quinta-feira, 31 de julho de 2008

Descida

"A descida das ciências ocidentais do céu para a terra (da astronomia no século XVII à biologia do XIX), bem como sua concentração, nos dias de hoje, por fim, no homem (na antropologia e na psicologia do século XX), marcam o caminho de uma prodigiosa transferência do ponto focal do milagre humano. Não o mundo animal, o mundo vegetal, nem o milagre das esferas; o mistério crucial é, em nossos dias, o próprio homem".

Joseph Campbell, em "O Herói de Mil Faces", resume desta maneira magnífica a história da evolução de nossa mitologia. Descemos do céu ao cerne de nossa própria natureza.

Das esferas celestes ao genoma humano, fomos colocando por terra mitos e desvendando o mecanismo do Universo. O mundo perfeito das estrelas dos gregos deixou de nos assustar, assim como parte das manifestações da máquina homo sapiens.

Tristemente, no processo de descida, perdemos o hábito de admirar o céu. Cada vez mais, somos seres cabisbaixos, "ensimesmados", desatentos às maravilhas vindas do alto. Quantas vezes reparamos até mesmo nas visões do alto de nossa cidade?

As pipas do tempo de criança nos faziam vasculhar os céus em busca de alguma para competir. Levávamos nossos sonhos de Ícaro naqueles engenhos de papel e bambu. Fios espalhados por toda metrópole tornaram a brincadeira algo muito arriscado.

Em festas juninas, pequenos e inocentes balões levavam os desejos do povo para o alto. Coloriam as nuvens e instigavam mais um olhar acima das cabeças. A consciência dos riscos envolvidos, as gangues em torno de monstros de fogo, gigantescos balões, fizeram deste elevador de visões assunto banido do cotidiano.

Corremos para não perder o ônibus, ou aproveitar o semáforo a fechar... Deixemos de procurar passarinhos, na tentativa de identificá-los e apreciar seus lindos vôos e cantos. Nuvens de vida a enfeitar os ares! Ficamos com os pombos, uma ameaça constante, às roupas e cabeças, ou os tristes engaiolados ornamentais.

Em noites calmas de luar, parávamos muito mais para observar as diversas constelações e sonhar como seriam tantos outros mundos. As luzes da cidade se intensificaram e ofuscaram qualquer possibilidade de fácil observação.

Descemos a atenção e parece que descemos nossas aspirações. Haja visto como cuidados de nosso céu, com as altas cargas de poluição que lançamos, principalmente emitida pelos veículos. Ao cuidar do próprio umbigo estamos fadados a diminuir nossa existência. Provavelmente descemos as escadarias da evolução. E ainda nos achamos superiores e privilegiados...

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Modernização

"Escravidão não acabou, só se modernizou".

Definindo assim, com ares de conclusão de trabalho sociológico, José Geraldo Ferreira coloca o dedo em uma das muitas feridas de nossa sociedade contemporânea.

Longe dos bancos de cursos acadêmicos de sociologia, o auxiliar de limpeza (eufemismo para faxineiro), entrevistado pela revista Época São Paulo, na edição deste mês, desfila sua visão de proletário explorado.

Brasileiro safo, ele ainda complementa sua visão do cotidiano do humilde trabalhador conterrâneo: "Metrô é que nem navio negreiro"!

As relações humanas evoluíram muito pela história, mas, se destilarmos os sucos resultantes, ainda encontraremos mares de desigualdade. Muitas pessoas ainda estão sujeitas a condições de vida e trabalho não escolhidas, em grande parte insatisfatórias.

Com opiniões diferenciadas, fenômeno destacado da média da população, nosso filósofo do cotidiano demonstra como um pouco de reflexão pode nos levar a percepções bem diferentes da realidade.

Uma única volta no trem metropolitano nas manhãs paulistanas compeli-nos ao conflito. Curiosamente, nem todos os atingidos manifestam tal comportamento. Rotineiramente estar sujeito às condições improváveis do transporte público, faz-nos compreender a idéia do navio. Sei bem o que é isso, apesar de quase todos aparentarem não saber...

Zé faz mais além de analisar as mazelas do sofrido dia-a-dia. Assiste ao Telecurso na TV, pela manhã, no exíguo horário disponível. Opta pelo marxismo. Admira ícones de revoluções sociais. Estuda todos os dias, procurando assistir palestras, na USP, na Câmara Municipal, onde a informação estiver.

Mistério a desvendar, qual a modernização transforma de escravo a cidadão crítico? Como promover tantos cativos a ativos pensadores "Zé"? Das grandes mudanças sociais precisamos descobrir como colher os melhores frutos. Como bem concluiu nosso caro pensador, "uma sociedade politizada anda, evolui".

terça-feira, 29 de julho de 2008

Converse

Cem anos: átimo de existência para uma estrela. Nem para todas...

Fabricante de calçados , originalmente para jogadores de basquete, a Converse comemora cem anos, quase todos produzindo uma ícone da cultura pop.

Se, para uma empresa qualquer, sobreviver mais do que uma década já é um desafio, como não será para uma empresa do ramo de vestuário. A moda é efêmera!

Porém, este fabricante americano sobreviveu, muitas décadas, mais precisamente dez. Vestiu, e veste, os pés de modelos, astros do rock e até princesas.

All Star seu carro chefe, e praticamente único produto, com as devidas variações, permaneceu quase imutável por toda sua vida.

Alguns materiais mudaram, um pouco de tecnologia foi adicionada, mas suas linhas e anatomia foram transmitidas através das gerações. Mesmo com versões temáticas, outras um pouco diferenciadas (canos bem mais longos ou nenhum cano), seu espírito é perene.

Tamanho sucesso se reflete até na vida comum. Todo mundo teve um, ou conhece quem já teve. Ganhei uma vez um saudoso, de cano longo e cor amarela. Um luxo! :) O coitado pereceu em uma trilha, em meio à lama. Ele resistiu, mas quem se arriscaria a tentar devolver-lhe a cor? Juro não ter sido vingança...

No final do século XX a empresa apresentava problemas, até chegar a concordata em 2001. Adquirida pela gigante Nike, pode continuar como unidade independente, produzindo aquele que sempre soube fabricar muito bem.

Renovada, tecnológica e financeiramente, ela se adaptou aos novos tempos. Atualmente, em seu site, podemos montar nosso modelo personalizado, chegando ao detalhe de costuras e aplicação de identificação textuais. Bons sinais de uma longa vida ainda para esta estrela brilhar.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Geocaching

Piratas, ilha do tesouro, mapas, histórias e aventuras divertidas!

Crianças adoram os mistérios envolvidos nas viagens do bucaneiros e afins pelos mares. Na verdade, tendo em vista o sucesso da franquia "Piratas do Caribe", adultos também continuam cativos.

Sonhar com os desafios e a vida emocionante destes aventureiros marcou muitas infâncias. Quanto não valeria passar apenas um dia à procura de algum baú escondido, enterrado em ilha deserta.

Mudanças na vida e nos costumes, mudança na tecnologia. A versão da caça ao tesouro ganhou novo nome em nossa época: geocaching.

Esconda um tesouro, em caixa hermética, ou bem protegida, no mínimo. Acesse o site oficial da brincadeira, registre-se gratuitamente e cadastre as informações do novo conjunto de preciosidades.

Feito o cadastro, qualquer usuário registrado do site pode pesquisar esse possível ponto de esconderijo. Com o auxílio de equipamentos de GPS, e alguns pistas deixadas pelo responsável pela ocultação do tesouro, irá sair à procura de mais uma aventura!

Se conseguir achar, o combinado é deixar alguma coisa na caixinha, para contribuir com a fortuna. Também pode ser feito o registro, através de texto em folha contida no recipiente. Desejando levar uma lembrança, é permitido retirar algum objeto contido no conjunto escondido.

As descobertas podem ser informadas no site, pois seus itens podem ser rastreados, para conhecermos o seu provável destino. Onde irá parar um chaveiro escondido no Brasil? De que remoto local pode ter sido trazido uma moeda encontrada?

É isso mesmo, a brincadeira está espalhada por todo planeta. Em praças, campos, shoppings, bibliotecas, ou onde quer que a imaginação do pirata levá-lo a esconder sua pilhagem. O único compromisso, apesar da brincadeira com "pilhagem", é não vandalizar, para a diversão continuar.

Antiga brincadeira, levada a interessante releitura dos novos tempos. Colaboração, posicionamento por satélite, comunidades de Internet, excelentes elementos do melhor do mundo da tecnologia. Que tal criar seu próprio tesouro? Ou prefere singrar os mares à procura destes valiosos achados (ou seriam escondidos?). Só faltam o rum, a perna de pau e o papagaio, sejam quais forem suas representações tecnológicas digitais...

domingo, 27 de julho de 2008

Seguir

Seguir doutrina, ideologia ou pessoa: ato de certa irracionalidade. Talvez por isso chamem de !

De alguma forma está incrustado na natureza humana. Não aprendemos com ninguém, simplesmente acontece. Assumimos até alguma parcela de influência social, mas é mais primária.

Algo nos diz que estamos corretos em acreditar. Desconhecemos a origem da certeza, mas é tão forte que ficamos impossibilitados de negá-la.

Percebemos a necessidade da manutenção à fidelidade de pensamento para com a causa. Sem ela, ficamos à deriva, com a convicção de saída de rumo, rumo indesejado e desagradável.

Em consonância com outras pessoas, parecemos ter a mesma crença. Desconfio ser um pouco diferente... O acreditar acaba sendo único, experiência particular, sem deixar de estar coerente com a coletividade.

Adotamos comportamentos para consolidar, ou quem sabe testar, nossas afirmações. As vozes que ecoam em nosso subconsciente sugerem um caminho, conclamam nossa colaboração. De bom grado, aceitamos, sentimo-nos felizes por poder ser "o ato", mais do que "a palavra".

Sendo tão inato, tão imanente, deve ser essencial a nossa sobrevivência. Mecanismo evocado pela natureza. Justificada assim está a dificuldade em compreendê-la. É mesmo para ser incompreensível, um tanto misterioso. Resposta mais rápida e eficiente.

Razões descobertas posteriormente servem apenas como justificativa. Justificativa para apoio, ou consolo, às decisões tomadas. Maneira razoável e conciliadora para acharmos que estamos nos entendendo.

Buscaremos eternamente por quês. Dificilmente encontraremos... Podemos confiar apenas no sentimento e esperar que a inspiração seja resultado de algo maior. Novamente, em meio às incertezas, só nos resta seguir...

sábado, 26 de julho de 2008

Dimensão

Surpreendidos pela vida, nos emocionamos.

Razões construídas, racionalidades pensadas, nada controla a emoção de amar. Em pequenos, singelos e tocantes momentos, um sorrisinho, duas mãozinhas juntinhas, um suspiro de sono e afloram os sentimentos mais profundos de bem querer.

Uma música, uma cerimônia de casamento, algum lampejo a nos tirar da sisudez do dia e nos deixar sem palavras para expressar a dimensão do amor por uma vida responsabilidade sua.

Repentinamente, os acordes da canção brega... e a rendição pela inevitabilidade da sincera representação de nossos sentimentos. Tolos somos em renegar os feitos de sinceros criadores. Rendendo-me, reproduzo suas palavras para, ao menos em parte, declarar um pouco do que sinto.

"Eu tenho tanto
Prá lhe falar
Mas com palavras
Não sei dizer
Como é grande
O meu amor
Por você...

E não há nada
Prá comparar
Para poder
Lhe explicar
Como é grande
O meu amor
Por você...

Nem mesmo o céu
Nem as estrelas
Nem mesmo o mar
E o infinito
Não é maior
Que o meu amor
Nem mais bonito...

Me desespero
A procurar
Alguma forma
De lhe falar
Como é grande
O meu amor
Por você...

Nunca se esqueça
Nem um segundo
Que eu tenho o amor
Maior do mundo
Como é grande
O meu amor
Por você..."
[1]

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Java

Buscamos paradigmas melhores continuamente.

A engenharia de software se preocupa há muito tempo em aprimorá-los, ou criá-los, para conseguir resolver seu antigo dilema da entrega adequada de produtos. Adequada em prazo e qualidade.

Orientar o desenvolvimento a objetos parece trazer uma aproximação mais concreta aos problemas de negócio. Em princípio, uma excelente ferramenta para atender tal demanda é a plataforma Java.

Hoje plataforma, mas começou como linguagem. Os paradigmas evoluíram, as ferramentas também. Orientação a objeto virou "commodity". Um universo de design patterns, MDA, SOA e outras tecnologias foram derivadas dela.

Apesar de todos os seus benefícios inerentes, misteriosamente é difícil a observação de sua plena adoção. Mesmo com as garantidas propriedades de eficiência e otimização, ainda vemos muitas equipes relutantes em embarcar ativamente.

Nos primórdios, diversas empecilhos eram apontados para a resistência. O uso da tecnologia demandava hardware de porte, para sustentar o pesado processamento. Sua popularidade começou em pequenos círculos, como é comum em novidades tecnológicas. Até o fato de ser iniciativa de uma grande empresa gerava desconfiança.

Atualmente qualquer antigo motivo foi derrocado. Hardware com capacidade suficiente de processamento é extremamente acessível. O conhecimento da plataforma é amplamente difundido, com grande oferta de profissionais. A plataforma foi aberta para própria empresa, em busca de seu aprimoramento mais intenso, com a colaboração da comunidade.

Caminhamos pelas empresas e ainda encontramos montanhas de sistemas legados. Sem dúvida, em time que está ganhando é preocupante mexer. A grande dúvida é até quando estarão ganhando? Em ambientes legados, há duas grandes mudanças: das ferramentas em si e da cultura de desenvolvimento.

Dois grandes desafios, dois riscos sensivelmente consideráveis. Felizes daqueles que começam sua estrutura do zero. Se sensatos, têm a oportunidade de começar com o pé direito, dentro dos melhores paradigmas existentes. Àqueles carentes de mudanças, resta a torcida para um dia poder dizer: "Oh antiga solução, "já vai" tarde!

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Saci

Quem precisa de Halloween?

Caldeirão de inúmeras culturas, nosso folclore é rico em personagens e histórias, suficientes para preencher dias e noites a fio de "causos" e contos.

Saudoso Sítio do Picapau Amarelo, exemplar da obra de Monteiro Lobato, retratado até na televisão brasileira. Inúmeros ícones a formar o imaginário infantil de muitas gerações...

Quantas crianças ainda sabem, nos dias de hoje, quem (ou o quê) é a Cuca? Como será interpretado até mesmo o nome Curupira? O conjunto de lendas, com tantas influências indígenas, remete a uma raiz legítima de brasilidade.

Representante máximo de nosso panteão, eleito por diversos movimentos de valorização da cultura tupiniquim, o Saci-Pererê, apenas Saci para os íntimos, reúne um dos mais completos conjuntos de influências. Talvez por isso conquiste tanto nossa simpatia e apreço.

Surgido entres nossos índios, ganhou forma e ferramentas de contribuições da tradição africana e européia. Resultou no produto do sincretismo mais primitivo. E vamos pelo interior afora (se é que isso é possível :)), com nossas peneiras, caçando seus redemoinhos.

A força de sua presença motivou a criação de diversas organizações dedicadas a seu estudo. Uma delas, a Sociedade dos Observadores de Saci - SOSACI, reúne histórias e testemunhos dos contatos com a sapeca entidade brasileira.

Para marcar a importância deste representante, foi instituído pelo poder público, em diversas instâncias, o Dia do Saci. Também mencionado por alguns como "Dia do Saci e seus amigos", é comemorado no dia 31 de outubro, confrontando com o "Dia das Bruxas", influente marca cultural americana.

Mais do que amedrontar, Iara, Boitatá, Mapinguari, além dos já citados Saci, Curupira e Cuca, permanecerão em nosso inconsciente, a proteger as raízes de uma cultura diversa e prolífera. Garanto ser mais divertido caçar a Mula-sem-cabeça, em noites de luar, do que sair pedindo doces e balas, fantasiados como algum ícone alienígena qualquer.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Certificação

Em meio às incertezas, precisamos nos certificar.

Conhecemos bem a história de certificados, com nossa tradição cartorial no Brasil. Em vários aspectos do cotidiano dependemos dos cartórios.

Herança lusitana, excesso de burocracia, tanto faz, vivemos muitas vezes a cata de algum reconhecimento para determinado documento.

Nem todas as sociedades vivem essa sina, com RGs, CPFs, CNPJs... Diversos países não têm esses registros gerais, típicos de nosso meio. Até nos espantamos quando negociamos com aquelas paragens.

Já faz tempo a onda dos certificados quebrou nas carreiras profissionais. Com o objetivo de atestar seus conhecimentos, diversas empresas e setores criaram certificados de proficiência profissional.

De capacitação em inglês, como os exames da Universidade de Cambridge, a habilitação em ferramentas de software, podemos ser avaliados por quase tudo.

Em especial, as certificações na área de TI se tornaram extremamente comuns. Empresas como Microsoft, ou instituições ligadas ao mundo Linux, oferecem variadas opções, em áreas e níveis de especialização.

Com o tempo, as próprias regras da certificação foram aprimoradas. Anteriormente, era usual tais títulos serem vitalícios. Atualmente, em sua grande maioria, possuem algum prazo de validade, sendo necessária sua reavaliação periódica.

Muito recentemente, chegamos ao exagero. Das últimas badalações da área, o programa Google Advertising Professional se tornou um título cobiçado. Quais as habilidades certificadas deste profissional? Saber explorar adequadamente os recursos do Adwords e Adsense do Google!

Tudo bem que a empresa é a sensação do mundo Web. Também é consenso a importância de técnicas como o SEO, e seus reflexos na obtenção de receitas com propaganda, meio promissor de rentabilidade nestes novos tempos. Daí a precisar se certificar como usuário avançado de uma ferramenta, há uma grande distância...

Tentador fazer um trocadilho com a sigla da certificação, GAP. Qual será a falha nessa história toda? O que falta para completar ou suprir? Só não falta é oportunidade para a idéia se difundir. Fora as altas remunerações pagas a estes novos profissionais...

terça-feira, 22 de julho de 2008

BrasilBev

"A solução pro nosso povo eu vou dar
Negócio bom assim ninguém nunca viu
Tá tudo pronto aqui é só vir pegar
A solução é alugar o Brasil". [1]

Raul Seixas
não viveu para conhecer uma solução alternativa a sua proposta em "Aluga-se". Em tempos de negócios bilionários, talvez uma boa solução seja vender parte do capital acionário para a AmBev (ou InBev, como preferir).

Notícia
da semana em toda a mídia internacional, a compra da Anheuser-Busch por um grupo empresarial brasileiro dá algumas pistas de como atingir a excelência administrativa.

Ao arrematar uma empresa-símbolo americana, eles construíram uma corporação que passa controlar 25% do mercado de cerveja mundial! A multinacional resultante, de controle brasileiro, será a quarta companhia de consumo no mundo, ficando atrás apenas de Procter&Gamble, Nestlé e Coca-Cola.

Como apresentado em matéria da revista Época, em sua última edição, o primeiro item na cultura responsável pelo fenômeno é a meritocracia. Numa estrutura que valoriza o mérito, as pessoas se preocupam em alcançar seu melhor desempenho, para merecerem sua contrapartida.

Associe-se então a obsessão por custos. Apesar de óbvio, vemos muitas pessoas, principalmente quando tratamos do bem público, despreocupados quanto aos recursos necessários para idéias mirabolantes. Sem contar com os casos de má fé. Neles os custos são muito interessantes, principalmente se forem elevados.

Por fim, cabe a discrição a todos os dirigentes. Ostentação é mal vista. O estilo low profile está muito mais difundido. Nem aparecer muito é costume. Padrão é se vestir informalmente, dispensando até a gravata no trabalho. Simplicidade de atuação. Importante é trabalhar!

Com idéias elementares e muito trabalho, esse grupo de brasileiros começou, há menos de 3 décadas, um negócio de US$ 60 milhões e o transformou em um império de US$ 81,7 bilhões. Só a última operação representa um negócio de US$ 52 bilhões. Significativo, não?

Sendo assim, com tamanho capital intelectual nacional, talvez seja possível arrumar o Brasil. A fórmula parece simples e aplicável ao cotidiano de qualquer pessoa. Quem sabe, no mínimo, o bem sucedido episódio sirva de inspiração para algum bom político mandatário. Continuamos esperançosos...

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Leet

(4|\| j00Z U|\|D3r$74|\|D /\/\3?

Difícil entender a frase acima? Linguagem alienígena? Forma de comunicação de alguma civilização extraterrestre?

Longe disso... Aliás, bem mais perto. Esqueçamos inglês, espanhol ou chinês. Se a Internet continuar a crescer, indefinidamente, a língua mais provável a se tornar candidata será a Leet.

Tamanha conhecida como Leetspeak, adotada por usuários desde os anos 80, como forma de elitizar algumas comunidades (origem inclusive do nome), é uma transcrição de letras do alfabeto latino por caracteres da tabela ASCII.

As transcrições podem ser diversas. Há algumas formas simples, como da ilustração deste post. A frase "Are you leet" se transformou em "R U 1337". Se observarmos com cuidado, quase é possível ler diretamente, com a consonância da transcrição.

Fica mais fácil a tradução com o auxílio de uma ferramenta. O site brenz.net disponibiliza um tradutor Leet/Inglês. Para experimentar, procure traduzir a frase inicial deste texto. Com textos mais extensos, surgem curiosos mosaicos de caracteres, praticamente indecifráveis. Haja prática para lê-los diretamente!

O maior ícone da webcultura também tem seu representante, afinal a página de busca do Google está traduzida em boa parte das línguas existentes no mundo. Transcrita no endereço www.60073.com, todos os links internos são apresentados no modo leet.

Idiomas são frutos da cultura humana. Sua criação, como no caso do esperanto ou o toki pona, desvelam a nossa diversão em nos comunicar e formar laços. Apesar de artificiais, descendem das raízes expressivas das sociedades.

Capacidade de expressão sempre foi diferencial homo sapiens. Elo para nossa integração, garantiu a evolução e adaptação da espécie. Em novos tempos, novos elos são aprendidos. Ganhar novas habilidades reforçam nossa pluralidade e capacidade de ampliação dos horizontes do pensamento.

domingo, 20 de julho de 2008

Poder

Detenção de poder deveria implicar em posse de sabedoria.

O poder corrompe as pessoas? Dizem por aí... Discordo! Corrompe as pessoas apenas o poder efêmero, não conquistado pela potencialidade, mas por algum outro mecanismo escuso insustentável.

Afinal, se realmente detemos o poder, estamos isento de qualquer influência insidiosa. Aliviados de pressões temos condições de exercer o mais elevado espírito humano.

Todo discípulo de alguma arte marcial oriental, como o judô, aprendeu bem a lição, quando conduzido por bons mestres, de que seu conhecimento jamais deve ser usado levianamente.

Contrariando a convenção, reis conquistariam pela proposição, não pela imposição. A força se faz desnecessária. Recolhida a sua detenção, não precisa ser utilizada. Platão sintetizou a fusão destes elementos na idéias rei-filósofo.

Infelizmente, nem todos têm bons mestres, ou são bons alunos, para conquistar seu potencial, ou estar preparado para bem usá-lo. Senhores do mundo atual não conseguem, ou nem querem, resolver problemas comuns a imensa massa de pessoas, mazelas antigas a lançar milhões de pessoas em inferno cotidiano.

Termina a cargo de grupos como os Médicos Sem Fronteiras, instituição internacional de socorro humanitário, procurar atender às necessidades destas populações. Dentre suas diversas atuações, a recente missão ao Quênia, na fronteira com a Somália, é um emblemático exemplo da coragem daqueles profissionais da saúde.

Nas palavras do Dr. David Oliveira, em telefonema ao padre Júlio Lancellotti, se evidencia a crítica situação vivida naquela região. Com acampamentos lotados de pessoas refugiadas, foi necessário definir um critério para atendimento das crianças pelo diâmetro de seus braços. Apenas as com menos de 2,5 cm conseguem ser recebidas! As outras são consideradas com condições de sobrevivência...

Miserável condição, de vida e trabalho. Emergência humanitária, conseqüência do descaso dos poderosos do nosso globo. Pelas ruas e campos do mundo, grupos de voluntários demonstram a disposição e força do maior poder: o poder do amor humano.

sábado, 19 de julho de 2008

EC2

Horizontes infindáveis de abundância tecnológica surgem no céu da Web.

Na onda da computação em nuvem, ou cloud computing, como preferir, diversas empresas fornecem excedentes de processamento para quem desejar, e puder pagar.

O atendimento de suas necessidades operacionais as levou a construírem estruturas potentes e distribuídas, capazes de garantir sua continuidade, com folga.

Alguns, como o Google, fazem questão de não divulgar qualquer informação sobre a composição desta estratégica arquitetura, seja sua distribuição geográfica ou seu poder computacional. Só sabemos que está lá...

Outros, como a Amazon, perceberam um novo potencial a explorar. Como ninguém, eles possuem know-how suficiente para construir e gerenciar estas grandes redes integradoras de serviços.

Por que não comercializar o recurso excedente, disponível para eventuais balanceamentos de carga, que freqüentemente está ocioso? A maior livraria da história percebeu o filão e lançou mais um serviço: o Amazon EC2.

Batizado de Amazon Elastic Computing Cloud, é possível alugar software e hardware virtual para utilização no processamento das informações de uma empresa. A solução aplica os recentes conceitos de SaaS e HaaS, num potente recurso a se considerar.

Com uma alternativa deste porte, podemos considerar novas visões e patamares de escalabilidade, apoiada em recursos disponíveis na grande rede. Na Amazon, estão disponíveis configurações desde máquinas básicas com 1,7 Gb de RAM, e 160 GB de HD, por US$ 0,10 por hora, até superdimensões de 7 GB RAM, com 1,7 TB de HD, por US$0,80 por hora.

Valores interessantes a considerar. Fáceis projeções em planos de custos. Problema mesmo apenas a característica de exportarmos o maior bem da atualidade, a informação, para uma estrutura de terceiro. Segurança, confiabilidade e sigilo são fundamentais. Com um parceiro gigante assim, reconhecido pela excelência, até fica fácil de aceitar!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Pet

"Troque seu cachorro, por uma criança pobre..." [1]

Rock da Cachorra, Eduardo Dusek, década de 80 e o alerta estava feito. Há quase 30 anos, o exagerado dispêndio de recursos com animais de estimação já incomodava muita gente.

Em um país de tantos miseráveis, a situação parece não ter melhorado nem um pouquinho. A invasão dos negócios para nossos bichinhos, o mercado "pet", é visível por todos os cantos.

Por exemplo, aqui no Belenzinho, antigo bairro paulistano, chegamos ao ponto de termos quase mais pet shops do que pizzarias! Tão próximo a Mooca, repleta de italo-descendentes nascidos na terra da garoa, isso chega a ser uma ofensa...

Um dia tive meu companheiro fiel. Guardo alegres lembranças da infância com as bagunças do amigo canino. Relação saudável, grande aprendizado, mas exagerar nos mimos e "pessoalização" seria uma agressão a sua natureza animal.

Banhos de ofurô, com pétalas de rosas, sais e aromas, para descanso e relaxamento? Com variação entre R$ 30 e R$ 40, em Joinville, a Cia Bichos oferece tal regalia, além de planos de saúde, planos de estética e outros. Batizam os abastados animais de VIP, Very Important Pets...

Bolos, pães, biscoitos, chocolates e donuts? Nossos melhores amigos contam até com quibes e esfihas, artesanais, com ingredientes 100% naturais e sem conservantes. A alimentação saudável é oferecida pela Dog Bakery, em São Paulo, com preços entre R$ 5 e R$ 50 (no caso de alguns bolos).

Reconstrução de pelagem com queratina animal ou vegetal? Profissionais de estética estão disponíveis para o tratamento na Friend Dog, no Rio de Janeiro, com preços de R$ 10 a R$ 25 por sessão. Mesmo com a justificativa de problemas com pêlo poderem revelar deficiência ou carências nutricionais, a valorização da estética aparenta estar em primeiro plano.

Outros tantos exemplos podem ser vistos. Até estadias em hotéis com diárias de US$ 145! Os tempos de quintais gelados já passaram para uma pequena parcela da população animal... Dureza é comparar com a situação da grande população de rua, em nossas grandes cidades, que nem quintais têm para dormir.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Produto

Batize um produto, sele sua sina.

Escolher um nome para qualquer coisa é sempre um processo delicado, cheio de dúvidas. No caso de produtos, sejam eles bens ou serviços, a escolha é determinante de seu destino.

Meses de discussão nas áreas comercias e de marketing, para chegar a uma disputada decisão. Decisão que o acompanhará por toda sua existência.

Se acaso fosse renomeado um dia, já seria outro produto. Algo como ocorreu com a extinta Fanta Limão. Todo mundo lembra da Fanta Laranja ou Fanta Uva, mas poucos da sua irmã menos privilegiada, que ressuscitou com o americanizado nome de Sprite.

Preferência nacional, os carros sempre são batizados com nomes únicos e eternos. Quais serão as idéias por trás de nomes como Gol, Celta, Fox, Fiesta, dentre outros? Quantas mensagens não estarão escondidas?

Agora, alguns sem muita experiência, exageram... Ontem, ao sair da estação do Metrô Carrão, li um nome inusitado em uma barraquinha de salgados da região: Micro Pastelão. Confuso a alcunha deste petisco, não?

Será que um Micro Pastelão é igual a um pastel comum? Talvez a idéia seja supervalorizar suas qualidades de pastel, com o sufixo "ão", mas acalmar o consumidor, informando ser ele acessível, pois é micro, não tão "ão" assim... :)

Já faz algum tempo, um antigo Drive-In do bairro resolveu mudar de nome. Certamente combalido com novos tempos, nos quais eles já não fazem tanto sucessos, deve ter tentado se repaginar. Escolheu como novo nome Drive-Thru! Qual teria sido a genial associação? Será que agora vendem comida por lá? Haverá alguma relação com o ramo de fast-food?

Uma coisa é certa, com nomes tão surpreendentes ao menos serão dificilmente esquecidos. Está certo que não é da forma ideal... Ideal mesmo é o bom e velho pastel de feira, de carne, queijo, pizza ou especial. Inesquecível por aquilo que todo produto deve fornecer para ser lembrado: qualidade e satisfação.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Filantropia

Filantropia ganhará novos contornos, em breve.

Bill Gates, após sua aposentadoria no mundo do software, se dedicará a ela. Comandará a fundação, batizada com o "despretensioso" nome Fundação Bill and Melissa Gates.

Nascida em berço de ouro, com parte da fortuna do legendário comandante da Microsoft, ainda recebeu a bilionária contribuição de Warren Buffet: US$ 30 bilhões!

Interessante notar que uma instituição filantrópica, assim como uma empresa de software, tem como objetivo a construção de programas. Os dela, sociais, os da empresa, de software...

A julgar pela trajetória de Bill no mundo dos negócios, é possível vermos a repetição de fórmulas de sucesso utilizadas no mundo das empresas digitais. Como empresário ele alçou seus programas ao topo da cadeia alimentar daquela indústria.

Sendo assim, a fundação pouco criará de inovação. Adotará programas já existentes, com potencial, mas sem muitos recursos para desenvolvimento. Providenciará uma remodelagem e relançará com pompa e circunstância.

Instituições candidatas a participar de seus programas deverão se comprometer com contratos de exclusividade. Apesar de toda a discussão ética gerada, o procedimento garantirá a presença da fundação na maioria das áreas de atuação.

Às vezes (ou para ser mais sincero, constantemente) os programas apresentarão erros que o impedirão de prosseguir naquele momento. Os usuários podem começar tudo de novo ou aguardar uma nova versão, com a correção necessária para seu bom funcionamento.

Em pouco tempo, mais de 95% dos programas sociais serão fornecidos pela fundação Gates. Mesmo outras importantes representantes da área ficarão com representatividade tão reduzida que acabarão com sua continuidade ameaçada.

É claro que tudo isso é apenas uma hipótese. A beleza do ser humano está em conseguir continuamente se aprimorar e superar. Que todos estes pequenos detalhes e maus hábitos adquiridos sejam esquecidos. Desejo realmente que a fortuna empregada possa concretamente modificar a vida de muitas pessoas necessitadas!

P.S.: Bill, desculpe, não resisti fazer essa brincadeira. Sinceramente, boa sorte!

terça-feira, 15 de julho de 2008

Filosofar

Filosofar é coisa de criança!

Desconheço alguém mais amante da sabedoria do que elas. Se há pessoa, ou idade, mais apegada aos "por ques" ou "comos" da vida, essa pessoa tem poucos anos de história.

Seu olhar isento e bruto dispensa influências. A palavra "vergonha" parece ausente nos momentos de apontar, observar, perguntar e procurar entender.

Paula Toller escreveu a música "8 anos", inspirada na experiência com seu filho Gabriel. Ouvi-a pela primeira vez pela Adriana Calcanhoto, no seu trabalho "Partimpim". Ela captura bem a essência dessa filosofia pueril, com versos como:

"Por que o fogo queima?
Por que a lua é branca?
Por que a Terra roda?
Por que deitar agora?
Por que as cobras matam?
Por que o vidro embaça?
Por que você se pinta?
Por que o tempo passa?
"

Uma rápida conversa com um pequenino também deixará evidente que, para eles, "porque sim" não é resposta, como bem frisava um quadro no programa "Castelo Rá-Tim-Bum". O simpático protesto infantil, poderosa contestação, também mereceu homenagem musical.

Interminável encadear de interrogações, o entrelaçar de questionamentos é delicioso labirinto para se perder. Se perder e tentar encontrar mais respostas, respostas que às vezes esquecemos até de sua existência.

Envolvidos pelo senso comum, perdemos o discernimento das verdades adquiridas. Só mesmo o olhar límpido dos brotinhos de gente para nos jogar muita água fria, nos trazer à tona, nos despertar. Despertar nos espanta.

Eis o sentido de manter viva a criança presente em nós. Cultivar seu espírito inquieto e contestador... Alimentar a chama imberbe da humanidade. Enxergar a vida e a natureza com muito amor e sabedoria. Coisa de criança!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Manual

Em qual gaveta guardei mesmo aquele manual?

Nem todo mundo presta muita atenção aos fatídicos manuais, itens indissociáveis de qualquer bom produto moderno. Porém, quem já não fez a pergunta acima?

Eu sempre leio qualquer um recebido, nem que seja apenas uma rápida passada de olhos. Às vezes fico até temeroso se, na pressa, tento adiantar o uso.

Por que as pessoas têm tanta aversão aos nossos amigos informativos? Afinal, negligenciá-los pode até ser motivo para a perda de garantia, ou algum acidente causado por mau uso de determinado equipamento.

Pecado maior se estivermos tratando de assuntos da área de TI. É um mundo repleto destes compêndios, em grande parte já dispensando o papel. Na sua totalidade são apresentados em versão digital, meio facilitador inclusive das pesquisas em caso de dúvida.

Vem do mundo digital uma ótima opção para a procura e utilização de manuais: o site SafeManuals.com. Uma imensa coletânea de versões digitais dos mais diversos tipos de manuais. De controles remotos universais a manuais de usuário de veículos, inúmeros e históricos equipamentos têm seus manuais armazenados por lá.

Que tal o manual de uma extinta câmera betamax Sony? Extinta ao menos por aqui... Afinal o manual está em inglês e russo! De repente, nas paragens da Sibéria nem sempre se encontra os últimos gadgets do momento.

A biblioteca é formada pela contribuição dos próprios usuários. Cada vez que solicitamos um download, somos convidados a enviar um manual que possuamos. Por sinal, são poucas as opções em português. A comunidade brasileira pode reverter esse quadro facilmente.

Alternativa interessante às nossas gavetas, seria uma boa idéia já armazenar os ditos assim que os recebêssemos. Acabaria a desculpa de não encontrá-los! O site tem uma grande vantagem para usá-lo: nem precisamos ler o manual. :)

domingo, 13 de julho de 2008

Semear

Semeando desafiamos a própria natureza.

Preparar a terra, lançar a semente, aguardar a colheita exige disposição, persistência e esperança. Está longe de ser um processo simples, por mais tecnologia que exista.

Primeiro há necessidade de terreno fértil. A terra precisa conter os elementos essenciais ao crescimento das plantas, ser capaz de absorver as chuvas e conservar essas condições.

Falando em chuva, é preciso boas condições climáticas, que propiciem irrigação e temperatura adequadas à germinação e crescimento das plantas.

Mesmo se contar com a colaboração dos elementos acima, ainda será indispensável proteger a plantação de seus predadores. Pragas, pequenos animais ou doenças da lavoura, uma preocupação sem fim, por longo tempo.

Nem contabilizamos a sazonalidade, produtora de janelas de tempo, marcadores determinantes na vida do agricultor. A escolha dos momentos certos, e seu aproveitamento, determinam o sucesso de qualquer escultor de alimentos.

Se o concreto trabalho com a terra já é árduo, como não será a semeadura de idéias? Atingir com palavras e comportamentos o terreno fértil das almas humanas se mostra, pela história, tão complexo quanto. Talvez até com mais nuances...

Preocupa o cuidado com as boas sementes, preciosos bens promotores da saúde do espírito. Em ambiente tão inóspito, com sua fragilidade frente aos percalços do destino, bravos plantadores lutam pela manutenção de boas safras. Bons frutos são potencialmente boas novas sementes. O ciclo continuará!

Terrenos variados, condições adversas e sazonalidades muitas vezes desconhecidas, rondam o reino dos memes, na disputa desenfreada pelo espaço para seu florescimento. Apesar das similaridades com a agricultura, só temos certeza da necessidade das três exigências à boa continuidade: disposição, persistência e esperança.

sábado, 12 de julho de 2008

Gêmeos

Gêmeos univitelinos, manifestações intrigantes da natureza.

Já imaginou encontrar todos os dias alguém idêntico a você? Ou até mesmo, idênticos? Deve gerar inúmeras situações inusitadas em nossa psique ou nosso cotidiano...

Minha esposa têm amigas gêmeas. Por muito tempo, principalmente na adolescência, era impossível dizer qual das duas era qual (até a frase fica confusa).

Acabava por evitar tratar qualquer uma delas pelo nome. Aguardava um pouco, conversava um pouco, e então reconhecia pela personalidade. Ufa! Ao menos assim nunca confundi.

Compartilhar o DNA felizmente não significa compartilhar personalidade. Até existem semelhanças, afinal são irmãos e, normalmente, muito próximos. Razões para pensar e questionar o materialismo.

Situação mais maluca ainda é o quimerismo genético. Tão raro em humanos, se registrou apenas 40 casos até hoje. Possuir código genético distinto, em alguns grupos de células suas, sugere a incorporação de outro ser.

Levando ao extremo, poderíamos dizer que carregaríamos nosso irmão dentro de nós! Dependendo de nossa definição de consciência, definitivamente outra pessoa haverá. Quais conseqüências isso pode trazer? Um episódio do seriado House já tratou do fenômeno.

Melhor mesmo é ficar na diversão com a existência de alguém, sua imagem e semelhança. O pessoal do Improv Everywhere, campeões em vídeos virais, soube explorar de maneira genial a idéia. Em um vídeo disponível na rede, colocaram diversos casais de gêmeos formando uma imagem quase espelhada, no Metrô de Nova York. Divertido!

Brincadeiras à parte, mais curioso ainda é ver a distinção acumulada por eles durante a vida. Duas versões distintas, a partir do mesmo ponto, do mesmo potencial natural concebido. Quase universos paralelos. Revelação da individualidade presente em cada um de nós, repleta de nossas idiossincrasias.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Dentista

Dentistas causam medo em muitas pessoas.

Conheço pessoas que correm facilmente de uma consulta. Basta uma pequena desculpa... Trauma de infância? Reação ao insistente barulho do motorzinho? Alergia ao aroma característico?

Triste constatar que muitos brasileiros deixam de ir ao profissional da boca por falta de recursos financeiros. Há poucos anos, li alguns dados que apontavam a inacessibilidade ao tratamento privado para mais de 95% da população!

E pensar que temos centenas de milhares de dentistas formados. Houve muita melhora nas condições nos últimos anos, mas cerca de 7 anos atrás, 40% dos brasileiros, com até 6 salários mínimos mensais, chegavam aos 60 anos desdentados.

É uma questão estética e de saúde. A estética, liga a imagem, remete também a saúde social. Sabemos da influência de nossa apresentação em nossos vínculos sociais. Possuir acesso a tratamento dentário é garantir acesso à saúde.

Movido pelo altruísmo, e certo senso de retribuição, o odontologista de estrelas, Fábio Bibancos, criou o movimento Turma do Bem. Com a missão de mudar a percepção da sociedade na questão da saúde bucal e da classe odontológica com relação ao impacto socioambiental na sua atividade, convoca profissionais de todo país a serem voluntários.

Os dentistas voluntários inscritos adotam jovens de 11 a 18 anos e se comprometem com o tratamento dentário do apadrinhado por todo este período de idade. É apenas uma das facetas de atuação da organização.

Testemunhamos uma versão brasileira do Trem do Sorriso, entidade internacional que percorre países, em um trem, provendo tratamento facial para pessoas carentes. Tal movimento vai além da preocupação com os dentes, mas procura a solução do mesmo problema: garantir condições sociais igualitárias às crianças pobres do mundo.

Sociedade movimentada, resultados apresentados. Em tempos de poderes públicos morosos, outro poder, também público e legítimo, se compromete com o desenvolvimento do bem comum. A perpetuação de qualquer dos poderes instituídos depende diretamente da capacidade de sorrir das pessoas.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Cinema

Quem nunca sonhou ter uma sala de cinema em casa?

Tornar possível rever seus filmes favoritos, em condições ideais de apreciação. Tamanho da tela, ângulo das cadeiras, distância da projeção, assim como tantas outras características conseguidas apenas nas salas preparadas para tanto...

A estrutura e espaço necessários têm custos proibitivos. Nem mesmo a história dos home theaters, da indústria eletro-eletrônica, convence com suas qualidades. Apenas quebra um galho.

Outro dia mesmo, comentava com alguns amigos a respeito de quatro filmes: Matrix, Existenz, Cidade das Sombras e Décimo Terceiro Andar. Todos compartilhar idéias semelhantes em seu enredo. Seria bom poder vê-los adequadamente.

Matrix dispensa comentários. É o ícone em essência dos fãs contemporâneos de ficção científica e tecnologia da informação. Virou carne de vaca! Desconfio que muitos até dizem gostar, sem mesmo saber exatamente por quê...

Existenz é da linhagem cult. Do diretor David Cronenberg, traz uma surpreendente visão de realidades fictícias. Seu estilo estético é único. A ilusão da realidade chega a atingir a presença de Jude Law e Jennifer Jason Leigh. No Brasil, os distribuidores fizeram questão de bloqueá-lo, tornando impossível até seu aluguel.

Décimo Terceiro Andar é uma representação mais pobre, mas não menos profunda e recursiva. Seus tons verdes "lembram" a mesma matriz tonal de Matrix. Coincidência com o mundo eletrônico, ou "inspiração" comum?

Cidade das Sombras, com Kiefer Sutherland, chegou a esgotar as apresentações na TV. Até o SBT já não o exibe mais. Com surpreendente final, similar às semelhantes produções, é outra visão alternativa para completar a discussão de nosso "sono acordado".

Reassistir suas produções preferidas se tornou mais fácil. O site Movie Mobz promove a reunião de pessoas que desejam assistir ao mesmo filme, aloca uma sala de cinema, de uma rede associada de exibidores e realiza a sessão exclusiva para esse clube de interessados.

Mobilização e colaboração! Internet e cinema casados de maneira inovadora. Há quem esperava a chegada do filme on demand, inventaram uma espécie de sala de cinema delivery. Sempre é possível fazer bom uso de nossas tecnologias e motivações.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Setenta

Estaremos de volta aos anos 70?

Observadores por todo mundo começam a acreditar no fato. Chegaram a esta conclusão por encontrar certas semelhanças entre aquela época e nossos tempos atuais.

Vivemos um período de novo milagre econômico. A pujante evolução econômica não encontra paralelo, a não ser em três décadas atrás.

Tentar definir o preço do petróleo é um desafio sem igual. Dificilmente conheceremos os limites para sua venda. Hoje resultado da alta demanda, ontem por puro boicote de produtores.

Até novos sinais de uma guerra fria podemos identificar. Já não são apenas dois países, Estados Unidos e União Soviética, como no passado. Alguns membros foram incluídos no clube do conflito, como Irã, Coréia do Norte e outros.

Por outro lado, no Brasil vivemos uma política bem diferente. Bem distante dos "anos de ferro", ou "anos dourados", o clima de liberdade reinante nos faz crescer política e socialmente.

Glamourosas festas, com roupas alternativas, são bem diferentes. Da era da disco para a era da rave... Talvez haja uma pequena semelhança, com relação à busca de uma visão alterada da realidade, com a ajuda de alguma substância química.

O planeta está mais unificado do que nunca. Economias isoladas são utopias! A integração é uma dura realidade que altera o panorama e o futuro de todas as nações. Nem as mais reclusas sociedades sobreviveram aos seus efeitos...

Outros tempos, outras histórias... Algumas semelhanças podem indicar certas conseqüências similares. Em princípio, estamos bem distantes daquele passado. Que ao menos parte do espírito de liberdade, fraternidade e criatividade reinante àquela época nos influenciem atualmente.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Visível

Estudar fica visivelmente mais divertido.

Ao menos do ponto de vista tecnológico... A profusão, e quase confusão, de informações disponibilizadas em tempos da "idade mídia", proporciona um mar sem fim de fontes de dados.

No mundo dos atlas, conheci recentemente o site Visible Body. Seu conteúdo permite uma viagem completa por todos os recantos do corpo humano.

Com uma aplicação completamente 3D e interativa, as mais diversas informações sobre nossa "máquina" podem ser consultadas.

Logo na página principal pode ser feito um tour, uma apresentação rápida ao sistema. Com um rápido cadastro, gratuito, ganhamos acesso a todo conteúdo e recurso. Só é preciso instalar uma aplicação ActiveX, após confirmação por e-mail (seria melhor se não o fosse...).

Através de menus claros e acessíveis, podemos escolher os caminhos de pesquisa. O principal está organizado por sistemas: circulatório, digestivo, endócrino, nervoso, etc. Demora um pouco para carregar... Escolhido o caminho, se explora facilmente com o mouse os modelos apresentados. É bem lúdico!

Dá pra se sentir jurássico! Como se eu não fosse... Lembro dos livros, ou atlas, com suas ilustrações impressas. Fazíamos cópias em papel de seda, para poder aplicar em algum trabalho de pesquisa e ilustrar nossos textos. Saudosas aulas de biologia!

Fica até difícil considerar uma simples cópia do material do site em uma tarefa escolar. Com sua interatividade e métodos de acesso, ele suscita mais uma utilização como ferramenta de auxílio em apresentação. Apoio excelente para explicitar o entendimento de suas viagens pelos meandros do organismo.

Imagino as inúmeras explorações ainda passíveis de concretização. Muitas outras áreas de estudo podem ser beneficiadas por ferramentas deste tipo: astronomia, química, geografia, etc. Possivelmente qualquer área do conhecimento pode explorar um recurso deste gênero. Basta criatividade.

Desafio aos professores dos novos tempos. Aprender a utilização de novos materiais. Conhecer novas maneiras de conhecer. Entender as novas formas de aprender. Avaliar o desempenho em um mundo completamente novo. Constante aprendizado do aprendizado. Quebra-cabeça visivelmente desafiador.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Mês

Tempo, oh tempo! Indomável e inconstante...

Um mês já passou e nem tive tempo de escrever na data comemorativa. Foi um mês de nova vida e um mês de férias. Quando percebi, um turbilhão de coisas haviam ocorrido.

Breve hiato de existência, do ponto de vista do Universo. Com a suposta existência de bilhões de anos, se compararmos a nossa vida, trinta dias não seriam suficientes nem para um suspiro.

Para as pequenas drosófilas, vulgas moscas-das-frutas, período assim seria uma eternidade. Quem tem a expectativa de viver apenas 12 dias, sonharia no máximo com o dobro, não é?

Contínua sucessão de 30 dias, curiosamente no começo é difícil vislumbrar o final. Lá pelo final, nem sempre é fácil lembrar do início. E ainda podemos achar pouco... Ficamos com a difusa percepção do espaço-tempo. O que realmente percebemos?

É interessante descobrir que quanto mais usamos o tempo, mais parecemos conseguir obtê-lo, apesar de sentirmos sua falta. Paulatinamente nos damos conta da inesgotável fonte, desde que saibamos aproveitá-lo, preenchê-lo organizadamente.

Bem precioso, distribuído igualitariamente, sem distinção econômica, social, política ou religiosa! Felizmente não sabemos de quanto dispomos. Bem, nem para todos... Muitas pessoas se inquietam, se angustiam, justamente por não sabê-lo. Esquecem de vivê-lo, ao invés de desfrutá-lo.

Teimamos em construir mecanismos para controlá-lo. De pulso, de parede, atômicos e digitais, não percebemos que os relógios acabam por servir apenas para nos controlar! Ao tempo só resta fluir, dos extensos passados ao extensos futuros, com infinitesimais presentes de conexão.

Quando começa sua contagem? E seu término? Talvez tais fases estejam ligadas ao nascimento e a morte. Mas de quem? Buscamos a eternidade... Quatro semanas e pouco dão muito que pensar. No mínimo, melhor nossa compreensão da célebre frase do poetinha: "mas que seja infinito enquanto dure".

domingo, 6 de julho de 2008

Integridade

Caminhos escolhidos pelo coração subvertem a ordem vigente.

Memoráveis pessoas na história cristã levaram uma vida, que aos olhos de muitos, foi fadada ao fracasso, ou a motivações sem valor. Sendo assim, estas têm dificuldade de entendê-los...

Pedro Claver dedicou a vida a acolher escravos que chegavam no porto de Cartagena. Estava preocupada com aqueles tratados como mercadorias. Morreu doente devido ao contato com aquelas pessoas.

Madre Teresa de Calcutá escolheu socorrer as pessoas mais pobres de seu país, mesmo ferindo os preceitos sociais de sua comunidade. Fundou sua ordem e até sua morte esteve aos cuidados dos mais esquecidos.

Maximiliano Kolbe e Edith Stein seguiram sua missão durante a Segunda Guerra, sob o regime nazista. Morreram em campos de concentração, dando sua vida no lugar de outros que conseguiram salvar.

Perseguido por insistente difamação, Bartolomeu Gusmão jamais negou sua simpatia pelo cristãos-novos. Acusado pela Inquisição foi obrigado a fugir de Portugal para a Espanha. Após sua morte, seu local de sepultamento nunca foi revelado.



Apesar de uma vida repleta de experiências místicas, Rosa de Lima sofreu incompreensão e perseguição, em conseqüência de sua devoção e fé. O final de sua curta vida, com 31 anos, foi marcada por grande sofrimento físico, devido à prolongada doença, mas sempre preservou seu agradecimento a vida.

Participantes anteriormente do status quo, Thomas More e Paulo de Tarso, foram condenados à morte e executados, por seguirem firmes em sua conduta, um perseverante, o outro convertido. Independentemente das opções oferecidas, não recusaram seus destinos.

Trazido a condição humana, Jesus de Nazaré terminou submetido a todas as humilhações possíveis, culminando com sua crucificação, por defender a dignidade humana incondicionalmente.

Nenhum deles acumulou riquezas ou dominou vastas regiões. Defenderam quem ninguém ousava sequer reconhecer como pessoa. Nunca defenderam indivíduos célebres ou socialmente bem posicionados.

Então, quais foram os valores defendidos? Vindos das mais diferentes culturas e regiões, sem distinção de gênero ou idade, estas pessoas demonstram o elemento mais importante em nossa história: integridade! Integridade moral para conduzir sua ética até o fim, até as últimas conseqüências.

sábado, 5 de julho de 2008

Android

Atenção! O Android está chegando!

Fiquemos despreocupados com qualquer exterminador. Já estamos em 2008, ou seja, a época para seu advento extrapolou em praticamente uma década.

Após muito boato, a estratégia da Google, para o mundo da mobilidade está mais definida. Através de um SDK, aberto, simples, abrangente, de rápido e fácil desenvolvimento, passam a fazer parte do jogo.

Devermos aguardar ainda mais um pouco, pois a previsão é para o final de 2008. A expectativa envolve usuários e operadoras pelo mundo inteiro.

Qual o interesse da gigante da Internet no mercado de dispositivos móveis? Buscaria apenas a expansão de seus limites, uma vez que em seus mercados de atuação é, em grande parte, dominante?

Parecia ser o iPhone a grande vedete do cenário móvel da atualidade... É até o momento, mas está muito ligado a questão de hardware.

Baseada no Linux, a plataforma do Google é equiparada a um sistema operacional, com toda a sua flexibilidade. Vemos uma história similar ao casamento DOS e IBM PC.

O encontro desta dupla permitiu a ascensão da Microsoft e todas as soluções associadas a ela. Graças a sua acessibilidade e universalidade, conquistaram mais de 90% dos usuários pelo mundo, garantindo a imensa evolução da microinformática que conhecemos.

Parte do seu sucesso é devido a estratégias mercadológicas. A nova história é fundamentada na abrangência e diversidade possibilitadas. Uma plataforma única, para todos os dispositivos, na área mais promissora da atualidade.

Preocupa um pouco mais esse domínio que os tentáculos do Google vai abraçando. Por variados motivos, vislumbramos a consolidação de um único fornecedor de serviços, em quase todas as vertentes tecnológicas. Entre o exterminador do cinema e o exterminador de concorrentes do mundo da tecnologia, difícil saber qual o menos perigoso.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Sossego

"Sossega leão" é uma expressão que vem ganhando contornos científicos.

Responsável por sua encarnação, o Metilfenidato ganha espaço entre nossas crianças. Suas duas apresentações comerciais, a Ritalina e o Concerta, são amplamente receitados para pacientes diagnosticados com TDAH.

Muitos questionarão a visão pejorativa desta maravilha da indústria farmacêutica. As conseqüências do distúrbio podem comprometer significativamente o desenvolvimento de uma pessoa.

Se há tratamento, por que não usá-lo? Mas o que pensar de um produto com aumento de vendas em quase 1000%, ao longo de pouco tempo?

Estaremos vivendo uma epidemia de hiperatividade? Vejam que já é delicada a definição de um distúrbio deste tipo. Crianças são, por natureza, muito ativas. Ao menos é o que se espera...

Qual o limite entre a atividade normal e a hiperatividade? Estabelecer padrões comportamentais humanos está longe de ser uma ciência plenamente exata. Somos muito diferentes de máquinas, praticamente exemplares únicos a cada indivíduo.

Uma criança questionada, em reportagem da TV Bandeirantes, respondeu que o tratamento lhe permite passar a semana muito bem. Inquirido a descrever como se sente durante a suspensão do remédio, nos fins de semana, ela responde prontamente: "Agitado". Então o repórter pergunta: "O que você faz nesta situação?". E a surpreendente pergunta: "Brinco".

Se ainda considerarmos os efeitos colaterais, há muito para pesar na balança dos possíveis benefícios. Além disso, ele faz parte do grupo das anfetaminas e só faz efeito enquanto tomado. Ao cessar seu uso, qualquer ação no cérebro é encerrada. Os EUA são responsáveis por 90% de seu consumo mundial. Haverá alguma ligação com os diversos distúrbios infanto-juvenis noticiados lá?

A adoção de terapia deste tipo deve ser alvo de extensa e criteriosa avaliação. Podemos facilmente incorrer na fórmula de uma receita mágica e instantânea. Quem sabe não seria melhor alguns domadores de leão utilizarem a fórmula de carinho, atenção e amor...

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Personal

Pragas modernas, os "personais" se espalham por todos os cantos.

Em época de culto às personalidades, sejam elas ídolos artísticos ou os próprios alteregos, as pessoas adoram ter um "personal" alguma coisa.

A lista sempre recebe novas definições. Um personal pode ser Trainer, Stylist, Shopper, Shopping Assistant, Chef, além de tantos outros títulos que poderão inventar. Já há até o indigesto Personal Friend!

Um tipo até é engraçado: o Personal MP3 Organizer. Esqueça qualquer aparelhinho do momento. Trata-se de uma pessoa, de carne e osso, apesar do nome.

Coisa de adolescente, é alguém encarregado de organizar sua coleção de música digital, no iPod e similares. Tem página até para dicas de como melhor sê-lo, com um nome mais pomposo de "Organizador de Mídias".

E pensar que tudo começou com o culto ao corpo... A impressão é que professores de educação física precisavam expandir seu mercado. Daí, trocaram o nome do treinador ou técnico para o tal personal trainer. Buscaram uma abordagem menos técnica, mais psicológica.

Para um esportista profissional, o papel de uma pessoa para orientação e preparação competitiva faz todo sentido. Aos amadores, muitos de final de semana ou quando a consciência "lipídica" literalmente pesa, é um dinheiro jogado fora, muito bem pago. Os tais personais acabam muito mais "Personal Weight Loader"ou "Personal Seat Cleaner"... :)

As academias possuem equipes de professores, para orientar as pessoas que a freqüentam. Deveria ser suficiente para quem precisa manter um atividade física regular e saudável. Parece não ser suficiente apenas para a auto-estima e o ego de muitos...

Acontece que depois do advento da nova denominação, muitos dos professores deixaram de ser atenciosos, como no passado. Culpa das academias, que permitem o exercício do personal inclusive no seu horário de expediente. Com preços elevados, e a ética um tanto esquecida, qual não será sua preferências?

Contrapontos a nossa condição gregária... Dicotomia eterna da alma humana: unir o público ao privado, o pessoal ao comunitário! Entre focos e escolhas, vamos observando a dificuldade em manter o equilíbrio para nossa existência no planeta. Sorte ou azar, inexiste uma Personal Earth.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Idéias

"Um idéia na cabeça e um blog na Internet!"

Em breve, muitos adotarão este mote para a revolução promovida pela grande rede e seus diários virtuais. Qual não seria a impressão de Glauber Rocha, ao ver o movimento da Internet Nova?

Blogs são excelentes meios para expor e trocar idéias. Servem aos mais diferentes gostos. Do adolescente, pronto a compartilhar parte de sua vida, ao presidente de empresa, representando a face de sua corporação.

Que tal utilizar um para realizar um brainstorming e prospectar idéias para o mundo dos dispositivos móveis? Rachel Hinman o fez. Colaboradora da Adaptive Path, ela criou o blog "90 Mobiles in 90 Days".

Começou a postar no dia 20 de junho. São rascunhos, propostas, ou apenas idéias, do que poderia ser usado em nossos pequenos companheiros digitais. Nada mais adequado em tempos de tanta mobilidade, em que celulares há muito tempo fazem muito mais do que telefonar.

A discussão vai longe. De interface a recursos, todas as faces deste mundo tecnológico serão revistas. Talvez muitas idéias sejam apenas... idéias. Nada como um pouco de sonho, de fantasia, para fazer nossos objetivos irem mais longe. Às vezes alcançamos o inimaginável.

De todas as idéias, muito me agrada a exposta no dia 25 de junho. Ela propõe que os dispositivos tenham formato de varinha mágica, como as usadas nas histórias do Harry Potter. Adequado, não? Com as mil e uma utilidades deles, não deixam de ter uma carinha meio mágica. Tenho uma amiga, fã do bruxinho, que iria adorar ter um...

Como varinha, seria bem mais portátil do que hoje. Obedeceria a comandos de voz, com formulações mágicas. Como a própria autora descreve, a varinha interage com o ambiente, com o mundo a nossa volta. Um simples balançar e ficaremos maravilhados com os surpreendentes fenômenos que ocorrerão!

Quantos assuntos não podem ser desenvolvidos assim, colaborativamente? Tamanha simplicidade, com a tecnologia unindo as pessoas, para o trabalho conjunto. Alguma idéia? Exponha a sua. No mínimo, acompanhemos estes 90 dias para ver no que vai dar.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Gates

Atravessamos portões para território desconhecido.

Muito mais do que logotipos, certas pessoas "iconizam" seus negócios. Acabam indissociáveis de seu desenvolvimento, de sua história e, às vezes, de seu futuro.

Silvio Santos é a imagem de suas empresas. Comandante Rolim, enquanto vivo, era a face humana da TAM. Antonio Ermírio é praticamente sinônimo de Votorantim.

Conseqüência de suas competências empresariais ou de sua personalidade marcante? Difícil diagnosticar. De qualquer forma, em muitos casos, sua aura sobrevive até mesmo depois do fim de sua atividade.

Até os anos 90, Peter Norton conduziu sua empresa e produziu célebres programas conhecidos até hoje, como o Norton Antivírus e o Norton Utilities. Mesmo depois de vendê-la para a Symantec, por muito tempo seu rosto estampou os produtos, que continuavam levando seu nome como sufixo.

Depois de uma década, algumas pessoas ainda acreditavam que ele trabalhava lá, enquanto já exercia sua filantropia há muito tempo. Com a venda da empresa, e apenas 40 anos de idade, resolveu que não iria trabalhar mais por dinheiro. Teria o suficiente para sobreviver para o resto da vida e ajudar muitas pessoas.

Com uma fortuna imensamente maior, e sem vender nada, Bill Gates deixou a semana passada, definitivamente, seu trabalho na Microsoft. Fundou-a e transformou na potência mundialmente conhecida, certamente com grande participação de sua genialidade nos negócios, por mais que seja questionada sua trajetória.

Acostumamos, por 30 anos (uma verdadeira eternidade em tempos atuais), a aguardar os movimentos deste empresário para definir os rumos da indústria de software e, conseqüentemente, da computação. Como se comportará o mercado, sem a influência deste ícone, agora também apenas filantropo?

A transição já vinha sendo traçada, mas o momento definitivo é este. Sua ausência só é concreta agora. Fãs ficaram órfãos! Detratores não poderão mais destilar pequenos, ou grandes, venenos... Ou fuçar então as falhas de produtos, com um sabor de "a culpa é dele".

Mudança significativa em tão bem estabelecidos postos de combate. Talvez haja retorno... Afinal, até Steve Jobs, outro iconográfico gênio computacional, uma vez expulso de sua associada empresa, retornou um dia para suprir a carência de alguém para seu lugar. Para conhecer o futuro, só atravessando os portões...