sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Estrelas

A vida sussurra nos mais inesperados recantos... De onde menos esperamos, até na mais singela diversão cotidiana, podemos ouvir os lembretes de sua grandiosidade.

Quem diria, hoje no Cocoricó, o avô destilou todo seu lado poético e desfiou uma linda poesia. Sem referências, sem citações, apenas declamou junto de seu grande amor.

Eu quis guardar o texto, pesquisei na Internet e fui surpreendido. O avô citou Olavo Bilac! Tão sensibilizado que fiquei, não vejo alternativa a não ser fazê-lo aqui também.

"“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”"

Olavo Bilac

Feliz 2010! Que a vida sempre possa nos surpreender.

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