Engana-se quem pensa que a atualmente cotidiana chuva paulistana nada traz de bom...
Dentro do Metrô, aguardo pacientemente o torrencial e impaciente aguaceiro que despenca dos céus. Leio um pouco, penso um pouco e resolvo escrever.
Nada de iPad ou netbook. Caneta e papel nas mãos (ainda bem que sempre os levo na mala) e um dedo de motivação provocada pelo olhar de uma criança que passa.
Parado em frente às escadas de entrada, observo uma pequena chegando acompanhada da mãe, olhar assustado pelo tumulto climático. Pessoas pra lá e pra cá, um frenesi encharcado pelos desequilíbrios da mãe natureza.
Passa, me olha e me fita, como só uma alma infantil sabe fazê-lo. "O que fará aquele 'moço' com instrumentos arcaicos na mão, em meio a essa confusão?". "Decifrarei-te se não me devoras!", parece dizer através da doce inocência de suas pupilas.
Por que crescemos e perdemos essa espontaneidade no olhar? Como adquirimos a tal vergonha, ou regra social, da indelicadeza de encarar alguém, daquele jeito desinibido, olho no olho como se o mundo se congelasse no momento da conexão de horizontes?
Frequentemente me pego assim, distraído, absorto, a encarar algo ou alguém acontecendo. Minha atenção é desviada por algum motivo e, quando me dou conta, meu foco está direcionado, sem tempo ou espaço, apenas percepção.
Familiares e amigos brincam ou brigam muitas vezes com esse meu jeito, motivo pelo qual aprendei a me policiar. Porém, hoje novamente fui levado a refletir qual o problema.
Quais convenções tornam desagradável o ato de olhar diretamente, sem barreiras, sem pedir permissão, apenas fitar para aprender, entender e, de certa forma, passivamente participar. Absorver a realidade.
Desejamos ocular algo? Tentamos com isso proibir a leitura de nosso livro pessoal? Talvez não o sejamos tão abertos, apesar de acreditar que o devamos ser. De repente, em meio a nossas páginas, sobre alguma erro gráfico, frase mal escrita, linha mal contada.
Humanos que somos aprendemos a olhar. Deveríamos prezar e preservar a sabedoria pura e pueril de sorver a existência pelas janelas de nossa alma. Exercitar o dom de perceber atentamente, pontualmente, o mundo a transcorrrer em frente a nós.
Acaso mantivéssemos a prática, seria muito mais fácil enxergar o outro, enxergar no outro nossa semelhança, sua dignidade e nos respeitarmos. Humanos demasiadamente e irremediavelmente humanos.
Dentro do Metrô, aguardo pacientemente o torrencial e impaciente aguaceiro que despenca dos céus. Leio um pouco, penso um pouco e resolvo escrever.
Nada de iPad ou netbook. Caneta e papel nas mãos (ainda bem que sempre os levo na mala) e um dedo de motivação provocada pelo olhar de uma criança que passa.
Parado em frente às escadas de entrada, observo uma pequena chegando acompanhada da mãe, olhar assustado pelo tumulto climático. Pessoas pra lá e pra cá, um frenesi encharcado pelos desequilíbrios da mãe natureza.
Passa, me olha e me fita, como só uma alma infantil sabe fazê-lo. "O que fará aquele 'moço' com instrumentos arcaicos na mão, em meio a essa confusão?". "Decifrarei-te se não me devoras!", parece dizer através da doce inocência de suas pupilas.
Por que crescemos e perdemos essa espontaneidade no olhar? Como adquirimos a tal vergonha, ou regra social, da indelicadeza de encarar alguém, daquele jeito desinibido, olho no olho como se o mundo se congelasse no momento da conexão de horizontes?
Frequentemente me pego assim, distraído, absorto, a encarar algo ou alguém acontecendo. Minha atenção é desviada por algum motivo e, quando me dou conta, meu foco está direcionado, sem tempo ou espaço, apenas percepção.
Familiares e amigos brincam ou brigam muitas vezes com esse meu jeito, motivo pelo qual aprendei a me policiar. Porém, hoje novamente fui levado a refletir qual o problema.
Quais convenções tornam desagradável o ato de olhar diretamente, sem barreiras, sem pedir permissão, apenas fitar para aprender, entender e, de certa forma, passivamente participar. Absorver a realidade.
Desejamos ocular algo? Tentamos com isso proibir a leitura de nosso livro pessoal? Talvez não o sejamos tão abertos, apesar de acreditar que o devamos ser. De repente, em meio a nossas páginas, sobre alguma erro gráfico, frase mal escrita, linha mal contada.
Humanos que somos aprendemos a olhar. Deveríamos prezar e preservar a sabedoria pura e pueril de sorver a existência pelas janelas de nossa alma. Exercitar o dom de perceber atentamente, pontualmente, o mundo a transcorrrer em frente a nós.
Acaso mantivéssemos a prática, seria muito mais fácil enxergar o outro, enxergar no outro nossa semelhança, sua dignidade e nos respeitarmos. Humanos demasiadamente e irremediavelmente humanos.
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