sexta-feira, 17 de abril de 2009

Mente

"What is mind? No matter. What is matter? Never mind."

Com este trocadilho, George Berkeley instiga um pouco mais nossa curiosidade a respeito da entidade que nos compõe, ou nos domina, ou sobre nós mesmos.

Investigamos amplamente nosso centro nervoso, o atual comandante da máquina humana, em todos seus impulsos elétricos, sinapses, neurônios e células gliais.

E entendemos tão pouco sobre... Mapeamos circuitos, caminhos, regiões e fazemos uma profusão de suposições. Identificamos pelas perdas e acidentes, pelo reverso, muitas de suas funções.

Será nossa mente, nosso eu consciente, resultado de todo esse processo? Reflexo natural do intricado engenho das conexões, combinadas em reações ao ambiente e necessidades basais de manutenção corporal?

Todo o universo a circular em nossa cabeça poderia resultar apenas de um constante maremoto eletrobioquímico? Discursos, discussões, reflexões, pensamentos, ideais, teorias surgiram apenas de um rico processo evolutivo. Da ameba à neurose...

Nem onde está podemos ter certeza... Um dia os gregos creditaram ao coração sua morada. Entendiam dessa forma por ser o órgão mais importante conhecido. Transferimos a importância a outro órgão, outro sistema. Lembram de avisar a mente da mudança?

Há ainda a possibilidade de uma origem divina, extrassensorial, celeste. Mistério de vida, solução mais confortável, afinal mistério prescinde de explicação. Apenas é. Curiosamente o mistério não acarreta simplesmente aceitação, desperta ainda mais curiosidade.

Só não há como duvidar de sua existência. A própria discussão sobre ela é fruto seu. Material ou etérea, incomoda a humanidade há milênios. Deverá incomodar por muito mais tempo ainda... Talvez seja isso que importa, o incômodo, importante motivação.

Nenhum comentário: