sábado, 23 de outubro de 2010

Papagalli

Papagaio!

Tudo começa em um sábado bem comum, como todos os outros, não fosse pela minha esposa pedindo logo cedo minha carteirinha do SESC.

Na volta para casa ela iria comprar ingressos para uma peça de teatro infantil, que já havíamos visto o anúncio, e gostaríamos de levar nossa pequena.

Chegada a hora, próxima ao horário de almoço, saímos um tanto atrasados, meio na corrida, sem grandes expectativas, a não ser chegar pontualmente para não perder o espetáculo.

A bem da verdade, havia pelo menos a expectativa de um bom espetáculo, afinal é um trabalho do Balé da Cidade de São Paulo com o grupo Pia Fraus: Terra Papagalli.

Chegamos pontualmente, mas quem decidiu atrasar um pouco foi a trupe. Apesar de certa indignação e inquietação nossa, ao se abrirem as cortinas o mundo todo ficou do lado de fora, entramos num universo paralelo.

Fomos absorvidos pela história da náufraga Manuela, perdida em terras tupiniquins e encontrada por um povo indígena. Fábula moderna, com cores e sons tropicais, viagem às belezas e encantos de uma terra desconhecida e rica.

Dança harmoniosa, coreografia elaboradíssima, interpretação primorosa, bonecos maravilhosos, deleite de trilha, fica difícil enumerar, eleger ou adjetivar nossa preferências nesse mar de graça e arte. Arte da melhor qualidade e por todos os cantos!

Deixando de lado o racionalismo, a verdade é que somos capturados pela emoção. Não há como resistir e não se perder, deixar-se inebriar, permitir aflorar as melhores sensações, capturadas por todos sentidos, por nosso ser completo.

Sucesso entre os pequenos, sem um minuto sequer de desatenção, mesmo sem haver fala alguma. Aliás, partimos desta experiência como se houvéssemos ouvido horas de histórias, legítimo expressão do corpo traduzida pela visão.

Saímos do teatro e mal podíamos nos falar, eu e minha esposa, com o risco de irmos às lágrimas tamanha era a comoção e o envolvimento proporcionados por esta singular vivência. Em pouco mais de 50 minutos fomos tocados profundamente em nossa existência.

Melhor ainda poder ter compartilhado com minha família um evento inesquecível como este. Permanecerá na nossa lembrança afetiva, guardarei com carinho a imagem de felicidade e deslumbre da minha pequena, encantada com tanta surpresa e maravilha.

Resta-me apenas agradecer, a tudo e todos que possibilitaram esta grata constatação. Também me resta torcer para que outros tantos sabadões possam se tornar, tão plenamente, celebrações da vida.