Para onde olho, vejo simulacros.
Pode ser influência da leitura de Simulacro e Simulação, de Jean Baudrillard. Apesar do discurso um tanto prolixo, sua mensagem é marcante e provocativa. Reflexão mais do que pós-moderna, denominação como o autor devia odiar.
É matéria de capa desta semana, na revista Época, a disponibilização de exames para mapeamento genético, realizado por clínicas particulares e a preços acessíveis, pelo menos para bolsos mais abonados.
Através da amostra de algumas células, retiradas com pequenas espátulas das paredes internas da boca, é feito um mapeamento das mutações nos genes do indivíduo.
Tais mutações podem indicar propensão a determinado tipo de doença, predisposição a comportamentos, além de sua ancestralidade. Quanta informação obtida de tão poucas células e de maneira tão indolor...
A descoberta da ancestralidade serve para curiosidade ou algum tipo de auto-psicanálise. Já as predisposições comportamentais e patológicas, colaboram na escolha das melhores condutas de vida ou na adoção de terapias e tratamentos preventivos.
Há ainda muita controvérsia na eficácia de tais métodos e sua finalidade. Teimamos em obter uma relação de causa e efeito em tudo que descrevemos. Quais são as garantias de podermos predizer algo, baseados no estudo do passado, em condições bem específicas?
Em caso sem muita alternativa, como em doenças degenerativas sem cura, alguém realmente gostaria de saber ser uma potencial vítima? Interessante mesmo só para a indústria médica, perita em vender problemas e soluções, tudo muito bem arranjado.
De qualquer forma, a ilusão mesmo é ver tudo isso propagandeado como amplamente disponível em cerca de 10 anos! Basta repararmos na realidade da saúde em nosso país, com as condições de hospitais e do atendimento público, o desrespeito de agentes privados com seus clientes e tantas outras mazelas que estamos cansados de assistir e sofrer.
A quem desejamos enganar? Os problemas são antigos e as promessas também. Uma corriqueira tomografia mereceu o mesmo alarde há 10 anos atrás. Procure saber o quanto é difícil conseguir atualmente uma, nos rincões de nossa nação. Triste constatar que vivemos simulacros para nos tornarmos mais seguros e felizes.
Pode ser influência da leitura de Simulacro e Simulação, de Jean Baudrillard. Apesar do discurso um tanto prolixo, sua mensagem é marcante e provocativa. Reflexão mais do que pós-moderna, denominação como o autor devia odiar.
É matéria de capa desta semana, na revista Época, a disponibilização de exames para mapeamento genético, realizado por clínicas particulares e a preços acessíveis, pelo menos para bolsos mais abonados.
Através da amostra de algumas células, retiradas com pequenas espátulas das paredes internas da boca, é feito um mapeamento das mutações nos genes do indivíduo.
Tais mutações podem indicar propensão a determinado tipo de doença, predisposição a comportamentos, além de sua ancestralidade. Quanta informação obtida de tão poucas células e de maneira tão indolor...
A descoberta da ancestralidade serve para curiosidade ou algum tipo de auto-psicanálise. Já as predisposições comportamentais e patológicas, colaboram na escolha das melhores condutas de vida ou na adoção de terapias e tratamentos preventivos.
Há ainda muita controvérsia na eficácia de tais métodos e sua finalidade. Teimamos em obter uma relação de causa e efeito em tudo que descrevemos. Quais são as garantias de podermos predizer algo, baseados no estudo do passado, em condições bem específicas?
Em caso sem muita alternativa, como em doenças degenerativas sem cura, alguém realmente gostaria de saber ser uma potencial vítima? Interessante mesmo só para a indústria médica, perita em vender problemas e soluções, tudo muito bem arranjado.
De qualquer forma, a ilusão mesmo é ver tudo isso propagandeado como amplamente disponível em cerca de 10 anos! Basta repararmos na realidade da saúde em nosso país, com as condições de hospitais e do atendimento público, o desrespeito de agentes privados com seus clientes e tantas outras mazelas que estamos cansados de assistir e sofrer.
A quem desejamos enganar? Os problemas são antigos e as promessas também. Uma corriqueira tomografia mereceu o mesmo alarde há 10 anos atrás. Procure saber o quanto é difícil conseguir atualmente uma, nos rincões de nossa nação. Triste constatar que vivemos simulacros para nos tornarmos mais seguros e felizes.
Um comentário:
Se o papo sobre genoma não for suficiente para estabilizar a massa, tem uma tal de Internet! Simulacro de primeira!
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