quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Implicação

Passado afortunado, futuro acertado?

Teimamos em buscar motivos para os eventos, construir implicação para os fatos, formar uma teia de causas e efeitos para contar o mundo.

Mais do que contar, queremos ganhar a visão além do alcance, descortinar a janela do futuro para entrevê-lo, baseados na racional e lógica visão dos fatos.

Empresas usam do artifício para se promover. Buscam apresentar como foram importantes para seus clientes, "provando" serem o sucesso garantido para os próximos na fila.

A Oracle edita e distribui a revista Oracle Magazine. Discussões sobre tecnologia, apresentação de tendências, tutorias de produtos e, claro, muita propaganda embutida ou entre linhas...

Na edição do último bimestre, apresenta um cliente, de nome conhecido no mercado, usuário de grande variedade de sua tecnologia no auxílio da condução de seu negócio. Qual o nome do feliz empreendimento de sucesso? Merrill Lynch!

A crise financeira mundial e a tecnologia foram os algozes da vez. Mesmo com toda automação, virtualização da informação e da distribuição, quem poderia imaginar as alterações do cenário mundial em tão poucos meses.

Se estavam com tanto domínio do negócio, providos de tantas informações disponíveis pelas miríades de maravilhas tecnológicas possuídas, teriam chegada à situação irreversível de aquisição pelo Bank of America?

Talvez sim, talvez não. Alguns afirmarão que a venda foi possível por esse motivo, salvando-o de uma falência. Ou que as dimensões dos fatos atuais os tornarão inevitáveis, independentemente dos recursos dispensados à condução da empresa...

Seja qual for a conclusão, eu não gostaria de dar uma escorregada dessas, mostrando o caso de sucesso de alguém em maus lençóis, que envolvesse as minhas ferramentas. Em tempos de idade mídia, é uma imagem que "não pega bem".

Se não há culpa, não deveria existir o mérito. Percebemos a nossa ilusão em encadear fenômenos apenas quando o destino teima em provar o contrário. E ficamos desarmados, desanuviados, destituídos de toda nossa pretensa sapiência.

De repente, nada implica em nada. Nem muito menos observações sobre o ocorrido. De qualquer jeito, é interessante constatar um novo sentido para o "furo" de uma reportagem. :)

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