"'Miojização' da vida - uma vida miojo - onde tudo é instantâneo".
Leitura matinal, alerta provocador, li a frase acima em entrevista da revista Showroom, da Assobrav, com o professor Mário Sérgio Cortella.
Alguns chamam de sincronicidade, outros de mera coincidência, mas tenho me deparado inúmeras vezes com as ideias do professor desde que ganhei seu livro "Qual é a tua obra?".
Ou ele está mais presente nas diversas mídias, ou eu passei a prestar mais atenção em seu nome. Seja como for, suas pontuações sempre acabam em reflexão ou inquietação.
Na questão miojo, é duro constatar o quanto "instantaneamos" nossa vida. Elaboramos as mais diversas formas de obter itens básicos do quotidiano com imediatismo assustador.
Comidas de preparo instantâneo são conhecidas de muito tempo. Uma água quente, uma misturada rápida e está pronta para comer. O forno micro-ondas possibilitou que mesmo os alimentos convencionais fossem preparados quase instantaneamente, ou no mínimo a refeição requentada rapidamente, o que dá quase no mesmo.
Máquinas polaroid também já fazem parte da história, mas começaram a linhagem da instantaneidade. Com a fotografia digital, para ser mais instantâneo, só se a imagem fosse apresentada no ar logo após o registro, sem a necessidade de apertar algum botão do equipamento para revê-la.
Para localizar uma pessoa instantaneamente basta ligar para seu celular. Nem adiante dizer que não possui. Tudo mundo tem um. Está lá, a qualquer hora, em qualquer lugar, à disposição de quem quiser encontrar. Normalmente os interlocutores esquecem até de perguntar se a pessoa pode atender. Questão de educação.
Mensagem eletrônicas, o fatídico e-mail, transformaram a comunicação escrita em outro instantâneo. Ninguém mais lembra de alguns dias para uma carta chegar, ou semanas para atravessar continentes. O limite da velocidade é a reação do apertar da tecla enter.
Nem os posts de blogs escaparam da miojização. O Twitter é o macarrãozinho dos registros digitais diários. Poucos caracteres (só 140), poucas ideias e um montão de exibição, para não dar nem tempo de reflexão ou aprofundamento.
Curiosamente todo mundo come miojo, principalmente no aperto, mas sempre reclama. O sabor é aquela tranqueira mesmo, a quantidade é pouca, nem sustenta. Só que as pessoas ainda assim continuam se sujeitando. Alguém vai acabar suspeitando de um componente viciante na sua composição.
Somos estranhos assim. Reclamamos, mas continuamos. Agimos da mesma forma com os outros instantâneos da vida. Deve ser algo na nossa genética, evolutivo. Estaremos fadados a contínua degradação de nosso cotidiano? Espero ter uma vida menos instantânea para ter tempo de descobrir.
Leitura matinal, alerta provocador, li a frase acima em entrevista da revista Showroom, da Assobrav, com o professor Mário Sérgio Cortella.
Alguns chamam de sincronicidade, outros de mera coincidência, mas tenho me deparado inúmeras vezes com as ideias do professor desde que ganhei seu livro "Qual é a tua obra?".
Ou ele está mais presente nas diversas mídias, ou eu passei a prestar mais atenção em seu nome. Seja como for, suas pontuações sempre acabam em reflexão ou inquietação.
Na questão miojo, é duro constatar o quanto "instantaneamos" nossa vida. Elaboramos as mais diversas formas de obter itens básicos do quotidiano com imediatismo assustador.
Comidas de preparo instantâneo são conhecidas de muito tempo. Uma água quente, uma misturada rápida e está pronta para comer. O forno micro-ondas possibilitou que mesmo os alimentos convencionais fossem preparados quase instantaneamente, ou no mínimo a refeição requentada rapidamente, o que dá quase no mesmo.
Máquinas polaroid também já fazem parte da história, mas começaram a linhagem da instantaneidade. Com a fotografia digital, para ser mais instantâneo, só se a imagem fosse apresentada no ar logo após o registro, sem a necessidade de apertar algum botão do equipamento para revê-la.
Para localizar uma pessoa instantaneamente basta ligar para seu celular. Nem adiante dizer que não possui. Tudo mundo tem um. Está lá, a qualquer hora, em qualquer lugar, à disposição de quem quiser encontrar. Normalmente os interlocutores esquecem até de perguntar se a pessoa pode atender. Questão de educação.
Mensagem eletrônicas, o fatídico e-mail, transformaram a comunicação escrita em outro instantâneo. Ninguém mais lembra de alguns dias para uma carta chegar, ou semanas para atravessar continentes. O limite da velocidade é a reação do apertar da tecla enter.
Nem os posts de blogs escaparam da miojização. O Twitter é o macarrãozinho dos registros digitais diários. Poucos caracteres (só 140), poucas ideias e um montão de exibição, para não dar nem tempo de reflexão ou aprofundamento.
Curiosamente todo mundo come miojo, principalmente no aperto, mas sempre reclama. O sabor é aquela tranqueira mesmo, a quantidade é pouca, nem sustenta. Só que as pessoas ainda assim continuam se sujeitando. Alguém vai acabar suspeitando de um componente viciante na sua composição.
Somos estranhos assim. Reclamamos, mas continuamos. Agimos da mesma forma com os outros instantâneos da vida. Deve ser algo na nossa genética, evolutivo. Estaremos fadados a contínua degradação de nosso cotidiano? Espero ter uma vida menos instantânea para ter tempo de descobrir.
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