domingo, 9 de março de 2008

Lázaros

Lázaros existem em nosso mundo aos montes.

Irmãos derrubados pela doença da marginalização. Marginalizados pelos outros, seja por diferença de classe econômica ou raça.

Sua doença os leva a morte, morte da vida humana. Estão vivos em carne, mas mortos-vivos em espírito humano. Desfigurados pela doença da discriminação.

Mortos assim são considerados sem futuro. Mortos assim são enterrados, para serem esquecidos. Mortos assim são distanciados de nossos olhos, para o esquecimento.

Apenas o amor fraterno pode ressucitá-los. Somente ele pode encontrar o irmão atrás da máscara desfigurada, desumanizada. O amor fraterno ordena que se remova a pedra a nos separar, ignorando o tempo de permanência em seu túmulo.

Resistimos às ordens desse amor. Racionalização os meios e as conseqüências. Sentenciamos o término da relação de vida existente. Desconhecemos a visão através dos olhos desse amor, conhecemos apenas a visão dos olhos da razão.

O amor fraterno anuncia: eu sou o caminho para a vida!

Arranjamos os mais diversos motivos para criticar o amor em sua atitude. O momento não é adequado, prorroguemos. O morto acaso não merece, esqueçamos. Já está morto há muito tempo, a causa é perdida, coloquemos mais uma pedra em cima.

Mas o amor é mais forte. Ele insiste em ordenar. Retira o morto de seu túmulo da vida. Comanda: vem para fora! Volta para a sociedade que te acolhe. Profere a todos nós: desata-o e deixa-o ir.

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