sábado, 18 de abril de 2009

Savoir-faire

Certas expressões são plenas de significado.

Explicá-las só dificulta as coisas. Traduzir então... é tarefa para muito poucos. Nem por isso as pessoas deixam de tentar realizá-la, mesmo que isso signifique insucesso.

Por exemplo, savoir-faire. Há quem a traduza como know-how! Justamente uma expressão fria, um tanto técnica, sem toda graça envolvida no savoir-faire.

Tudo bem, não está errado. Errado não se aplica à tradução deste caso. Só que fica um bolo sem cereja. Nem acredito que seja pelo idioma escolhido, mas pelo estilo da expressão.

Enquanto a versão saxã tem um tom de manual, de saber como fazer (know = saber; how = como), a latina soa com muito mais romantismo, como a concretização da sabedoria (savoir = saber; faire = realizar).

Deixado de lado o "jeitinho brasileiro", a expressão guarda maior semelhança com a brasileira malemolência. Usada para explicitar o traquejo experiente e bem sacado para tratar determinadas situações.

Quem possui o tal savoir-faire transparece certa mágica naquela área. Agraciado com certo dom, certa iluminação, para navegar nos meandros de sua habilidade. Parceria ideal com a ideia de graça, bem concedido com independência de mérito.

Um colega de trabalho comenta repetidas vezes a capacidade de sociabilização da esposa. Pessoa capaz de unir grupos, influenciar indivíduos e fazer amizades, sem demonstrar esforço. Habilidade que ninguém consegue aprender na escola, pelo menos conscientemente.

E olha que tem gente que se esforça, mas está longe de conseguir. Não vem de dentro, não nasceu com aquilo. Aliás, para bem definir e resumir, é inato! As pessoas assim agraciadas devem ter alguma conexão sináptica especial e única, proveniente de mutação.

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