sábado, 31 de maio de 2008

Moore

"A cada dois anos, a capacidade de processamento dos computadores dobrará."

A frase, acima mencionada, dita em 1965, ganharia ares de loucura ou profecia. Ganharia se não se tivesse confirmado, até hoje, sendo muito discutido quanto tempo ainda permanecerá válida.

Gordon Moore, co-fundador da Intel, mostrou ousadia ou muita certeza ao cunhar tal afirmação, conhecida posteriormente como a Lei de Moore.

Sua previsão parece ditar o ritmo frenético de crescimento de quase tudo em nossa vida contemporânea. A proporção da evolução abrange muito mais do que processadores.

Que mistério guardam fatos deste tipo? Serão os processadores molas propulsoras, ou em outras palavras, culpados pela nossa aceleração dos ciclos do mundo?

Uma proporção deste tipo e importância poderá se tornar um novo número de Fibonacci. O "número de Moore" se tornaria referência para nova proporção áurea da natureza. Há muito que se estudar sobre o sucesso desta quantificação.

São mais de 40 anos de confirmação. O mundo naqueles idos de 65 era muito diferente. Nem mesmo a Internet, outra frenética evolucionista, existia nas condições conhecidas atualmente. A lei venceu até a virada do século e do milênio!

Os limites para sua continuidade estão nas próprias características do mundo físico. A miniaturização dos circuitos, proporcionando a adição de mais elementos no mesmo espaço, está definitivamente desafiada pelo tamanho de um átomo.

Apesar de estarmos próximos deste limite, diversas soluções têm permitido contornar a situação. O poder de processamento continua aumentando e as fronteiras parecem estar ainda bem longe.

Difícil arriscar um palpite e enfrentar tão relevante profecia. Resta-nos aproveitar seus frutos e aguardar algum outro brilhante visionário que possa criar nova lei, à altura da primeira. Alguém se candidata?

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Femtocell

Quem não gostaria de ter sua própria operadora?

O mercado de telefonia celular está mais do que aquecido. Há um bom tempo o brasileiro já possui mais celulares do que telefones fixos.

A tendência é possuirmos apenas os nossos pequenos aparelhos portáteis. Um único número para sermos localizados em qualquer lugar. Sem contar com o fato de fazerem muito mais do que telefonar...

Também não podemos negar a diferença de custos entre as tecnologias. Ainda é muito mais em conta fazer ligações através de telefones fixos.

Seria bom se eles funcionassem como fixos, quando chegássemos em casa. Pois já é possível! E não me refiro a serviços oferecidos pela companhias de celulares, como o Tim Casa. Uma das últimas alternativas é um equipamento: a femtocell.

Funciona como uma estação rádio-base, tal qual das operadoras de telefonia celular, só que com o alcance para suprir o sinal dentro de uma residência. Ela conecta o celular a um número de telefone, através da Internet. É mais uma solução seguindo a tendência de convergência digital.

Com esse equipamento, ao entrar na residência, seu celular detecta essa nova fonte de sinal e comuta para sua utilização. O processo é automático e as ligações passam a ser feitas e recebidas pela nova fonte.

A solução é incipiente, mas com suas prerrogativas não demorará a estar disponível facilmente. Grandes empresas de telefonia se antecipam e estão no páreo. Em alguns mercados mundiais, empresas como a Motorola já possuem soluções.

E imaginar que, não faz muito tempo, era comum às pessoas "pescarem" sinais de celular pela rua. Ficavam a chacoalhar os aparelhos, na esperança de conseguir um bom sinal. Agora, definitivamente ficará mais difícil desgrudar destes aparelhinhos.

Pior para as operadoras de telefonia fixa. Sua situação já estava ruim, com a perda de mercado para os celulares e a Internet, nas chamadas móveis e de longa distância. Deverão se dedicar ao provimento de acesso em banda larga, serviço que podem prover com competência.

É... Talvez nem seja uma boa idéia ter uma operadora.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Everest

Chegamos à era espacial, há algumas décadas, mas desafios terrenos ainda nos encantam.

Comemorando os 50 anos de sua conquista no dia de hoje, 29 de maio, o monte Everest mantém sua aura de grandiosidade e ousadia. Meio século depois, o teto do mundo permanece ao alcance de poucos...

Localizado no Himalaia, entre o Nepal e o Tibete, poderia existir local mais adequado, mais misterioso, para existir esse mítico ícone geográfico?

Seu nome, mundialmente conhecido, em homenagem ao topógrafo responsável pelo seu registro, denota o passado influente dos ingleses a conhecer e desbravar o mundo, pelos quatro cantos do planeta.

Batizado de Sagamartha (rosto do céu), pelos nepaleses, e Qomolangma (mãe do universo), pelos tibetanos, denota o impacto de sua presença em suas culturas regionais.

Simplistas podem pensar: mas é apenas um monte! Pois é, mas, dispensadas avançadas tecnologias, subir o pico na raça incorre em morte ao menor deslize. Ambiente inóspito a vida humana, apesar de tão próximo de nossos cotidianos ambientes.

Só que aventureiros gostam assim, com todo o risco possível. Nem cilindros de oxigênio, para as altitudes com atmosfera extremamente rarefeita, são aceitos. Invalidaria a expedição! Como se com essa proteção ainda não fosse arriscado.

O monte já um recanto um tanto quanto conhecido. Já há preocupação com as contínuas expedições, possivelmente degradando a região. Porém, quantos outros recantos continuam inacessíveis em nossa casa celeste? Fossas abissais são só um dos exemplos. Há muitos outros pontos extremos da Terra.

Em nossa própria morada somos defrontados com nossa pequenez. E ainda sonhamos em povoar as estrelas... Como somos pretensiosos! Ainda bem.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Igualdade

Todos somos iguais?

Vivemos democraticamente. Somos uma democracia. Desde sempre somos doutrinados a acreditar que a voz do povo é a voz de Deus, para demonstrar o poder dos comuns.

Os gregos começaram com essa história de democracia. Todo cidadão tinha poder. Só esquecemos que para ser cidadão, em sua época, era necessário ser homem, com certa idade e possuir certa condição econômica.

Pontuou acertadamente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em artigo da revista Época, edição especial de 10 anos, ser um dos grandes problemas nacionais a desigualdade.

Começamos desiguais pela existência do foro privilegiado. Incoerência constitucional fundamental, afinal nossa carta magna, em seu quinto artigo, rege: "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade".

Persistimos na desigualdade no acesso à justiça. Sem dúvida todos podemos acessá-la, mas alguém duvida da diferença em possuir bons advogados? A condição econômica pessoal influi no equilíbrio da igualdade perante a suposta justiça cega. Dinheiro pode cegar a justiça.

Condições educacionais também nos diferenciam. Direito básico constitucional (sexto artigo), vales gigantescos distanciam instituições de ensino particulares e públicas, no Sudeste ou em outra região. Exemplo de diversidade indesejada e distorcida.

Em poucas linhas, ficamos apenas nas claras vias da diferença. Se nos permitirmos pequeno espaço de observação, podemos, tão rapidamente quanto, destacar inúmeras situações para as quais a proximidade com o poder político ou econômico pode abrir atalhos escusos e facilitados.

Ser parte de um grupo pressupõe identidade. Identificação exige sentimentos de igualdade. Sem igualdade, o comum se esvai, fica sem dono. Mais triste e agravante ainda é perceber que as pessoas, mesmo inconscientemente, aceitam sua condição desfavorecida.

Perpetuar os mecanismos promotores da desigualdade corrói a solidez de pilares da sociedade brasileira. Opções feitas, precisaremos nos esforçar para universalizar nosso conceito de "cidadão".

terça-feira, 27 de maio de 2008

Capacidade

Capacidade digital aumenta continuamente. Qual capacidade?

Há alguns anos, nossas mídias móveis digitais armazenavam pouco mais de alguns milhares de bytes. Cenozóicos tempos dos disquetes.

Em um mundo repleto de iPods, e similares, as crianças em breve conhecerão aquela pecinha de plástico e elementos magnéticos apenas em aulas de história. História do mundo digital.

Com as dimensões atuais de memória, nossas carteiras digitais de mídia comportam confortavelmente toda a biblioteca musical de qualquer pobre mortal.

Se a evolução for mantida, a capacidade de armazenamento possibilitará, em pouco tempo, armazenarmos toda a história da música em um único gadget pessoal!

Ambição por ambição, desejemos as maiores... Quem sabe em menos de uma década, toda a história do vídeo não caberá em um destes ambicionados aparelhinhos.

Quando nosso afã por colecionar atingir estes limites, o que mais nos restará? Almejaremos mais alguma coisa? Ou será que nos desinteressaremos por coletar?

Comprar uma série de TV, em um box completo, se tornou corriqueiro. Poderemos ter todas as temporadas em uma única transição de comércio digital, mesmo que retirado em um meio físico. De repente, o meio será apenas meio, nem produto mais será.

A indústria de mídia, já em maus lençóis, como reagirá? De onde sairá seu sustento? Será grande o esforço para se tornar capaz de prover tamanha demanda. Arriscaria pensar em iPods como itens de direito para qualquer cidadão.

Se música e vídeo seguem esse caminho, por que seria diferente com livros. Que fim levarão bibliotecas e bibliotecárias? Carregaremos vastos volumes de dados em nossos bolsos, catalogados e facilmente acessíveis. Alguém terá necessidade disto?

Em meio a esse oceano de informação, com possíveis pequenas contribuições de arquivos pessoais, como poderemos nos localizar? A deriva num mar de bits, estaremos carentes de organização, método ou capacidade de compreensão.

Novos mundos. Novos volumes. Futuras capacidades viram à tona. Teremos que nos recriar?

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Risco

Um risco nem sempre se concretiza.

No mundo da probabilidade, mesmo as mais altas podem não ocorrer. Nem por isso iremos negligenciá-las. Antes, muito antes, devemos observá-las...

Houve o tempo em que a conduta do Metrô, na geração do ambiente para os usuários, era uma política comportamental admirável. Aliás, grande parte continua sendo.

É indiscutível a manutenção dos trens e plataformas. Sua limpeza e conservação impedem, ou ao menos coíbem, a maioria das incidências de mau uso. Jogar papel em um chão limpo se torna mais constrangedor.

Mensagem anunciadas, em alto e bom som, sobre a segurança e limpeza, sempre tiverem o tom de instruir, ensinar. Educavam e buscavam a colaboração, item essencial em um meio com milhares e milhares de pessoas diariamente.

A implantação dos bancos de cor diferenciada (cinza), para pessoas com necessidades especiais, apesar de amplamente difundida, mesmo em outros meios de transporte, contorna paliativamente o problema. Contribui muito pouco para a educação das pessoas. Se fôssemos educados, a medida seria desnecessária.

Passamos então a adoção dos vagões especiais. Controlados por uma barreira de seguranças, as mesmas pessoas com direitos a tratamento especial, são segregadas, apartadas. Resta à barbárie ser barrada.

Seguem-se os anúncios do tipo "Carregue seu pertences à sua frente, para evitar furtos". Confissão irrestrita da capacidade de controlar a turba em horários de pico. Ainda achamos compreensível, pois "entendemos" a dimensão da violência urbana.

As mochilas passaram a atrapalhar, então o pedido passou a ser para carregá-las na mão, afim de não incomodar as outras pessoas. Precisava avisar? Também solicitações constantes para não permanecer na porta, pois atrapalha a entrada e saída de pessoas.

Nos últimos tempos, as escolhas vão de mal a pior. O lema da campanha é "Quem fica na porta atrapalha a vida dos outros". Dia desses, o trem demorou um pouco a sair e o controlador correu a anunciar: "Informamos que o atraso na partida é decorrente de usuário na porta.".

Instigar a contraposição de usuários, gerar o conflito em meio à multidão, sugere uma atitude de risco. Ao invés de educar, deixe-os a própria sorte. Resolvam entre si seus problemas. Escolham suas armas e ao combate! Cada um que defenda suas prioridades.

Contenda armada, resultado desconhecido. Mais cômodo esquecer a educação e a prevenção. Escolhas equivocadas incorrem em risco não calculados. Podem estar sendo riscadas opções e soluções mais inteligentes definitivamente.

domingo, 25 de maio de 2008

Lírios

"E por que vos inquietais com as vestes?
Considerai como crescem os lírios do campo;
não trabalham nem fiam.
Entretanto, eu vos digo que
o próprio Salomão no auge de sua glória
não se vestiu como um deles."[1]

Mateus enxergou na simples beleza de um lírio a gratuidade do dom da vida. Supremo e sublime, desconhece limites ou indivíduos, flui por toda a existência.

Em "Olhai os Lírios do Campo", Érico Veríssimo, inspirado e inspirando, nos apresenta sua versão do decorrer da vida, com suas benesses e agruras, cotidiana e particular para cada pessoa.

A agitada vida contemporânea insiste em nos lançar ao futuro. Gerar as angústias com o futuro, com previdências para ele, financeiras ou de carreira. O que é esse futuro? Onde e quando ele existe?

Preocupados com essa possível posterioridade, esquecemos do presente, da única vivência concreta e conhecida. Passado, presente de ontem. Futuro, apenas o presente de amanhã. Sina de uma espécie ciente de seu destino...

Em nosso cotidiano e rotineiro papel de oráculos, teimamos em tentar controlar o incontrolável. Talvez possamos contornar, tentar direcionar, mas dificilmente teremos a certeza de seus rumos e chegadas.

Ninguém seria imprudente em se abandonar a própria sorte. Chegamos aqui teimando insistentemente neste controle existencial. Precisamos é da confiança na providência, nos destinos do universo.

Confiar nos permite ter a paz de espírito para seguir. Quanto maior a entrega, quanto mais confiamos no poder maior do seio da vida, mais nos tornamos felizes e vemos a concretização de muitos sonhos. Sonhos inspirados por desejo e trabalho árduos.

Sabedoria essencial no cuidado com uma nova vida. Na insegurança da inexperiência, o apoio nas certezas deste grande mistério lava nossa alma. Despertamos para a realidade mais singela e bela, a manifestação clara e evidente do milagre do existir!

Dispor-se aos poucos, entregar-se muito, doar-se são um aprendizado cotidiano, intensificado em novas condições, novas prioridades. Incansável ensinamento do maior de todos os professores: o amor humano.

sábado, 24 de maio de 2008

Ninho

Ninho e lar colecionam acepções diversas.

Recentemente, postei algumas linhas sobre o lar. Foram linhas motivadas por uma mudança de endereço. Mal sabia eu que se avizinhava outra mudança de vida, muito mais tocante...

Deixar uma maternidade, com todo seu contexto, é um grande alívio. O espírito do local é o melhor. A rotina é desgastante, afinal não deixa de ser um hospital.

Voltar para a toca é desejado. Depois de muita expectativa, da preparação do novo lar, chegou a hora de concretizá-lo, torná-lo ao que veio.

Saímos apenas uma casal. Voltamos uma família!

As paredes ganharão novas marcas, físicas e espirituais. Num breve futuro, serão muitas mãozinhas, rabiscos e sinais de uma infância. Por uma vida, serão os reflexos de muitos bons momentos.

No começo tudo é bem estranho. Para nós, símbolos novos são encontrados em cada recanto, nos objetos preparados e posicionados para a nova família. Ao bebê, tudo é novidade e diferença.

Como se não bastasse um novo mundo, um novo ambiente, agora é levado para novos ares, diferentes dos quais se havia acostumado. Pouco demorará aos aromas serem muito mais familiares, a intimidade completamente sua.

Bastou poucos minutos para preencher de novos sons... E que sons! Altos, muito altos, para anunciar a toda vizinhança a sua chegada. Espera ser acolhida e poder participar da nova comunidade, da própria humanidade em si.

Agora, mãe pode se recolher e "corujar". Pai pode guardar e defender. Pequenos instintos, aos poucos percebidos. Estão relidos. Ganharam novos tons, mais modernos, mas a finalidade é bem parecida.

Acima de tudo está a importância da felicidade, da completude, do grande êxtase. O passo inicial está dado. As paredes receberam novas energias e parecem nos dizer: sejam bem-vindos a sua nova vida!

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Leite

Somos mamíferos, queremos leite!

Oh verdade incontestável, sabida desde a mais tenra idade. Alguém gostaria de discutir o assunto, ou controverter, algum bebezinho recém-chegado?

Cotidiano alimento, são poucos aqueles que nunca provaram ou desgostam. Salvo as pessoas alérgicas as suas proteínas, não gostar deste néctar branco é um contra-senso.

Em garrafa, na caixinha, no saquinho, seja como for, todos são bem-vindos, mas é inigualável sua apresentação no seio materno. O calor misturado ao amor tem sabor inesquecível.

Como já perceberam, é muito difícil para mim, em tempos pós-natais, fugir dos temas maternais ou paternais, como queiram. As duas opções são abundantes. No quesito leite, observar o desejoso deleite da criança, em suas mamadas horárias, ofusca qualquer outra reflexão.

A parte técnica do assunto é bem divulgada e popular. Unanimidade mundial, a OMS possui vasto material para apoiar o aleitamento materno. Muitas outras fontes fornecem embasamento para sua defesa, mas nada como a observação in loco.

Alguém já pensou em quantas posições é possível a mamada? Tradicional, invertida, deitada, os manuais as descrevem com grande nível de detalhes. O problema é fazê-lo. Misto de sorte, predisposição e preparo, um bebê conseguir "pegar" bem e corretamente é motivo de grande expectativa.

Fabricar então... Parece obra de engenharia divina. E não é? Sem seguir cartilha, tudo começa com o colostro, necessário e único. Creme "ambrosiáco" responsável por grandes diferenças na saúde de uma vida inteira. Dá pra imaginar?

Segue-se a mudança para o leite propriamente dito, transição de um desnatado até um gordo e encorpado produto lácteo. Mistura guardada secretamente a sete chaves, supomos apenas o ingrediente principal: amor materno.

Amor intenso e vívido. Sopro contínuo de mais vida, depois da germinal. Abundante em dimensões possivelmente comparáveis apenas às da Via Láctea. A história de leite e sermos poeira de estrelas parecem ter mais congruências...

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Choro

Existe expressão mais verdadeira do que o choro?

Experiências novas, novo entendimento. Chorar pode representar múltiplos sentimentos, compreensíveis na maioria das vezes. Só na maioria...

Ver uma adulto chorar, dentro de seu contexto, nos dá uma pista dos motivos. Choramos de alegria. Choramos de tristeza. Choramos até mesmo sem saber por quê.

Uma torrente de emoção comumente deságua em lágrimas abundantes de nossos olhos. Em certas intensidades, até nos parece serem pequenas nossas vias para dar vazão.

Já um recém-nascido é uma aura de mistério em seu choro. Suas expressões não podem ser pistas do motivo. Seu contexto é simples demais para grandes interpretações.

Chora por ser uma das suas poucas formas de expressão. Com poucos dias de vida arrisco dizer que não há outra. Sorrisos só depois, com novos aprendizados, novos entendimentos, nova comunicação.

Porém, nossa experiência nos leva a procurar um motivo. É instintivo. Completamente humano. Acabamos completa e totalmente condoídos. Gostaríamos de um toque divino, um poder sobre humano, que ao simples toque eliminação toda causa. Conhecendo a história do rei Midas, melhor não arriscar.

Ainda bem que somos adaptáveis. O insistente som, continuamente evocado pelos primeiros dias, nos crava alguma "vacina" contra sua intensidade e tom. Ganhamos calma para agir, para procurar uma forma de acalanto.

Glória maior de todas: encontrar uma chave. Transformar a estridente falta de fôlego em um pequeno ronronar de satisfação. Ronronar da paz, da calma, do seu próprio sossego. Nosso desassossego continua. E se na próxima vez a técnica não funcionar?

Melhor nem pensar... Confiemos no instinto futuro. Exercício perfeito de aproveitamento do presente. Suspirar e se deixar babar pela pequena face, em profundo relaxamento, pousada nas mãos da fada do sono!

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Primeira

A história de primeira noite de um homem precisa ser revista.

Proponho considerar a primeira noite apenas a primeira noite com uma nova criança na família. A primogênita ou primogênito. Serão assim pais de primeira viagem.

Entre tantas primeiras (viagens, maternidades, paternidades...) a experiência de aprender, sem contestações, como cuidar do sono de um bebê recém-nascido é a melhor de todos.

Nos escuro da noite, no silêncio da madrugada, só os pais e sua nova cria, muitos choros e resmungos preenchem a nova experiência.

Regra básica passada como padrão: choro é fome, incômodo ou sujeira. Antes fosse fácil assim identificar qual deles é o causador! Observar ajuda, mas não é rápido. Calma é extremamente necessária e, aos poucos, vai nos dando idéias do que fazer.

Nosso sono próprio já ficou esquecido. Preocupa mais o descanso e a saúde da vidinha. Estará mesmo bem? Faltará alguma coisa? Que mais poderei fazer? Como posso me explicar? A vantagem em uma maternidade é o batalhão de enfermeiras.

Vantagens feitas, às vezes, desvantagens. Quantos e quantos momentos de começo do descanso foram quebrados, interrompidos, por uma entrada para remédio, limpeza, apresentação e outra tanta série de rotinas hospitalares.

De qualquer forma, é uma segurança a mais. Nem quero pensar como seria no passado, ou numa aldeia, ou em qualquer lugar mais solitário...

Paulatinamente vamos nos ajustando. Uma mãozinha na boca às vezes é um santo remédio, na falta da chupeta. Um carinho paterno então, nem se fala. O cheiro da mãe é quase anestésico. Nessa coleção de descobertas, a melhor é descobrir com é doce e suave o sono daquela criança.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Nascimento

Nasceu!

No dia de hoje, uma pequena menininha chamada Gabriela, deu à luz um pai e uma mãe.

É exatamente isso que você leu. Num breve hiato de tempo, uma criança chega ao mundo e transforma homem e mulher em pai e mãe.

Milagre instantâneo, ou quase. Em verdade, demora cerca de 10 minutos. Ao entrar em um centro cirúrgico, assim como poderia ser a casa de uma parteira, ou uma oca de índio, a espera de 9 meses (no mínimo), transforma duas pessoas definitivamente.

O poder desta nova vida traz à luz o novo mundo da paternidade e da maternidade. Novos compromissos, novos desejos, muitas novas preocupações, novas esperanças.

Selo de um grande destino, o salto temporal ocorrido é irreversível. E delicioso! São tantos detalhes que só mesmo senti-los é possível. Descrever os inúmeros olhares, as minúcias de detalhes, as profusão de sons e aromas que nos inunda é missão prá lá de impossível.

Acompanhar todo o processo é coisa da vida moderna. Quase obsessão. Feliz de nós pais modernos, ou não. Podemos participar mais. Temos liberdade de apoiar mais. Mas em grande parte do tempo, apenas assistimos. Somos assistentes. Assistentes presentes!

Alegria transbordante. Como expressar? Indecifrável segredo da expansão. Fico travado por algum tempo... Estático. Extático. Tal qual o bebê, as reações fluem aos poucos, como num parto, concebidas ao longo de muito tempo.

No segundo seguinte novos horizontes se descortinam. Confiar é essencial. Sentir primordial. Afora tantas racionalizações, tantas reflexões, tanto preparo, há uma única certeza, não escrita em qualquer dos manuais pré-natais: ame, intensa e unicamente, como jamais havia amado!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Splash

Tupã criou Jaci. Sendo assim, então ele seria Theia?

Como nossos índios, estamos acostumados à eterna presença da companheira noturna da humanidade: a Lua. Inspiradora de muitos homens, já inspirou até algumas linhas deste blog.

Em muitos desenhos animados ela é representado como feita de queijo. Brincadeira pela aparência concedida por suas visíveis crateras.

Pouquíssimo homens puderam visitá-la. Privilégio de ilustres escolhidos para participar do Projeto Apollo, com a participação mais arriscada: colocar seus pés em solo lunar.

Apesar das inúmeras amostras trazidas de lá, pouco se sabe e muito se especula sobre suas origens. Quem foi cismar de questionar de onde ela veio?

Material errante aprendido em nossa órbita, a ponto de se acumular e formar nossa mascote celeste? Filha da formação de nosso planeta, permanentemente unida pelas condições astrofísicas? Ou resultado de um grande impacto com outro objeto celeste?

Completamente por acaso, assim como o fenômeno em questão, tomei contato com a última teoria esses dias. Parece ser uma das mais prováveis boas explicações, principalmente pela semelhança na composição geofísica dos dois entes siderais (Terra e Lua).

Batizada de Big Splash, a teoria postula a colisão de um extinto planeta do sistema solar, Theia, com nosso planeta, há muitos milhões de anos. Em uma grande troca de materiais, o gigante errante teria se fundido ao nosso lar, com a liberação de imensa quantidade energia e material, que formariam nosso futuro satélite.

Há muito para discutir ainda, incongruências e condições, em meio à enorme número de variáveis, numa dimensão temporal inimaginável (a não ser para os imaginativos postuladores da teoria). Que semente brota em idéias tão inusitadas?

Fato ou não, a teoria nos faz recordar os riscos, apesar de pequenos, de colisões com objetos existentes próximos a nosso sistema planetário, ou no universo. Como seria nossa existência em uma eventualidade deste porte? Motivo suficiente para também nos lembrarmos de nossa pequenez no gigantesco universo. Sábios esses nossos colegas tupis... Peçamos proteção a Tupã!

domingo, 18 de maio de 2008

Trindade

Como nos tornamos comunitários?

Pesquisadores da psicologia infantil assumem que somente aos 3 anos de idade estamos em condição de compreender e viver um grupo.

Até essa idade, a criança é egocêntrica, está adquirindo a linguagem social, para aprender a colaborar e compartilhar, bens e vivências, momentos e idéias.

Orientar o caminho infantil é função dos mais velhos. Sem intervenção, possibilitar que as soluções desenvolvidas pelas próprias crianças caminhem para o desatar da busca única pelo "eu", ou "meu".

Viver um experiência transcendental, uma fé primando pelo grupo, é reforço cotidiano deste aprendizado, levado por toda a vida.

O pactuar com as idéias comunitárias tem seu início no próprio conceito central de Trindade. O ícone máximo de uma corrente de idéias está fundamentado na composição de três pessoas, três identidades, integrados em um único e supremo Ser. Revelação máxima da nossa missão!

Desvendamos parte dessa vida pela catequese. Na juventude, apresentados a grande proposta divina, nos conscientizamos de nosso papel e resolvemos por assumi-lo. Compromisso quase pueril, é início do caminho pela caridade.

Exige a dedicação e empenho de todos. Pais e mães, crianças e catequistas, em esforço semanal, comumente matutino, unidos na grande descoberta e discussão dos meandros da cultura da fé germinal, brotando em pequenos corações dispostos e abertos.

Celebrar a primeira comunhão no dia da festa da Santíssima Trindade é mais do que coincidência. É prenúncio da misteriosa presença a acompanhar nossos passos. Poder participar desta celebração comunitária é receber a graça de vivenciar verdadeira comunhão, compreender um pouco mais o significado de doar o próprio sangue e carne.

sábado, 17 de maio de 2008

Notícias

Sabe da última? Não?!

Pois é, temos uma ávida curiosidade por saber um último acontecimento, os fatos num país vizinho ou sobre os pais do vizinho.

Fofoca? Informação? A abordagem pode ser variada, mas sempre vira notícia. Reina algo de coesão social através da informação. Seja qual for o viés, nosso sentido tribal nos faz querer estar informado.

Temos algumas opções para nos conectarmos à informação. Muitas mais do que no passado. Além de jornais impressos, temos a Internet, cada vez mais presente.

Apesar de toda a discussão em torno da questão, as versões impressas têm suas vantagens, sendo a principal a portabilidade. Quem nunca carregou seu jornal para lê-lo no transporte público?

A volta de um colega de trabalho, de uma viagem de férias a Londres, me mostrou que ainda temos muito para desenvolver em matéria de publicações impressas. Mesmo se desprezarmos versões sensacionalistas, como o The Sun, e os tradicionalistas, como o The Guardian, ainda existem muitas alternativas, algumas gratuitas.

Em suas andanças pelas vias londrinas, ele recebeu ao menos dois jornais, gratuitamente. O ShortList e o The London Paper, uma com um tom mais "The Sun", o outro mais sério, ambos se mostram mídias de variedades e muita informação.

Distribuídos com periodicidade razoável, ao menos semanal, possuem também versão atualizada na Internet. Folheá-los nos permite perceber a nítida qualidade gráfica e editorial. Principalmente se compararmos com similares nacionais, distribuídos em estações de Metrô, tal qual lá, como o Metrô News e o Destak...

Maior tradição cultural? Mais disponibilidade financeira para produzi-los? Poderíamos investigar, mas certamente essa maior intimidade com a divulgação das notícias, tanto pela abundância, quanto pela qualidade, permitiu o surgimento dos inovadores meios de notícias digitais, como o Slashdot e o Digg.

Editados pelos próprios usuários, com a colaboração de pessoas do mundo todo. A relevância e importância editorial de qualquer assunto são definidas pela própria audiência. No primeiro caso, ainda há alguma intervenção de editores, mas no segundo a comunidade é quem dita a prioridade de sua pauta.

Possuir uma impressa rica em conteúdo, com qualidade e opções diversas, seguindo diversas tendências políticas ou socioeconômicas, carece de muitos elementos para fundamentá-la. Algumas podemos arriscar: censo cívico, comunitário e disposição colaborativa. De alguma delas, já ouviu falar?

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Monopólio

Monopólio bom só mesmo com o Banco Imobiliário.

A história de dominar e conquistar o mundo deveria ficar apenas a cargo do ratinho Cérebro. Na evolução do mercado empresarial, principalmente da Internet, algumas corporações acalentam o sonho megalomaníaco.

Alguém já reparou a quantidade de produtos e marcas representados pela Unilever? Das mais diversas áreas, sua linha permeia inúmeras necessidades de nossa vida cotidiana.

Outros tantos exemplos são similares, como americana P&G ou a coreana LG. Os maiores conglomerados do planeta estendem seus tentáculos num movimento de diversificação impressionante.

Colecionar pequenos outros negócios, ou associar outros de maior porte, também é tendência em TI. Recentemente, HP encampou a EDS, em mais um negócio bilionário. Isso depois de outras históricas aquisições, com nomes tradicionais como Compaq e Digital.

Gigantes quase seculares, como a IBM, não ficam para trás. Ela também vem engolindo diversos outros negócios, expandindo sua estratégia para variadas áreas de serviços associados. Uma das notícias mais recentes, a aquisição da Cognos, também teve contornos bilionários.

Na Internet, a corrida entre Google e Yahoo é bastante divulgada. Há quem considere mais uma disparada da primeira do que uma corrida. De qualquer forma, os bons moços, de origens fuçadoras, também têm seu afã comprador bem desenvolvido.

Toda forma de monopólio poda potenciais. Elimina possibilidades. Ocorre que nos limites de expansão a alternativa para muitos empreendimentos e diversificar, buscar novas oportunidades. Utilizam assim seu potencial econômico e intelectual para garantir sua continuidade.

Conhecemos parte desta história com o mercado de telefonia no Brasil. As poucas opções a disposição nos garantem que tipo de atendimento? Ocorre fenômeno semelhante no mercado bancário. Sentimos também a diferença que o cliente tem feito para seus fornecedores de serviços financeiros...

Se a tendência seguir, num futuro bem próximo teremos apenas uma única corporação, produzindo e fornecendo tudo que há disponível no mercado. Estaríamos bem próximos da concretização de muitos devaneios da ficção científica. Devaneios? Científica? Ficção?

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Innocentive

Mercadores de idéias, regozijai-vos!

Bem do futuro, quase presente, o conhecimento ganha espaços para sua negociação. Websites diversos provêem mecanismos para o funcionamento do novo mercado.

No endereço do Innocentive, tudo começou com a proposição de problemas para solução por quem ousasse enfrentá-los. Empresas com tentativas internas esgotadas decidiram lançar o desafio ao mundo.

Pesquisadores dos mais distantes recantos do planeta, na ativa ou aposentados, profissionais ou amadores, tem a chance de colocar suas idéias à venda e angariar um bom retorno financeiro.

Os laboratórios de pesquisa e desenvolvimento das grandes empresas continuam a existir, mas ganharam novas extensões, praticamente globais, ao possibilitar que qualquer pessoa apta a contribuir possa fazer parte do processo de elaboração das soluções para seus produtos.

Pouco demorou para pessoas, abundantes em criatividade e idéias, começarem a anunciar seu "estoque" de criações na grande feira de conexões neurais. A iniciativa ganhou assim a outra mão, fazendo o caminho inverso do criador ou utilizador de conhecimento.

Comunidade acadêmica e o mundo empresarial possuem um canal único para troca de conteúdo e potencial. Sinal dos novos tempos, vemos a sublimação da capacidade humana em se reunir e produzir sua realidade, mesmo que em troca de alguns bons bocados de recursos financeiros.

Outros espaços de classificados de idéias existem, como o Yet2. Sua abordagem mais tecnológica remove a aura acadêmica e favorece as soluções mais acabadas, específicas. Idéias antes protegidas e escondidas, grandes segredos, são expostas para poderem se realizar. Antes, muitas poderiam acabar no limbo dos iluminados, mas jamais conhecidos...

Empresas com imenso capital intelectual, muitas vezes desaproveitado, como IBM, HP, dentre outras, aproveitam para anunciar parte de seus projetos não utilizados. Mesmo pequenas empresas, detentoras de algum esquecido conhecimento, o fazem. Aquilo que não me serviu pode ser útil a outra. E gerar renda!

Novo mundo, novos rumos. Há pouco tempo guardados como segredo de estado, conhecimento desenvolvido internamente está sendo exposto, para ser livre e produzir resultados. Em épocas de eBay intelectual, talvez seja o momento de conhecer os desafios propostos e se engajar nesta nova onda. Desafio lançado, quantos bons resultados surgirão, não é?

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Dons

Recebemos dons permanentemente, todos os dias!

Nem sempre as pessoas os reconhecem, pois consideram apenas os grandes destaques. Os dons da vida estão presentes em pequenos detalhes cotidianos.

O Dalai Lama, em seu livro "A Arte da Felicidade", expressa os extremos da gratidão quando nos conta agradecer mesmo se for assaltado. O criminoso lhe possibilitou exercitar o seu perdão.

É conhecida a tendência humana de frisar o negativo. Mil grandes realizações sempre serão ofuscadas por um único acontecimento medíocre. Pressão constante por ignorar o conjunto...

Espanta mais quando as pessoas se referem negativamente às crianças. Em tempos pré-natais, é curioso o número de pessoas insistentes em tentar nos assustar com as futuras agruras na criação de filhos.

Piadinhas, num tom de "rito de passagem", surgem de todos os lados, em diversos círculos de convívio. De colegas de trabalho e amigos, soa um tanto como molecagem adolescente. De familiares mais velhos, parece desafio ou cobrança. "Você verá como é bom uma noite em claro...". "É tão gostoso aquele choro fininho...".

Quem desconhece o fato do peso da responsabilidade pela criação da amada prole? Só os mais inocentes ignoram os percalços do cuidado com os pequenos, indefesos e incapazes nas mais básicas rotinas diárias.

Higiene, alimentação, saúde nos competem, pais adultos. Sua única forma de expressão, nos momentos ruins, é o choro, a delicada lágrima clamando por atenção. Alguém será capaz de lhe negar o devido socorro?

Esquecem-se tais pessoas dos inúmeros dias de sorrisos, expressos em seu singelo balbucio, do amor incondicional a nós dispensado? Os olhos das lágrimas, agora olhos de luz, irradiam a energia vital, alimento da alma, reconhecimento de nosso amor.

Sentirão saudades dos pequenos bracinhos, a buscar um abraço, terno e caloroso. Gratuito. Gratuidade dada como dom. O dom da vida! O pequeno dom, crescente, envolvente, transformador da existência de qualquer pai e mãe.

Reconhecer os pequenos e verdadeiros dons é pedra fundamental no caminho da felicidade! Agradeço, diariamente, esses e outros tantos pequenos dons confiados a mim. Procurarei sempre fazer jus a eles.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Jerry

Guinadas inesperadas na vida nos ajudam a melhorar.

"Jerry Maguire" é um filme basicão de Hollywood. Poderia ter ficado só nisso, mas consegue surpreender e nos trazer algo mais.

Admito ser suspeito para opinar, afinal já o assisti algumas vezes. Tantas que havia esquecido quanto tempo ele já tem (12 anos!). Em 1996, o mundo era tão diferente, são tantas os detalhes daquela época na história, mas isso é outro detalhe...

Ícone de um comportamento capitalista, a personagem principal se incomoda com seu papel no mundo, com sua abordagem na condução da vida de seus agenciados.

Tocado profundamente por alguns pequenos detalhes de seu cotidiano, ele subitamente se deixa levar pela angústia plantada e escreve um documento, quase uma declaração de libertação de seus vínculos viciosos profissionais.

Declaração feita, equilíbrio alterado. Apesar da acolhida de seus pares, a estrutura o rejeita, como representante do contrário de suas expectativas. Sem o emprego de sempre, sem seus estrelares clientes, a hora é de recomeçar.

Assim começa a saga da conquista de uma nova vida, de novos valores, de melhores rumos. Caminho incerto, trilhas desconhecidas, as esquinas são dobradas um após a outra. Uma transformação, a metamorfose da lagarta em borboleta.

Metamorfoses são complexas, difíceis. Deixar anos de comportamento por algo completamente novo exige energia e determinação. Firmeza em novos princípios ou entrega total às vozes do coração. Recompensa maior, o prazer de seguir melhor rumo é inigualável.

O apoio dos próximos a Jerry (Tom Cruise) foi importante. Sua companheira de trabalho Dorothy (Renée Zellweger), com seu utópico idealismo, e seu agenciado Rod (Cuba Gooding Jr.), com sua pura sinceridade, o acolheram e guiaram em seus passos no novo caminho.

Morrer em vida nos faz renascer. Renascemos para novas esperanças, para melhores expectativas. Desconstruímos nosso ser para, em bases mais sólidas, reconstruir nossas mais elevadas qualidades.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Impasse

Impasses são comuns na falta de fundamentação.

A questão ambiental ainda carece de clareza com relação a suas causas. O aquecimento é fruto da ação humana ou ciclo natural do planeta?

Discutir o assunto pode ter motivações políticas, com as conseqüentes influências, ou razões de sobrevivência, com as devidas preocupações.

Fatores da ação humana já são bastante divulgados. Os preocupados atentam para os cuidados e mudanças de atitude. Uma série de outras proposições são mais desconhecidas e colocam nossas reações em um impasse...

Em entrevista à revista Época, desta semana, Brian Fagan afirma estarmos passando por mais um ciclo do planeta. Há 12 séculos também sofremos com o aquecimento. O cenário àquela época mudou, civilizações se beneficiaram e outras foram prejudicadas. Incas, mongóis, europeus antigos e outros povos tiveram seus destinos alterados pelo evento climático.

Como estamos nos preparando para o advento de fenômeno desta magnitude? Podemos aprender algo com o passado? Quais condições ainda são presentes e influenciarão economia e política?

Certos estudos mostram que a influência do vapor d'água na atmosfera é mais importante do que o gás carbônico, para o efeito estufa. Uma vistosa contribuição de 98% do total da influência. Estaríamos nos concentrando em um dos agentes menos relevantes (CO2), enquanto um mais comum e importante continua agindo, sem nossa intervenção ou controle.

A confirmar essa lógica, outras pesquisas apontam uma influência pequena do fator humano na distribuição de gases da atmosfera, algo como 0,3% do total. O restante é relativo ao vapor d'água (novamente), atividade biológica dos oceanos, vulcões, atividade animal, etc.

Mesmo com relação às emissões de CO2, segundo alguns trabalhos, fontes naturais são responsáveis pela emissão de 150 bilhões de toneladas por ano. A contribuição humana é de apenas 7 bilhões de toneladas por ano. Óbvia desproporção, tal dado por mudar radicalmente a interpretação dos acontecimentos.

Contrapor novas informações, opostas ao consolidado combate a (assim considerada) nociva ação humana, nos coloca outro grande número de questões. Estamos longe de nos envolver em pesquisa, e termos condições de confirmar algo. Dependemos dos especialistas para tanto, mas o assunto toma contornos filosóficos, metodológicos e epistemológicos, longe de nosso alcance cotidiano.

Quais devem ser nossas futuras ações? Qual nosso papel? Temos condições de atuar de alguma maneira? Como será o futuro? Retomada de antigas questões, em novas condições modernas, como passivos espectadores do espetáculo global.

domingo, 11 de maio de 2008

Escultora

Escultoras de almas, a responsabilidade das mães é imensa!

Certo dia, o pequeno Carl Sagan chegou da escola e contou a sua mãe: "Sabia que se cruzarmos o oceano, do outro lado chegaremos à África?". Em resposta, sua mãe lhe questionou por que ele acreditava ser essa a verdade.

Nascia certamente, naquele momento, o espírito questionador do cientista. Espírito que o acompanhou por toda vida e o fez reconhecido como grande divulgador do pensamento científico e dos segredos do universo.

Quem assistiu ao filme "Ray", com a biografia de Ray Charles, pode ver como mesmo a dureza materna é transformadora. Sua mãe, desde os primeiros problemas do filho, educou para não aceitar tratamento diferenciado por sua deficiência.

Tornado músico de renome mundial, percebemos a força incutida em sua infância por quem foi dura por amor. Outra atitude o teria lançado na escuridão da autocomiseração. Sua mãe lhe trouxe à luz uma segunda vez, foi "raio" divino definitivo.

Tom Jobim, como descrito em sua biografia, de autoria de sua irmã, foi agraciado com mãe provedora, de cultura e comportamento. Em um episódio emblemático, ela estava com os dois filhos pequenos em um bonde, quando a pequena, balançando os pezinhos, lançou o sapatinho na rua.

Ao perceber o ocorrido, a mãe rapidamente pegou o outro sapatinho, tirou-o e jogou-o na rua. Questionada pelo feito, ela respondeu: "assim pelo menos quem encontrar, encontrará o par para poder usá-lo.".

Por toda a infância, Padre Júlio Lancellotti viu sua mãe trabalhar por crianças e pessoas desfavorecidas. Provavelmente a acompanhou em muitas jornadas. Formado pedagogo e sacerdote, que outros caminhos ele escolheria no seu trilhar da vida?

Imensa responsabilidade a materna! Missão divina e sublime na construção da sociedade. Tamanha inspiração só podia ser comemorada mesmo no dia de Pentecostes. Amor de mãe sem dúvida é dom do Espírito Santo.

sábado, 10 de maio de 2008

Colaboração

Colaboração implica em voluntariado?

Opinião formada até então, após o início da leitura de "Wikinomics: Como a colaboração em massa...", algumas novas questões podem modificar minha visão.

Título embalado no sucesso de "Freakonomics: O lado oculto...", o primeiro contato remeteu ao conceito das ferramentas wiki, ícones do sucesso da colaboração na Internet.

Inocência em demasia ou ledo engano, o primeiro exemplo apresentado no livro contradiz qualquer iniciativa voluntária, feita com gratuidade.

É apresentado o caso de uma empresa de exploração de minérios, que lançou um desafio para solução de questão de prospecção, com um prêmio em dinheiro a quem o resolvesse.

Solução conseguida, propositor premiado, os autores elogiam o poder da colaboração na Internet. Constatação imediata: a grande rede foi apenas difusora de uma oferta de dinheiro. O importante foi seu alcance. A promoção de colaboração inexistiu.

Os autores fundamentam sua tese defendendo que qualquer atividade possui algum interesse, alguma compensação. Difícil discordar, mas a motivação exposta é sempre relacionada ao benefício próprio do agente.

Onde se encaixará o altruísmo em nossa história? Teremos criado um intrincado conceito, um mecanismo mental infundado, para justificar nossas ações sempre interesseiras? Para que? Em toda e qualquer atitude há o auto-interesse?

Arriscaria redefinir a "colaboração", mencionada no livro, por "ação em grupo massivo". Mais comprido, porém mais adequado. O tempo propiciaria substantivo mais conciso, mas a distinção deve ser frisada imediatamente.

Até a metade do livro nada demove a afirmação realizada. Continuo a leitura, procuro uma mudança de rumo, uma adequação maior ao espírito colaborativo altruísta que insisto em existir em grandes iniciativas, como o Linux, a Wikipedia ou a Craigslist.

Empresa se envolveram (e envolverão) com tais iniciativas, conseqüência inevitável de sua atual influência na tecnologia e nas melhores soluções disponíveis. O germe do movimento deve ser valorizado. Algumas ações, sem razões tão premeditadas, sempre existirão, como parte de nossa natureza, como a persistência em conhecer um livro até o fim, mesmo discordando logo de cara.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Pavão

Pavões são orgulhosos de suas portentosas caudas.

Inflam-nas com graça e majestade para impressionar as fêmeas. Preciso confirmar se isso é verdade ou mito. Parece coerente com outros exemplos da natureza...

Na maioria das aves, as plumagens mais exuberantes são privilégio dos machos. Não seria diferente com os "caudosos emplumados", pertencentes à família dos faisões.

Outras espécies talvez utilizem estratégias similares...

Garotões recém-licenciados adoram se exibir em carros possantes. Habilidade em condução e coragem de imprimir velocidade são supervalorizadas. Sucesso mundial, o tuning de veículos é conseqüência deste comportamento.

Adeptos do fitness, freqüentadores de academias, adoram expor seus músculos arduamente cultivados. Falta apenas lustrarem braços e pernas para intensificar seu brilho e destaque.

Intelectuais variados disputam o número de livros lidos, ou artigos escritos. Alguns discutem a quantidade, outros a qualidade, de seus conteúdos e produções. Há sempre algo a mais que sabe, ouviu ou escreveu.

Gamers disputam freneticamente os topos dos rankings. Em seu caso a competição é maior, pois o fenômeno é mundial, compartilhando informações na mesma escala. Discorrem uma coleção de fases conquistadas, itens coletados e inimigos mortos. Guerreiros ou esportistas virtuais em constante competição.

Programadores também têm suas manifestações. No vasto mundo das linguagens, conhecê-las em grande número é obrigatório, mesmo que isso não seja muito funcional. Um algoritmo bem escrito, um objeto magnificamente estruturado ou patterns utilizados com competência são motivos de orgulho e exposição.

Médicos comparam horas de plantão, façanhas em diagnósticos ou número de pacientes. Instituições de especialização, locais de residência ou passagem por centros de referência fazem uma grande diferença. Alguns gostariam de ser Hipócrates.

Geeks não sobreviveriam sem ter o último gadget lançado. Macbook Air, iPhone, iPod, 3G e outro tanto de traquitanas tecnológicas estão à disposição. Conhecê-los é insuficiente. Necessário é tê-los, utilizá-los e desfilá-los.

Pois é... Pobres pavões, escravos de seus impulsos instintivos, tentando cumprir seu destino natural na perpetuação da espécie.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Fibonacci

Infindáveis são os mistérios da natureza.

Perseguido há séculos, o segredo e o sentido da proporção áurea desafia nossa inventividade. Estudado tenazmente, desvendado parcamente.

Enigmática presença na natureza, tal proporção é reconhecida em diversos padrões de crescimento: das folhas das plantas, de nosso corpo, populações, etc.

Artistas por toda história se apoiarão na reprodução do mágico número: 1,618 (arredondado, é claro). O "Homem Vitruviano", clássico de Leonardo da Vinci, é explícito em sua utilização.

Fibonacci, matemático italiano do século XII, conseguiu produzir uma seqüência matemática que produz essa proporção.

Na seqüência de Fibonacci, a razão entre dois números consecutivos equivale à proporção áurea. Quanto mais longe se avança na lista de números, mais preciso é a proporção do número áureo.

Misto de inspiração e revelação, como alguém consegue chegar a um resultado assim? Representar um efeito onipresente em nosso mundo em uma pequena expressão matemática. Alguns poucos símbolos para descrever tantos elementos do universo.

Mesmo um dos elementos mais caóticos conhecido, o mercado financeiro, possui modelo matemático, baseado na seqüência, capaz de descrevê-lo. Modelo amplamente difundido na área, é capaz de fundamentar coerentemente análises específicas da evolução dos negócios.

Coincidência cabalística ou obra intencional? O intrigante é justamente a exatidão dessa presença perene, constante e inequívoca. Acabamos por dar uma razão a quase toda manifestação caótica observável.

Obra da capacidade humana de identificação de padrões? Mais um fruto de nossas sintéticas sinapses? Talvez só Fibonacci pudesse nos dizer. Enquanto penso no assunto, vou tirar as medidas da minha mão, para conferir se a razão áurea também está presente aqui... Espero que sim. Se não, serei de outro universo?

quarta-feira, 7 de maio de 2008

SaaS

O rei está morto!

Entronizado por décadas, como senhor absoluto das soluções computacionais, o PC está com os dias contados como principal player, ao menos para alguns analistas.


Globalização, colaboração e Internet são algumas das motivações da revolução francesa da tecnologia da informação. Se fosse o atual responsável, Jean-Nicholas Pache teria criado o conceito de SaaS (Software as a Service), ícone dos novos tempos visionários.

Com ele, a existência de programas apenas em uma máquina é passado. As aplicações em rede podem ser acessadas de qualquer local, pelos mais diversos dispositivos. Handhelds, thin clients, celulares e outros gadgets, se tornam alternativas para acesso a informação.

Procurar vender software como serviço é uma tentativa a completar já quase uma década. Entre dificuldades tecnológicas, organizacionais e comportamentais, motivos diversos existem para a demora na adoção de tais soluções.

Softwares são tratados como mercadoria desde o princípio. Conflituoso é aceitar o imaterial concretamente negociado. No princípio, com a tecnologia existente, se tornou mais fácil represar os caminhos possíveis dos programas. A limitação de sua cópia era mais simples. Novas tecnologias, novas formas de troca e o controle se perdeu.

Nunca o controle fez muito sentido. Como dimensionar o valor do etéreo? Programas de computador possuem mais "peso" por sua potencialidade, do que pela sua quantidade de bits e elétrons. Caso especial de avaliação do custo-benefício.

Dessa forma, uma grande idéia é encarar a questão como venda de serviço. Um aluguel de recurso, com todos os custos envolvidos consolidados. Um único preço por um pacote de soluções. Encargos e preocupações diversas são dispensados.

Faltava apenas a tecnologia para ter acesso a tais recursos. Links velozes, armazenamento abundante, plataformas distribuídas compõem o status quo atual. Resta aos fornecedores o posicionamento para participar do mercado, oferecendo soluções.

Gigantes da computação correm para tanto. Até programas de escritório já são comuns: GoogleDocs, Zoho, Thinkfree, dentre outros. Qual será o interesse da Microsoft no Yahoo? A estrela de Redmond procura incessantemente alternativa ao modelo de plataforma que a consagrou.

Como toda nova onda, muitos fumaça é gerada. O spray das águas torna o horizonte nebuloso. Boas referências e muita pesquisa são essenciais. Outras tantas ondas podem surgir. Melhor conhecer a geografia da praia, para não acabar arrastado a areia pelo vagalhão sucessivo da maré.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Planilhas

"...numa planilha de Excel monta-se o que se quer.".

Colocada a questão política de lado, as palavras da ministra Dilma Roussef, em abril deste ano, ilustram muito bem o perigoso potencial das planilhas eletrônicas.

Expedições arqueológicas (:)) afirmam ter encontrado instrumentos compostos de celulose e grafite, popularmente conhecidos como "lápis", utilizados por povos antigos para registrar e apoiar cálculos extensos.

Eles eram comumente utilizados para registrar, em folhas de papel, números e mais números. Após seu processamento por contadores, outros resultados obtidos eram registrados da mesma forma, em linhas totalizadoras. À disposição de seus usuários uma ferramenta de auxílio era a borracha, para eventuais correções, não automáticas.

Brincadeiras à parte, as planilhas de cálculo eletrônicas fazem parte do mundo computacional há tanto tempo que muitos nem lembram suas origens. Parte das pessoas as conhece pelo seu exemplar de maior sucesso: o Excel. O aplicativo da Microsoft ganhou ares de Gillete...

Inicialmente preocupadas em tabular dados e executar cálculos básicos entre suas células, estes aplicativos ganharam inúmeras funções adicionais, expandindo suas potencialidades para bem além de soluções aritméticas tabulares.

Como boa parte dos programas para escritório, certamente são subutilizados pela maioria, remetendo a suas origens. Em meio ao mar de macros e múltiplas funções, formatações pirotécnicas e produção de gráficos diversos, invariavelmente vemos passar por nós drivers arquivos com pouco mais do que aritmética.

Ainda assim, não são raros os casos dos aventureiros, a implementar controles dos mais diversos, sobre os processos e ativos da empresa. Geram "pseudo-sistemas" computacionais para gerir seu negócio. E não faltam produtores de planilhas que incentivam a prática.

De quando em quando, as ferramentas de planilha são utilizadas para "extrair" dados dos sistemas corporativos. Com a desculpa de produzir resultados, em formatos não disponíveis, acabam por produzir "outros resultados", muitas vezes não confiáveis.

Leite derramado, esforço dobrado. Amarrados a uma dependência desses seres paralelos, muitas organizações se vêem reféns dos planilhadores, mestres nos meandros das intrincadas fórmulas desenvolvidas em suas estruturas.

Seu sucesso possivelmente é devido à compatibilidade com a flexibilidade e desorganização da alma humana. Devemos nos ater ao esforço em manter o rumo, em direção a produção de informações úteis para o bom gerenciamento de um empreendimento.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Craigslist

Já ouviu falar do Craigslist?

Pois é, muita gente não ouviu e talvez nunca ouça. Enorme sucesso pelo mundo na Internet, supera hoje em acessos até a Amazon, mas é pouco divulgado.

Eu mesmo conhecia sua versão americana, existente desde 1995, mas fiquei sabendo nesta semana de sua localização para São Paulo. No fundo, a notícia da revista Época anuncia sua "inauguração" em 8 novas cidades brasileiras.

O site é o maior portal de classificados gratuitos da Internet. Negócio de inusitado sucesso, em março de 2008 foram 40 milhões de usuários, 10 bilhões de páginas visualizadas e 30 milhões anúncios colocados. Ufa! Volume para muito poucos...

Sabe quanto é o custo para publicar anúncios em suas páginas? Zero! Eis a inusitada situação. Depois de anos de trabalho em grandes corporações capitalistas (IBM, Bank of America...), Craig Newmark decidiu criar uma lista de classificados grátis, para os amigos, por pura diversão.

Praticamente uma utopia hippie, seu criador não aceita conversa com investidores, vive modestamente e dispensa pretensões de mega crescimento. Apenas no ano 2000 começou a cobrar por anúncios de empregos, em 10 cidades americanas e de imóveis na cidade de Nova York. O restante continua gratuito.

Promovido no boca a boca, de e-mail em e-mail, numa das primeiras manifestações do marketing viral. Com toda essa singeleza, a empresa faturou US$ 55 milhões em 2007, com previsão de US$ 81 milhões de faturamento para 2008!

Desafio para o entendimento das mentes capitalistas. É possível a boa intenção bastar para o sucesso? Desejar o suficiente é uma boa alternativa, em contrapartida ao desejo de sempre mais? Revolução bem feita é assim!

Seu logotipo é indubitavelmente adequado. O "Símbolo Paz e Amor", utilizado como ícone do empreendimento, é quase um desafio, uma cutucada no establishment. Com seu jeitão anos 70 de ser, eles tomaram boa parte da receita de classificados dos jornais impressos. Incômoda pedra no sapato de quem já vem perdendo mais fatias para outras iniciativas.

A Internet novamente é palco e promotora de mudanças. Viabilizadora de novos meios, subverte as estruturas ao dispor condições de reinvenção. Grandes idéias, ideais flower power finalmente se concretizam, em tempos futuros.

Sonho humano e semente incutida em cada alma, a ação em grupo sempre se demonstra valiosa alternativa. União de esforços pelo bem comum! Que muitas outras "listas" sejam possíveis sempre.

domingo, 4 de maio de 2008

Chá

Chá de bebê é um grande e antiga tradição.

Esqueçamos qualquer interesse comercial, atualmente explorado por lojas de produtos relacionados. É muito mais importante a confraternização e o encontro.

Com diversas denominações, chá de cegonha, chá de berço ou chá de bebê, o assunto tem até site exclusivo. Neste domingo foi nossa vez de receber o evento.

Em verdade, foi a vez da futura mamãe... Fizemos questão de seguir a etiqueta do clube da Luluzinha: só entraram as meninas.

Do meu recolhimento residencial só recebia as notícias dos acontecimentos no salão de festas. Acabei também recebendo o clube do Bolinha. Maridos, filhos e irmãos, em função de chofer e guarda-costas do dia.

Iniciativa de um grupo de amigas, podemos encarar sua reunião com um grande momento Mazel Tov! O período pré-natalino se revela continuamente cheio de bons augúrios.

Acolhimento da nova chegada, a reunião remete a antigos ritos tribais. Exatamente como aqueles vistos em documentários... Cerimônia de passagem e iniciação, a comunidade unida celebra o momento e apóia seus membros nos mais diversos momentos de sua vida.

Transborda no ambiente uma aura de fraternidade. A amizade, a união ali demonstrada enternece e comove. Momento de verdadeira catarse, a expectativa pela chegada do bebê é expressa no sem-número de abraços, desejos e choros.

Mais bacana ainda, à luz da ciência moderna, saber que a pequena vida eminente também está participando, vivenciando tantas emoções e se descobrindo querida. Memórias desse tipo forjaram estruturas eternas em seu ser, compostas do aço sólido da ternura humana.

Qualquer agradecimento verbal, por tamanho presente, está muito aquém da dimensão de nosso sentimento. De todos os presentes, a energia do calor humano, da presneça de amigos, é o mais precioso dom recebido.

A todas as amigas, e seus respectivos componentes das "equipes de apoio", o mais sincero obrigado. Nós e nossa pequena vindoura somos eternamente gratos.

sábado, 3 de maio de 2008

365

365 dias, paulatinamente vividos, nos surpreendem ao formarem 1 ano!

Em verdade, eu deveria contabilizar 366 dias, pois este ano é bissexto e contamos com o dia 29 de fevereiro. Seja como for, este blog comemora 1 ano de vida, na data de hoje! Sendo assim, é dia para um "auto-post".

Um começo sem grandes pretensões, evoluiu para uma convivência diária, na escolha de temas, na redação de textos, no retorno e colaboração de muitos amigos.

Contínua descoberta e registro das mais diversas idéias, a escrita diária nos conduz a explorar diversos recantos de nossa cabeça. A visita nos concede a sensação de crescimento constante do auto-conhecimento.

Além de auto-conhecimento, a corrente de palavras e frases promove o "extra-conhecimento". Inicialmente causa a sensação de desnudamento... Letras postas, verdades expostas. A graça consiste neste desafio: se apresentar. Medo, se houver, só de si mesmo.

Foram 366 posts, rigorasamente diários. De quando em quando, sem acesso ou tempo para postagem, recorri até ao bom e velho papel. Manutenção do registro diário e acessível. Posteriormente tudo se torna digital, puramente publicação daquela concepção.

Olhar o conjunto é algo relativístico. Distorção da dimensão do tempo. É como olhar tal dimensão com um contínuo, talvez seja uma pequena mostra do continuum espaço-tempo. No post anterior me referia às representações da teoria einsteiniana. Agora estou aqui experimentando um pouquinho, ou distorcendo mais um bocado... :)

Quem sabe, um dia, apresento este conteúdo anual para uma analista. Não uma de sistemas, mais uma dos sistemas de nossa psicologia. De repente pode ser uma maneira condensada e nova de análise. Terei facilitado o trabalho, com a transcrição dos discursos de várias sessões.

O futuro, como sempre, inexiste. Quando existir será passado. Desconheço quais os rumos as vidas seguirão. Pouco controlamos sobre elas. Neste momento, só posso definir meu desejo: continuar. Continuarei essa jornada, aos confins do meu universo interior, indo onde nunca jamais estive.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Relatividade

Centenária, bela e incompreendida!

Publicada em 1905, agregadora de inúmeras idéias flutuantes à época, a Teoria da Relatividade revolucionou a visão do universo conhecido.

Visão é uma expressão possivelmente inadequada. Como apresentado na edição especial da revista Scientific American Brasil, sobre o assunto, nem Einstein acertou algumas suposições de como seria nossa percepção em eventos relativísticos.

Acadêmicos pelo mundo também nem sempre consegue atingir a compreensão plena de seus conceitos, mesmo os utilizando em sua atividade diária.

Afora sua complexidade, sofremos com nosso arraigar ao cotidiano, a experiência vivenciada no dia-a-dia. Apesar de toda criatividade humana, abstrair o universo conhecido é uma mudança neural intrínseca e brutal. Tarefa para poucos...

Pela aura despertada em torno de suas revoluções, e a forçosa imagem de pop star recebida por seu criador, a teoria recebeu muita atenção de grande parte da população. O senso comum sobre seus efeitos acabou enormemente distorcido, margeando mais ficção científica do que nova compreensão da realidade.

Culpa em parte pelo ensino recebido, ou acessível. Contatamos na escola a física dos séculos XVII a XIX, inaugurados com a física clássica, por ícones da estirpe de Isaac Netwon a Rutheford. Grandes nomes com idéias posteriormente mostradas particulares, para contextos específicos, através da enunciação da relatividade e outras teorias, como a mecânica quântica.

Incômodo maior é gerado por termos desestruturado dois eternos pilares de nossa percepção: o espaço e o tempo. Em uma nova formulação, o constante passa a assumir novos comportamentos, em grande parte de difícil observação em uma vida cotidiana. Um pouco de reflexão e perguntas mais basais são concebidas: O que mesmo é o espaço? E o tempo? Sobre o quê me norteio?

Inquietantes produções de mentes brilhantes, as concepções da física contemporânea são capazes de nos subtrair o sossego. Delicioso desassossego da observação da beleza do universo!

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Bookcrossing

Livros agitam mentes e povos.

Guardiães das idéias humanas, perpetuam há imemoráveis tempos o conhecimento expresso em suas linhas. Inventar o registro escrito foi grande salto para humanidade.

O fervor de seu conteúdo move mundos. Provoca as pessoas e as fazem ter mais idéias. Há mais de 6 meses postei um texto sobre a troca de livros, ocorrendo em alguns lugares do Brasil.

Descobri nesta semana que o movimento é mundial: o Bookcrossing. Em seu site, podemos nos cadastrar para participar e conhecer as idéias desse grupo.

Baseado em 3 "erres" (Read, Register e Release, na língua original), o movimento vêm já há alguns anos promovendo o intercâmbio de livros e opiniões sobre eles, sempre com o espírito altruísta de compartilhar os prazeres da leitura indistintamente.

Uma vez registrados no site, podemos indicar o local onde a obra será deixada, para facilitar o acesso de quem busca ler seu texto. Em muitos casos, o interesse pode surgir após o contato com a opinião emitida pelo leitor.

Contanto com mais de 670.000 inscritos, em 130 países, é universo riquíssimo para explorarmos dicas e resenhas sobre os mais diversos títulos publicados. Depois de apreciá-lo, a única coisa a fazer é libertá-lo, como gosta de anunciar o site.

Reside neste ato o conceito mais belo da iniciativa. Fazer com que o livro seja lido. Um livro só é livro se for lido. Quanto mais isso ocorre, mais livro ele se tornará. Livros aprisionados em estantes, acumulando poeira, são tristes condenados a um destino fatídico de inatividade.

É muito bacana também a idéia de podermos acompanhar o trajeto do exemplar. Que caminhos pode tomar algo libertado por nós? Qual o alcance da viagem de carona de nossos amigos celulósicos?

No Brasil, a iniciativa carece de maior entendimento. Segundo reportagem da revista Época, desta semana, apenas cerca de 20% dos livros dispostos continuam em circulação depois de recolhidos. Excesso de zelo com livros? Falta de intimidade com a leitura? Vício "cultural" tupiniquim?

Em qualquer das alternativas, o importante é confiar que a iniciativa triunfará. Além de acesso aos seus conteúdos, ela permite acesso ao conteúdo de idéias colaborativas, dignas do encontro do comunitarismo humano.