sexta-feira, 10 de abril de 2009

Pacha Mama

Nada mais sagrado do que mãe!

Que tal reconhecer então o direito da mãe natureza de ser tratada como tal? De garantir àquela que nos nutre durante toda a vida o respeito e cuidado merecidos?

O Brasil, com sua imensidão de natureza, deveria ser dos primeiros a fazê-lo. Ao invés disso, vemos o desmatamento desenfreado, apesar do que possam dizer, do maior símbolo natural, a floresta amazônica.

Enquanto isso, nossos vizinhos no Equador incluíram em sua constituição tal reconhecimento. Fizeram mais, incorporaram a natureza como sujeito merecedor de direitos inalienáveis!

Indo além, caracterizaram este sujeito por Pacha Mama, antiga deusa máxima dos andes peruanos e bolivianos. Nome na língua quíchua não poderia significar nada menos do que Mãe Terra. Reconhecimento digno a tão importante cidadã.

Isso mesmo, tornaram a Mãe Natureza mais nova cidadão do país. Está lá, no artigo 71, da mais recente transcrição constitucional promulgada, direito constitucional aliado a preservação cultural das tradições de seu povo.

"A natureza ou Pacha Mama onde se reproduz e realiza a vida, tem direito a que se respeite integralmente sua existência e a manutenção e regeneração de seus ciclos vitais, estrutura, funções e processos evolutivos. Toda pessoa, comunidade, povo ou nacionalidade poderá exigir da autoridade pública o cumprimento dos direitos da natureza".

A partir de 2008, todo cidadão equatoriano é procurador da natureza, para representá-la na exigência de seus direitos, fiscalizando a autoridade pública no cumprimento de seus deveres. Ousadia pouco vista, mesmo em tempos de crise ambiental.

Se pensarmos em tudo que representa a natureza, fauna e flora, perceberemos a abrangência assumida em tais deliberações. Consolidação de esforços e evolução da humanidade na compreensão dos mecanismos inerentes à própria vida.

Luzes esperançosas de um novo milênio mais promissor. Sementes lançadas para outras iniciativas conscientes. Que a cidadania recém-adquirida não fique apenas na sua existência de direito, mas se materialize de fato, como já deveria acontecer há muito tempo.

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