quarta-feira, 20 de abril de 2011

Vagas

Há vagas sobrando no mercado de TI!

A maioria dos profissionais da área já deve estar cansada de ouvir esta frase. Periga até ela já ter caído no inconsciente coletivo, ter virado mito, tal qual piada que ninguém sabe o autor.

Situação já há durar alguns bons anos, tenho a oportunidade de poder observá-la por dois ângulos: do contratante e do contratado (afinal ainda sou proletário ...). Devo ressaltar o foco na área de engenharia de software e projetos, onde atuo.

Recrutar bons profissionais está bem difícil. Tarefa árdua e extenuante, demorada além da medida. O mar realmente deve estar pra peixe, mas neste caso não para o pescador.

Devem existir inúmeras boas colocações, ao menos ofertas melhores daquelas de quem procura contratar, pois a fila de candidatos é longa, mas poucos preenchem os requisitos.

Grande parte faria melhor procurando emprego de paraquedista. Até psicólogo pretenso a codificador já surgiu. Quem sabe ao menos conseguiríamos compreender a psique binário-computacional de nossas máquinas. Ou então, de repente, elucidaremos as motivações de tantos POGs pelas linhas afora.

Como profissional posso dizer que certamente não há uma miríade de oportunidades maravilhosas. Muitos são os convites, mas nenhum exorbitante, irrecusável, ao menos para alguém experiente e capacitado, colocado em boa empresa. É comum desejarem pagar menos para obter muito mais.

Muitas vezes me parece um bom momento para os iniciantes, começo de carreira e dispostos a mais esforço por menos retorno. Têm mais a ganhar em experiência e muita história pela frente, para apostar num futuro consolidado e polpudo.

Preocupante mesmo é a indicação da falta de preparo dos mais jovens, das levas de profissionais atuando, sem tanto conhecimento ou profundidade. Nem é preciso mencionar a falácia do conhecimento em inglês, usado muitas vezes apenas como critério de filtro da qualificação, ainda que não seja usado na função ou realmente dominado pelo candidato.

Fiquei mais pessimista com a notícia na INFO, a corroborar essa falta de perspectiva. Se um dos grandes motivos é o desinteresse pela carreira técnica, caminhamos para o precipício, um ciclo vicioso de pouca motivação retroalimentada pela desvalorização do conhecimento especializado.

Começamos por comoditizar o trabalho em TI, perdemos os horizontes profissionais e terminamos fadados a importar tecnologia e reproduzir padrões estabelecidos. Dificilmente produziremos diferencial e competitividade como nação. Devemos mesmo nos conformar apenas com a sina de celeiro do mundo?

Enquanto não aprendermos a instigar a busca pelo conhecimento, aquela chamazinha da inventividade, continuaremos essa brincadeira improdutiva de gato e rato, uma cansativa corrida atrás do próprio rabo. E o baleiro continuará a rodar...

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