessoas que os dispensam.

O tempo está marcado digitalmente, nos computadores. Qualquer sistema operacional prevê a apresentação de um relógio, em algum canto de nossas áreas de trabalho virtuais. Podemos sincronizá-los com relógios atômicos, elementos mais precisos existentes.

Substituímos engrenagens mecânicas pelos mecanismos presentes na estrutura atômica. Mesmo com tanto precisão, o tempo parece nos faltar... Terá ele sido reduzido como foram seus mecanismos de controle? Vivemos esse tempo atômico?

Modelos baratinhos e acessíveis de controle de tempo nos fizeram tratar com desleixo esse bem precioso. É assim o comportamento humano: quanto mais íntimo de algo, menos importância se dá, até sentirmos sua falta.

Restritos a noticiários sobre relógios de catedrais, acerto de mecanismos grandiosos ou relíquias de museus, os relojoeiros têm muito a nos ensinar. Devemos prestar mais atenção aos mestres do tempo, ciosos e conhecedores de suas engrenagens, apreciadores de sua passagem!

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