quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Deserto

Deserto é um conceito relativo.

Como tantos outros conceitos desenvolvidos, deserto é uma abstração de local vazio. É bem sabido que mesmo no deserto real, há vida, existe um ecossistema, inclusive extremamente sensível e frágil.

Devido à fuga em massa de seus habitantes, São Paulo, nesse primeiro dia do ano, se assemelha a um deserto. A cidade que nunca para, quase para nesses dias de final de ano.

Quase para, pois ainda há movimento, muito além do que muitas outras cidades. Porém, para os padrões da cidade é quase nada. É como se pudéssemos considerar um movimento invisível.

É divertido observar as veias abertas da cidade, suas marginais, radiais e grandes avenidas, com um tráfego tranqüilo. Tornar-se possível atravessar grandes trechos da cidade em apenas 15 minutos. Um verdadeiro deleite!

Filas ainda estão presentes nos super, mini e hipermercados. O que as pessoas vão fazer no dia 31 em um supermercado? Aliás, o que eu estava fazendo lá? É o hábito, ou quase vício, de usar os serviços 24 horas, deixando para realizar algumas tarefas só quando necessário, sem antecipação.

Até mesmo passear pela Avenida Paulista, um dia antes da 'festa de virada', é um momento único durante o ano. A comumente agitada e frenética via estava como uma rua de cidade do interior, com transeuntes calmos, turistas contemplativos e um sol de rachar.

A cidade ganha um espírito calmo, de descanso, de reinício. Ganha um novo fôlego, para se superar e conseguir enfrentar os novos, às vezes um tanto velhos, desafios.

Em meio ao deserto, num respiro de vida da existência, surgem oásis responsáveis pela lembrança que ainda há horizonte.

Nenhum comentário: