sábado, 28 de fevereiro de 2009

TORP

Periodicamente abandonamos o estigma tupiniquim.

Há cerca de um mês, um amigo me enviou o link para um projeto brasileiro, de código aberto, o TORP. Nada mais ousado do que o desenvolvimento de um robô em código aberto!

Nosso país é competente em diversas áreas de tecnologia, apesar de o status quo constantemente pregar o contrário. Sem falsas utopias, basta procurar e assistiremos diversos exemplos de sucesso.

Eu já havia visto software, hardware e até cerveja desenvolvida assim, livre e colaborativamente., mas nunca pensei ser possível com um robô. Conhecimento compartilhado e aglutinado, formação de uma poderosa força de evolução.

Pautado pela GPL, o projeto capitaneado por um grupo de brasileiros pretende obter tecnologia para a construção de um androide, com habilidades avançadas para uma máquina deste tipo.

Progresso bem adiantado, o nascimento do primeiro exemplar ocorreu há pouco mais de um mês, durante a Campus Party. De acordo com o previsto, ele foi apresentado em parte de sua glória, reconhecendo faces dos visitantes e lendo frases apresentadas a ele.

Colaboraram as mais diversas áreas para o surgimento do CP01, de designers a especialistas em inteligência artificial. Esforço acalentado por diversos anos, fruto do melhor conhecimento científico nacional. Há muito por fazer! O apoio continua necessário, da divulgação ao desenvolvimento de peças e partes.

E pensar que os pedaços deste novo ser podem vir de qualquer parte do mundo... A iniciativa é aberta, sem restrições de fronteira. Também seguirá seu rumo, pelo planeta, a divulgar a robótica e seus possíveis benefícios. Indiretamente estará propagando as benesses da colaboração.

Pois é... Sabemos produzir muito mais do que soja, cana-de-açúcar e minério de ferro. Infelizmente, em sua grande maioria, as iniciativas dependem do exclusivo empenho de indivíduos. Resta saber a quem interessa manter o estigma de inferioridade tupiniquim...

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Surreal

Nossos olhos nos enganam tantas vezes...

Sorte dos ilusionistas, mestres em desvendar o olhar e enganá-lo. Aproveitam do funcionamento de nossa atenção para nos ludibriar. Quando menos esperamos, ou imaginamos, somos surpreendidos.

Grandes mágicos se apresentam como grandes ilusionistas. Destemidos em seus truques, pouco importa a quantidade ou proximidade da plateia, pagante ou não.

Artistas também curtem provocar a ilusão. Fuga da realidade para o olhar, permitem nova visão, outra interpretação daquilo que conhecemos como verdade.

Surrealistas são um dos melhores exemplos. Criação de uma existência supra-real pelas tintas, ou por quais meios a expressão permitir.

Salvador Dalí, grande ícone do movimento, senão o maior, soube bem nos apresentar esta nova verdade. Suas interpretações do tempo e do espaço revelam a dimensão particular da experiência de cada pessoa.

Mais contemporâneo e moderno, o chinês Li Wei representa a ilusão através da fotografia e a edição digital. Com montagens inusitadas e surpreendentes, nos mostra diferente representação do mundo, com bom humor e tecnologia.

Lembrei até de fotos antigas, que fazíamos segurando o sol ou a lua. Sabe como? Posicionávamo-nos entre a câmera e o horizonte, de forma que com braços estendidos e adequadamente enquadrados, parecíamos envolver o astro presente no céu, mas bem mais perto, entre as mãos.

Já o chinês vai do ar à Terra, de prédios à montanhas, sozinho ou em grupo. Um portfólio imenso de uma carreira com já quase dez anos. Nem sei como cheguei à suas imagens... Sei apenas que foi mais uma casualidade da grande rede, unindo o mundo e os desconhecidos.

Se não fosse nossa percepção, que suspeita daquilo comum ao senso cotidiano, acharíamos verdadeiras as imagens produzidas. Mais uma prova de quanto devemos confiar em nosso instinto e em nossas impressões de algo está estranho, apesar das ilusões.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Tinta

Impressoras e tinta, um dilema infindável.

Abastecer as consumidoras de papel, com seus cartuchos de tinta, é muito mais dispendioso do que adquiri-las. Convenhamos, sem tinta não são muito úteis...

O custo dos cartuchos é tão alto que normalmente supera o valor da primeira aquisição. Traduzindo em miúdos, às vezes sai mais em conta comprar tudo de novo.

No final das contas, a impressora será mais nova e terá melhores recursos. Chegamos a era do descartável! Visão tão contrária aos tempos de preservação ambiental.

Se pensarmos no mercado alternativo de cartuchos, o caminho parece tão ruim quanto. Quem sabe informar a origem e qualidade da tinta? Conheço pelo menos duas pessoas que acabaram tendo de jogar tudo fora, cartuchos e impressoras. Resumo da ópera: mais alguns reais pelo ralo.

Do meu ponto de vista, nem deveríamos usar o famigerado papel. Ele poderia ser reservado para fins mais nobres, como a impressão de livros. No mundo do digital, não há o que não possa ser registrado e transmitido sem o auxílio da celulose. E o digital está em todo lugar...

Assumindo que as pessoas continuarão imprimindo, tem gente pensando em soluções um pouco mais verdes. Apresentada num site de designers, o Core 77, já se pensou em utilizar borra de café como tinta para impressora.

A impressora RITI usaria aquilo que sobra de nossos cafezinhos, através de um receptáculo específico e poduziria as impressões sem dever nada às tintas atuais. Pequeno detalhe é que a tração do carrinho de tinta e do papel é manual!

Tanta inventividade e um exagero de economia desses, sem melhor solução, apenas para não usar eletricidade alguma. Restam ainda as dúvidas de como seriam os aromas impregnados no papel. Sem falar na durabilidade dos registros realizados ou sua resistência a umidade.

Parece um pouco o recompostor do DeLorean no filme "De Volta para o Futuro", criado pelo Dr. Brown, que aproveita todo lixo como combustível. Nem pensaram em criar uma alternativa para o papel, no desenvolvimento da impressora. Melhor mesmo pensar num jeito de deixar o meio celulótico de lado duma vez...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Medicina

Nada como a boa e velha medicina trekker...

Sonho de qualquer paciente, as soluções apresentadas no seriado Star Trek, sempre foram as menos intrusivas, ao menos do ponto de vista físico.

Deitados em visionárias máquinas, tais quais as futuras ressonâncias magnéticas, tudo podia ser monitorado e controlado, até de seres com metabolismo pouco conhecido.

Em alguns episódios, o Dr. McCoy se aventurou em tratar de Vulcanos, por exemplo. Tudo bem que os companheiros de orelhas pontudas guardavam algum parentesco genético com a espécie humana, mas a tecnologia da Enterprise ajudava bastante.

Os recursos portáteis eram mais interessantes ainda. Com tamanho bem reduzido, e apenas alguma proximidade do paciente, era possível realizar o diagnóstico rápida e precisamente. Para certos procedimentos, a cura também partia dali mesmo.

Era uma ousada visão da medicina. Mesmo atualmente, se pensarmos bem, não estamos muito longe da Idade Média. Temos muito mais assepsia, drogas inovadoras, procedimentos diagnósticos avançados, mas o principal elemento nas curas ainda é o próprio corpo.

Aliás, em muitos casos, o próprio corpo muitas vezes é o problema, seja pelo mau funcionamento ou pelo simples processo natural do envelhecimento. Lutamos conosco mesmos em boa parte das patologias. Quanta rebeldia...

De qualquer forma, nossa medicina avança bastante e inúmeras soluções são surpreendentes! Há pouco tempo, tive notícia de uma vinda de Israel. Eles sabem fazer bem mais do que guerra por lá... Parece que o deserto instiga a inventividade.

O professor Abraham Kazir, da Universidade de Tel Aviv, apresentou uma forma de sutura com laser, ou algum feixe ótico conhecido, que parece saído das histórias dos caubóis do espaço. A impressão é de que nossa carne acaba fundida no processo, como se nunca tivesse sido cortada.

Podemos assistir a demonstração em vídeo disponível no Youtube. De cair o queixo! Ainda por cima, para completar o quadro, o próprio professor cita a referência ao universo trekker. Inspiração ou coincidência? Difícil precisar, mas dá pra curtir a ideia.

Tomara tenhamos um dia várias soluções com esse jeitão. Muito menos sofrimento, muito mais humanização. Se a dor é inevitável, em algum determinado momento, por que não minimizá-la? Só acho que será difícil alguém encontrar solução para a morte. Essa jamais nos deixará.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Carpir

"Carpe Diem!"

Quando tomei contato com a expressão pela primeira vez, esta me chamou muita a atenção. Percebia certa dualidade de sentidos, entre apreciar os momentos da vida ou usufruir o presente um tanto quanto inconsequentemente.

Lembro de tê-la ouvida no filme "Sociedade dos Poetas Mortos", mesmo sem me recordar do contexto. Nos arroubos da ânsia juvenil, o lema evocava muitos sentimentos, mesmo sem conhecer a origem.

Foi como um acordar para a sutileza da vida, sua finitude e a importância de saber valorizá-la. Encontrar os bons sabores que podemos obter no cotidiano.

Recentemente, ao ler um livro, conheci uma outra tradução para a expressão. Oriunda do filme, pelo menos eu acho, ouvia a frase como "curta o dia".

Pois bem, no tal texto, encontrei como "colha o dia". Pode parecer besteira, mas um sentido mais forte se fez presente. A colheita remete à reflexão maior, ao senso de maior consciência no ato, com o objetivo de receber os frutos da vida.

Colher requer preparo e disponibilidade. Conhecimento da técnica e do tempo corretos. Experiência para olhar o campo e decidir que aquele é o momento ideal, sem deixar passar o tempo e perder a boa oportunidade.

"Carpe" também me lembrou o ver carpir. Uma relação mais profunda. Carpir o campo, limpar o terreno, pede cuidado. Carpir se relaciona diretamente com cuidar, tomar conta, preparar. Se desejamos boa colheita, devemos nos preocupar e pensar antecipadamente na lida com o solo.

Bons frutos não caem do céu simplesmente. Pressupõem empenho e avidez, para plantá-los e saber colhê-los. Longe do pragmatismo e da inconsequência, as palavras de Horácio são um alerta para podermos aproveitar os bons momentos da vida.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Gigapan

Ganhamos continuamente acesso a novas tecnologias.

Nosso mundo contemporâneo parece movido a disponibilizar novas traquitanas tecnológicas. Quase cotidianamente temos mais recursos por menor preço.

Ciclo extenuante. Dá o que pensar qual será o fôlego desta força motriz... Sejam novas versões ou novas ideias, elas pululam quase diariamente em notícias e sites.

Lembro que, há quase 15 anos, quando fui comprar um novo computador, paguei US$ 50 por Mb de memória! Os 16 Mb daquele momento, só de RAM, custaram singelos US$ 800.

Trocando em miúdos, com o preço de um computador atual, sem as correções monetárias necessárias, dava para comprar apenas a vaga lembrança do remoto Pentium daquela época!

Computador é fichinha perto da revolução na área de telefonia celular. Os verdadeiros computadores de mão, presentes no mercado de hoje, guardam pouco herança genética com os antigos tijolões, mais parecidos com rádios de guerra. Sem mencionar a questão da comparação de preço...

Em outras áreas nem imaginamos como é acessível certa tecnologia. Recentemente, circulava a notícia sobre a foto de 1.474 Megapixel produzida na cerimônia de posse do presidente Obama. Novidade espetacular, remetendo a filmes de espionagem.

Se uma foto com tal definição está ao alcance de um documentário, amplamente divulgado, quais não seriam as possibilidades para alguém do serviço secreto americano? Passamos a pensar nos satélites espiões, armas teleguiadas, grampos pela Internet.

Lembrei até de Blade Runner... Durante a investigação de Deckard, personagem de Harisson Ford, ele usa uma foto do local do crime, para procurar pistas do autor. Numa navegação cheia de zoom e melhora de definição, ele encontra vestígio do suspeito. Com uma foto na tal definição hiperlativa seria moleza.

Dias depois da notícia, num passeio a esmo, encontrei o tal equipamento para realizar a dita foto. Para meu espanto, ele é extremamente acessível! Por cerca de US$ 400 podemos ter um Gigapan System, para realizar o controle da panorâmica.

O truque é usar este equipamento que movimenta uma câmera digital convencional para registrar as diversas partes da imensa imagem. No caso da foto em questão, bastou um Canon G10, equipamento de preço nem tão astronômico.

Solução simples e bem bolada. Pobres mortais podem sonhar em possuir algo assim, mesmo que para registrar uma paisagem qualquer, sem muita relevância. A ficção vai ter que se esforçar para bolar gadgets futuristas e bem mais interessantes.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Símbolos

Vivenciamos e perpetuamos fortes símbolos culturais.

À espera de um salvador, relembramos a figura do herói. Cheio de poderes, acima de qualquer mal, onipotente e indestrutível. Imaginamos alguém repleto de habilidades.

Desejo um tanto infantil. Carentes de proteção desejamos o conforto total e indubitável. Preferimos não arriscar e garantir o sucesso na empreitada, na confiança depositada.

Assim, sempre considerei o Super-homem um tanto quanto desinteressante. Acima das limitações humanas, apesar da kryptonita, poucas são os temores do homem de aço.

Em outros casos, aguardamos o anjo vingador, a destruir a presença de qualquer mal, fazendo o mal-feitor sentir o gosto amargo do subjugo.

Eis uma das críticas ao personagem Neo, de Matrix. Na sua jornada de descoberta e aceitação, ele combate a opressão do sistema com a força da destruição. Elimina e vinga a pobre espécie humana, vítima de sua própria arrogância.

Mudanças de atitude e postura exigem força superior. Sócrates aceitou a condenação por sicuta, mesmo injustamente, para não fazer uso dos mesmos instrumentos de seus algozes. Frente a tamanho custo, sua própria vida, não usou violência contra violência, fosse de que tipo fosse.

Apostamos repetidas vezes na via mais fácil. No líder guerreiro, forte para mover mundos e povos na batalha pela conquista de uma vida melhor. Povos pela história acreditaram, e ainda acreditam, na chegada destes guerreiros promotores da justiça pela espada.

Mais forte do que a lógica da imposição é a oriunda da proposição. Claramente é mais trabalhosa e difícil. Requer persistência e fé. Confiança nas verdades plantadas no âmago das melhores qualidades humanas. Firmeza nos princípios pertinentes ao bem-comum.

Precisamos aprender a ouvir a mensagem destes verdadeiros líderes transformadores. Sua proposta é anunciada há muito tempo. Somente quando fiarmos nossas esperanças na promoção da fraternidade e humanização poderemos vivenciar novos tempos de harmonia.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Nash

"O coração tem razões que própria razão desconhece."

Esta semana, assisti novamente uma parte do filme "Uma Mente Brilhante". Já o assisti completo, mas volta e meia pego um pedacinho na TV a cabo e sempre acabo fisgado pelo enredo.

John Nash, protagonista da história, deveria dispensar apresentações, afinal transformou inúmeras áreas do conhecimento com suas teorias matemáticas.

Da economia à ciência básica, suas contribuições relativas à Teoria dos Jogos lhe valeram o Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel (que não é exatamente o Prêmio Nobel, diga-se de passagem).

Tamanho reconhecimento se deve a sua destacada genialidade. Porém, apesar de tamanha habilidade matemática, ele é vítima da esquizofrenia desde 1958. Será que as anormalidades acometem uma pessoa em qualquer direção, para o bem e para o mal, na mesma intensidade?

Todos nós guardamos nossa parcela de loucura. O superlativo presente na pessoa de Nash parece ter se revelado também na doença. Tratado e internado em hospitais psiquiátricos, por praticamente mais de uma década, conseguiu vencer o inimigo abandonando os tratamentos convencionais.

Em princípio, usando somente sua capacidade análitica e habilidade mental, trabalhou sozinho suas alucinações. Paulatinamente soube lidar com elas, acabando por conseguir ignorá-las, apesar de continuarem presentes, a lhe "observar".

Seu discurso no recebimento do prêmio, apresentado no filme, faz homenagem a contribuição de sua esposa no caminho de sua recuperação. Atribui a ela importância direta no fortalecimento para enfrentar os desvios de sua mente.

Procurei na Internet o texto original, para comprovar tal menção direta. Mesmo sem encontrar, podemos observar através da história de seu relacionamento, em biografias e autobiografias, com idas e vindas na união matrimonial, que é fortemente provável a influência existente.

Ou seja, muito além do potencial de sua genialidade, o poder do amor foi fator determinante para seu sucesso. Por parte dela em aceitá-lo, em diversos momentos, nas mais adversas situações. Dele por insistir, por buscar a felicidade de sua família. A história talvez tenha sido romantizada, mas a mensagem é universal: como o amor constrói!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Ilusão

"There's no spoon".

Tememos demais nossas próprias criações. Imaginamos mirabolantes teorias conspiratórias, à nossa captura. Não há o que temer, são medos infundados. Ou há?

Na ficção científica, já não é de hoje, contamos histórias de como pode ser perigoso brincar com a tecnologia ou a ciência. Mecanismos artificiais desenvolvidos, em algum momento, acabam por se virar contra nós.

Foi assim desde o monstro de Frankestein, ou outros ancestrais, até a sofisticada engenharia presente em Matrix. Perdemos o controle e terminamos reféns.

Porém, como sempre, é apenas ficção... Basta pensar no mundo virtual vivenciado por Neo e companhia. Demorará muito até conseguirmos conexões neurais e simulações como as apresentadas por lá.

Falta muito à medicina e à neurociência para possibilitar tamanha intervenção em nossos neurônios. Que dizer, então, sobre o poder de processamento necessário para um controle daquele porte.

Tudo isso porque sonhamos com algo chamado inteligência artificial. Confusão constante, pois comumente relacionamos com a ideia de consciência, que são assuntos bem distintos. Poderíamos pensar em máquinas com inteligência, mas não necessariamente com consciência. Principalmente, com vontades...

Lembra um pouco até teorias como a evolução memética. Mudança de foco sobre a história da existência no universo conhecido. No fundo, quem estaria evoluindo e existindo de fato seriam os memes, utilizando nossa existência para se perpetuar.

Vendo desta forma, intriga nossa postura com relação à utilização da tecnologia contemporânea. Somos tão dependentes dela que praticamente somos capazes de afirmar que a tornamos imprescindível. E continuamos a atualizá-la, versões e mais versões!

Escravos da evolução de gadgets, dominados pela eletrônica presente em nossas vidas. Temos a ilusão de que nós os criamos, mas quem pode assegurar que não somos apenas o meio para seu desenvolvimento? Plataforma celular construída para sua viabilização.

De alguma forma, existiria tal inteligência propulsora dessa evolução, nos usando para acontecer. Sem condição de voltar atrás, fomos condenados a mantê-la, promovê-la e perpetuá-la. Revelado esse novo viés da verdade, nos espantaremos quando alguém nos disser: "Benvindo ao deserto do real"!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Jardinagem

"Vive la résistance!"

Se o poder público não dá uma mãozinha ao meio-ambiente, as pessoas sempre arranjam um jeito de colaborar. Mesmo que para isso tem que se empenhar em distribuir sementes.

Cunhado pelo inglês Richard Reynolds, o termo jardinagem de guerrilha (guerilla gardening, no original) tem motivado pessoas pelo mundo a contribuir em favor da natureza.

Com direito a site, o movimento tem um de seus pilares no livro "On Guerrilla Gardening", baseado na experiência do autor com o plantio de flores secretamente em seu quarteirão.

A ideia é essa: reocupar espaços abandonados da cidade com plantas variadas. Algo como uma retomada do espaço público negligenciado, árido e ferido.

O aspecto de guerrilha vem do fato da ação independer de autorização. Já esperamos demais pela atitude dos outros. Então, vamos lá e fazemos por nós mesmos.

Há mais de 30 anos, surgiu em 1973, a ideia percorre a cabeça das pessoas e faz muito sucesso. Quem experimentou, mudou de comportamento e propagou, convencido pelo retorno humano proporcionado pela causa.
Mesmo com certa transgressão, uma série de regras são respeitadas. Adequação das espécies ao local escolhido. Localização das mudas, compatibilizando-as com a infra-estrutura urbana. Observação das normas legais referentes ao meio-ambiente. Tudo para evitar realizar um esforço inútil, improdutivo.

Daí, basta decidir se engajar e por mãos à obra. Junte ancinho, foice, enxada e plante flores, arbustos e árvores em algum terreno que é só terra batida. Cuide de alguma praça abandonada, aparando sua grama, que mais parece mato. Um colega de trabalho já experimentou fazê-lo e não doeu nada.

Legítima representante do "faça a sua parte", a iniciativa segue se desenvolvendo. Numa cidade com São Paulo, o que não faltam são lugares disponíveis para a interação. Uma morada mais florida e natural mudará até nossos hábitos cotidianos, nos resgatando desta imensa selva de pedra.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Polaroid

"Deixa eu ver se foto ficou boa?".

Câmera digital, monitor de LCD? Que nada! Apesar de poder se encaixar na situação, a frase acima já era usada muito antes das imagens serem transformadas em bits.

Pois é, ainda em tempos de fotografia no papel, o desejo de consumo de muitas pessoas foi uma câmera Polaroid. Por um tempo, privilégio para poucos.

Para quem nem conheceu, este tipo de câmera era um pouco trambolhona, com ares um tanto fakes por causa de seu corpo em material plástico.

Só que parecia mágica! Bastava apontar, enquadrar e pronto. A traquitana cuspia uma folha de papel fotográfico, ainda com algumas sombras, que demorava um certo tempo para apresentar a imagem final.

Ritual comum de ficar abanando aquela folhinha, à espera do processo se completar. Se levássemos em conta os segundos, ou minutos, para ocorrer a revelação, seria difícil justificar o adjetivo instantânea.

O fato é que funcionava. Duro mesmo era manter os insumos para realizar essa maravilha tecnológica. Conheço uma pessoa que ganhou uma da avó. Os pais logo cobram o complemento do presente de grego: um suplemento periódico de suprimentos.

Marcou época e lembranças. Nem sei se as fotos duraram tanto quanto as recordações. Já ouvi pessoas reclamarem da perda destes registros, apesar de que mesmo em fotos convencionais, dependendo do processo de revelação e ampliação, as perdas também ocorriam.

Águas passaram, eras tecnológicas transcorreram e o ícone chegou ao fim. Desde o ano passado, está anunciado o fim da produção dos filmes para as tais máquinas. Fim certeiro de uma história de pouco mais de 60 anos.

Porém, sempre há os saudosistas. Alguns têm dinheiro. Três fãs endinheirados da máquina, contrataram nove ex-funcionários, compraram e reassumiram a ideia da empresa. Prometem a reativação da fábrica em 2010, de acordo com seu projeto batizado de "Missão Impossível".

Caso específico num universo de constantes inovações e busca insana por cada vez mais megapixels. Tarefa hercúlea, com grandes chances de insucesso. Seja como for, é interessante assistir estes sinais de retomada, de tentativa de preservação, de alguns verdadeiros heróis da resistência.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Dicas

Esqueça definitivamente, não há fórmula mágica.

Bem que gostaríamos de sua existência. Nos períodos pós-natais, ajudaria bastante alguma regra geral para lidar com o desenrolar natural das infantilidades.

Conselho dos mais velhos, grande valia. A experiência de quem já viveu e pode se angustiar, na preocupação do melhor fazer, merece atenção. Nem sempre são isentas de alguma tendenciosidade. Ah, avós...

Dicas do pediatra também colaboram bastante, com um certo caráter científico. Como se o desenvolvimento infantil pudesse ser regrado, medido, dimensionado...

O vamos-ver chega na hora do choro, ou do dormir. Sinais quase indecifráveis, traduzidos somente depois de muita observação, cotidiano, carinho e ternura.

Ótima pedida vem com a troca de experiências, entre pais de mesma época, mesma etapa. Saber que o seu padece dos mesmos momentos de mau-humor e indisposição dos de outros, traz o alívio de que não está tudo errado. Podemos estar até no reino do bem comum.

Esses dias, sem grandes pretensões, comprei dois livros sobre os cuidados com os pequenos. Verdadeiras pechinchas (por menos de R$ 5,00), mas que se revelaram grandes achados. "Na hora de dormir" e "Na hora do choro", são dois títulos de uma coleção de quatro, que reúne dicas de pais de bebês.

A autora Michelle Kennedy frisa bem ausência de solução geral. Com ainda o "Na hora de comer" e o "Na hora de chilique", ela apresenta experiências suas e de muitos conhecidos, mostrando a infinidade de possibilidades para as mais diversas situações no contexto.

Cada volume contém 99 dicas, num tom muito bem-humorado, sobre como agir nos momentos mais intrincados. Envolvidos na situação, nem sempre percebemos a simplicidade do universo pueril. Removido o véu, nos espantamos com nossa falta de percepção.

Verdade seja dita, muito mais falta de experiência e uma boa dose de insegurança. Consequências da enorme responsabilidade de cuidar de uma vida, frágil e indefesa, com apenas um porto-seguro no mundo: você e sua(eu) companheira(o).

Mesmo sem um algoritmo universal, quem sabe poderíamos dizer genericamente que o principal é calma e confiança. Calma para compreender as singelas necessidades daquela pessoinha, com tão pouco a pedir. Confiança para ter certeza que seu amor é a melhor resposta do mundo!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Cultura

Qual o alcance da evolução?

Tal como formulada por Darwin, a evolução guia a perpetuação de modificações ocasionais nas espécies, as quais propiciam melhores condições de adaptação ao meio ambiente.

Sendo assim, peixes conseguem sobreviver embaixo d'água, pássaros voam, antílopes correm velozmente, leões são ferozes e grandes caçadores, apenas porque no caminho trilhado foram bem-sucedidos.

Ao procurar a origem das espécies, o cientista inglês acabou encontrando parentescos nossos, a nos aproximar de outras primatas, com quem provavelmente guardamos algum ancestral comum.

Porém, curiosamente somos bem frágeis do ponto de vista físico, frente à grande maioria dos animais no planeta. Apesar da fragilidade, dominamos o meio ambiente e o submetemos ao ponto de desequilibrá-lo.

O que teria nos dado tamanho diferencial? Ao atingir os limites de nossa capacidade física, desenvolvemos um mecanismo evolutivo sem igual: a cultura.

Ler o livro "Cultura - Um conceito antropológico", do professor Roque de Barros Laraia, nos permite entender parte deste desenvolvimento e suas consequências.

Conseguimos suplantar nossas limitações com uma característica aprimorada e transmissível por gerações, bem diferente das qualidades adquiridas pela genética, em toda a natureza.

Um pássaro praticamente já nasce equipado com seu canto. Significados, representações, são repetidas por todos os elementos de sua espécie. Estratégias de predadores se mostram similares. Filhotes destes desde a infância brincam e reproduzem estes mecanismos, obtidos a custa de milhares de gerações.

Nós, cada indivíduo de nosso grupo, conseguimos recriar e inovar, aprimorando ou não, para em seguida transmitir aos outros. Nossa última evolução é uma propriedade do conjunto aliada a capacidade individual. Dom estranhamente distinto e peculiar.

Por outro lado, vivemos em nossa história um acúmulo de conhecimento que parece desconhecer limites. Sobrepomos ideias e técnicas, criando um bolo de informação sempre crescente e interdependente. Patrimônio perene e incalculável.

As crianças precisam começar o aprendizado cada vez mais cedo, para estarem aptos a utilizar as últimas tecnologias disponíveis em sua contemporaneidade. Por quanto tempo poderá durar o ciclo de reprodução da cultura, de forma prática e plausível?

E se, um dia, chegarmos aos limites de tempo hábil e capacidade neural para assimilarmos o conhecimento acumulado pela civilização? Novos indivíduos não conseguiriam usufruir da herança cultural e nem muitos menos repassá-la... Então, para onde caminharia nossa próxima etapa evolutiva?

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Segregação

Segregamos o desconhecido.

Houve um tempo em que os doentes de lepra eram afastados do convívio das comunidades. Deviam viver à margem dos povoados, sem contato algum com as pessoas sãs.

Podemos imaginar o impacto que as lesões da doença causavam às pessoas da época. Num mundo assombrado por demônios, os doentes eram tidos como impuros, culpados por algo, a receber castigo.

Desconhecidos os mecanismos, e misturadas as crenças, possivelmente inúmeras outras doenças dermatológicas eram tratadas da mesma forma. Pessoas caiam na desgraça de viver segregadas.

Um ser humano, sem o convívio social, perde sua humanidade. A vida em grupo é pré-condição da existência humana. Marginalizados como eram, se tornavam mortos-vivos, a perambular em busca de ajuda.

Cientificamente evoluídos, aprendemos bastante sobre a hanseníase, para encerrarmos com estes preceitos que em nada serviam, a não ser para o sentenciamento dos acometidos pelo mal. Atualmente, com prevenção, diagnóstico precoce e acompanhamento, as condições de tratamento são excelentes.

Porém, outros males incompreendidos surgiram, para gerar confusão e separação. Faz pouco tempo, a "epidemia" do HIV, como muitos equivocadamente se referiam, atingiu em cheio milhares de pessoas pelo mundo. Até a melhor compreensão da doença, foram marginalizadas, jogadas à condição dos indesejados.

Fez-se esforço enorme no combate ao problema, seus mecanismos foram descobertos, terapias foram elaboradas. Hoje se têm condições de qualidade de vida muito melhores. Nem mesmo o preconceito resistiu... Será? Ao menos dá o que falar.

Em todos os tempos, um tipo de segregação perdura, infiltrada ardilosamente em nosso cotidiano: a segregação econômico-social. Quantas pessoas não caem à margem da vida, pelos mais diferentes motivos, e lá ficam. Esquecidas sob o manto do isolamento.

Cruzamos com elas pelas ruas das grandes cidades, sem mais percebê-las. Desaparecem de nossa visão, graças à massificação da vida contemporânea. Elos perdidos da corrente da humanidade. Pontos frágeis do grande organismo do qual participamos.

Reintegração é palavra de ordem, por necessidade ou por compaixão. Fraternizados na identificação do irmão humano, buscamos o resgate à vida daqueles esquecidos. Somente o amor emanado em atitude de solidariedade será capaz de contaminar aos outros, para ressucitá-los, fazendo-nos conhecer sua face.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Murphy

Azar acontece até no espaço.

A famosa Lei de Murphy não escolhe hora, nem lugar, está comprovado! Terça-feira desta semana, dois satélites artificiais colidiram, em órbita.

Nem a data deu sorte... O evento poderia ter ocorrido ontem, sexta-feira 13, dia estigmatizado em muitas culturas, mas seria muito preciso para a fatídica lei.

Se o espaço fosse pequeno, exíguo, até acreditaríamos de cara. O que não falta lá em cima é espaço! Tudo bem que o lixo abunda por aquelas bandas, alguns milhares de objetos, mas mesmo assim é muita coincidência.

Em tempos de humores estremecidos, adivinhem ainda qual a nacionalidade dos ditos cujos: um russo e um americano. Parece provocação da época da Guerra Fria.

Porém a Lei de Murphy é sábia. Se fosse a vinte e poucos anos atrás, mesmo que os dois lados quisessem, jamais conseguiram provocar a colisão de seus artefatos. A própria lei realizaria todos os esforços para impedir.

Os dois trambolhos, um pesava 500 kg e o outro cerca de 1 tonelada, devem ter gerado uma tremenda chuva de pequenos pedaços. Ou viraram mais lixo pulverizado naquela região, ou terminaram seus dias como uma bela coleção de estrelas cadentes, ao se queimarem na entrada da atmosfera.

Já acharam um culpado: algum operador negligente russo. Isso porque o satélite russo estava desativado e deveria ter encerrado carreira incinerado na re-entrada, como o destino de qualquer outro na mesma situação, segundo o código de conduta acertado entre os países detentores de tal tecnologia.

Reavivamos um dos nossos maiores temores. Não, não me refiro à guerra em escala global. O temor é quanto a colisão de algum objeto espacial com nosso planeta. Tal fenômeno causaria estragos severos no ambiente terrestre, como deve ter ocorrido no período da extinção dos dinossauros.

Ao menos assim o programa Orbital Debris, da NASA, se faz valer. Ele rastreia qualquer objeto com mais que 10 centímetros orbitando a Terra. Há também os projetos e missões, como o Deep Impact, para estudar e nos proteger de grandes objetos cósmicos em rota de colisão com nossa casa. Ganharam credibilidade.

É primeira vez que um fenômeno destes aconteceu. Esperamos que a baixa probabilidade deixe outros à beira da impossibilidade. Possuo pouca habilidade para astro de filme do tipo Armageddon. Nem sempre lembramos disso, mas o planeta água é a única moradia viável conhecida para a humanidade.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Destino

"Ducunt fata volentem, nolentem trahunt".

Peça jurídica? Não, apenas a afirmação em latim de Sêneca, pensador romano, traduzido como "o destino guia aquele que o deseja; ao que não, ele arrasta".

Em sua concepção, nosso destino está traçado e imutável. Resta-nos aceitá-lo ou rejeitá-lo, apesar de ser indiferente. Continuará a ocorrer como programado...

Estaríamos tão sujeitos assim aos desígnios do acaso? Tão determinado nem caberia mencionar acaso... Ficariam tais determinações gravados no tecido do espaço-tempo?

Resisto a concordar! Fazemos a nossa história, pelo menos é nossa visão soberba ocidental. Poderosos e orgulhosos da condição humana, conduzimos o mundo para guiar a caminhada.

Por outro lado, temos de admitir que o controle é bem menor do que gostaríamos. Lembramos a metáfora do barco no rio, conduzido pela correnteza. Possuímos tão somente condições de influir um pouco nos rumos tomados, dar algumas remadas para compensar as marolas.

Estamos sujeitos aos desejos da existência, aos resultados da intrincada rede de eventos à nossa volta. Teia a nos envolver, emaranhar incondicionalmente. Então, combateria o sentenciar do filósofo dizendo que a sorte não está pré-determinada... Infelizmente não nos cabe determiná-la completamente.

É questão de sorte. Aliás, confusão comum, daqueles que associam a palavra a algo bom. Sorte é destino, conjunto de ocorrências particulares a cada pessoa. Boa ou má continua sendo sorte. No caos cotidiano somos sorteados com oportunidades e desafios.

Escolhas feitas, oportunidades aproveitadas ou perdidas, vamos trilhando um caminho interligado de pequenos pontos em infinitas variáveis. Nem mesmo com a plena compreensão da Teoria do Caos julgaria que somos capazes de definir ou prever algum futuro.

Sina da obsessão por controle. Deveríamos amenizar os anseios de dominar, condições e situações, eliminar incertezas. A única certeza é que estamos destinados a viver. Façamos da melhor maneira possível!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Seadragon

O gigante parece estar acordado...

Volta e meia a Microsoft se torna assunto, por seu tamanho e a forte concorrência sofrida pelos emergentes do mercado de TI, menores, mais ágeis e inovadores.

Observo nos últimos tempos que ela sabe usar seu tamanho para resistir e procurar alternativas. Em um post passado, comentei a iniciativa Live, tentativa de fincar bandeira nas aplicações da nuvem.

Também mencionei o projeto do Photosynth, fruto do empreendimento LiveLabs, cultivo de novas ideias e talentos para gerar inovação e posicionamento diferencial.

Estes dias, dando uma passada pelos "labs" conheci outro projeto surpreendente: o Seadragon. Surpreende nem tanto pelo que faz, afinal há certa similaridade com outras interfaces conhecidas, mas por partir da ilustre habitante de Redmond.

Seadragon é um mecanismo de interfaces visuais, para manipulação de gráficos e imagens, com navegabilidade e beleza impressionante. Pode ser usada desde telas em paredes, como os grandes telões full HD, até em minúsculos monitores de celulares.

Qualquer descrição é insuficiente. Só mesmo vendo, como no vídeo de apresentação da tecnologia, disponível no Youtube. Dá pra sonhar com algo assim, aliado a uma Microsoft Surface... Quase ficção científica! Sem falar no possível custo agregado.

No vídeo fica claro o que a expressão "drill down" quer dizer. Imagino uma apresentação em aula com tal recurso. Verdadeira imersão no conhecimento! Simula plenamente a sensação de explorar o saber, navegar pela informação, se embrenhando em ideias e suas representações.

Quais serão os rumos da empresa, ícone da era do software, só o tempo dirá. Apesar das críticas, ela está longe de ficar dormindo, nem arraigada nas suas tradicionais fontes de renda. Claramente usa seu poder econômico para lutar contra imobilidade de suas dimensões.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Teleporte

"Diário de bordo. Data estelar 41200.2..."

As visões da Star Trek têm nos perseguido, ou nós perseguido suas visões. Depois de alguma semelhança com o Holodeck, recentemente li uma notícia mais reveladora ainda.

Sonho de consumo de muitos paulistanos, cansados do caótico trânsito da cidade, cientistas conseguiram desenvolver o embrião de mais uma tecnologia trekker: o teleporte!

Tudo bem que está longe de ser o espetáculo do equipamento da USS Enterprise, mas nunca é demais sonhar... Os cientistas conseguiram teleportar um átomo à distância de um metro.

Brincadeira relacionada à história da onda-partícula. Para os menos avisados, ou não iniciados na ciência, vale a pena comunicar que o mundo é pouco diferente do que vemos.

Partículas subatômicas se comportam ora como partícula, ora como onda. Significa dizer que há certa indecisão da matéria. Sem falar em singularidades, como no caso onde é possível a mesma partícula passar por dois buracos ao mesmo tempo, no mesmo instante.

Nasceu daí algumas ideias a fundamentar a experiência. Enquanto tudo estava no reino da teoria, ficava um pode ser... Só que a alma inquieta humana vai atrás da imaginação. Acaba por realizar o impensado. Desafia a natureza e consegue confrontá-la, descobrindo um pouco mais sua estrutura.

Certamente há um longo caminho a trilhar. Uma coisa é transportar uma partícula, o que já levou considerável custo de energia e dinheiro. Outra bem diferente é levar um complexo conjunto estruturado delas, de maneira prática e economicamente viável.

Somente o tempo dirá... Levará anos, décadas, séculos ou milênios? Prefiro não arriscar. Vai saber se alguma luz surgirá inusitadamente, revelando uma peça chave do quebra-cabeça. De repente alguma visão não convencional muda os ângulos e transforma o problema em algo simples.

De qualquer forma, seria ótimo decidir ir para casa, depois de um longo dia de trabalho e apenas programar o transporte. Em questão de segundos estaríamos na sala de casa! Chega de aperto no Metrô, buzinada na Radial, catraca emperrada na lotação.

Sobra uma pergunta no ar... Se todos os meus átomos forem transferidos e, hipoteticamente, seja possível rematerializá-los em outro lugar, organizados exatamente como sou, ainda assim serei eu? Terei as mesmas lembranças e consciência? Hein?

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Bolo

Hummmmmm, que delícia um bolinho caseiro!

Sabe aquele bolo bem básico, sem grandes incrementos, sequinhos e saboroso? Difícil resistir a uma bela fatia desta verdadeira iguaria.

Melhor ainda acompanhado de um cafezinho, para fazer o complemento. Daqueles pares inseparáveis, na linha corda e caçamba. Não vale nem xícara pequenininha...

Mamãe sempre foi boleira. De fazer vistosos bolos de festa, com decoração e tudo mais. Hoje em dia, já não se anima tanto. Uma decorada com garfo fica mais do que suficiente.

Agora, os bolinhos simples, pã0-de-ló mesmo, os faz insubstituíveis. Impressionante a destreza com que ela prepara um rapidamente. E eu nunca a vi errar a mão.

O papo de degustá-los com café, após a refeição, aprendi com a família da minha esposa. Delicioso término de almoço de Domingo, para quem está longe de querer terminar.

De todos os sabores, engraçada foi a minha descoberta do bolo de fubá. Desde a infância, não podia nem pensar no dito. Coisa de criança, levada por muito tempo. Desagradava uma sensação granulada, atribuída ao fubá menos refinado.

Eis que um belo dia, uma prima convida para um cafezinho. Com toda presteza do mundo, fez um bolo especial para oferecer às visitas: bolo de fubá! Sem muitas alternativas e não querendo fazer desfeita, provei... e aprovei.

Como somos bobos em algumas questões pela vida. Carregar as impressões infantis e nos privar de experimentar novos sabores. Experimentei e agora faço dele um dos meus prediletos. Um dos porque seria injustiça eleger apenas um, dentre tantas variedades.

Às vezes, até sair do padrão vale a pena. Bolo de cenoura normalmente é coberto de chocolate. Já experimentou sem a cobertura? Sei lá se é por gostar de cenoura, mas acho o paladar mais interessante assim. O chocolate parece dar uma escondida em qualquer outra sensação.

Frapê, sabor de coco ou laranja, aipim, maçã com canela, ou aquele que preferir, desconheço alguém que não aprecie, pelo menos um deles. Mais do que as muitas fatias possíveis, indescritível o prazer de partilhá-los e jogar um boa conversa fora.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Póstumas

"Foi assim que cheguei aqui... Como quem se retira do espetáculo".

Em tempos de vida digital e Internet, Brás Cubas, personagem de Machado de Assis, poderia ter uma outra versão de suas memórias para nos contar. Ao menos no formato e sem se retirar...

Conexão acessível, hospedagem gratuita, serviços perenes, essas são as benesses do mundo conectado. Praticamente inexistem limites para a criação e existência de páginas pessoais na grande rede.

Semana passada, entre um papo e outro, um colega de trabalho mencionou a formação de uma banda. Coisa de amigos, com vontade de fazer um som e alguma empatia harmônica.

Isso me fez lembrar da banda que meu irmão formou, no começo do milênio e que, mesmo por um breve espaço temporal, existiu com shows, divulgação e CD.

Era época de muitas vontades, novos ares com a chegada de novos tempos. Juventude e tecnologia extremamente associadas. Nesse período surgiram CPM22, Hateen e Geeks, a tal banda de mio fratello. Por sinal, bandas um tanto irmãs, a compartilhar ideias e componentes, quando necessário.

Vasculhei a gaveta de CDs e, mesmo depois de uma mudança, lá estava o antigo disquinho, gravado há tanto tempo. Levei para meu colega conhecer. Naquele dia, ao chegar ao trabalho, pensei em vasculhar também no mundo virtual, pois a banda tinha site e grande movimento.

O domínio já não pertence a ninguém relacionado ao grupo, pelo menos desconheço o atual proprietário. Porém, diversas referências permanecem lá, imutáveis, como uma página noticiando novas bandas do cenário punk rock nacional.

Caramba! Faz oito anos que nenhum som sai dos instrumentos daquele pessoal. Nem mesmo herdeiros foram deixados... Só que a notícia persiste, encravada nos bits da onipresente teia digital. Algo como um monolito da história de tantos anos atrás.

Fico imaginando o número de sites perdidos neste oceano de informação. Já ouvi falar de portais que coletam páginas póstumas, de pessoas falecidas, mas com páginas ainda ativas. É quase uma viagem no tempo, percorrendo a vida cristalizada, como se um meteoro atingisse o planeta e congelasse todo mundo.

Podemos até falar com o futuro... Em blogs é possível programar a publicação dos posts. Recurso que uso recorrentemente, principalmente quando as ideias brotam aos borbotões. Acaso eu não estivesse mais aqui nesse futuro próximo, ainda assim continuaria a discursar aos quatro ventos digitais por algum tempo.

Qual será o final desta odisseia? Páginas e mais páginas boiando à deriva nas ondas? Recursos infindáveis consumidos para manter ativa parte da história? Quem sabe, algum dia arqueologia será feita através de pesquisas no Google. Deixando fragmentos de bits, um novo Brás Cubas contará suas memórias com muita tecnologia.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Castigo

Nem tudo são flores...

Vivemos, amadurecemos e aprendemos paulatinamente essa máxima. A vida tem as duas faces, inexoráveis, com alegrias e tristezas, prazeres e dores, sucessos e insucessos. Simplesmente é assim.

Desde imemoráveis tempos, atribuímos tais casualidades a algum poder maior, controlador dos destinos de todos. Os gregos veneravam seus deuses do Olimpo. Seres onipotentes a brincar com as formiguinhas aqui embaixo.

Religiosos e religiões pelo mundo e pelos tempos associam as agruras da vida a toda sorte de castigos recebidos por nossos erros, ou de nossos ancestrais.

Pensadores da sociedade e do mundo atribuem parte dos males a injustiças e causas humanas. Frutos da cadeia de eventos motores da enorme engrenagem do mundo.

Em verdade, o que menos há é mérito, ou demérito. Qualquer um está sujeito às circunstâncias da existência. A velha sabedoria já diria que para morrer basta estar vivo. É fato.

Ninguém deseja viver dissabores. Batalhamos por toda nossa história para fugir dos males que podem nos afligir. Da segurança do cotidiano à busca pela saúde, reforçamos o buscar constante do bem maior, da felicidade suprema e inconstante.

Busca infrutífera. A inevitável sina exclui escapatórias. Devemos aprofundar nossa consciência e compreender o descompromissado fluir da vida. Ou alguém ainda crê num deus vingador? Quem sabe no complô de maldades dos poderosos do planeta? Precisamos lembrar que as coisas ruins são apenas uma possibilidade...

Questão de foco. As angústias pela fuga do irrecusável destino se intensificam por pensarmos apenas com pessimismo. Se não há saída, valorizemos e vivamos intensamente as coisas boas. Com serenidade, saberemos apreciar a beleza dos desígnios da energia vibrante do existir. Seja qual for nosso caminho...

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Escrita

Como ficará a escrita nas futuras gerações?

Das maiores invenções humanas, o registro de ideias e histórias garantiu recursos infindáveis para nossa evolução. Seguimos da tradição oral à fidelidade dos traços em algum local.

Desde a escrita cuneiforme, até as mal traçadas letras deste post, viemos grafando sons em algum tipo de meio, mídia. Concretizamos o etéreo fluir do ar!

Nós, os nascidos ainda no final milênio passado, fomos alfabetizados e treinados a escrever, com letra de mão ou de forma. Essa era a discussão principal, qual das duas preferir?

Questão de coordenação motora e expressão, era tarefa das mais desafiantes. Todos queriam ter uma boa letra. Época dos cadernos de caligrafia e os infinitos preenchimentos de linhas com letras, sílabas ou números.

A máquina de escrever existia, mas convenhamos não era dos meios mais práticos e acessíveis. Eu desfrutei do privilégio de trabalhar em uma empresa de computadores, na adolescência, e redigir meu trabalho de conclusão do segundo grau em um programa editor de textos. Muito mais interessante.

Hoje escrevo a mão muito pouco. Praticamente nada. Apenas um preenchimento de formulário aqui, um pequeno bilhete ali, uma notação de reunião acolá (digitalizada em seguida)... Duros momentos, quando em algum curso, se faz necessário notas de aula! A destreinada mão chega a doer.

Integrantes da geração N, as crianças deste milênio, terão grande chance de prescindir dessa prerrogativa. Provavelmente ainda serão treinadas a escrever, mas para utilizar muito menos, certamente. Na tenra infância já são usuários de computadores, reduzindo ainda mais seu contato com caneta e papel.

Cartas já estão quase no limbo. No meu caso, ainda insisto em mandar cartões de Natal, no final do ano, por pura barato de cultivar a "tradição"! O registro de reuniões ou aulas dispõe dos mais diversos meios eletrônicos, sempre mais acessíveis.

Veremos a extinção da escrita manual um dia? Para que utilizar uma tecnologia tão "antiga", frente a tantos outros modos disponíveis? Como convencer as fresquíssimas gerações que é necessário fazê-lo?

Penso até se a utilização das mãos em uma interface, como o teclado, sobreviverá ao tempo. O importante é o registro da informação, podendo esta ser transmitida oralmente, por exemplo. Vai saber as novas interfaces que surgirão no futuro, com computadores mais potentes...

Quando o homo sapiens ficou ereto, se permitiu utilizar as mãos para outras tarefas. Desenvolveu ferramentas, tecnologias e evoluiu. Agora, se livrarmos as mãos do fardo de nos comunicarmos, quais outras habilidades poderemos ganhar?

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Clipe

Sem poder vencê-los, empregaram-os!

Câmeras fotográficas ou gravadores sempre foram proibidos em espetáculos. Temor de pirataria, de violação de direitos autorais, com consequente perda de faturamento.

Nem me refiro aos meios digitais contemporâneos. Problema antigo, às vezes o destino das cópias eram fitas-cassete, distribuídas por ambulantes underground.

Em tempos virtuais, YouTube, Torrents e outras tantos cumprem a função de distribuição. Celulares poderosos ou câmeras minúsculas são as poderosas armas na guerra da mídia.

Os ventos da colaboração sopraram novas ideias nas cabeças do pessoal da música. Já é possível portar seus equipamentos em shows sem ser incomodado. Aliás, ser até convidado a usá-los!

Na última turnê do Capital Inicial esse era o convite feito a todos. Quem capturasse imagens do show poderia enviar para o site da banda e contribuir na montagem de um clipe. Depois de muita compilação e edição, um clipe colaborativo foi ao ar no YouTube.

Isso foi em novembro do ano passado. No começo deste ano, um outro clipe já estreou no site do Capital. A banda vem lançando mão de outros tantos recursos da Web, como o Flickr ou MySpace. Conteúdo para fã nenhum botar defeito.

Por sinal, os fãs devem adorar, pois podem participar da criação com os ídolos. Queiram ou não, ao capturarem as imagens e vídeos, estão dando sua visão da arte produzida pelo pessoal de Brasília. O caldo desta mistura é uma nova manifestação artística.

Exemplo a ser seguido por outros integrantes do mercado musical. Ao invés de ficar brigando, inutilmente diga-se de passagem, com seus ávidos ouvintes, os grupos têm poder de arregimentar massas, em torno de suas letras, melodias e ideias.

Construção de um mundo novo, novas relações, novas perspectivas. Poder distribuído e compartilhado, norteado pela influência de milhares de ouvidos. Solução muito mais inteligente do que os antigos jabás de rádio.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

WikiAnswers

"E a resposta está..."

Programas de quiz exercem um atrativo sobre qualquer pessoa. Misto de desafio e curiosidade, queremos saber a resposta correta ou arriscá-la.

Há quem nem se manifeste, com medo de errar... De qualquer jeito, em sua mudez, fica matutando e aguardando a revelação, para conferir se pensou corretamente.

Alguns programas, como o "Show do Milhão", envolvem prêmios em dinheiro. Um instigar a mais para se expor e testar os conhecimentos em público.

Grande barato é também a resposta binária. Sim ou não. Faltam lugares para meio-termo. Extremos de glória ou fracasso. Um impulso impensado e tudo pode ir por água abaixo.

O mundo do quiz ganhou um grande aliado virtual, o WikiAnswers. Depois de consagrar a Wikipedia no reino das enciclopédias, Jimmy Wales lança nova empreitada no mundo das perguntas e respostas.

Com todo seu poder e conhecimento para armazenamento e gerência de conteúdo, o esforço foi organizar no novo formato. Uma estrutura simples de interrogações e soluções escondidas, reveladas apenas depois de algumas escolhas.

Milhares de categorias agrupam os quizes, para facilitar a escolha de uma área de interesse. Escolhida a pergunta, se já tiver sido respondida, recebemos a resposta. Em alguns casos, bem completa e detalhada, com digressões sobre o assunto.

Se ainda não estiver respondida, podemos responder, observar o andamento, discutir com outras pessoas, compartilhar ou pesquisar a resposta. Todos os recursos utilizam ferramentas disponíveis no próprio site.

Para usá-lo e participar, basta fazer um cadastro. Ele permitirá que você envie perguntas, responda outras ou ajude na solução. Existem ainda alguns programas e áreas que também concedem prêmios em dinheiro. Vale a pena ler o regulamento.

Um montão de diversão para bastante tempo. E o melhor, de graça e colaborativo! Quem sabe até se transforma numa maneira lúdica de estudar algum tema. Oportunidade e conteúdo não faltarão. E então, quer arriscar a primeira pergunta?

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

RIC

"Mão na cabeça! Documento!"

A partir de 2009, pelo menos vai ficar mais fácil atender esta ordem. Não existirá mais dúvidas de qual documento está sendo pedido, afinal teremos apenas um.

Seu nome: RIC. Acrônimo de Registro de Identidade Civil, é o novo documento federal que começará a ser implantado neste ano e levará nove anos para ser fornecido a 150 milhões de brasileiros.

Nosso antigo RG, documento de emissão estadual, é um dos campeões em fraude. Nem precisa grande esforço, pois qualquer cidadão comum consegue obter mais de um, solicitando um em cada estado!

Já o novo, produzido com alta tecnologia, a estrutura para viabilizá-lo consumiu 35 milhões de reais lá em 2004, será quase impossível.

Impresso a laser, com chip e uma série de proteções moderníssimas, será capaz de receber todos os números de identificação associados ao cidadão. Um pouco mais de inovações, além das que já vimos nos novos passaportes brasileiros.

Em um único documento teremos CPF, carteira de trabalho, título de eleitor, RG, além de dados trabalhistas, previdenciários ou criminais. A nossa impressão digital estará gravada no chip, permitindo a rápida verificação da propriedade do documento.

Verdade seja dita, nosso governo tem praticado a vanguarda em utilização de meios digitais. Legítimo governo eletrônico, basta olharmos as urnas eletrônicas, os sites governamentais, o Poupatempo, para ficar apenas em alguns itens mais óbvios. Pena nem tudo ser tão avançado em nossa classe política e governamental...

Figuraremos mais uma vez entre os primeiros a inovar numa área. O documento ainda terá foto menor no verso, marcas d'água e sequência de caracteres impressa para verificação, com composição do nome da pessoa. Facilitará muitos processos burocráticos envolvendo identificação.

Vêm vantagens, juntas novas preocupações. Eu já havia aventado em outro post, há cerca de um ano e meio, sobre a possibilidade e os riscos de tamanha concentração de informações de uma única pessoa. Haja centralização!

Ao perder o documento, ninguém poderá utilizá-lo, mas seu usuário ficará sem documento algum! Ou então, imaginem o risco de algum programa malicioso, em uma máquina leitora, coletar os dados de cada cidadão dos cartões utilizados lá.

Há também a necessidade de proteção dos servidores governamentais. Um Fort Knox digital! Pelo menos, imagino... Os hackers passarão a ter um único alvo para atacar e tentar conquistar. Nem adianta os responsáveis fazerem ares de desprezo, pois todos assistimos na mídia a venda de CDs com informações das declarações de imposto de renda, à solta nas mãos de camelôs.

De qualquer forma, fazer o quê, né? Se queremos evolução e facilidade, temos que pagar um preço, nem que seja a onda de preocupação. Com o tempo passa... Quem não lembra do medo que as pessoas tinham de comprar e usar bancos pela Internet? Para a grande maioria isso já é coisa do passado.

Agora é só esperar para receber o seu e esperar que tudo certo. Com tamanha unificação, os sonhos ficcionistas chegam mais perto, nos rondam. Talvez na próxima versão, o chip possa ser implantado embaixo da pele, para facilitar transporte e acondicionamento. Serei assim um soldado do futuro ou uma rês, simplesmente marcada? :)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Coincidências

Coincidências produzem dias divertidos.

No final de semana, eu lia um texto sobre filosofia, que mencionava a influência de David Hume no processo de elaboração da Teoria da Relatividade, por Albert Einstein.

Por acaso, um amigo vinha estudando Hume e fiz questão de mencionar sobre o fato. Ele desconhecia o ocorrido e mal pude sentar na cadeira, lá estava um link se referindo a questão.

Resolvi procurar um pouco mais e descobri outros trabalhos a investigar as influências de Einstein, nos mais diversos aspectos. Entendi um pouco mais o significado de "enxergar sobre ombros de gigantes".

Depois de muitos textos estrangeiros, decidi pesquisar algo em português, afinal temos cientistas gabaritados para tanto. Encontrei um texto excelente, apesar do design da página não ser dos melhores. Felizmente! Conteúdo sobressaindo à imagem.

Após ler, me interessei pelo autor e encontrei um antigo professor meu, do curso de Física. Henrique Fleming estava lá, na memória e na Web, sendo resgatado como uma grata lembrança, da sabedoria dos verdadeiros doutores mestres.

Pude me atualizar, descobrindo que já se aposentou (ou quase), do alto dos seus mais de 70 anos. De qualquer forma, atualizado diariamente (segundo notas), o site transborda a vivacidade daquele professor de há quase 20 anos.

Dali pude conhecer o site da Academia Brasileira de Ciências, da qual ele obviamente fazia parte. Lá re-encontrei outro professor, também dos grandes mestres, Ernest W. Hamburger. Importante educador, há muito tempo se preocupa com o ensino e a divulgação da ciência.

Quanto que eu não conheci naquela época. Voltando, as páginas trazem enorme conteúdo, de técnicos a extras, com referências e vasto material de estudo. Um deleite, para suscitar saudades e boníssimas lembranças, além do gostinho de quero mais. Aliás, é impagável o clique na foto pessoal do autor. Só clicando para entender...

Citações como o "Livro dos Porquês", e oportunos comentários, levam ao contato com o espírito jovial de seu discurso. Em "Textos não-técnicos", encontramos opiniões balizadas de quem viveu (e vive) a ciência, podendo olhar a vida. Em "Páginas pessoais" e "Outros links", um guia virtual com o olhar pessoal de um grande cientista.

Dentre tanto conteúdo, um me chamou muito a atenção. Seu discurso de paraninfo, para a turma de Ciências Moleculares de 2003, curso que ele ajudou a idealizar e concretizar. Um última aula de maestria, atestando a tão acertada escolha do homenageado.

Um turbilhão de visitas e contatos num único dia. Coincidências que, se estimuladas, poderiam render horas a fio de leitura e diversão. Alguns chamam isso de sincronicidade. Fiquei a pensar se em meio a tantos felizes acasos, quem sabe hoje ele não acaba lendo este post...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Holodeck

Jamais imaginei que veria um Holodeck.

Bom, não que encontre um hoje em dia, mas estamos num caminho bem próximo. Algums tecnologias esbarram no atendimento de necessidades bem parecidas.

Eu achava o máximo os episódios da Star Trek - A nova geração, quando os tripulantes faziam uso daqueles compartimentos de realidade simulada.

As utilidades eram as mais diversas: estudar alguma estratégia, matar as saudades de casa, filosofar sobre algum assunto ou simplesmente se divertir.

Faz bem pouco tempo, coisa de alguns anos, havia uma febre por videoconferência nas empresas. Muito mais do que um chat via Web, com hardware apropriado e bons links de comunicação, se conectavam salas de reuniões de empresas em lugares distantes.

Participei de uma destas, com um escritório em Boston, como se as pessoas estivessem na sala ao lado. Redução de custos com viagem, agilidade de decisão e uma série de outras vantagens eram vendidas.

Recentemente, três grandes fornecedores, ligados a teleconferência e comunicações, Cisco, HP e Polycom, lançaram novos produtos com o conceito de tele presença.

Com equipamentos de conexão de alta velocidade, monitores full HD e softwares inteligentes de conferência, eles prometem um ambiente de imersão capaz de criar a sensação (ou ilusão) da presença real de todos os envolvidos.

Até as fotos dão uma boa ideia do efeito. Com telas cobrindo a parede, perdemos os referenciais próximos, e com a alta definição, ganhamos profundidade e nitidez similares ao ambiente real. Um show tecnológico! Claro que com custos proporcionais...

Como sugeriu um amigo, se colarmos uma mesa bem próxima a parede, com um tampo com tecnologia Microsoft Surface, podemos passar um documento digital, de um lado para o outro, apenas empurrando com a mão! Vai ser difícil duvidar que o interlocutor não está ao alcance da mão.

Se quiséssemos ir mais longe, quase literalmente, poderíamos pensar em uma sala com todas as paredes e tetos com monitores, cobrindo toda sua extensão. Com um programa de realidade virtual sincronizando tudo e estaríamos ambientados em outros lugares, ao clique do mouse!

Se juntarmos Google Maps, StreetView, Ancient Rome 3D e Wikipedia, para ficar nos mais óbvios, teríamos uma visita surreal ao mundo enciclopédico, com passeios bem realistas pelo espaço e o tempo. Tentações demais para se perder e sumir por horas...

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Pureza

Visando a perfeição, buscamos a pureza.

Para um preceito ancestral, embutido na natureza humana... Associamos uma ideia de purificação, de limpeza, a algo melhor, aprimorado, sem máculas ou imperfeições.

Culturas e civilizações inteiras almejaram a tal pureza e, para isso, elaboraram códigos de leis e condutas. Elaboradíssimos, complicados ao ponto de qualquer pessoa comum ter dificuldades para conseguir cumpri-los.

Vinculados a questões de aspecto físico, se preocupam com condições de nosso corpo. Sugerem uma fuga dos "medos" da vida, associando-os a sangue, morte... As mencionadas "imperfeições".

No dever de seu cumprimento, segregam incondicionalmente os impuros. Marginalizam quem não dispõe de condições no cumprimento das regras, ou nem ao menos consegue compreendê-las. Mecanismo desonesto para o privilégio de poucos.

Como se os elementos da vida pudessem ser separados. Como se houvesse mérito ou demérito nas casualidades do destino. Como se os ciclos naturais, os fatos da existência, fossem questão de escolha. Isso tudo sem se ater a qual pureza de fato importa.

Inevitável escolher a pureza da alma e do coração. A pureza de intenções e princípios, de escolhas a nortear o dia-a-dia. O prumo para discernir entre dois caminhos, duas alternativas, todas as vezes que nos forem apresentados.

Dom a ser preservado! Nascemos assim. Recuso-me a acreditar o contrário. Perdemos essa essência aos nos deixar levar pelas vicissitudes do cotidiano. Permitimos a corrupção do espírito humano, em troca da comodidade e conforto da condução pela corrente do rio.

Descobrir a beleza de tal pureza passa pelo encantamento com a sinceridade, a fraternidade e a simplicidade. Em meio às escolhas possíveis, vale a aposta escrita por Gonzaguinha: "Eu fico com a pureza da resposta das crianças. É a vida, é bonita e é bonita..."!