sexta-feira, 14 de março de 2008

Futebolless

Futebol é uma caixinha de surpresas.

Célebre frase, conhecida de qualquer brasileiro, pelo visto é conceito em todo o universo futebolístico, por todo o planeta. Apesar de nosso ciúme pelo esporte, como propriedade e posse, mesmo sem termos o inventado, a lógica do esporte é global.

A evolução tecnológica aportou nos campos. Já não é novidade a comunicação entre os árbitros da partida, ou a sinalização eletrônica do bandeirinha.

Revolucionária mesmo seria a bola com chip, possibilitando o rastreamento de sua posição e eliminando qualquer dúvida com relação ao seu posicionamento em campo, eliminando toda a falha relativa à saída da bola, ou entrada desta no gol.

Porém, divergiriam muitas das opiniões sobre o assunto. O tema se arrastou por algum tempo. A solução foi testada em algumas partidas, paralelamente, sem valor de decisão. No começo deste mês se chegou a uma definição: a bola com chip não será utilizada.

Existem problemas técnicos de precisão. Quem duvida serem passíveis de solução, após algum tempo e investimento? O critério de peso mesmo parece ser a alegação de esta tecnologia "retirar a emoção do futebol"!

É o reconhecimento do valor da confusão no futebol. Qual a graça de uma partida sem discussão? Como podem viver os boleiros sem a dúvida se foi gol, ou não? Quantas oportunidades desperdiçaríamos sem o milímetro a mais na linha de fundo, impossível de observação por qualquer ser humano?

Corroboram a necessidade humana pela discussão e conseqüente paixão pelo esporte. Bonito, não? E quem decidiu foi o International Board, órgão mundial de regulamentação da modalidade esportiva, e não um fatídico comentarista esportivo de hora do almoço ou finais de domingo.

Aliás, deviam estes agradecer muito... Seus empregos estarão garantidos, como fomentadores da discussão. Muitos botecos e padarias também. São os provedores físicos e alimentícios das mesas de debates acaloradas, em troca de remuneração, é claro.

Assim continua a rolar o universo da bola. Estão salvos também os gols de mão, faltas dissimuladas, ou simuladas, os juízes míopes e tantas outras figuras folclóricas de nosso esporte nacional. Nossa paternidade esportiva se revela na herança do indispensável jeitinho, sem o qual a contenda boleira perderia a graça.

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