sábado, 20 de outubro de 2007

Vigilância

Muitas pessoas imaginam ser a melhor solução prevenir a violência. Alguns até gostariam de se antecipar aos crimes e agir preventivamente. Quem ainda não assistiu Minority Report?

Pois é... Apesar dos avisos da ficção, estamos na eminência de ver um projeto, nos moldes do filme, se concretizar. O Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos tem em andamento o Projeto Intenção Hostil, que pretende identificar pessoas com intenção de cometer atos de terrorismo.

Diferentemente da história estrelada por Tom Cruise, não serão pessoas paranormais os motores da tecnologia para vigilância do comportamento das pessoas. A idéia é analisar as expressões corporais, faciais e comportamentais de pessoas, em locais públicos, através de câmeras de vigilância e, através de softwares específicos, identificar comportamentos de hostilidade ou desejo de ludibriar.

Além das questões relacionadas à privacidade, podemos imaginar muitas outras conseqüências de medidas desse tipo. Como se já não bastassem todos os constrangimentos e dificuldades para entrada nos aeroportos americanos. Talvez eles busquem mais algumas formas de reafirmar preconceitos...

Toda essa história nos faz lembrar o personagem Big Brother, do romance 1984 de George Orwell. Desde 1949 alguém já nos alerta sobre as implicações do controle e vigilância totalitário pelo estado... Aliás, outros alertas da literatura estão em Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, ou Fahrenheit 451, de Ray Bradbury.

O certo é que a prevenção deveria ocorrer nas causas dos males modernos, da violência, do terror, da fome ou da miséria, e não nas suas conseqüências. Por mais óbvia que essa afirmação possa parecer, são poucas as mostras de ações condizentes com ela.

Por outro lado, se a nova tecnologia funcionasse, talvez pudéssemos adquirir uma versão para instalar em Brasília. Talvez fosse possível distinguir nossos homens públicos, entre bons e ruins. Será? :)

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